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CAPÍTULO II – OS PROVEDORES

2. Provedores de aplicações

41 OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. Aspectos Principais da Lei n. 12.965, de 2014, o

Marco Civil da Internet: subsídios à comunidade jurídica. Brasília: Núcleo de Estudos e

Pesquisas/CONLEG/Senado, abr. 2014 (Texto para Discussão n. 148). Disponível em: <www.senado.leg.br/estudos>. Acesso em: 29 abr. 2014. p. 08.

Os provedores de aplicações são os que atuam na internet virtual, ou seja, dentro do ambiente que chamamos de internet, oferecendo os mais variados serviços e conteúdo.

O Consultor Jurídico do Senado, Carlos Eduardo Elias de Oliveira, analisando o ainda então Projeto de Lei conhecido como Marco Civil da Internet, que culminou na Lei n. 12.965/14, exarou parecer jurídico definindo os provedores de aplicações da seguinte forma: “Para efeito didático, pode-se considerar, grosso modo, como sinônimo de provedor de aplicações os sites da internet”42.

Note-se que foi utilizado o termo sites da internet notadamente para se referir aos “websites” da “World Wide Web”. Isso porque, como já dito, para o usuário comum, a “World Wide Web” engloba praticamente toda a internet virtual.

Saliente-se que a internet abrange praticamente todas as áreas de interesse da sociedade, de forma que há um número virtualmente infinito de possibilidades para o seu uso, pois novas tecnologias e novos usos são descobertos cotidianamente.

Nesse passo, diante da impossibilidade de ter-se um número fechado de tipos de provedores que atuam na internet, classificados de acordo com o tipo de serviço prestado, parece ser muito salutar a denominação utilizada pela Lei n. 12.965/14, que conceitua como provedor de aplicações todo aquele que atua na internet, fornecendo aplicações, definindo-as como: “VII - aplicações de internet: o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por meio de um terminal conectado à internet” (inciso VII, artigo 5º, da Lei n. 12.965/14).

Antes da Lei n. 12.965/14, não havia denominação comum para quem prestava serviços aos usuários na internet. Nesse passo, surgiram diversas denominações, que refletiam os serviços mais comuns prestados na internet virtual.

Dessas denominações, pode-se destacar: provedor de informação, provedor de conteúdo, provedor de hospedagem, provedor de pesquisa e provedor de e-mail.

Como a Lei recém-publicada alterou essas denominações, pode ser que elas caiam em desuso. Entretanto, elas são de grande valia para o entendimento de textos anteriores à Lei n. 12.965/14, sejam doutrinários ou jurisprudenciais, bem como servem como exemplo dos serviços mais usuais disponíveis na internet.

Nesse diapasão, é interessante saber as suas definições, ficando o alerta de que cada denominação é caracterizada por um serviço específico, não um grupo de agentes específicos, pois as pessoas que atuam na internet quase sempre agem em diversas frentes. Assim, o correto seria dizer, e.g. o serviço “x” é o de provedor de informação, não a pessoa “y” é provedor de informação. Feita a ressalva, vamos às definições sintéticas, tais como eram defendidas antes da Lei n. 12.965/14.

Os provedores de hospedagem são os servidores (“servidores web” conforme conceituado no primeiro capítulo), que armazenam dados de terceiros, conferindo-lhes acesso remoto. Leonardi conceitua a atuação desses provedores:

Assim, um provedor de hospedagem oferece dois serviços distintos: o armazenamento de arquivos em um servidor, e a possibilidade de acesso a tais arquivos conforme as condições previamente estipuladas com o provedor de conteúdo, provedor

este que pode escolher entre permitir o acesso a quaisquer

pessoas ou apenas a usuários determinados.43

Os serviços prestados por um servidor não param de crescer, como nos casos das chamadas “nuvens”, que permitem o armazenamento em servidores com o acesso remoto e rápido de dados pelos usuários. Provedor de informação é aquele que produz a informação disponibilizada na internet, podendo disponibilizá-la diretamente ou através de outro provedor44.

Provedor de conteúdo é o que disponibiliza as informações criadas pelos provedores de informação. Segundo Marcel Leonardi:

O provedor de conteúdo é toda pessoa natural ou jurídica que disponibiliza na Internet as informações criadas ou desenvolvidas pelos provedores de informação, utilizando para armazená -las servidores próprios ou os serviços de um provedor de hospedagem.

Dessa forma, o provedor de conteúdo pode ou não ser o próprio provedor de informação, conforme seja ou não o autor daquilo

que disponibiliza.45

Como visto, um provedor de conteúdo pode ser provedor de informação também quando cria ou desenvolve a informação e, ainda, pode usar ou ter o próprio servidor, de forma que pode até ser um provedor de hospedagem.

No mais, os provedores de pesquisa são os que oferecem uma ferramenta de pesquisa de conteúdo na “World Wide Web”, identificando palavras-chaves e fornecendo os “hiperlinks” para visualização do

43 LEONARDI, Marcel. Responsabilidade Civil dos Provedores de Serviços de Internet.

São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2005. p. 25.

44 Idem. Ibidem, p. 27. 45 Idem. Ibidem, p. 27-28.

conteúdo buscado. Os maiores exemplos são o “Google.com” e “Yahoo.com”.

Por fim, o provedor de e-mail ou correio eletrônico é aquele que oferece o serviço de um gerenciador de mensagens virtuais. Nas palavras de Marcel Leonardi:

O provedor de correio eletrônico fornece, portanto, serviços que consistem em possibilitar o envio de mensagens do usuário a seus destinatários, armazenar as mensagens enviadas a seu endereço eletrônico até o limite de espaço disponibilizado no disco rígido de acesso remoto e permitir, somente ao contratante do serviço, o acesso ao sistema e às mensagens, mediante o uso

de um nome de usuário e senha exclusivos.46

Em suma, isso é o que cumpria explicar sobre os provedores de aplicações, salientado que provedores de aplicações é a terminologia adotada pelo Direito brasileiro para identificar toda pessoa que atua economicamente ou não dentro do ambiente da internet, oferecendo os mais variados serviços e conteúdo.

Ao cabo, mostra-se ainda salutar asseverar que a conceituação dos serviços agora pode ser feita com mais acuidade, de forma que, ao referir-se a um site como o “facebook.com”, pode-se dizer que a empresa Facebook Serviços Online do Brasil Ltda. é um provedor de aplicações, que presta, nesse caso, o serviço de manutenção e gerenciamento de um site de relacionamentos.

Assim, não é mais imprescindível o uso do rótulo provedor de conteúdo para identificar o site facebook (já rotulado como provedor de aplicações), pois, para além de gerar dúvidas sobre se a empresa homônima seria somente provedor de conteúdo, essa denominação não

delimita qual o serviço prestado pelo site, de modo que haveria necessidade de se utilizar informações complementares, o que tornaria inútil a classificação como provedor de conteúdo.

CAPÍTULO III – PONDERAÇÕES PRÉVIAS SOBRE A