• Nenhum resultado encontrado

QUEM É A PRÓXIMA VÍTIMA DE FRAUDE?

No documento Política e Negócios (páginas 103-115)

Lê-se e não se acredita. O Jornal de Negócios de 2/7/2009 referia: “O Ministério Público está a investigar um caso de fraude no qual uma empresa fictícia prometia lucros de 1% ao dia, avança o “i”. Estima-se que tenham sido enganados mais de 200 portugueses, que investiram montantes superiores a um milhão de euros. Uma empresa com morada fictícia na Suíça prometia juros de 36% ao mês e comissões por cada investidor angariado. Dez mil euros poderiam converter-se em 640 mil no espaço de um ano. Em poucos meses, a empresa que operava através da internet desapareceu …”.

Cá estão, em todo o seu esplendor, os ingredientes tradicionais de uma fraude simples mas eficiente: promessa de altas remunerações sem menção ao risco subjacente; a sugestão de que se trata de uma oportunidade a que só poucos “eleitos” conseguem aceder (“Os pormenores do negócio passavam sempre de amigo para amigo. E a gente ia na onda”, resume em poucas palavras F. N., empresária lesada em 26 mil euros). Basta adicionar a dose q.b. de ganância e está pronto a servir.

Foi assim com a D. Branca, a “banqueira do povo”, mais recentemente com a fraude de Robert Madoff (acabado de condenar a 150 anos de cadeia) ou com as “cartas da Nigéria” que chegam via e-mail e retratam as mágoas de uma viúva que tem uma fortuna para deixar e não possui herdeiros. Casos aparentemente diversos mas que mais não são do que versões modernas, mais ou menos sofisticadas, da célebre fraude do “embrulho de notas” que alguém encontrava caído na rua e pedia a um incauto transeunte para guardar por momentos, que ainda por cima tinha de entregar uma garantia em como não fugiria com as “notas”. É claro que, demasiado tarde, esse incauto vinha a verificar tratar-se de um mero embrulho de papéis de jornal.

É terreno fértil o deste tipo de fraudes. Há sempre “voluntários” prontos a encarnarem no papel das incautas vítimas. É como se a memória não retivesse a informação de casos anteriores, é como se ela fosse muito curta

para reter as notícias desagradáveis. Dizem os tratados de psiquiatria que a capacidade de esquecer o que de mau vai acontecendo é sinal de uma mente humana sã. Talvez seja. Mas que isso provoca situações caricatas, e penosas, provoca. Como dizia um pensador, de quem não retive o nome: quão mais feliz seria a Humanidade se cada um aprendesse com os erros dos outros.

Mas a mente humana, e a sua incapacidade para reter a informação do passado, poderá não ser a única culpada do sucesso deste tipo de fraudes. Talvez a principal seja a ganância, traduzida no desejo do ser humano em querer ganhar muito sem esforço. Tende a funcionar como uma espécie de película opaca que impede o sujeito de se aperceber da realidade em toda a sua plenitude. E se esse sentimento se conjugar no tempo com a sensação de que se está a ter uma vantagem relativamente aos outros cidadãos – a sensação de que se trata de uma oportunidade única só acessível a uns poucos –, então a opacidade provocada pela ganância é maximizada.

Mas chega sempre o fim da “festa”, a dura realidade de se ter sido vítima de mais um esquema fraudulento. E ao impacto financeiro, nem sempre modesto – pois as “oportunidades únicas” são de aproveitar em toda a sua plenitude –, junta-se a vergonha social de ter sido trapaceado. Evita-se dar a cara, procura-se arranjar um ou mais culpados para a situação.

Os organismos de supervisão, bem como as forças policiais, têm por obrigação, em termos gerais, proteger os cidadãos dos perigos a que estão sujeitos. O que não podem é andar com cada cidadão pela mão. A sua actuação faz-se sentir por via das frequentes campanhas de sensibilização que patrocinam. Relembrem-se, por exemplo, as regulares chamadas de atenção das autoridades financeiras para as cautelas a ter face a propostas de investimentos em que são oferecidas remunerações acima da média que se consegue obter nas instituições financeiras da praça. Enfatizam o facto dessa remuneração trazer associada um elevado risco de perda do capital investido ou, então, de se tratar de esquema fraudulento destinado a “aliviar” os incautos das suas poupanças.

É claro que a autonomia de cada cidadão adulto é um dos pilares das sociedades livres ocidentais, um valor inestimável. Tem subjacente, necessa- riamente, que cada um é responsável pelos seus actos e pelos resultados deles derivados. Para o bem, quando esse resultado é vantajoso, e para o mal, quando é prejudicial. Não faz sentido, portanto, em tal contexto sócio- -legal, procurar alijar-se a responsabilidade do sujeito quando é defraudado por ter decidido, por sua conta e risco, lançar-se em investimentos e ou

105 FRAUDE NAS INSTITUIÇÕES

aplicações que, à partida, deixariam entender, a um cidadão menos dominado pela ganância, um desfecho indesejado.

Infelizmente, em Portugal o papel paternalista desempenhado pelo Estado tende a favorecer um comportamento individual de tipo desrespon- sabilizante. Quando a “coisa” corre bem, o cidadão embolsa e regozija-se do seu sucesso; quando corre mal, ai Jesus que a culpa é do Estado ou, numa versão mais suave, que este tem de ajudar a compor as coisas, reembol- sando os defraudados dos prejuízos incorridos. Este comportamento, que é transversal a todas as classes sociais e actividades profissionais, poderia ser ilustrado com alguns exemplos recentes.

Não me admirarei nada, portanto, se dentro de algum tempo constatar que as “Vítimas da fraude dos 36% ao mês” – o nome é da minha autoria, mas não foi registado e por isso pode ser utilizado por eventuais interessados – se transformaram em grupo de pressão e reclamam do Estado, isto é, de todos nós contribuintes, o ressarcimento dos prejuízos que sofreram. Estou a falar a sério. Ficarei muito menos admirado do que fiquei ao tomar conheci- mento de que essas “vítimas” se deixaram levar num “conto do vigário” tão … infantil.

José António Moreira 2009-08-13

1. Quase todas as semanas há casos que acalentam polémicas em torno do futebol. Árbitros, directores de clubes e órgãos de informação inflamam os sentimentos, incendeiam o clubismo, reduzem a racionalidade, encontram explicações para na mesa do café mostrarmos a nossa competência desportiva e concluirmos gloriosamente que a responsabilidade do que nos desagradou teve origem nos outros. Como país exportador de talentos – por isso mesmo importador de outros – quando os casos domésticos não são suficientes para nos distrair haverá sempre um evento externo capaz de ocupar ludicamente os nossos neurónios. Frequentemente os “maus da fita” repetem-se, funcionando não poucas vezes como manobras de diversão em relação às fraudes e aos crimes cometidos, em terrenos de menor visibili- dade.

Assumindo o futebol tanto espaço da nossa atenção e tanto tempo de cidadania, não pode passar despercebido um estudo recente (de Julho) do FATF - Financial Action Task Force intitulado Branqueamento de Capitais no Sector do Futebol. Portugal foi um dos países que respondeu ao inquérito,

mas só esporadicamente surge num quadro estatístico.

2. Sabemos que onde há conflitos de interesse há grande probabilidade de fraude. Sabemos que para detectar onde há fraudes basta seguirmos o curso do dinheiro. Sabemos que onde há grandes ajuntamentos popula- res e a ausência da análise serena das situações há condições propícias para aventureiros, defraudadores, corruptos e criminosos instalarem o seu acampamento e prestarem-se a todo o tipo de promiscuidades. Por isso mesmo todos desconfiávamos que o futebol, assim como outros desportos, poderia ser um sector propenso a tudo isso.

Contudo, o estudo que referimos traz-nos muitos elementos novos, embora ainda exploratório e essencialmente centrado no branqueamento de capitais. Veio sistematizar um conjunto de informações que mostram

107 FRAUDE NAS INSTITUIÇÕES

inequivocamente que o sector do futebol está particularmente sujeito ao risco de fraude, que há condições favoráveis à corrupção, que é vulnerá- vel à infiltração da criminalidade organizada, que se insere em redes que englobam actividades de economia sombra e por onde passam muitos circui- tos de branqueamento de capitais. Veio igualmente chamar a atenção que nem sempre os temas mais falados são o cerne das práticas criminosas e que frequentemente as fraudes e o branqueamento de capitais assumem grande complexidade.

Falamos em fraude, incluindo a corrupção. Falamos em criminalidade organizada. Falamos em branqueamento de capitais. Falamos em interpe- netração com economia sombra. Todos sabemos o que isso significa, mas alguns exemplos, por poucos que sejam, podem facilitar a sua leitura.

Estamos perante situações de fraude quando as receitas de vendas de bilhetes são enganosamente contabilizadas, quando as transferências de jogadores se processam com verbas que não correspondem à realidade, quando a contabilidade dos clubes é manipulada para apresentação aos sócios e às entidades financiadoras, quando o “industrial da região” injecta capital no clube e gere este à margem das regras, favorecendo as suas empresas, ou quando se utiliza os clubes e os campos de futebol para publicidade sem cumprir as regras fiscais.

Estamos perante situações de corrupção quando “se paga a um jogador” de uma equipe para que o resultado surpresa permita apostadores manipu- ladores ganharem fortunas em apostas ilegais, quando se influencia intencionalmente o comportamento de árbitros para que a classificação esteja estruturada de determinada forma, quando se compram políticos ou gestores privados para a tomada de decisões que favoreçam um ou vários clubes, ou ainda quando as federações e os clubes servem como locais de conluio em negociações de grandes obras públicas à margem das regras.

Inserem-se em processos de prática de economia sombra quando há fuga ao fisco das entidades do futebol ou por parte de quem se aproveita dele, quando a transferência de jogadores está associada ao tráfico ilegal de seres humanos, levando até à obtenção de outras nacionalidades, quando as organizações desportivas são capas para o transporte ilegal de bens.

Há branqueamento de capitais quando o crime organizado internacional aproveita transferências internacionais de jogadores para fazer movimen- tações de capitais de uns países para os outros e lhes dá conotação legal, quando se adquire clubes ou se financia estes procurando “matar três

coelhos de uma cajadada”: fazer investimentos rentáveis; tornar legítimo o dinheiro obtido em operações ilegais; e ganharem notoriedade junto da opinião pública, protegendo-os da justiça. Há branqueamento de capitais quando vultuosos investimentos em grandes clubes ou investimentos diversos em clubes de segunda ordem são um trampolim para as máfias entrarem no sector empresarial de diversos países.

Eis apenas alguns exemplos que nos permitem entender, numa lingua- gem mais próxima da realidade que conhecemos, do que estamos a falar.

3. O que é que torna o futebol particularmente vulnerável a estas situações?

Em primeiro lugar há um elevado número de intervenientes formando uma rede de textura mal definida, frequentemente sem padrões claros, com cambiantes diversas de legalidade: jogadores (265 milhões no mundo, dos quais 38 milhões registados); clubes (301.000, com variegadas formas jurídicas); sociedades desportivas; agentes, registados ou não, dos jogado- res e outros intermediários; investidores e gestores de clubes; “caçado- res de talentos”; associações, federações ou ligas de clubes com funções e competências muito diversas. Eis o primeiro núcleo de intervenientes fundamentais do fenómeno desportivo.

Contudo muitos mais são os actores do fenómeno futebolístico, passando por eles avultadas verbas. São empresas diversas enquanto clientes, fornecedoras e financiadoras, sem nos esquecermos da grande importân- cia económica actual da publicidade associada ao futebol; são órgãos de informação, com particular destaque para a televisão; são os governos locais e centrais; são as autoridades fiscais; são os promotores de apostas, legais ou ilegais, nacionais ou internacionais, e apostadores; são os mercados bolsistas e múltiplos intermediários financeiros; são os proprietários de equipamentos desportivos. São muitos os PEPs (pessoas expostas politica- mente) que redemoinham nos circuitos do futebol.

Em segundo lugar trata-se de um mercado internacional, sobretudo a partir do caso Bosman em 1995, com baixas barreiras de entrada, de fácil penetração por pessoas individuais ou colectivas. Apesar de haver nichos de grande profissionalismo e adequada organização, nomeadamente na Europa, é um sector maioritariamente mal organizado, vulnerável, opaco. E, no entanto, já tem uma importância significativa do Produto Interno de vários países e na economia mundial.

109 FRAUDE NAS INSTITUIÇÕES

Bastaria esta situação para o futebol ser terreno propício à infiltração do crime organizado internacional e canal de transferência ilícita de capitais, mas alguns factores adicionais ainda reforçam essa tendência: (1) a diversi- dade de estruturas legais e de práticas sociais nos diferentes países aumenta as facilidades de manobra; (2) as quantidades de dinheiro envolvidas nos negócios do futebol são estrondosamente elevadas, embora concentrando- -se na ligas milionárias; (3) os montantes envolvidos são frequentemente irracionais e de rentabilidade futura imprevisível, o que inviabiliza a “raciona- lidade económica”, os critérios de determinação do valor adequado e as medidas de controlo.

Acrescente-se, finalmente, que muitos clubes têm grandes carências financeiras pelo que se tornam presas fáceis para os aventureiros e os defraudadores e para a criminalidade organizada. Um mercado fácil de entrar, capaz de dar uma projecção pública e um apoio de adeptos que funcionam como obstáculos a uma eventual denúncia dos seus reais propósitos e sua condenação.

Em terceiro lugar, na sequência do que acabamos de afirmar, há um ambiente cultural favorável à fraude em geral e à corrupção em particular. Há aceitação social de certas práticas ilícitas ou eticamente reprováveis, desde que sejam “para bem do clube”. As maiores irregularidades podem ser popularmente protegidas, beneficiando adicionalmente de promiscuidades públicas e privadas.

4. Dito isto é preciso precisar dois pontos:

Afirmar categoricamente que a maioria dos intervenientes no fenómeno desportivo do futebol, directa ou indirectamente, fazem-no por amor ao desporto, por promoção pessoal honesta, por actividade empresarial dentro das regras da concorrência. Agem correctamente. As sociedades anónimas desportivas cotadas em bolsa estão sujeitas à regulação inerente a tais práticas e pautam- -se pelo cumprimento das leis e dos princípios em vigor. A atenção que os órgãos de informação e o público dedicam ao futebol podem criar ilusões de óptica e de subavaliação dos perigos de fraude, mas também fazem com que os principais campeonatos e os principais clubes estejam sempre sob vigilância.

Afirmar categoricamente que o potencial de fraude e criminalidade no futebol não é um fenómeno que interesse exclusivamente aos

intervenientes no futebol ou aos adeptos desse desporto. Interessa a todos os cidadãos. O que está em causa não é apenas a activi- dade desportiva, mas toda a sociedade, as instituições democráticas. Os defraudadores, corruptos e criminosos utilizam o futebol para controlar a actividade económica e política de toda a sociedade. 5. Para terminar, algumas palavras de esperança, alicerçada em factos. Sabemos que é possível combater muitas destas situações e promover a prevenção, aperfeiçoando-se as técnicas de detecção e combate ao crime no futebol, apesar de alguns processos serem bastante complexos e de os infractores continuarem a inventar novas formas de infiltração e fraude.

Sabemos que a Federação Internacional de Futebol, as federações regionais e nacionais, assim como a União Europeia e os governos têm tomado diversas decisões nesta matéria, embora ainda muito recentes e insuficientes.

Sabemos que é possível fazer uma lista de medidas a adoptar, desde um melhor conhecimento da situação à exigência de uma maior transparência financeira, desde uma mais eficaz regulação a uma mais estreita cooperação internacional. O documento referido aponta diversas dessas vias.

Contudo, não é dessa forma que gostaríamos de terminar estes breves apontamentos. Retomando uma afirmação frequente de Mia Couto – “o adversário do nosso progresso está dentro de cada um de nós, mora na nossa atitude, vive no nosso pensamento. A tentação de culpar os outros em nada nos ajuda. Só avançamos se formos capazes de olhar para dentro e de encontrar em nós as causas dos nossos próprios desaires” (in E se Obama fosse africano? e outras interinvenções (pag. 138) desejaríamos lançar uma

pergunta simples: o que é que cada um de nós pode fazer para combater a fraude ou o crime organizado no futebol? O que podemos fazer enquanto cidadãos de um país, em que o futebol é uma forte instituição nacional?

Apenas algumas sugestões:

Olhemos para os acontecimentos futebolísticos com serenidade. Vivamos com emoção as situações mas sem perder a racionalidade. Aproveitemos esta para, em todas as circunstâncias, utilizarmos a dúvida metódica: parece que tudo o que se passou foi honesto e gostaria de acreditar que sim, mas será mesmo verdade?

111 FRAUDE NAS INSTITUIÇÕES

Tenhamos consciência que a fraude, o branqueamento de capitais e o crime organizado no futebol são uma realidade universal e não há qualquer razão, antes pelo contrário, para admitir que em Portugal a situação seja melhor. Uma situação que envolve muitos milhões de euros, complexa, raramente visível, excepcionalmente situada nos pontos de polémica.

Defendamos a total separação entre a política e o futebol. Talvez seja uma utopia mas o alargamento da democracia o exige, como referimos numa crónica anterior.

Percebamos que a renovação periódica dos dirigentes desportivos e a não eternização em cargos de controlo, regulação e decisão são uma condição favorável à transparência do fenómeno desportivo.

Olhemos com profunda desconfiança os “salvadores da pátria”, capazes de todos os sacrifícios em nome do clube, do futebol ou do desporto.

Compreendamos que nenhum clubismo justifica aceitarmos a redução da cidadania, dos direitos e liberdades e da nossa democracia. Percebermos tudo isto e actuarmos em conformidade.

Carlos Pimenta 2009-08-27

Para que uma estratégia de prevenção relativamente a um qualquer problema tenha o mínimo de êxito, importa que previamente os estrategas conheçam ao menos os principais traços caracterizadores do problema que pretendem evitar ou reduzir, sob pena de incorrerem no risco de implementar um plano (com os necessários custos associados) totalmente ineficaz.

O mesmo sucede naturalmente em relação ao problema da fraude. Haverá primeiro que identificar as suas características, para depois definir e por em marcha um plano para o anular ou pelo menos reduzir.

Relativamente aos factores que em abstracto caracterizam o contexto de ocorrência de uma qualquer fraude, e que, independentemente das características próprias de cada organização, importará que se tenham em consideração aquando da definição de estratégias preventivas, parece-nos importante que se considerem os três componentes identificados por Donald Cressey há mais de cinquenta anos, no que denominou como o modelo do triângulo da fraude (1953, “Other People´s Money: A Study in the Social Psychology of Embezzlement”, Glencoe, Free Press, Illinois).

De acordo com o referido modelo teórico, a prática de um acto de natureza fraudulenta é sempre antecedida de um processo de decisão por parte do respectivo autor e cujo sentido parece derivar da avaliação que faz sobre determinados aspectos que contextualizam o seu “aqui e agora”.

Trata-se afinal de uma espécie de equação, cujo resultado depende das três variáveis que a integram e que são:

A Pressão, própria da sua vida particular, nomeadamente da que resulte de urgentes necessidades de liquidez financeira, incluindo- -se aqui, a título de exemplo, a existência de dívidas, hábitos de jogo e, ou de consumos (de álcool, de drogas ou até de outro tipo de substâncias). Por outro lado, esta pressão pode resultar também

113 FRAUDE NAS INSTITUIÇÕES

de simples “necessida- des” relacionadas com a ostentação de determina- dos símbolos, associados à posse de certos objectos (como automóveis, roupas, perfumes, etc.), que façam o sujeito sentir- -se integrado no grupo social com o qual se revê. Em qualquer dos casos, a pressão resulta de uma necessidade premente de alcançar dinheiro ou bens de natureza material com valor, a fim de solucionar um problema (no primeiro caso), ou simplesmente para aumentar as disponibilidades financeiras (os dividendos resultantes da prática do acto adicionam- -se às receitas normais da sua actividade profissional) para poder aceder à posse de tais símbolos de integração social (no segundo caso);

A Racionalização, entendida como a capacidade que o sujeito possui para racionalizar (interpretar e correlacionar) os diversos dados que possui sobre a realidade que o rodeia, e cujo somatório, entre

No documento Política e Negócios (páginas 103-115)