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O responsável pela mixagem, seja ele um produtor, técnico, engenheiro, músico, não importa, tem que "ouvir" internamente o resultado de seu trabalho, tem que imaginar a sonoridade final e completa da música, antes de começar a virar os botões.

Assim, ele tem as ferramentas de mixagem (mesa, equalizadores, compressores e efeitos) à sua disposição.

Um reggae, com a presença marcante do baixo

Mas, quem tem a música na cabeça não é o arranjador? Quem realmente pode ter uma idéia mais precisa de como aquele monte de instrumentos e vozes gravados em separado soam juntos é o músico (ou os músicos), ou seja, quem concebeu a obra como um todo.

Um operador de estúdio que está sendo apresentado hoje à sua música não é,provavelmente, a pessoa mais indicada para decidir a importância de cada parte, os diversos planos, as ambiências e a presença de cada som. A não ser que ele freqüente todos os ensaios da banda.

Como justificar certas frases que, infelizmente, ouvimos e até lemos por aí, como "os palpites dos músicos atrapalham a mixagem", "na hora da

mixagem, pode ir todo mundo embora" ou "o problema é que agora todo músico pensa que é produtor ou engenheiro"?

Eu mesmo cheguei a travar o seguinte diálogo certa vez, quando aluguei um estúdio comercial para gravar e mixar um rock no estilo do Van Hallen:

 – Por favor, você pode aumentar o teclado e abaixar a guitarra? - pedi ao

operador e sócio do estúdio.

 – De jeito nenhum! A guitarra tem que ficar na frente e o teclado atrás! -

ele quis ensinar.

 – Mas nesta música, não, porque o sintetizador toca sozinho os acordes,

bem forte, enquanto a guitarra só está apoiando o baixo. - insisti.

Ele parou a música, girou 180 graus na cadeira, fixou os olhos nos meus e encerrou:

 – Isto não existe! Guitarra é na frente e teclado é atrás!

Lembro que foi nesse dia, lá pelos anos 80, que decidi montar meu home studio.

Os operadores (engineers) e seus auxiliares conhecem áudio e o

equipamento utilizado numa produção. O produtor musical e o arranjador são as pessoas que conceberam aquela versão da música que está sendo gravada. O perfeito entrosamento entre as idéias musicais e as

possibilidades das máquinas, para se chegar ao melhor som, depende da boa sintonia entre os músicos e os técnicos. Estes vão traduzir aquilo que aqueles criaram para a língua da máquina.

Isto não tem nada a ver com um ou outro bicão que aparece às vezes, na frente ou atrás da mesa, fazendo lobby para seu instrumento ficar só um pouquinho mais alto...

É preciso saber separar as coisas. Senão, caímos numa questão

delicadíssima que termina por influenciar os destinos da música e do áudio. O senso crítico acaba, o conhecimento e a experimentação são

substituídos por procedimentos-padrão. Todo mundo gravando igual, com o mesmo equipamento, regulado do mesmo jeito. Quando a arte vira

indústria, é grande a chance de não ser mais arte. Enquanto o músico precisa conhecer áudio para saber fazer soar aquilo que concebeu, o profissional de áudio precisa entender que ele também é um músico e buscar dominar também as ferramentas musicais. Mais de noventa por cento do que se grava e do que se sonoriza é música.

Após gravarmos todas as partes do arranjo, sejam pistas de áudio com vozes e instrumentos, sejam pistas MIDI de instrumentos eletrônicos ou as duas coisas juntas, é chegada a hora de preparar o produto final.

Mixar significa misturar, juntar todos os sons numa nova gravação

arte que leva em conta os estilos musicais, o “ouvido interno” do

compositor, do arranjador e do intérprete, as tendências e necessidades mercadológicas e ascaracterísticas acústicas da mídia de gravação. Uma big band.

Aula 24°

Construção da “imagem” sonora.

Antes da mixagem o produtor deve procurar

imaginar a sonoridade que ele busca. Tendo a mesa de som como um

palco imaginário, com os monitores posicionados simetricamente nos dois lados da mesa e na altura dos ouvidos, visualizamos a distribuição dos instrumentos e vozes nesse cenário. Depois, com os controles da mesa,

dos programas e dos processadores, “posicionamos” todos os sons até

atingirmos o resultado pretendido e o gravamos em estéreo. A opinião do arranjador é fundamental para embasar as ações do produtor musical durante a mixagem.

Afinal, só ele tem em mente a sonoridade que pretende para sua instrumentação.

Cada gênero musical tem sonoridade totalmente distinta de cada outro. A mixagem busca otimizar os espaços sonoros, para que as várias

freqüências e posições espaciais sejam preenchidas com equilíbrio.

Porém, o gênero musical e a opinião dos responsáveis pela criação, como o compositor e o arranjador, são fatores determinantes para que esse equilíbrio seja condizente com o estilo.

Não sem razão, a mixagem é a fase mais delicada e subjetiva de todo o processo de gravação.

É nela que todo o material gravado adquire personalidade, mais

valorizado quanto maior for o talento e a experiência do produtor. Mas ninguém deve se iludir com a lenda de que é possível compensar uma má gravação na hora da mixagem. A mixagem dá sentido e até mesmo

valoriza a gravação, mas não a corrige.

Bem gravado (e bem escrito), um bom arranjo tende a ser mixado com mais facilidade. O arranjador, no momento da criação, deve ter em mente a sonoridade geral do trabalho como um todo, não a soma das partes. De qualquer modo, devemos gastar na mixagem de cada música o tempo que

for necessário, podendo chegar a muitas e muitas horas ou até mesmo vários dias.

Conectadas as saídas da placa de áudio e dos sintetizadores MIDI aos

canais de entrada da mesa, seus sons são tratados pelos processadores de efeitos e de dinâmica e pelos equalizadores externos ou incorporados aos próprios canais da mesa.

Posicionamos os sons na imagem estéreo com os controles da mesa e dos efeitos. Trazemos um som mais para a frente, como a voz, ou o levamos

para o fundo, como uma orquestra de apoio ou uma “cama” (base

harmônica contínua) sintetizada. Para isso, contamos com os controles de volume, com os compressores (que ajudam a fixar o volume de um canal ao longo da música) e com os efeitos de reverberação e eco (que dão profundidade eambiência). Solo de guitarra de heavy metal

aula 25°

No documento Curso de Home Studio-Apostila (páginas 57-60)

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