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3 ECONOMIA E MEIO AMBIENTE.

3.6. QUESTÃO AMBIENTAL E INSTITUIÇÕES

Para os paises industrializados os arranjos institucionais têm profundo impacto sobre o

desempenho ambiental dos países em geral. A perspectiva institucional não ignora o “individual” ou a importância de grupos-de-interesses-dirigidos na escolhas políticas.

Segundo North (1992) as instituições são restrições humanamente projetadas, que estruturam a interação humana. Elas são formadas por restrições formais - regras, leis, e constituições -, e restrições informais - normas de comportamento, convenções e impostas como formas de conduta – e suas imposições características. Juntas, elas definem os a estrutura de incentivos para as sociedades e especificamente de economias. O termo “instituição” se refere às regras do jogo, enquanto, “organizações” se referem aos jogadores (NORTH, 1992).

Os arranjos institucionais são importantes na determinação de escolhas políticas, bem como, na efetivação dessas escolhas e formam o processo através dos quais as decisões (políticas) são feitas e implementadas (DESAI, 2002)

Muitas instituições influenciam as escolhas das políticas ambientais e suas implantações. São elas: negócios e indústria, agências públicas estaduais e federais, partidos políticos, legislativo, judiciário, e organizações internacionais, e outras. Todas elas jogam (contribuem) com importantes regras. As variações em suas regras, seus poderes, as regras que as governam, e suas interações, têm significativa influencia sobre as políticas ambientais de cada país.

As mais importantes instituições são: a) negócios e indústrias ou economic organization; b) governos estaduais e federais; e c) organizações internacionais. A importante função dos negócios e indústrias nas políticas ambientais já é bem estabelecida. Muitos autores mostram claramente que elas são os atores centrais na arena das políticas ambientais em cada país industrializado. Assim como, os governos estaduais e federais têm aumentado, claramente, suas influencias nas políticas ambientais (DESAI, 2002).

Além disso, o aumento da importância e da influencia das instituições internacionais, nas últimas três décadas, sobre as políticas ambientais e sobre as próprias políticas dos países industrializados são também agora, bem documentadas na literatura.

Segundo Desai (2002), as organizações econômicas – negócio e indústria - têm uma poderosa influencia sobre as políticas desses países. Negócios e indústrias e suas associações de troca e lobistas são talvez a principal instituição que forma o processo através dos quais as decisões de política ambiental são feitas e implantadas. As organizações econômicas e suas organizações associadas incorporam uma pesada crença no crescimento econômico e no valor da riqueza material. Eles são importantes atores na definição de valores e normas que guia e

restringe as decisões de políticas ambientais dos órgãos oficiais públicos. As mudanças, e assim a permanência, do relacionamento entre instituições econômicas e o meio ambiente representam a mais importante influencia sobre as políticas ambientais e suas implantações.

No que se refere aos governos federais e estaduais, existe, atualmente, nos países industrializados (e também nos países em desenvolvimento), uma enorme pressão para transferir a responsabilidade de muitos problemas ambientais do governo federal para os governos estaduais e mesmo para autoridades locais. Em todos os paises industrializados a maior responsabilidade para implantação de regulamentos ambientais é agora descentralizada para níveis estaduais e locais. Os governos estaduais e locais tem tido sempre substancial autoridade sobre os recursos naturais e as políticas ambientais. Essas mudanças de distribuição de poder e autoridade entre os níveis de governo e entre diferentes agências governamentais tem tido significativa influência sobre políticas ambientais e suas implementações.

As instituições internacionais, definidas como a “disposição do conjunto de regras conectadas e persistentes (formal ou informal) que prescreve as regras comportamentais, restringem atividades e formam expectativas”, representam o terceiro maior tipo de instituição dentro da arena das políticas ambientais. As organizações e atividades ambientais como, por exemplo, a United Nations Environmental Programme – UNEP -, assim como as convenções internacionais de meio ambiente, têm lançado importantes regras na formação de políticas ambientais nos países desenvolvidos nas últimas três décadas.

As organizações como as agencias e protocolos das Nações Unidas, assim como a União Européia e a North American Free Trade Agreement – NAFTA - , tem sido fatores importantes nas políticas ambientais dos países industrializados. Também as Organizações Ambientais Não - Governamentais tornam-se atores importantes dessas políticas. (DESAI, 2002)

Em função da proteção ambiental, foram criadas normas e legislações ligadas a questão do meio ambiente nas empresas. Quanto às normas, pode-se cita o Sistema de Gestão Ambiental – SGA, as normas ISO14000 e 14001 que através da internacionalização dos padrões de qualidade ambiental, fizeram os empresários repensarem suas estratégias e tornar possível o Marketing Verde/Ambiental35. Quanto à legislação, conta-se com as leis federais, estaduais e

35 As empresas podem utilizar estratégias de marketing para melhorar sua imagem perante o público. Essas estratégias vêm evoluindo de uma

filosofia de satisfação do consumidor, para a melhoria da qualidade de vida da sociedade, principalmente nos países desenvolvidos. Qualidade de vida não no sentido de quantidade e qualidade de bens e serviços, mas de qualidade do ambiente. As estratégias de marketing ou o marketing ecológico adotadas pelas empresas estão sendo moldadas visando a melhoria da imagem, através da criação dos novos produtos “verdes” e de ações voltadas para a proteção ambiental. São na verdade, estratégias competitivas (SOUZA, 1993)

municipais, relacionada ao meio ambiente.

Dessa forma, inserir a variável ambiental (ou inovar ambientalmente) dentro das empresas inclui um conjunto amplo de investimentos iniciais e custos que são onerosos em muitos casos, a depender do setor que está inserida a firma. Característica esta que pode funcionar como barreira a entrada a novas firmas no mercado e mesmo induzir a ampliação da sua escala de produção para compensar esses altos investimentos.

De fato, características da estrutura industrial ou estratégias empresariais voltadas à preocupação com o meio ambiente podem impedir a entrada de novas empresas na indústria, principalmente se levarmos em conta indústrias potencialmente poluidoras.

A adoção de inovações ambientais pelas empresas pode levar a uma maior concentração da indústria devido às barreiras que ela mesma cria. Ou melhor, inserir a variável ambiental na empresa na forma de inovação ambiental é oneroso para as empresas, em função principalmente dos altos custos que ela incorre, como pela legislação brasileira e/ou regional no intuito de conseguir licenças ou certificados, ou através de órgãos regulatórios com o intuito de serem penalizadas por não fazerem tais inovações.

Entretanto, fazer inovações em produtos ou em processo, inclusive (principalmente) inovações ambientais, segundo Schumpeter (1911), Nelson e Winter (1982), Dosi (1996; 2006) Rosenberg (2006), citados no capítulo 1, estabelecem vantagens competitivas para as empresas e os demais atributos que agregam vantagens – imagem, market share verde e outros, onde provavelmente apenas as empresas com maiores escalas de produção conseguem fazê-lo. Essas empresas “saem na frente” na concorrência, como uma típica empresa Schumpeteriana. Ela ganha poder de mercado, pode temporariamente adquirir um posto de monopólio e assim, tornar sua indústria mais concentrada.

Contudo, adotar inovações ambientais, por outro lado, reflete a responsabilidade social (como visto acima) que as empresas têm com o ambiente em seu entorno, produzindo bem-estar, dentro dos preceitos do Desenvolvimento (Industrial) Sustentável e colaborando com a solução do problema maior, elucidado por McGrath (1997) e Lagget (1992), que é o aquecimento global ou o funcionamento dos ciclos biogeoquímicos que mantêm a biosfera ou o ecossistema.

O tratamento da variável ambiental no contexto da indústria brasileira, em consonância as exigências de mercado e institucionais, será tratada no capítulo a seguir. Onde é feito um histórico da indústria no país e da constituição do Pólo Industrial de Manaus.