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1. INTRODUÇÃO

2.6. Procedimento de análise

2.6.2. Qualidades psicométricas dos instrumentos

São bons indicadores de qualidades psicométricas a estrutura fatorial dos instrumentos e sua consistência interna, que podem ser verificadas a partir de outros estudos, no entanto é adequado que sejam calculadas para cada amostra, garantindo que as análises realizadas a posteriori sejam fidedignas.

Para todas as escalas utilizadas no presente, foi calculado o alfa de Cronbach, medida de consistência interna. Para os instrumentos em que se optou pelo uso de estrutura fatorial - SSRS-BR e IEE, foi averiguado o ajustamento de sua estrutura através da Análise Fatorial Confirmatória – AFC. Para o IEE e o RAF foi feita Análise Fatorial Exploratória.

Análise Fatorial Confirmatória – AFC

A Análise Fatorial é uma técnica estatística que visa identificar um conjunto reduzido de variáveis latentes, ou fatores, que refletem o que as variáveis manifestas (itens) partilham em comum, em outras palavras explicam a covariância e/ou correlação entre as variáveis. Pode ser de natureza exploratória, quando não se tem informações prévias sobre a estrutura fatorial que explique as variáveis manifestas, ou de natureza confirmatória, utilizada para avaliar a qualidade de estrutura fatorial já conhecida, ou quando se tem um modelo teórico que a justifique (Marôco, 2010).

A importância da AFC vem do fato de poder validar uma estrutura fatorial já existente e verificar sua estabilidade e o quanto ela é generalizável para outras amostras (Hair et al, 2009; Marôco, 2010). No caso deste estudo, como o SSRS-BR foi validado por Bandeira et al (2009) e o IEE por Gardinal-Pizato (2010), optou-se por verificar através da AFC se a estrutura fatorial indicada pelos autores se mantinha inalterada neste estudo e se era possível melhorar a qualidade de medida dos fatores.

A AFC para ambos os instrumentos está detalhada no APENDICE G. Em nenhum dos dois instrumentos foi mantida a estrutura previamente relatada por outros autores. Alguns itens foram retirados ou erros foram correlacionados para melhorar, ora o ajustamento de modelo, ora a consistência interna.

Ao final, temos a seguinte estrutura fatorial para o SSRS-BR. Escala de habilidades sociais: autocontrole (8 itens); asserção positiva (7 itens); autodefesa (3 itens), responsabilidade e cooperação (7 itens); Cooperação com pares (3 itens). Escala de comportamentos problemáticos: externalizantes (7 itens), internalizantes (5 itens). Escala de competência acadêmica (6 itens). O IEE, após AFC não obteve bons valores de consistência interna e passou por Análise Fatorial Exploratória.

Análise Fatorial Exploratória – AFE

De acordo com Marôco (2011) a AFE é uma técnica que objetiva descobrir e analisar a estrutura de um conjunto de variáveis inter-relacionadas de modo a construir fatores ou variáveis latentes que controlam, de forma mais ou menos explícita, as variáveis originais ou observáveis. Com a AFE, sem um critério a priori, podemos quantificar um construto, ou fator, que não é diretamente observável, como por exemplo, a depressão. Ela nos permite identificar uma estrutura a através das correlações entre as variáveis ou participantes e

contribui para a redução de dados, onde são identificadas variáveis mais representativas do fator (Pestana e Gageiro, 2000).

Para o presente estudo, foi realizada a AFE do inventário RAF, a fim de identificar fatores latentes e ao mesmo tempo reduzir o número de itens em relação aos novos fatores e assim ter um instrumento com maior adequabilidade para a amostra. Para o IEE também foi necessária AFE, visto que não foi possível encontrar bons valores de ajustamento do modelo e consistência interna com a estrutura proposta por Gardinal-Pizato (2010). Todo o processo da AFE está descrito no APÊNDICE H.

Dos 99 itens do RAF distribuídos em dez tópicos, obteve-se uma estrutura com três componentes: RAF1 – Interação Pai-criança, com nove itens, com pontuação máxima podendo chegar a 45; RAF2 2 – Recursos ou Atividades/Passeio Realizados com Adultos, com onze itens, com pontuação máxima de 39 pontos; e RAF3 – Rotina, com seis itens, podendo chegar a 12 pontos. O IEE, após a AFE, manteve a estrutura com dois componentes, sendo um nomeado como IEE1 - Tensões relacionadas ao papel do estudante, com dez itens e pontuação máxima de 40, e IEE2 – Relações Interpessoais, com sete itens e com pontuação máxima de 28.

Fidedignidade dos instrumentos

Para avaliar a fidedignidade dos instrumentos SSRS-BR, ESI, IEE e RAF foi utilizado o Coeficiente Alfa de Cronbach, que fornece uma medida de consistência interna, que indica a correlação do item com o total da escala, e dá a noção de que as respostas diferem não porque os itens sejam confusos e levam a diferentes interpretações, mas porque os respondentes apresentam opiniões diferentes (Pestana e Gageiro, 2005). O coeficiente alfa deve variar de 0 a 1, sendo índices ideias acima de 0,70, porém são aceitos acima de 0,65 e inaceitáveis abaixo de 0,60 (Fachel & Camey, 2000). Para os instrumentos que medem o Potencial Cognitivo e o Desempenho Acadêmico não foram calculados os valores de Alfa, pois tratam de avaliação de repertório e conhecimento.

Os valores de Alfa obtidos nos estudos originais, que validaram as escala, bem como os deste estudo se encontram em detalhes nas Tabelas 2 – para SSRS-BR, Tabela 3 – Para IEE e Tabela 4 para ESI. De maneira geral, no caso desta amostra, todas as escalas do SSRS- BR obtiveram valores acima de 0,72. Na Tabela 3, observam-se os valores o IEE1 – Tensões relacionadas ao papel de estudante obteve Alfa de 0,67 e o IEE2 – Relações Interpessoais de

0,71. Para a ESI, na qual os itens foram considerados apenas em relação ao valor total da escala, o Alfa foi de 0,88.

Tabela 2- Número de itens e consistência interna do SSRS-BR na sua estrutura fatorial original e na estrutura encontrada neste estudo.

Subescalas Bandeira et al. (2009) N= 416 crianças 86 professores Presente Estudo 1º ano N= 186 crianças 25 professores Presente Estudo 2º ano N= 176 crianças 30 professores Presente Estudo 3º ano N= 153 crianças 33 professores Nº de

itens Alfa Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa Asserção Positiva 9 0,87 7 0,83 7 0,87 7 0,85 Autocontrole 9 0,88 8 0,83 8 0,85 8 0,87 Autodefesa 3 0,78 3 0,72 3 0,77 3 0,75 Resp. e Cooperação 15 0,92 7 0,90 7 0,92 7 0,91 Cooperação com pares 4 0,73 3 0,83 3 0,81 3 0,75 PC - Externalizante 13 0,93 7 0,89 7 0,89 7 0,91 PC - Internalizante 6 0,74 5 0,79 5 0,81 5 0,85 Competência

Acadêmica 9 0,98 6 0,98 6 0,98 6 0,98

Tabela 3- Número de itens e consistência interna do IEE na sua estrutura fatorial original e na estrutura encontrada neste estudo.

Subescalas Gardinal-Pizato (2010) N= 336 Presente Estudo 1º ano N= 186 Presente Estudo 2º ano N= 176 Presente Estudo 3º ano N= 153 Nº de

itens Alfa Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa F1 – Posicionamento dos adultos em relação ao desempenho da criança 10 0,77 - - - - IEE1 – Tensões relacionadas ao papel do estudante - - 10 0,69 10 0,70 10 0,66 IEE2 – Relações Interpessoais 10 0,72 7 0,71 7 0,63 7 0,62

Tabela 4 - Número de itens e consistência interna das estruturais fatoriais originais da escala original e a deste estudo – ESI.

Escala Lipp e Lucarelli (2008) N= 255 Presente Estudo 1º ano N= 186 Presente Estudo 2º ano N= 176 Presente Estudo 3º ano N= 153 Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa Nº de itens Alfa Total ESI 35 0,90 35 0,88 35 0,87 35 0,89

Na versão original do RAF Marturano, Ferreira e D´Ávila-Bacarji (2005) encontraram índice de consistência interna igual a 0,84, em amostra com 100 crianças com queixa escolar. Na estrutura fatorial encontrada neste estudo, temos os seguintes valores para o Alfa de Cronbach: RAF1 – Interação Pai-Criança (0,830); RAF2 – Recursos e atividades/passeios realizados com adultos (0,783); RAF3- Rotina (0,686).

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