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LISTA DE ABREVIATURAS

T- bet Fator de transcrição para diferenciação de células Th

3. MATERIAIS E MÉTODOS

4.6 Quantificação relativa da expressão de RNAm nos diferentes tecidos

De acordo com as análises de expressão gênica realizadas no abomaso, pôde-se verificar diferença nos níveis de expressão de TGF-β (P<0,006). Os animais do grupo resistente apresentaram aumento na expressão de IL-4 (2,5x) e IL-13 (1,1x), enquanto o grupo suscetível apresentou aumento na expressão de IFN-γ (1,2x), TNF-α (1,1x), IL-9 (2,6x), IL-22 (2,8x), TGF-β (3,5x) e IL-10 (1,4x) (Figura 11).

Não houve diferença significativa entre a expressão das citocinas da resposta Th1 e Th2 no grupo resistente em relação ao suscetível. Porém, foi possível observar polarização da resposta Th2 no grupo resistente devido ao aumento da expressão das citocinas IL-4 (2,5x) (p=0,072)e IL-13 (1,1x) (p=0,868) em relação aos grupos suscetíveis, os quais apresentaram aumento das citocinas IFN-γ (1,2x) (p=0,584) e TNF-α (1,1x)

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(p=0,941), caracterizando o perfil Th1, e, consequentemente, polarizando a resposta para esse perfil.

Em relação as citocinas IL-9 (p=0,441), IL-22 (p=0,199) e IL-10 (p=0,350), também não houve diferença significativa entre os grupos resistente e suscetível, porém foi possível observar aumento na expressão de IL-9 (2,6x), IL-22 (2,8x) e IL-10 (1,4x) no grupo suscetível em relação ao resistente. O TGF-β aprensentou expressão aumentada (3,5x) no grupo suscetível e esse valor foi significativo em comparação ao grupo resistente (P<0,006).

Figura 12. Razão da expressão gênica no abomaso para os genes IFN-γ, TNF-α, IL-4, IL-13, IL-9, IL-22,

TGF-β, IL-10 entre os grupos resistente (GR) e suscetíveis (GS) (GR/GS) normalizados para o GAPDH. Os Boxplot representam 50% das observações expressas como diferenças entre os grupos (GR/GS). As linhas pontilhadas representam a expressão gênica média. As extremidades de cada caixa representam as observações mínimas e máximas. Nota: **p<0,01

Em relação ao intestino delgado, pôde-se verificar diferença nos níveis de expressão de TNF-α (P<0,001) e IL-4 (P<0,017). Os animais do grupo resistente apresentaram aumento na expressão de IFN-γ (3,4x),IL-4 (2,8x), IL-13 (1,3x), IL-22 (1,6x), enquanto o grupo suscetível apresentou aumento na expressão de TNF-α (5,3x), IL-9 (1,8x), TGF-β (1,0x) e IL-10 (1,1x) (Figura 12).

Dessa forma, houve polarização da resposta Th2 no grupo resistente devido ao aumento significativo da expressão da IL-4 (2,8x) (P<0,017) e, apesar de não exibir significância (p=0,582), houve aumento da expressão de IL-13 (1,3x) em relação ao grupo suscetível, o qual apresentou polarização da resposta Th1 devido ao aumento

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significativo (P<0,001) da expressão de TNF-α (5,3x). Além disso, também houve o aumento não significativo (p=0,102) da expressão de IFN-γ (3,4x) no grupo resistente.

Em relação as citocinas IL-9 (p=0,205), TGF-β (p=0,956) e IL-10 (p=0,880), também não houve diferença significativa entre o grupo resistente e suscetível. Porém, foi possível observar aumento na expressão de IL-9 (1,8x), TGF-β(1,0x) e IL-10 (1,1x) no grupo suscetível em relação ao resistente. AIL-22 aprensentou expressão aumentada (1,6x) no grupo resistente e esse valor não foi significativo em comparação ao grupo suscetível (p=0,199).

Figura 13. Razão da expressão gênica no Intestino Delgado para os genes SDHA, IFN-γ, TNF-α, IL-4, IL-

13, IL-9, IL-22, TGF-β, IL-10 entre os grupos resistente (GR) e suscetíveis (GS) (GR/GS) normalizados para o SDHA. Os Boxplot representam 50% das observações expressas como diferenças entre os grupos (GR/GS). As linhas pontilhadas representam a expressão gênica média. As extremidades de cada caixa representam as observações mínimas e máximas. Nota: *p<0,05 **p<0,01

Em relação ao intestino grosso, pôde-se verificar diferença nos níveis de expressão de IFN-γ (P<0,030), IL-13 (P<0,0001), IL-22 (P<0,014), TGF-β (P<0,001) e IL- 10 (P<0,003). Os animais do grupo resistente apresentaram aumento na expressão de IFN-γ (2,3x), IL-4 (1,3x), IL-13 (7,0x), IL-22 (3,0x), TGF-β (2,6x) e IL-10 (2,8x), enquanto o grupo suscetível apresentou aumento na expressão de TNF-α (2,2x) e IL-9 (1,5x) (Figura 13).

Dessa forma, houve polarização da resposta Th2 no grupo resistente devido ao aumento significativo da expressão da IL-13 (7,0x) (P<0,001) e, apesar de não exibir significância (p=0,563), houve aumento da expressão de IL-4 (1,3x) em relação ao grupo suscetível. Apesar de não ter sido observado significância na expressão de TNF-α

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(P=0,131), houve aumento na expressão de 2,2x no grupo suscetível, e por isso exibindo polarização da resposta Th1. Além disso, também houve o aumento significativo (p<0,030) da expressão de IFN-γ (2,3x) no grupo resistente.

Em relação as citocinas IL-22 (p<0,014), TGF-β (p<0,001) e IL-10 (p<0,003), houve diferença significativa entre o grupo resistente e suscetível. Essa diferença foi observada devido ao aumento na expressão de IL-22 (3,0x), TGF-β(2,6x) e IL-10 (2,8x) no grupo resistente em relação ao suscetível. A IL-9 apresentou expressão aumentada (1,5x) no grupo suscetível e esse valor não foi significativo em comparação ao grupo resistente (p=0,272).

Figura 14. Razão da expressão gênica no Intestino Grosso para os genes SDHA, IFN-γ, TNF-α, IL-4, IL-

13, IL-9, IL-22, TGF-β, IL-10 entre os grupos resistente (GR) e suscetíveis (GS) (GR/GS) normalizados para o SDHA. Os Boxplot representam 50% das observações expressas como diferenças entre os grupos (GR/GS). As linhas pontilhadas representam a expressão gênica média. As extremidades de cada caixa representam as observações mínimas e máximas. Nota: *p<0,05 **p<0,01

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5. DISCUSSÃO

A partir da contagem de ovos de helmintos por grama de fezes é possível avaliar o nível de infecção e estimar a carga parasitária dos animais, bem como verificar a eficácia de produtos anti-helmínticos (UENO; GONÇALVES, 1998). Entretanto, essa metodologia não necessariamente relaciona a baixa contagem com a pequena quantidade de parasitos no trato gastrintestinal do animal. Também não é possível identificar o parasito existente devido a semelhança morfológica entre os ovos e, portanto outros métodos são necessários para essa confirmação como coprocultura e necropsia. Os parasitos recuperados na necropsia confirmaram a prevalência de parasitos do gênero Haemonchus como os mais encontrados seguido dos genêros Trichostrongylus, Strongyloides, Oesophagostomum e Trichuris. Estes dados estão de acordo com o encontrado em estudos envolvendo ovinos com diferentes níveis de resistência desenvolvidos por Neves (2010), Zaros et al., (2010), Neves et al., (2012), Zaros et al., (2014); Coutinho et al., (2015), os quais mostraram que Haemonchus foi o gênero mais prevalente, seguido de Trichostrongylus, Oesophagostomum e Strongyloides.

Esses dados divergem apenas de um estudo realizado no estado do Rio Grande do Norte por Ahid et al., (2007) que apontaram a alta prevalência de Haemonchus, seguido de Oesophagostomum e Trichostrongylus. A confirmação da infecção por Trichuris foi um resultado pioneiro, uma vez que os trabalhos desenvolvidos com os ovinos da área experimental do estudo nunca relataram o aparecimento de parasitos do gênero Trichuris (JÚNIOR, 2013; SILVA, 2016). Isso pode ser devido ao fato dos animais não serem originados no local do experimento, assim como descreve Silva (2016), e sim, adiquiridos de outras regiões do estado onde possa haver focos de infecção pelo parasito. Em relação à escolha do melhor gene referência nos diferentes tecidos de ambos os grupos, o GAPDH foi escolhido no abomaso e o SDHA no intestino delgado e grosso por apresentarem menores variações entre os grupos. Para a utilização de resultados confiáveis utilizando a metodologia de qPCR é necessário a correção para variações experimentais. A quantificação de um gene referência permite a normalização da diferença na quantidade de RNA ou cDNA, uma vez que quanto menor a variação nessas etapas, menor será a variação nas etapas posteriores, garantindo que as diferenças

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observadas na quantificação na qPCR seja devido aos diferentes tratamentos e não a variações na quantidade inicial de amostras (IBELLI, 2008).

Alguns autores já descreveram problemas associados a utilização do GAPDH (KE; CHEN; YUNG, 2000; SUZUKI; HIGGENS; CRAWFORD, 2000; AL-BADER; AL-SARRAF, 2005). Em estudos envolvendo bovinos, o GAPDH não foi indicado como sendo um bom gene referência devido a expressão variável nos diferentes tratamentos nos tecidos (GIULIETTI et al., 2001; BUSTIN, 2002; BUSTIN et al., 2005; ZAROS et al., 2007; BRICARELLO et al., 2008; IBELLI, 2008). Porém, estudos envolvendo ovinos suscetíveis ao termor epizoótico mostraram que o GAPDH, independente do tratamento, não sofreu alterações (GARCIA-CRESPO; JUSTE; HURTADO, 2005). Nesse sentido outros autores mostraram que tanto o GAPDH, quanto o SDHA, podem ser usado como gene referência (ZANG et al., 2011).

No Brasil, um estudo desenvolvido por Zaros et al., (2010) envolvendo diferentes grupos de ovinos infectados com nematoides gastrintestinais, exibiu resultados diferentes neste estudo, pois foi mostrado que o SDHA é um gene referência melhor que o RPL19 e por último o GAPDH no abomaso. Em contrapartida, um estudo mais recente desenvolvido por Toscano et al., (2018) em ovinos da raça Morada Nova, concluiu que o GAPDH no abomaso é o melhor gene a ser utilizado.

Em relação ao SDHA, os resultados obtidos neste trabalho condizem com o encontrado em literatura, tanto para ovinos infectados por bactérias como o Mycobacterium avium quanto animais de produção infectados por nematoides gastrintestinais (GARCIA-CRESPO; JUSTE; HURTADO, 2005; ZAROS et al., 2007; MULUBAMBA et al., 2008). Além desses, outros trabalhos envolvendo especificamente ovinos, também mostraram a eficácia do SDHA como um bom gene referência no intestino delgado devido a pequenas variações nos grupos expostos a diferentes tratamentos (ZAROS et al., 2010; PELLETO et al., 2011; ZANG et al., 2011).

Em relação ao RPL-19, alguns trabalhos mostraram a eficácia na utilização devida a expressão constante nos tecidos expostos a diferentes tratamentos (AL-BADER; AL- SARRAF, 2005). Esses resultados também foram observados em estudos desenvolvidos no Brasil com bovinos (ZAROS et al., 2007; BRICARELLO et al., 2008; IBELLI, 2008). Entretanto, os resultados obtidos para o RPL-19 neste trabalho sugerem que este não é

um bom gene para ser usado como referência em ovinos. Outros estudos são necessários para que possam confirmar esse resultado devido a este trabalho ser pioneiro em testar o seu uso em ovinos tropicais.

Todos os resultados discutidos acima enfatizam a importância de escolher corretamente os genes referência para serem usados como controle antes da quantificação relativa. Além disso, os resultados vão de acordo com a conclusão de Zaros et al. (2010). Esses dados demonstram que sem validação prévia, os genes não podem ser usados em trabalhos envolvendo biologia molecular em ovelhas tropicais. Este estudo ainda traz um teste pioneiro que seria o uso do RPL-19 em ovinos tropicais, além de ser o terceiro trabalho desenvolvido no Brasil em relação à validação de genes referência como controle.

Em relação as análises da expressão gênica nos diferentes órgãos do grupo resistente e grupo suscetível, a partir dos resultados obtidos, devido ao aumento da expressão das citocinas estudadas (IL-4 e IL-13) as quais são associadas ao perfil de resposta Th2 em todos os tecidos analisados do grupo resistente, sugere-se que houve polarização para Th2.

Os mecanismos de defesa contra as infecções por helmintos estão relacionadas a expressão de citocinas características do perfil Th2 como IL-4, IL-5 e IL-13 (ANTHONY et al., 2007). Trabalhos envolvendo ruminantes afirmam que a polarização da resposta Th2 está associada ao perfil de resistência a helmintos gastrintestinais (MAIZELS et al., 2009). Trabalhos posteriores, realizados no Brasil, também reforçam esses resultados (ZAROS et al., 2010; ZAROS et al., 2014).

Estudos mais antigos verificaram o aumento dos níveis de IL-4 em ovinos infectados com Haemonchus resistentes e aumento nos níveis de IFN-γ nos suscetíveis (GILL et al., 2000). Estudos desenvolvidos por Miller e Horohov (2006), Craig et al., (2007) e Ingham et al., (2008) em ovinos infectados com Teladorsagia circumcincta e H. contortus de animais resistentes e suscetíveis ou de determinadas linhagens infectados/reinfectados confirmaram os dados dos murinos identificando o tipo de resposta mediada por linfócitos T CD4+ do tipo Th2.

Na tentativa de caracterizar o estado imunológico em infecções contra helmintos no intestino delgado do hospedeiro, Maizels et al. (2003) e Anthony et al. (2007),

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utilizaram modelos murinos infectados com Heligmosomoides polygyrus e Nippostrongylus brasiliensise revelaram elevados níveis de IL-4, IL-10 e IL13 para os modelos resistentes e elevadas concentrações de IL-2 e IFN-γ para modelos suscetíveis.

Em relação ao intestino grosso, em modelos com infecção com T. muris evidenciam também polarização da resposta Th2, sendo esta, fundamental para o desenvolvimento de resposta protetora (CLIFFE; GRENCIS, 2004). Em um estudo desenvolvido no Brasil com ovinos Somalis se observou também uma polarização para a resposta Th2 no abomaso de ovinos resistentes em infecção contra H. contortus devido ao aumento na expressão de IL-4 e IL-13 e polarização da resposta Th1 em ovinos suscetíveis devido ao aumento da expressão de IFN-γ e TNF-α (ZAROS et al., 2014).

Em relação ao intestino delgado e grosso, não foi possível observar a polarização total da resposta Th1 nos grupos suscetíveis em virtude do aumento da expressão de IFN-γ nos grupos resistentes, principalmente no intestino grosso e, somente o aumento de TNF-α no grupo suscetível, em especial, no intestino delgado. Apesar disso, alguns trabalhos também tornam o paradigma da suscetibilidade e resistência controversos, devido a não se observar a polarização da resposta Th1 ou Th2 em animais resistentes (ALBA-HURTADO; MUÑOZ-GUZMPAN, 2013; AMARANTE; RAGOZO; SILVA, 2014). Em contrapartida, esses achados podem ser explicados devido a dinâmica de cada parasito nos respectivos órgãos ser diferente, ou seja, aos diferentes comportamentos e os mecanismos de infecção e como o sistema imunológico contém a infecção em determinados estágios do ciclo de vida.

Portanto, no intestino delgado, o aumento significativo da expressão de TNF-α nos animais suscetíveis, pode ser explicado, principalmente pelo fato do Trichostrongylus provocar necrose tecidual graças a exsudação de proteínas séricas e pelo fato de que nesse grupo de animais não haver equilíbrio entre as respostas Th1/Th2. Além disso, o Strongyloides, devido a ação tóxica ocasionada pela excreção de componentes que lesionam a mucosa duodenal, podem favorecer a entrada de bactérias que pode evoluir o quadro para uma enterite severa (AMARANTE, 2005; ANDRADE, 2010).

No intestino grosso do grupo resistente, houve aumento significativo da expressão de IFN-γ. Nesse órgão houve a confirmação da infecção por Oesophagostomum e, em relação a resposta contra esse parasito, não ocorre a expulsão devido as larvas ficarem

contidas dentro dos nódulos e morrerem é sugestivo que o aumento da expressão de IFN-γ nesse grupo por este motivo.Trabalhos realizados com ovinos, mostraram que mesmo em animais geneticamente resistentes, pois houve o aumento da expressão de citocinas da resposta Th2 e IFN-γ, o que pode estar associado ao retardo da expulsão das larvas e, consequentemente, dos adultos (MEEUSEN; BALIC; BOWLES, 2005).

Além disso, o aumento da expressão de IFN-γ nesse tecido, pode ser explicado também pela formação dos nódulos, acarretando em reação granulomatosa típica, caracterizada pelo envolvimento de neutrófilos e eosinófilos, rodeados de macrófagos epiteilioides, plasmócitos e linfócitos juntamente com a proliferação de tecido conjuntivo fibroso caracterizando a reação de Splendore-Hoeppli (TESSELE; BRUM; BARROS, 2014).

Estudos envolvendo O. radiatum (parasito intestino grosso de bovinos) descrevem esse fenômeno causado por eosinófilos que aderem ao parasito. Essa participação de eosinófilos é fundamental na reação inflamatória contra parasitos do trato gastrintestinal de ruminantes, especialmente o Oesophagostomum (DAY; SCHULTZ, 2011). Esses helmintos liberam moléculas proteicas que podem ser apresentadas por APCs aos Linfócitos B. Quanto mais moléculas proteicas do parasito forem absorvidas pela mucosa, ocorre a elevação da desgranulação dos mastócitos, edema e migração de eosinófilos que irão desgranular acarretando em dano direto à cobertura do helminto e levando a formação final do nódulo (TESSELE; BRUM; BARROS, 2014).

No intestino delgado e grosso dos animais resistentes foi verificado o aumento da expressão de IFN-γ, especialmente no intestino grosso, o qual pode ser explicado devido a questão do reparo tecidual ser mais eficiente nesse grupo de animais diante infecções contra esses parasitos, além de que essa citocina não é secretada apenas por células T, mas também por outras células da imunidade inata como células NK, ILC1 e macrófagos, os quais migram para o local afetado e atuam no processo de fibrose (COELHO- CASTELO et al., 2009; ZHU; YAMANE; PAUL, 2010; CORDING et al., 2018). (MARTINEZ et al., 2009). Os macrófagos, apesar de serem convencionalmente associados apenas as respostas Th1, alguns trabalhos tem mostrado a presença dessas células ativadas por estímulos de IL-4 e IL-13 devido a expressão de arginase-1, receptor de manose (CD206) e receptor α para IL-4 (IL-4Rα) e, consequentemente, rapidamente

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ocorre o recrutamento para os sítios de infecção durante as respostas Th2 (ANTHONY et al., 2007).

Além disso, o IFN-γ também tem se mostrado ser essencial e necessário em algumas infecções contra helmintos por induzir imunidade e reparar alguns danos ocasionados pela ação de alguns desses parasitos, incluindo manutenção em infecções crônicas e, provavelmente, associada a animais resilientes (CLIFFE; GRENCIS, 2004; ALBA-HURTADO; MUÑOZ-GUZMPAN, 2013; SALES, 2016). Análises da expressão de citocinas tanto da subpopulação Th1 quanto Th2, sugerem ainda que os animais resistentes as infecções contra parasitos como o T. columbriformis são capazes de responder as infecções experimentais, mesmo na presença de IFN-γ sem comprometer a resposta Th2 (PERNTHANER et al., 2005).

Trabalhos envolvendo a expressão de IL-9 e IL-22 contra helmintos tem sido realizados apenas em modelos murinos e poucos em humanos (BOUCHERY et al., 2014). Não foram encontrados trabalhos que relatassem o comportamento dessas citocinas em infecções contra helmintos em ruminantes, em especial ovinos, sendo este trabalho o primeiro a relatar esse comportamento.

Nestre trabalho, a expressão de IL-9 estava aumentada em todos os órgãos dos grupos suscetíveis. Esse resultado, além de pioneiro, vai contra os resultados obtidos nos outros estudos utilizando modelos murinos de linhagens isogênicas e, portanto, vale enfatizar que os animais utilizados neste trabalho, além de filogeneticamente distintos de camundongos, não tinham variáveis controladas em laboratório como os casos dos animais descritos em literatura. Além disso, não foram avaliadas outras possíveis infecções causadas por outros agentes etiológicos como protozoários e bactérias, os quais poderiam levar aos resultados esperados. Originalmente, a IL-9 foi associada a resposta Th2 devido ao aumento da expressão em camundongos BALB/c e a diminuição em C57BL/6 (GESSNER; BLUM; RÖLLINGHOFF, 1993). Além disso, trabalhos envolvendo infecção por T. muris e T. spiralis em modelos murinos, mostraram que a IL- 9 desencadeia papel fundamental na expulsão desses parasitos (FAULKNER et al., 1997; FAULKNER et al., 1998).

Estudos mais recentes mostram que N. brasiliensis confirmaram esses dados, pois a IL-9 foi fundamental para a expulsão dos helmintos Em contrapartida, em virtude dos

diversos fatores como: diferenças entre as cargas parasitárias nos hospedeiros selvagens e knockout para o gene da IL-9, juntamente com a alta variabilidade experimental e carência de estudos envolvendo essa citocina, esses autores sugerem que é necessário mais trabalhos para determinar o papel da IL-9 no contexto das infecções contra helmintos (LICONA-LIMÓN et al., 2013; TURNER et al., 2013).

A percepção de Th9 como sendo um subconjunto distinto das outras subpopulações de células T surgiu graças a estudos que evidenciaram o papel da IL-4 e, principalmente, TGF-β na diferenciação dessa subpopulação por ser ativada por PU.1 (DARDALHON et al., 2008; VELDHOEN et al., 2008). Neste trabalho, de todos os órgãos, o abomaso foi o órgão que apresentou maior expressão de IL-9 (2,6x) no grupo suscetível. Esse resultado pode ser explicado devido ao aumento significativo de TGF-β no mesmo órgão do mesmo grupo, sugerindo que a expressão de IL-9 deu-se, principalmente, pela subpopulação Th9.

Como o TGF-β exerce papel fundamental para estimulação do fator de transcrição PU.1 (que controla a expressão da IL-9) por se ligar diretamente ao promotor Il9 e formar um complexo com a histona acetiltransferase GCN5 e, consequentemente, induzir a atividade do promotor Il9, esse resultado pode ser explicado por esse fato (GOSWAMI; KAPLAN, 2012). Além disso, trabalhos tem mostrado que as modificações de histonas associadas ao fenótipo Th9 demonstram ser dependentes de PU.1, o que sugere que esse fator de transcrição é o responsável por controlar a diferenciação das células T na subpopulação Th9 (CHANG et al., 2010).

Os resultados encontrados da expressão no intestino delgado e grosso, mostram não ter relação com a expressão exclusiva da subpopulação Th9 devido aos resultados da expressão de TGF-β nesse grupo ser mais baixa, sugerindo então que a expressão não foi necessariamente da Th9 e sim de outras células T ou células da imunidade inata. Nesse sentido, a expressão de IL-9 pode também ser regulada pela IL-4 devido a ativação dos fatores de transcrição STAT-6 e GATA3 (ANGKASEKWINAI et al., 2010; CHANG et al., 2010), bem como outros fatores de transcrição como BATF (JABEEN et al, 2013) e Fator Regulador de Interferon 4 (IRF4, do inglês – Interferon-Regulatory Factor 4) (STAUDT et al., 2010).

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Outros trabalhos mostram que a IL-9 exerce papel fundamental no controle da fibrose através da regulação positiva de uma molécula atualmente bem conhecida no papel anti-fibrótico, a prostagladina E2 (PGE2) (RE; LISON; HUAUX, 2013). Além disso, trabalhos envolvendo colite induzida por oxazolona, mostram que a IL-9 tem papel na cicatrização de mucosas devido a regulação positiva de uma proteína fundamental que compõe as junções oclusivas das células do epitélio chamada de claudina-2 (CLDN2) nas células epiteliais do intestino (GERLACH et al., 2014).

No intestino delgado e grosso, a maior expressão no grupo suscetível pode ter sido explicada devido ao aumento da expressão TNF-α, em virtude da dinâmica dos parasitos que infectam esses órgãos, especialmente pelo aumento significativo no intestino delgado. Entretanto, esses achados reforçam a necessidade de mais estudos para compreender melhor e elucidar o papel dessas citocinas nas infecções.

Em relação a IL-22, observou-se o aumento da expressão dessa citocina no abomaso e no intestino delgado e grosso do grupo resistente. Apesar de poucos trabalhos encontrados abordarem o papel da IL-22 em infecções por helmintos, os resultados aqui obtidos estão de acordo com o encontrado em um trabalho utilizando modelo murino envolvendo a infecção por N. brasiliensis (parasito de intestino delgado) e T. muris (parasito de intestino grosso), o qual mostrou que a IL-22 estava envolvida na expulsão intestinal desses parasitos (TURNER; STOCKINGER; HELMBY, 2013).

Estudos realizados em humanos infectados com T. trichiura e Necator americanus, observou-se que a IL-22 é regulada positivamente na mucosa intestinal (BROADHURST et al., 2010; MCSORLEY et al., 2011; GAZE et al., 2012) e tem papel no controle da disbiose no intestino (LEUNG; LOKE, 2013) e os parasitos encontrados nos órgãos neste estudo podem também causar danos a mucosa e, consequentemente, induzir inflamações por bactérias da microbiota, o que explica o aumento da expressão dessa

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