1 0 Povoamento: primeiros núcleos populacionais
QUADRO V REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS A NÚCLEOS DE POVOAMENTO NO SÉCULO
Ano Lugar - Freguesia Documento Associado a igreja
pré-existente Associado a igreja contemporânea
1015 Canelas PMH, DC 226 Igreja de S. Mamede -
1043 Marecos PMH, DC 324 - -
1044 Galegos LTPS 34 - Igreja de S. Salvador
1048 Retorta - Guilhufe PMH, DC 370 - Igreja de S. João
1056 Codes - Rio de Moinhos PMH, DC 398 - -
1059 Cabroelo - Capela PMH, DC 420 - -
1059 Paços - Luzim PMH, DC 420 Igreja de S. João -
1059 Travassos - Luzim PMH, DC 420 - -
1059 Canas - Rans PMH, DC 420 - -
1059 Oleiros- ? PMH, DC 420 - -
1064 Fonte Arcada PMH, DC 441 - -
1064 Ceidoneses - Pinheiro PMH, DC 441 - -
1065 Bustelo MATTOSO(1968)4 - Mosteiro de S. Miguel
1070 Ameixede - Eja PMH, DC 491 - -
1070 Lordelo - Paredes PMH, DC 491 - -
1070 Várzea - Pinheiro PMH, DC 491 - -
1070 Vila Cova PMH, DC 491 - -
1071 Esmegilde - Paço de Sousa LTPS 38 - -
1071 Vilar - Paço de Sousa LTPS 38 - -
1071 Vilarinho - Capela PMH, DC 498 - -
Cfr. ALMEIDA (1986a), p. 116.
QUADRO V - REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS A NÚCLEOS DE POVOAMENTO NO SÉCULO XI
(CONTINUAÇÃO)
Ano Lugar - Freguesia Documento Associado a igreja
pré-existente Associado a igreja contemporânea
1071 Andeade - Luzim PMH, DC 498 Igreja de S. João -
1071 Guilhufe PMH, DC 498 - Igreja de S. João
1071 Curveira - Portela PMH, DC 498 - -
1079 Vilela - Paredes PMH, DC 573 - -
1079 Vila Cova - Paredes PMH, DC 573 - -
1079 Valpedre PMH, DC 573 - Igreja de S. Tiago
1080 Souto - Boelhe PMH, DC 593 - -
1083 Fafiães - Galegos LTPS 28 - Igreja de S. Mamede
1085 Figueira PMH, DC 642
LTPS 109
- Igreja de Santa Maria
1085 Irivo PMH, DC 643
LTPS 36
- Ermida de S. Vicente
1085 Oldrões PMH, DC 650 - -
1086 Cimo de Vila - Valpedre PMH, DC 662 - Igreja de S. Tiago
1087 Lameiras - Galegos PMH, DC 678 LTPS 39
- Igreja S. Mamede
1087 Berbedes - Paço de Sousa PMH, DC 678 LTPS 39
- -
1087 Quintela - ? PMH, DC 689 - -
1087 Salga - Oldrões PMH, DC 689 - -
1088 Coreixas - Irivo PMH, DC 713 - Igreja de Santa Maria
1088 Lagares PMH, DC 713 - Igreja de S. Martinho
1088 Rande - Milhundos PMH, DC 713 Igreja de S. João -
1090 Paços e Paço - ? PMH, DC 735 - -
QUADRO V - REFERÊNCIAS DOCUMENTAIS A NÚCLEOS DE POVOAMENTO NO SÉCULO XI
(CONTINUAÇÃO)
Ano Lugar - Freguesia Documento Associado a igreja
pré-existente Associado a igreja contemporânea
1090 Cadeade - Paço de Sousa LTPS 88 - Ermida de S. Vicente
1092 Sá - Luzim PMH, DC 781 Igreja de S. João -
1096 Vila Meã LTPS 13 - -
1096 Capela LTPS 13 - -
1096 Vilar - Galegos LTPS 13 - Igreja de S. Salvador
1097 Penidelo - Pinheiro PMH, DC 848 - -
1097 Rio de Moinhos PMH, DC 856 - -
1097 Cans - Rio de Moinhos PMH, DC 856 - -
1098 Aveleda - Penafiel PMH, DC 882 - -
Como se pode observar no Quadro V, a mesma situação se constata para os núcleos de povoamento documentados durante o século XI, verificando-se que do total de 26 villae associadas a igrejas, 14 delas são contemporâneas dos templos mencionados na documentação da época (58,3%). No entanto, a distribuição espacial destes núcleos é já um pouco diversa dos da centúria anterior, pois já se verifica uma ocupação mais densa das zonas baixas do vale das bacias do Cavalúm e da Ribeira da Camba. Mesmo assim, verifica-se que quase metade dos aglomerados se distribui ainda pelas áreas periféricas do concelho, o que está certamente relacionado, por um lado, com os aspectos geomorfológicos da zona, e por outro, com diferentes opções de estratégia de povoamento.
Numa primeira análise, vemos que o povoamento da parte Leste do concelho privilegiou as implantações de zonas de encosta, a média altitude entre os montes da Serra de Luzim e o curso do Tâmega, não se tendo no entanto, estruturado em torno do templo pré-existente. Ali temos apenas temos documentada a Igreja de Luzim, existente desde o século X, mas que pode estar associada no máximo a três ou quatro villae vizinhas. Os restantes núcleos não estão associados a qualquer
templo contemporâneo, fugindo à regra que parece ter norteado a ocupação humana na centúria anterior.
Na zona Sudoeste de Penafiel, onde se implantam os núcleos das terras altas das freguesias de Figueira e Capela, a organização religiosa parece ter acompanhado o povoamento, embora nesta área três dos núcleos se encontrem muito dispersos e em posição claramente marginal em relação aos templos128. A
opção na distribuição dos aglomerados ao longo do curso da Ribeira de Lagares parece também ter privilegiado a implantação dos núcleos na encosta, seguramente associados a uma via de comunicação importante, no caso concreto a estrada que seguia do Porto e que, passando pela Serra de Valongo, seguia em direcção a Entre-os-Rios para a travessia do Douro, de que adiante referiremos.
Os núcleos mencionados na documentação relativos à parte Noroeste e central do concelho encontram-se ao longo do curso do Sousa e no vale da Ribeira da Camba, privilegiando implantações de cota mais baixa e mais próximas destas linhas de água. De realçar que nestas áreas se verifica um maior número de w//ae e também um maior número de templos associados cronologicamente coevos daquelas, ficando patente uma estratégia de efectiva ocupação do território com características duradouras e estruturantes. Certamente que nestes núcleos se concentram populações muito ligadas à agricultura, dada a grande fertilidade do solo naquelas zonas, e que privilegiam a proximidade do seu habitat em relação à área de exploração, o que não parece acontecer nos extremos Leste e Noroeste, como vimos. Talvez por se sentirem mais expostas, desde logo associam a ocupação do lugar à construção de um templo, na perspectiva do que afirma Carlos Alberto Ferreira de Almeida129.
Note-se ainda que esta área corresponde precisamente à mesma onde, em 994, já estava fundado o Mosteiro de Paço de Sousa, e onde vemos também fundado em 1065 o Mosteiro de Bustelo, o que pode ser explicado pelas razões já apontadas se tivermos em conta o facto dos mosteiros constituírem verdadeiras unidades de exploração agrícola130.
A esmagadora maioria dos núcleos populacionais e dos templos mencionados na documentação deste século data da segunda metade da centúria. Com efeito,
128 É o caso das villae de Oliveira (Capela), que corresponde no Mapa IV ao n.° 50, de Cabroelo (n.°13) e
Vilarinho (n.° 27).
129 ALMEIDA (1986a), p. 122.
130 Cfr. OLIVEIRA (1950), p. 85. A fundação destes mosteiros está documentada no primeiro caso em PMH, DC
169, e no segundo por documento inédito do Arquivo de Singeverga, em MATTOSO (1968), p.4.
para um total de 61 referências documentais identificadas, 5 dizem respeito à primeira metade do século XI (8,2%) e 56 correspondem à segunda (91,8 %). Apesar de estar necessariamente implícita a questão da maior produção documental a partir da mesma época, e por isso o decorrente aumento do número de referências, ela própria reflecte os condicionalismos político-administrativos mais favoráveis da acção de Fernando Magno e do sucesso crescente da Reconquista. O
período de maior estabilidade vivido durante a segunda metade do século e a implementação das novas estruturas administrativas traduzidas na formação das
terras, aspectos de que já falámos, têm assim consequências visíveis na rede de
povoamento, através da normalidade da vida quotidiana e de uma maior segurança sentida pelas populações, e que as leva a dispersar os seus cada vez mais numerosos núcleos de habitat
Da cartografia das w//ae e dos templos referidos na documentação do século IX ao século XI não conseguimos tirar ilações muito conclusivas quanto ao papel estruturador dos templos face aos núcleos de povoamento e vice-versa. Porém, ao analisarmos no Quadro VI e no Mapa IV as igrejas e os aglomerados cuja primeira referência data apenas do século XII, tiramos desde logo uma conclusão óbvia.