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Quanto ao critério da sua produção

No documento Software: tributação ou imunidade? (páginas 40-43)

2 BREVES CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DO SOFTWARE

2.3 CLASSIFICAÇÕES RELEVANTES: ESPÉCIES DE SOFTWARE?

2.3.3 Quanto ao critério da sua produção

Contudo, o critério de classificação adotado pela atual jurisprudência nacional é outro. As decisões judiciais, para fins tributários, vêm adotando o critério da produção, que considera o grau de padronização, para classificá-los em software de prateleira (programa- produto) e software por encomenda.

52 O software é escrito em código fonte. Código Fonte ou source code é o conjunto de palavras ou de símbolos

que contém instruções lógicas escritas de forma ordenada utilizando-se de uma das linguagens de programação existentes. O programador escreve, em linguagem de programação de alto nível, instruções ou declarações; este conjunto articulado de instruções ou declarações, voltado para um fim específico, é chamado de código-fonte. O arquivo que contém o código-fonte não é “entendido” pelo computador, pelo que ele precisa ser compilado para ser transformado em um arquivo “código objeto” em linguagem de máquina. Este tipo de código possui instruções compreensíveis para o processador do computador, estando pronto para ser executado. Em outras palavras, código fonte é o código que os programadores escrevem, que, uma vez compilado, transforma-se no software. Cobol, Fortran, Basic e Java são exemplos de algumas linguagens de programação. COBOL (sigla de COmmon Business Oriented Language) é uma linguagem de programação orientada para o processamento de banco de dados comerciais. É a linguagem de programação inteira mais usada, produto do Departamento de Defesa norte-americano. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/COBOL>. Acesso em: 02 fev 2015. O nome Fortran é um acrônimo da expressão “IBM Mathematical FORmula TRANslation System” e representa uma família de linguagens de programação desenvolvida a partir da década de 1950 mas que continua a ser usada hoje em dia. A linguagem de programação Fortran é principalmente utilizada em Ciência da Computação e Análise Numérica. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Fortran>. Acesso em: 02 fev 2015. BASIC (acrônimo para Beginner's All-purpose Symbolic Instruction Code), em português significa “Código de Instruções Simbólicas de Uso Geral para Principiantes”. É uma linguagem de programação criada pelos professores John Wayne Soares Pribe e Thomas Eugene Kurtz em 1964 no Dartmouth College, com fins didáticos. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/BASIC>. Acesso em: 02 fev 2015. Java é uma linguagem de programação orientada a objeto que, diferentemente das linguagens convencionais, que são compiladas para código nativo, é compilada para uma forma intermediária de código denominada bytecode que, por sua vez, é interpretada e executada por uma máquina virtual. É essa característica que faz com que os programas Java sejam independentes de plataforma e possam ser executados em qualquer sistema que possua uma Máquina Virtual

Java (JVM). Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Java_%28linguagem_de_programa%C3%A7%C3%A3o%29> e <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bytecode_Java>. Acesso em 02 fev. 2015.

2.3.3.1. Software de prateleira

Se o programa é desenvolvido para ser vendido em série e de modo impessoal para quem quer que deseje adquiri-lo, este é definido como software de prateleira ou também denominado software padrão.

De forma simplificada, software de prateleira são os programas de computador produzidos em série e comercializados no varejo. Por isso, é também denominado package ou

software empacotado ou acondicionado53, porque se dirigem a um mercado em geral e não a um usuário específico.

2.3.3.2. Software por encomenda

Diferentemente do software de prateleira, software por encomenda, software personalizado ou software customizado consiste no programa de computador que é desenvolvido de forma personalizada, por encomenda direta do adquirente/consumidor, que pressupõe uma interação entre o fornecedor e o cliente para se chegar ao seu desenho final.

Em outras palavras, os programas personalizados são aqueles desenvolvidos de acordo com a necessidade do negócio de determinado usuário interessado, atendendo as suas especificações e especificidades pretendidas.

Este tipo de software pode ser categorizado ainda em subespécies: o custom made (software sob medida) e o customized (software adaptado ao usuário).

Nesse sentido, o professor Edvaldo Brito54 define que, quanto ao grau de padronização, o software é custom made quando desenvolvido para atender a necessidades específicas de um

53

Estas designações são referidas por Edvaldo Brito, em importante texto sobre o tema: BRITO, Edvaldo. O

livro eletrônico é imune. In MACHADO, Hugo de Brito (Coord.). Imunidade tributária do livro eletrônico. São Paulo: Gráfica Editora ltda. (IOB Informações Objetivas), 1998, p. 45.

54 Citando Carlos M. Correa, Edvaldo Brito categoriza os tipos de software: “II – quanto ao grau de padronização podem ser: a) package (software empacotado ou acondicionado) que consiste nos programas

dirigidos ao mercado em geral e não a um usuário específico porque neste caso seria um programa de aplicação; b) custom made (software sob medida), que são programas desenvolvidos para atender necessidades específicas de um usuário; c) customized (software adaptado ao usuário), que consiste na adaptação de um

package para adequá-lo às necessidades de um cliente em particular.”: BRITO, Edvaldo. O livro eletrônico é

imune. In MACHADO, Hugo de Brito (Coord.). Imunidade tributária do livro eletrônico. São Paulo:

usuário; e customized quando ocorre a adaptação de um package para adequá-lo às necessidades de um cliente particular.

2.3.3.3. Software digital

Quanto a esse aspecto classificatório, válido acrescentar que, com a difusão do acesso à

internet, o software passou a ser adquirido também por meio virtual, sem qualquer

exteriorização.

Assim, pode-se definir software digital ou software virtual como aquele que tem como principal característica o desenvolvimento das suas operações unicamente por meio digital, uma vez que é adquirido pela Internet e disponibilizado para acesso por download.

Trata-se, dessa forma, de um tertium genus que certamente deve ser incluído nessa classificação, mas que, para os fins deste trabalho, não requer uma abordagem aprofundada, haja vista que não terá implicações no objeto final pretendido, mormente em função da premissa já fixada no que diz respeito à relação entre o software e o suporte físico que o contém, característica essa que, portanto, não altera a sua natureza de bem intelectual.

2.3.3.4. Software como serviço

Por fim, em que pese também não haver manifestação pela jurisprudência acerca desta espécie classificatória – o que ratifica a necessidade premente de revisão do entendimento jurisprudencial ora predominante – cumpre acrescentar a atual existência de uma quarta modalidade: o software como serviço55.

Cumpre esclarecer que a denominação utilizada de “software como serviço” decorre tão somente da tradução da sua designação em inglês como modelo SaaS (do inglês Software as a

Service), nada resvalando na alteração da sua natureza jurídica.

Trata-se de uma nova forma de distribuir software, que consiste na liberação pela

Internet, a partir de uma licença para utilização, do acesso às funcionalidades oferecidas pelo

programa de computador, sem que haja a sua instalação local.

Por meio desse novo modelo de distribuição, o fornecedor do software é o responsável por toda a estrutura necessária para a disponibilização do sistema (tais como servidores, conectividade, cuidados com segurança da informação) e o cliente utiliza o software via

Internet, gratuitamente ou mediante o pagamento de um valor por todo esse serviço oferecido.

Assim, neste modelo, pode não haver a aquisição, em si, das licenças, mas, tão somente, o pagamento pelo seu uso como um “serviço” prestado, já que agregado a todas as demais funcionalidades da estrutura necessária que é disponibilizada pelo fornecedor.

É importante acrescentar que, nesse caso, o software pode ser utilizado diretamente do servidor do fornecedor e acessado via browser (navegador da internet) ou pode ter alguma instalação local, como ocorre com o antivírus ou sistemas de backup.

Em suma, o software como serviço é um formato de distribuição de software que se acessa pela internet por estar armazenado em um computador servidor do fornecedor e não necessariamente no servidor do usuário.

Ilustrando-se esta novidade digital, citam-se como exemplos o Google Docs e o

Microsoft SharePoint Online.

A partir das definições de tais espécies classificatórias, uma conclusão já resta clara: não existem, a rigor, tipos diferentes de software que demande um estudo como se distintos fossem em sua natureza.

O que existe são espécies de um mesmo gênero, maneiras diferentes pelas quais a permissão de uso do software vai se dar, ou a sua distribuição vai ocorrer, mas que em nada altera a natureza única de obra intelectual do software.

No documento Software: tributação ou imunidade? (páginas 40-43)