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Publicidade enganosa ou abusiva – artigos 67, 68 e 69

4.1 CRIMES PREVISTOS NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

4.1.5 Publicidade enganosa ou abusiva – artigos 67, 68 e 69

Os delitos previstos nos artigos 67, 68 e 69 do CDC se referem à publicidade enganosa e abusiva do fornecedor/fabricante. Bem por isso, estão atrelados aos conceitos de publicidade do artigo 37 do mesmo código138.

Conforme disposto no artigo 67139, é crime fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva.

O objeto material é o produto ou serviço objeto de publicidade enganosa ou abusiva e o objeto jurídico (bem juridicamente protegido) é a relação de consumo (tutela o consumidor do engano e do abuso da publicidade).

O elemento subjetivo é o dolo e o crime se consuma quando feita ou promovida a publicidade enganosa ou abusiva. É crime formal, não se exigindo produção de resultado (dano) para a sua consumação.

O sujeito ativo desse tipo delitivo é o publicitário (pessoa natural) que faz a publicidade enganosa ou abusiva e o responsável pelo veículo que a promove. O sujeito passivo é a coletividade de consumidores. As condutas são, propriamente, fazer publicidade enganosa, fazer publicidade abusiva, promover publicidade enganosa e promover publicidade abusiva.

138

“Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.

§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança.

§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.” BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Código de Defesa do Consumidor. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>. Acesso em: 20 dez. 2015.

139

“Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Pena Detenção de três meses a um ano e multa.” BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Código de Defesa do Consumidor. Disponível em:

Em razão de o delito (do artigo 67) ser considerado infração de menor potencial ofensivo, a pena cominada (detenção de três meses a um ano e multa) poderá ser substituída pelos benefícios da Lei n. 9.099/1995 (JECRIM).

Do mesmo modo, consoante o disposto no artigo 68140, pune-se a conduta daquele que faz ou promove publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança. A pena cominada, de detenção de seis meses a dois anos e multa, igualmente, poderá ser substituída pelos benefícios da Lei n. 9.099/1995 (JECRIM).

A conduta aqui descrita está atrelada ao conceito do parágrafo 2º do artigo 37 do CDC (É abusiva, entre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, aproveite-se da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança).

Fazer ou promover publicidade enganosa ou abusiva é crime de mera conduta e formal (não exige produção de resultado naturalístico) e o sujeito ativo, tal como ocorre no delito previsto no artigo 67, pode ser tanto a pessoa natural, que age pelo anunciante, pela agência e pelo veículo, como os publicitários, os profissionais de revista, radio, televisão e jornal. O sujeito passivo, por sua vez, é a coletividade de consumidores.

A publicidade capaz de induzir o consumidor a erro é, portanto, o objeto material do delito em comento. O objeto jurídico é a coletividade de consumidores, o consumidor que não pode ser induzido a erro. O elemento subjetivo é o dolo.

140

“Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança: Pena - Detenção de seis meses a dois anos e multa.” BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Código de Defesa do Consumidor. Disponível em:

O artigo 69141, por sua vez, prescreve como criminosa a conduta de deixar

de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade. O crime em comento está atrelado ao disposto no artigo 36, parágrafo único142, que trata da publicidade. Este dispositivo busca proteger o consumidor contra ardis publicitários, golpes e mensagens desprovidos de dados fáticos, técnicos e científicos.

Caracteriza-se como crime próprio porque somente pode ser sujeito ativo o publicitário responsável pela publicidade, sem o necessário banco de dados. A conduta omissiva consiste em não organizar um banco de dados da empresa publicitária143, fático, técnico e científico relativamente aos produtos fabricados sobre os quais se fará publicidade.

O delito, que se consuma no momento em que deveria ter sido organizado o banco de dados é instantâneo. Quanto à questão de definir se se trata de crime formal ou material (se exige ou não que a publicidade tenha sido veiculada), há divergência na doutrina.

A coletividade de consumidores figura como sujeito passivo e objeto jurídico dessa conduta delitiva. O objeto material é a publicidade sem o necessário banco de dados e o elemento subjetivo é o dolo.

Por trata-se de infração de menor potencial ofensivo, com pena de detenção de um a seis meses ou multa, caberá ao magistrado, conceder os benefícios previstos na Lei n. 9.099/1995 (JECRIM).

141

“Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e científicos que dão base à publicidade: Pena Detenção de um a seis meses ou multa.” BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código

de Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>.

Acesso em: 20 dez. 2015.

142

“Art. 36. [...] Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.” BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Código de

Defesa do Consumidor. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm>.

Acesso em: 20 dez. 2015.

143

Do dicionário, fático se refere a “[...] modalidade de comunicação cujo objetivo principal consiste em compartilhar ou estabelecer uma atmosfera de sociabilidade entre o locutor e o destinatário, e não em transmitir ideias ou informações relevantes”. MICHAELIS. Verbete: Fático. Disponível em: <http://www.michaelis.com.br/busca?id=wODl>. Acesso em: 22 jan. 2016.