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Situação vacinal dos profissionais de enfermagem da saúde coletiva

A Tabela 12 traz a situação vacinal contra hepatite B, difteria e tétano dos profissionais que participaram da pesquisa.

Tabela 12 - Distribuição dos profissionais de enfermagem da saúde coletiva (n=158) de um

Colegiado de Gestão Regional do Estado de São Paulo, segundo a situação vacinal contra hepatite B, difteria e tétano, 2011

Dose de vacina f % Hepatite B Nenhuma 01 0,6 Uma 01 0,6 Duas 00 00 Três 156 98,7 Difteria e tétano Nenhuma 00 00 Uma 00 00 Duas 00 00 Três 02 1,3

Reforço a cada 10 anos 156 98,7

Dos 158 profissionais que responderam à entrevista, um (1), 0,6%, encontrava-se sem cobertura vacinal contra hepatite B e também um (1), 0,6%, havia recebido apenas uma dose da vacina, sendo que este último relatou a ocorrência de um acidente percutâneo. Os demais, 156 profissionais, apresentavam esquema de vacinação completo, porém, um (1) não produzia anticorpos e relatou dois acidentes; um com exposição de pele íntegra e um percutâneo.

Quanto à situação vacinal contra difteria e tétano, há indicação de que os profissionais que participaram desta pesquisa estão bem informados e conscientes sobre a atualização das vacinas, pois apenas dois (2), 1,3%, estavam com o reforço da vacina atrasado, os demais apresentaram esquema completo de vacinação.

Os profissionais que estavam com vacinação incompleta justificaram-se reconhecendo terem medo ou simplesmente falta de interesse em se vacinarem.

A todo trabalhador da saúde deve ser fornecido programa de vacinação ativa contra tétano, difteria e hepatite B estabelecidos no Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) da empresa. Sempre que houver vacinas eficazes

contra outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão expostos, ou a que poderão estar expostos, o empregador deve fornecê-las gratuitamente. O empregador deve fazer controle da eficácia da vacinação sempre que for recomendado pelo Ministério da Saúde e seus órgãos, e providenciar, se necessário, o reforço. Deve também informar aos trabalhadores sobre as vantagens e efeitos colaterais, assim como sobre os riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, devendo guardar documentação comprobatória e manter à disposição da inspeção do trabalho, nestes casos. A vacinação deve ser registrada no prontuário clínico individual do trabalhador, bem como deve ser conferido a este comprovante das vacinas recebidas (BRASIL, 2005).

A vacinação contra hepatite B é amplamente recomendada aos profissionais e estudantes da área de saúde, apresentando resposta vacinal em torno de 90 a 95% em adultos imunocompetentes. É recomendada a aplicação de uma série de três doses, por via intramuscular, na região deltoide; a região glútea está associada a menor imunogenicidade. A segunda dose deve ser aplicada um mês após a primeira e a terceira deve ser administrada seis meses após a primeira dose. Recomenda-se a realização de sorologia para avaliação da soroconversão um a dois meses após a última dose da vacinação (BRASIL, 2010a).

O estresse, sexo masculino, tabagismo e obesidade são fatores que podem estar relacionados à resposta diminuída à vacinação. A resposta vacinal também é menor em pessoas imunodeprimidas e em indivíduos em programas de diálise. Nestes casos, recomenda-se doses maiores que as habituais e em maior número de vezes, de acordo com o Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (BRASIL, 2010a).

Segundo CDC (2003) e Brasil (2010a), quem recebeu a vacina contra hepatite B e adquiriu imunidade não tem risco de contrair a doença após exposição acidental, e o número de transmissões ocupacionais decaiu muito após o início da utilização da vacina. Porém, a prevenção ainda é inadequada, necessitando maior atenção por parte das instituições de saúde, seja por meio de exames periódicos, inquéritos vacinais ou campanhas educativas. Ainda, conforme alerta Galizzi Filho (2007), o meio ambiente, através de sua superfície previamente exposta ao sangue contaminado pelo HBV, é uma fonte de contágio, tendo em vista que o vírus pode permanecer ativo nestas superfícies por até uma semana.

Segundo o estudo de Brandi, Benatti e Alexandre (1998), 32,6% dos trabalhadores da equipe de enfermagem que sofreram acidentes não possuíam esquema completo de vacinação contra hepatite B, difteria e tétano. Tomazin et al. (2001) apontaram que, entre os trabalhadores de enfermagem acidentados, 13,6% não eram vacinados contra hepatite B. De acordo com o estudo de Marziale, Nishimura e Ferreira (2004), 90,01% dos trabalhadores de enfermagem acometidos por acidentes com MB de quatro hospitais da região de Ribeirão Preto – SP apresentavam esquema completo de vacinação contra hepatite B. Entre os profissionais que notificaram acidentes com MB em um laboratório de referência no município do Rio de Janeiro, 91,3% apresentavam vacinação contra hepatite B; destes, 74,3% apresentavam o exame anti-HBs positivo (SILVA et al., 2009). No estudo de Spagnuolo, Baldo e Guerrini (2008), em 25,7% das fichas de notificação de acidentes com MB não havia informações sobre a vacinação dos trabalhadores de saúde ou estes não eram vacinados contra hepatite B; dado semelhante foi encontrado em 31% das fichas investigadas por Vieira, Padilha e Pinheiro (2011).

No cenário internacional, 84% dos participantes de uma pesquisa sobre acidentes com MB entre profissionais de enfermagem de unidades de saúde estatais americanas responderam ter recebido as três doses de vacina contra hepatite B (GERSHON et al., 2007). Na Província de Fars, Irã, apenas 65% mencionaram vacinação completa (ASKARIAN et al., 2008). Entre a equipe de enfermagem de um hospital do Japão, a situação estava mais complicada: 78,2% haviam recebido duas doses da vacina e apenas 9,3% mencionaram esquema de vacinação de três doses contra hepatite B (SMITH et al., 2009).

Na pesquisa de Manetti et al. (2006), realizada entre trabalhadores de um hospital universitário, 77,2% dos acidentados apresentaram vacinação completa, 5,2% não realizada e 4,4% incompleta. Já no estudo de Balsamo e Felli (2006), que também englobava trabalhadores de um hospital, os números foram bem maiores: 65% dos trabalhadores não receberam as três doses da vacina contra hepatite B e alegaram falta de tempo e de ocasião para se vacinarem. Entre profissionais de saúde de um centro cirúrgico, o esquema completo foi verificado para apenas 75,6%; destes, 40,3% realizaram teste anti-HBs (OLIVEIRA; GONÇALVES; PAULA, 2008). Toledo e Oliveira (2008) verificaram que 17 (11,81%) profissionais da equipe multiprofissional de uma unidade de emergência não possuíam esquema vacinal

completo contra hepatite B, e que 71,5% não realizaram teste sorológico, dos quais 54,4% relataram falta de conhecimento sobre o teste.

Como demonstrado, no ambiente hospitalar, significativo contingente profissional que trabalha sem proteção de esquema vacinal completo (índice que comumente passa de 10%) ou, ainda, não tem a comprovação sorológica. O ideal seria cobertura vacinal e realização de anti-HBs em 100% dos profissionais, medidas imprescindíveis para prevenção da transmissão ocupacional desta patologia, para rápida e correta avaliação da conduta a ser tomada.

Infere-se que os profissionais que atuam em unidades de saúde coletiva de atenção primária e secundária dos seis municípios em investigação possuem as vacinas mais atualizadas em relação aos trabalhadores de hospitais dos estudos ora apresentados devido ao melhor acesso a vacinas em salas de vacinas das unidades e durante participação em campanhas.

5.5 Conhecimentos sobre prevenção, protocolo e condutas pós-exposição ao