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Turismo Artesanato Laticínios Gemas e jóias Oleiro / Cerâmico Pescado Floricultura Couro e calçados Mandioca

Fonte:< http://www.sebrae.com.br/br/home/index.asp > Acesso em 14/02/2006.

Dessas cadeias listadas acima, a do Turismo e a do Artesanato poderiam ter alguma repercussão na ilha do Combu. Artesanato produzido a partir de parte dos resíduos do açaí (os caroços, as fibras e as palmas, por exemplo) pode ser uma forma de promover a sustentabilidade de parte da população local. Conhece-se uma experiência no sentido de afirmação e consolidação desse segmento. Há oficinas de artesanato sendo realizadas para os moradores da ilha, e algum resultado começa a aparecer, com a produção de peças de palha, fibra e caroços de açaí.

O turismo na ilha ainda é muito pontual, sendo restrito aos restaurantes da orla de frente para Belém, a passeios de barco para a observação e contemplação e umas poucas tentativas de criação de trilhas ecológicas para observação da natureza insular. Entretanto, para contribuir na melhoria dos serviços hoje existentes e no processo de implantação de outras atividades turísticas, é importante cuidar dos resíduos que são depositados na orla da ilha, no lado banhado pelo Guamá em frente a Belém. Há muitos resíduos, sejam provenientes da navegação intensa que ocorre nessa orla, sejam ainda oriundos dos dejetos lançados no leito do igarapé Tucunduba e mesmo ainda daqueles despejados no leito do Guamá através dos portos da orla da capital.

FIG.42 - O trânsito de embarcações e os portos da orla de Belém concorrem para o depósito de resíduos no rio Guamá e que, por força das correntes marinhas acabam por serem

depositados nas margens da ilha. Foto do pesquisador, 2005.

O igarapé Tucunduba recebe resíduos domésticos e das pequenas atividades comerciais que acontecem não só na área altamente impactada pelo aglomerado urbano formado pela ocupação do bairro da Terra Firme, mas também das regiões de baixada dos bairros do Canudos e Marco. Por força das correntes, tal lixo vai ser depositado nas margens das ilhas do arquipélago ao qual pertence o Combu. Como resultado, moradores retiram do leito do igarapé e dos trechos onde se acumulam os dejetos, muito material que poderia ser utilizado em processos de reaproveitamento e reciclagem, contribuindo assim para melhorar o aspecto visual da orla da ilha e, por conseqüência, tornando o turismo no Combu mais agradável e sadio, além de gerar renda e contribuir para a sustentabilidade local.

FIGs. 43 e 44 - Mais imagens de resíduos na orla da ilha e recolhidos em embarcação de morador ribeirinho.

Fotos do pesquisador, 2005.

Portanto, diante de todo o cabedal teórico listado no Capítulo 3 e a partir das observações de campo, podemos concluir que na ilha do Combu, não há consolidação de nenhuma cadeia produtiva. Pelos depoimentos dos moradores eles precisam trabalhar o ano inteiro para conseguir manter a família. Há uma composição sazonal nessa manutenção já que o rendimento cresce com o período de safra do açaí. Mas não há uma formação de cadeia de produto: os coletores de açaí, que podem ser considerados agricultores, vivem de extrair o fruto e comercializá-lo. Somente. Na safra coletam e comercializam maior quantidade. Na entressafra acontece uma retração na oferta dos

frutos, menor comercialização, menor renda média. E, com isso, a necessidade de buscar alternativas de renda para complementar a subsistência.

Tentar identificar e mapear, nas cadeias produtivas constatadas no Combu, onde é possível aproveitar os resíduos para o incremento das mesmas, como foi inicialmente pensado por nós como um dos objetivos específicos da dissertação, acaba sendo inviável, portanto.

O que nos parece importante é alertar para o fato de que, verifica-se a existência de um universo potencial de utilização dos resíduos em processos de reaproveitamento e reciclagem, mas que esta utilização precisa estar atrelada a um projeto mais amplo de tratamento desses produtos e que em tal projeto não cabe somente a região insular, devendo estar inserido num contexto mais amplo que inclua Belém, sua orla, os segmentos que provocam impactos ambientais por resíduos e que isso implica numa mudança de postura do município em relação ao trato com esse segmento, algo que passa por um processo de sensibilização, educação e mudanças de comportamento e hábitos, além de uma avaliação mais precisa do potencial desses resíduos e do nível de impacto que provocam não apenas no Combu, mas na região insular municipal como um todo.

Não é o caso de aplicação de políticas indiscriminadas, dessas dirigidas a qualquer segmento do estado. É necessário, antes de tudo, procurar entender o que ocorre na sustentabilidade da cidade de Belém e que faz interface com a ilha do Combu, de forma a buscar fortalecer os elos das cadeias em que a ilha pode participar e criar novos elos de maneira a difundir e consolidar tais composições locais.

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RESUMO:

Nesta seção do Capítulo 5 buscamos expor aquilo que foi identificado como cadeias de produtos que hoje contribuem para dar fontes de sobrevivência sócio-econômica aos moradores do Combu, e procuramos identificar segmentos produtivos para os resíduos. A pesquisa indicou que o rendimento médio familiar fica entre ½ e 1 salário mínimo, situando-se bem próximo ao limite da linha de pobreza, ainda que a ilha apresente baixa antropisação. Observamos que não existe a figura de um micro-zoneamento ecológico- econômico que possa ajudar na consolidação cadeias produtivas e na gestão do território. Vimos que não comparece em segmento algum a expectativa de um investimento naquilo que se costuma chamar de “verticalização da produção”, ou seja, não há replicações em cadeia no sentido Belém (output-using) – Combu (input-supplying), e há baixa produtividade nas ações em cadeia no sentido Combu – Belém por falta de infra-estrutura e difusão de conhecimentos. Observamos que, para o incremento do turismo é importante, além de investimento em infra-estrutura e educação, cuidar dos resíduos, que podem inclusive gerar repercussões em cadeia.

5.3 – IMPACTOS NA RELAÇÃO URBANO X INSULAR