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4 REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4. Realização da Prática Profissional

4.3 Área IV Desenvolvimento Profissional

4.4.3 O que é ser professor no futuro?

Atualmente pode considerar-se que a função e estabilidade de professor não é tarefa fácil! De acordo com esta referência, Nunes (1992, p.39) relata que “a escola que temos ainda não reconhece, na prática a diversidade social e cultural que a habita. É preciso transformá-la num espaço de problematização e confronto de valores decorrente dessa diversidade, de um modo pedagogicamente orientado para a confirmação e valorização das representações, das experiências e das aspirações de todos os que lhe dão razão de existir”. Tendo em conta que esta ideia foi publicada em 1992 (ou seja sensivelmente há 22 anos) tenho de ser um pouco crítica porque este dilema ainda se mantém nos dias de hoje. Tal como refere Freire (1996, p.55) “um professor crítico deve ser um «aventureiro», responsável, predisposto à mudança, à aceitação do diferente”. Para Boavida (1998, p.36) “o problema é de natureza sociocultural e filosófica (…) em suma aos valores que se adotam ou rejeitam”. Estarão preparadas as nossas escolas para abraçar os valores, respeitar os colegas e a sociedade? Esta questão obriga-nos a refletir. Os futuros professores tem notoriamente uma tarefa a desempenhar no que respeita a esta questão. A escola é anualmente confrontada com uma série de problemas, é necessário que haja uma valorização para compreender que tudo pode ser mudado ou aperfeiçoado. Os professores nesse sentido são os seus dirigentes, e podem fazer muito pelos seus alunos, futuros adultos da sociedade. Ou seja, atualmente é difícil ser-se professor, muitas das vezes as pessoas voltam as costas a esta profissão, porque é mais fácil desistir do que permanecer e lutar. Assim como refere Pereira (2008)6

no seu blog de Idéias &

Ideias, na verdade ser professor “é não ter medo do futuro, é ser criativo (…)

Driblar os obstáculos e encerrar o fim do ano com forte penalty. Olhar para traz e ver que quando as lágrimas se misturam com o suor perceber que todo esforço valeu a pena que muito está o ensinar e o aprender, o amar e o ser amado”. Ainda segundo vários autores tais como Lasch, Santos e Somavilla (2006, p.09) referem que “a grande tarefa da educação consiste em ajudar o educando a encontrar a formulação de um projeto de vida construtivo, através

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Arte de Ser Professor. Josiane Pereira, autora do blog Idéias & Ideais publicado a 09 dezembro de 2008, disponível em: http://iseibfile.blogspot.pt/2008/12/arte-de-ser-professor-cantar-danar.html

do diálogo, fazendo a pessoa o mais feliz possível”. Ou seja, o aluno precisa ver no professor alguém em quem ele possa confiar e se sentir seguro para aprender. O diálogo é a base dessa relação, a compreensão, a empatia são elementos que precisam orientar a relação que ocorre entre a relação pedagógica. Deve ser uma relação com respeito, afetividade, responsabilidade, amizade, parceria, companheirismo, optimismo, esperança de ambas as partes sempre levando em consideração a cultura e o meio do aluno, respeitando as diferenças e os valores morais. Todos percebemos que a educação é um procedimento lento e progressivo. Prontamente os professores têm um papel essencial a desenvolver na preparação dos jovens não só para que estes enfrentem um futuro com confiança, mas para que o construam com determinação e responsabilidade. Os novos desafios que se colocam na sociedade são os de contribuir para o seu desenvolvimento, ajudar e a compreender as pessoas, em certa medida, a aceitar o fenómeno da globalização e favorecer a união social. De acordo com esta ideia é necessário que perguntemos: o que espera o professor do futuro? Destacando o parecer de Cardoso (2013, p. 343) “o professor do futuro espera uma sociedade cada vez mais preocupada com as desigualdades, com fenómenos como a pobreza (a vários e diferentes níveis) e, por isso mesmo, à procura da inclusão e da consequentemente solidariedade que tal comporta. Ao professor caberá formar jovens conscientes destes aspetos e prontos a exercer a sua cidadania ativa”. Mas para que isto aconteça é necessário que os professores contactem os pais no sentido de reforçarem o que é feito na escola. Conforme o mesmo autor (2013, p.319) menciona “os professores (…) devem pois ter sempre uma relação próxima e (…) positiva, com os pais e encarregados de educação (…) quer por via das reuniões, quer por via dos contactos formais ou informais que estabelecem, sobretudo os de menor escolaridade”. Ainda em concordância com Justino (2010, p. 98-99) “o que precisamos de desenvolver nas novas gerações são as atitudes favoráveis (…) associadas à afirmação da autonomia reflexiva e responsável. A missão do ensino e da educação é a formar pessoas, indivíduos capazes de enfrentar os desafios do futuro numa perspetiva integral”. De uma forma geral, se queremos saber que modelo de educação para o século XXI, é necessário analisar a questão do ponto de vista social. “Embora tenhamos que reconhecer que existem diferenças culturais

profundas entre as diferentes regiões do mundo e que em distintas regiões os problemas sociais, económicos e políticos são muito diferentes, também é preciso notar que no meio de tanta heterogeneidade existem algumas tendências comuns e universais que nos afetam a todos, embora com impacto diferente nas múltiplas populações do planeta”, (Stavenhagen,1997, p. 69). É necessário perguntar se conseguirá o regime educativo encarar este dilema? De acordo com Serrano (2002, p.9) “o programa da UNESCO Aprender Para o

Século XXI, coordenado por Jacques Delors, destaca 4 pilares da educação: Aprender a Conhecer, Aprender a Atuar, Aprender a Viver Juntos e Aprender a Ser”. Neste sentido, é necessário considerar que esta profissão pode melhorar

a situação do país e do mundo “se, na verdade, considerarmos o professor como elemento-chave no processo de mudança, deveríamos dar maior atenção a ele, pois a reforma, a inovação e a mudança não são obtidas através de decretos, mas sim através da formação e educação contínua de todas as pessoas empenhadas em levá-la adiante”, Serrano (2002, p. 81). Muito de forma resumida, resta ao professor, ACREDITAR que a profissão tem futuro!