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Propostas para prevenção e controle dos acidentes com material

Este estudo detectou vários motivos que levaram os profissionais a sofrerem acidentes de trabalho, destacando-se os relacionados a fatores materiais, individuais/comportamentais e institucionais. As propostas de prevenção estão alicerçadas nos resultados deste estudo, sugestões dos profissionais, revisão de literatura e vivências da autora e orientadora.

Não é fácil modificar comportamentos, por isso os profissionais devem ser reconhecidos como agentes ativos de seu próprio conhecimento, construindo significados e definindo sentidos e representações da realidade de acordo com suas experiências e vivências. Esse enfoque assume como eixo principal o pensamento crítico e produtivo e a atividade consciente e intencional de cada profissional de saúde na resolução dos problemas enfrentados na sua realidade.

Torna-se de fundamental importância a priorização do tema dos riscos ocupacionais e acidentes de trabalho pelos interlocutores da Política de Educação Permanente do SUS nos municípios deste Colegiado, de modo a atuar estrategicamente na ampliação das relações entre os processos educativos, os trabalhadores da saúde, a gestão e o desenvolvimento institucional.

Os resultados deste estudo podem servir como referência para elaboração de um projeto de treinamento a ser oferecido para estes trabalhadores durante o ano de 2013.

As informações sobre normas de biossegurança, medidas de PP e prevenção de acidentes com material biológico devem ser fornecidas antes do início da atividade do funcionário na instituição e de forma permanente, com simulação de situações de risco.

Quando os funcionários possuem este conhecimento, é dever da instituição cobrar, fiscalizar e oferecer retorno do seguimento das normas de biossegurança e PP entre profissionais de saúde.

A instituição empregadora tem papel fundamental na prevenção dos riscos ocupacionais e acidentes com MB. A NR32 deve ser cumprida nas unidades de saúde coletiva, com adoção de um programa de biossegurança estruturado e implementação de programa de prevenção de riscos de acidentes com materiais perfurocortantes, o qual inclui adoção do uso de materiais com sistema sem agulha ou com dispositivos de segurança para substituição dos perfurocortantes após criteriosa avaliação das prioridades do serviço, critérios de seleção, realização de testes, análise de desempenho e relação custo/benefício.

O levantamento dos acidentes (fatores de risco, categoria dos profissionais acidentados e setores de maior ocorrência) bem como a vigilância contínua dos acidentes com MB (com incentivos à notificação - CAT e SINAN e treinamento dos profissionais que notificam, encaminham e atendem acidentes) podem contribuir para prevenção e diminuição de graves consequências.

É de extrema urgência a definição de um protocolo de condutas em caso de exposição acidental ao MB: adequar locais, materiais (teste rápido diagnóstico anti- HIV, medicação antirretroviral e transporte para o município de referência quando necessário) e profissionais para atendimento dos casos nos municípios, o que pode ser feito em parceria neste Colegiado de Gestão Regional.

Os profissionais da saúde devem receber informações por escrito sobre os procedimentos a serem adotados em caso de acidente com MB, que devem ser afixadas em locais visíveis em todas as unidades de saúde.

A exigência e rastreamento do processo de adequação da caderneta de vacinação bem como comprovação da situação sorológica contra hepatite B do funcionário tornam a conduta, em caso de acidente, mais rápida e eficaz.

O suporte técnico de um programa de saúde ocupacional (com avaliação periódica da saúde física e mental do profissional e dos riscos aos quais possam estar expostos), a criação e implementação da CIPA são ações que contribuem para diminuição dos acidentes, doenças e absenteísmo.

Quanto à estrutura física, de material das unidades de saúde é importante que as instituições empregadoras invistam em: adequação da planta física e do mobiliário; manutenção preventiva de equipamentos; fornecimento e reposição de EPI aos profissionais de saúde, adaptados às suas necessidades e atividades (quantidade, tipos, tamanhos, qualidade); recipientes com suportes em quantidade suficiente para descarte de material perfurocortante; local para armazenamento de resíduos dos serviços de saúde; gerenciamento adequado dos resíduos; adequação quantitativa de recursos humanos.

A utilização da segurança do profissional e paciente como indicador de qualidade do serviço promove um clima de ambiente seguro entre os profissionais. As chefias devem ser capacitadas para liderar este processo.

Quanto aos profissionais de enfermagem, sugere-se que se integrem ao programa de prevenção de acidentes com MB, participando dos treinamentos, avaliação e sugestões de melhorias; realizem e atualizem suas vacinas; planejem a assistência e prestem atenção na execução dos procedimentos; evitem a manipulação desnecessária de objetos perfurocortantes e MB.

Estes trabalhadores devem aderir às normas de Precaução Padrão, com atenção especial à utilização adequada dos EPI; ao não reencape de agulhas e ao descarte de materiais perfurocortantes em recipientes rígidos, resistentes a perfurações, substituindo-os quando atingirem dois terços de sua capacidade.

Os profissionais acidentados precisam notificar o acidente com MB o mais rápido possível ao responsável pela instituição em que trabalham, preencher a CAT e procurar assistência específica para prevenir possíveis danos à saúde. Caso não a tenha no local, devem procurar a referência mais próxima, de modo a garantir acompanhamento adequado.

No caso da realização de procedimentos em domicílio, os profissionais podem utilizar álcool em gel para higiene das mãos e lavá-las tão logo retornem à unidade de trabalho. Para descarte de perfurocortantes, existem caixas de paredes rígidas e impermeáveis em tamanho menor, que facilitam o transporte.

Desta forma, pretende-se colaborar para redução do risco de acidente com