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Quanto às práticas culturais dos professores

3 Terceiro tempo: quem é o professor da rede pública hoje

3.3 Quanto às práticas culturais dos professores

As tabelas que se seguem refletem como os professores se manifestam quanto à sua participação em atividades culturais. Sua análise ajuda a vislumbrar como usufruem da vida cultural da comunidade em que estão inseridos bem como sua preferência quanto ao destino que dão a suas horas de lazer.

Tabela 4- Proporção de professores segundo freqüência a eventos culturais. Fonte: UNESCO, Pesquisa de Professores - 2002

Tipo de evento Freqüência a eventos culturais (%)

Nunca Total Museus 0,9 4,1 50,4 29,8 14,8 100,0 Teatro 1,6 7,1 52,2 21,8 17,4 100,0 1,8 8,7 66,1 14,8 8,6 100,0 Cinema 5,8 20,4 49,2 16,0 8,6 100,0 Fitas de vídeo 33,0 32,1 28,0 3,0 4,0 100,0 Show de rock 0,5 2,0 15,9 19,0 62,7 100,0 3,5 8,9 46,0 20,0 21,6 100,0 0,7 1,7 15,1 20,5 62,1 100,0 9,9 18,1 41,7 15,4 15,0 100,0 Estádios esportivos 4,0 7,0 26,3 24,0 38,7 100,0

Uma vez por

semana Uma vez por mês Algumas vezes por ano Uma vez por ano

Exposições em centros culturais Shows de música popular ou sertaneja Concerto de música erudita ou opera Danceterias, bailes, bares com música ao vivo

A tabela 4 revela como principal atividade de lazer, a mais cotidiana delas, “Fitas de vídeo”: 65% dos professores declaram assistir a pelo menos uma fita por mês e 33% a pelo menos uma por semana. Nenhuma outra atividade, nem mesmo clubes ou apresentações musicais, chega a ter freqüência mensal equivalente para 30% dos professores. Museus, teatro e Exposições em centros culturais tem presença quase insignificante na vida da maioria dos docentes. Isso indica a necessidade de fomentar a diversificação das práticas culturais dos professores e, para que isso seja possível, criar possibilidade de acesso a bens e eventos culturais diversos.

Já na tabela 5 verifica-se que assistir à televisão, ouvir rádio e ouvir música em casa são atividades diárias para mais de 50% dos professores indicando que lazer doméstico é muito usual corroborando o que se percebe na tabela anterior indicado pela preferência pelas fitas de vídeo. O estudo da Unesco [2004 pág 98] avalia que isso “pode ser explicado pelo fato de ser mais barato e de fácil realização e/ou pela falta de tempo para se dedicar a outros tipos de práticas, já que os deveres profissionais parecem ocupar boa parte do tempo dos docentes.”

A tabela 6 revela que, em sua percepção, os professores buscam de forma intensa por formação continuada refletido na alegada participação em seminários e leitura de revistas especializadas em educação e a leitura de materiais de estudo e formação. Confirma-se a percepção mais ou menos generalizada de que a busca por formação

Tabela 5- Proporção de professores segundo a freqüência de outras atividades Fonte: UNESCO, Pesquisa de Professores - 2002

Tipo de atividade

Freqüência de outras atividades (%)

Diariamente Nunca Total

Vê TV 74,3 13,7 10,1 1,2 0,6 100,0

Ouve rádio 52,0 17,1 17,4 6,4 7,2 100,0

Ouve música em sua casa 55,1 18,6 19,0 5,2 2,0 100,0

Estuda ou toca algum instrumento 8,3 4,6 4,6 5,2 77,3 100,0

Lê jornal 40,8 22,6 23,5 9,5 3,7 100,0

Lê revistas 31,6 24,8 25,9 14,3 3,3 100,0

17,8 15,3 18,7 13,7 34,5 100,0

1,5 1,6 2,6 4,9 89,3 100,0

Usa correio eletrônico 9,1 8,4 10,5 12,4 59,6 100,0

Navega na Internet 7,3 8,9 12,6 12,7 58,4 100,0

Diverte-se com seu computador 9,9 9,3 14,6 12,4 53,9 100,0 2 ou 4

vezes por semana

1 ou 2 vezes por

semana A cada 15 dias

Faz ginástica, esportes ou alguma atividade física

Participa de listas de discussão através do correio eletrônico

continuada é uma constante nos meios docentes nos níveis de ensino focados.

Importante notar a baixa freqüência de leitura de outra natureza que não técnica, como livros de ficção e da compra de livros não didáticos. Também são poucos os professores que praticam atividades artísticas.

3.3.2 Quanto à infra-estrutura disponível na escola

Os dados apresentados na tabela 7 se referem apenas a escolas públicas no país e relaciona percentual de funções docentes segundo a infraestrutura disponível na escola.

Vê-se que, na maioria dos ítens diretamente concernentes às atividades pedagógicas, a infra-estrutura e os recursos oferecidos pela escola variam de forma acentuada de uma região a outra. Os números relativos ao Centro-Oeste mascaram a enorme diferença intra-regional que há colocando Mato Grosso do Sul e Distrito Federal de um lado, como Unidades Federadas com boa infra-estrutura, e Mato Grosso e Goiás de outro, que apresentam índices, no geral, mais próximos dos encontrados nas regiões N e NE.

Tabela 6- Proporção de professores, segundo a freqüência de atividades que atestam suas preferências culturais Fonte: UNESCO, Pesquisa de Professores - 2002

Tipo de atividade

Freqüência de atividades (%)

Total

Às vezes Nunca

Participa de seminários de especialização 16,9 54,9 16,8 11,4 100,0 Lê revistas especializadas em educação 47,9 46,5 3,2 2,3 100,0

Fotocopia materiais 44,5 43,2 5,3 6,9 100,0

Lê materiais de estuda ou formação 52,0 41,0 3,5 3,5 100,0

Estuda ou pratica idiomas estrangeiros 14,7 15,7 28,3 41,3 100,0

Compra livros não didáticos 22,9 58,5 12,0 6,5 100,0

Lê livros de ficção 11,7 38,7 20,2 29,4 100,0

Freqüenta a biblioteca 33,3 52,9 9,4 4,3 100,0

Grava música 14,0 41,2 16,6 28,3 100,0

Compra CD ou fitas cassete 33,1 54,9 5,6 6,4 100,0

Estuda ou ensaia teatro 4,1 11,1 18,7 66,1 100,0

Pinta ou aprende a esculpir 6,1 12,2 16,0 65,7 100,0

Pratica ou aprende danças 8,0 20,1 22,2 49,6 100,0

Estuda ou faz algum artesanato 12,8 21,1 18,3 47,7 100,0

Vê jogos de futebol na televisão 20,4 48,7 7,4 23,5 100,0

Tira fotografias 23,7 60,5 8,2 7,6 100,0

Habitualment e/sempre

Alguma vez no passado

A exceção que confirma a regra fica por conta do acesso a TV, vídeo e parabólica que é razoavelmente uniforme provavelmente com decorrência do programa TV Escola da SEED/MEC que instalou estes equipamentos em cerca de meia centena de milhar de escolas em todo o país. Em todos os demais ítens a disponibilidade de recursos nas regiões mais pobres gira em torno da metade do que encontramos nas regiões mais ricas.

Em três ítens, em todas as regiões do país, os números revelam maior necessidade de atenção imediata e urgente por parte do poder público: laboratórios de ciências, laboratórios de informática e acesso à Internet.

No que tange às TIC, há diversas linhas de investimento e esforços, tanto na esfera pública como na privada, voltados para dotar as escolas e comunidades com equipamentos e acesso à Internet. Mas a carência presente ratifica a alegada necessidade de ação específica de formação voltada para que os professores se apropriem dos meios e das linguagens dessas tecnologias.

Já com relação aos laboratórios de ciências a situação é ainda mais grave de vez que não há qualquer iniciativa em curso de aparelhamento massivo das escolas.

Conclusão

Os valores das pesquisas confirmam que há no país enormes diferenças regionais

Tabela 7- Percentual de Funções Docentes segundo a Infraestrutura Disponível na Escola – 2002 Fonte:INEP Outubro 2003

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul

Biblioteca 54,9 42,2 33,7 65,4 78,5 54,9

Lab. de Informática 25,9 12,9 11,9 37,9 34 19,2

Lab. de Ciência 19,5 6,2 5,8 27,4 37,6 13,1

Quadra de Esportes 51,6 36,9 26,4 67,4 67,6 58,7

Sala para TV/Vídeo 37,5 28,8 25 47,8 43,8 32,5

TV/Vídeo/Parabólica 64,7 53,3 51 74,7 68,8 74,2 Microcomputadores 62,6 43,9 32,8 79,5 83,2 78,2 Acesso à Internet 27 6,8 10,2 49,1 20,5 18,2 Água 99,5 99,3 98,8 99,9 99,9 99,8 Energia Elétrica 96,4 86,9 93 99,5 99,7 98,6 Esgoto Sanitário 97,8 92 96 99,6 99,7 99,2

Sanitário Dentro ou Fora 95,6 92,6 93,1 97,1 97,9 96,5 Infra-estrutura

e que a necessidade de investimento em formação para professores em serviço é urgente. Dão suporte também a algumas escolhas.

Em 2003, das escolas do país, havia 96% servidas com energia elétrica, 25% com laboratórios de informática e 27% com acesso à Internet. Indica que é possível montar programas de formação com forte participação das TIC em um número significativo de escolas. O percentual de conexão à Internet superior ao de laboratórios de ensino parece sugerir que nem sempre a conexão está disponível para atividades acadêmicas.

Os índices de professores que declaram utilizar diariamente computadores e Internet para qualquer atividade estavam – em 2003 – sempre abaixo de 10%, o que indica a necessidade de desenvolver programas que provoquem a inclusão das TIC em seu cotidiano.

É baixa a freqüência de professores em eventos culturais diferentes de assistir TV em casa. É interessante, portanto, que os programas de formação estimulem a participação em atividades culturais diversas como preconiza a orientação dos cursos superiores que inclui a exigência de participação em atividades extras como seminários a afins.

Os altos índices de professores sem licenciatura indicam a urgência de programas de formação em todas as áreas, em particular, em tópicos relativos à prática profissional docente, à concepção de escola e de educação e à identidade profissional.