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3 ECONOMIA E MEIO AMBIENTE.

3.5 TECNOLOGIAS LIMPAS

No que se refere às práticas gerenciais acima enumeradas como o uso de tecnologias limpas, engenharia e práticas gerenciais que minimizem refugos durante todo o ciclo de vida do produto, Goodstein (1999) e Page (1976) têm várias considerações importantes.

Inicialmente um dos principais pontos é definir o que são tecnologias limpas e quais suas características, no qual Goodstein (1999) elabora com muita precisão. Em seguida, refere-se ao problema de escolher as formas e procedimentos dentro de um processo produtivo para minimizar o problema dos resíduos e refugos nas indústrias, que Page (1976) analisa prontamente.

Pode-se referir a clean technology -tecnologia limpa - como sendo: redução de resíduos na manufatura, reciclagem de resíduos, baixos insumos agrícolas, uso de recursos renováveis, e produção de energia renovável (GOODSTEIN, 1999).

em 1977, escrito por Amory Lovins. Esse autor percebeu que os Estados Unidos estavam numa encruzilhada por terem duas trajetórias divergentes. A primeira refere-se a uma sociedade baseada na promoção e produção de energia barata, via um acréscimo na utilização de carvão, óleo e energia nuclear – seria, nos termos do autor, uma “pesada trajetória”. Em contraste, a “leve trajetória” envolvia um esforço governamental para redirecionar a economia na direção do uso eficiente de energia e a promoção de tecnologias energéticas renováveis, especialmente energia solar – tecnologias limpas.

A leve trajetória tecnológica pode ser elaborada sobre um poder de produção descentralizada e grande confiança sobre os recursos avaliados localmente. Assim, ela promete muitos benefícios sociais. Ela oferece trabalho, capital para os ecobusines33, proteção ambiental para conservação, oportunidade para os pequenos negócios de inovação e para os grandes negócios da reciclagem atualmente.

Do ponto de vista teórico, os esforços governamentais para influenciar o progresso tecnológico podem ser justificados pela trajetória tecnológica - path dependence. A trajetória escolhida por uma sociedade depende se uma série de fatores, incluindo o relativo poder político dos conflitos de interesses; circunstâncias históricas; as preferências de consumo e os custos de produção.

Contudo, uma vez escolhida uma trajetória, outras trajetórias são descartadas; isso acontece por três razões. Primeiro, a infraestrutura e investimentos em P&D que são direcionadas para suportar a escolha tecnológica. Segundo, escolhida a tecnologia, ela é hábil para explorar economias de escala e consolidar as vantagens de custos. Terceiro, existem tecnologias complementares desenvolvidas que são feitas sob medida em cima das trajetórias escolhidas (DOSI, 2006).

A teoria da trajetória tecnológica sugere que uma vez escolhida uma trajetória, não existe um caminho fácil de desviar dela. Contudo, fazendo um retrospecto na história, podemos ver que as escolhas tecnológicas têm conseqüências sociais.

A tecnologia limpa tem quatro características, a saber: a) ela não é especulativa; b) ela

33 Investir em meio ambiente é um elemento chave da competitividade industrial atual. Em 1991, foi criado o Business Council for Sustainable Development (Conselho empresarial para o Desenvolvimento Sustentável), um órgão ligado a ONU, que tem como objetivo engajar a comunidade internacional de empresários nas discussões em torno do Desenvolvimento Industrial Sustentável. Entre os preceitos desse órgão estão os de estimular o empresário mundial a cooperar com os governos na discussão e estabelecimento de metas ambientais e também garantir que o desenvolvimento destas propostas ocorra dentro de uma economia de mercado – o ecobusines . Osinteresses revelados pelos empresários e executivos em relação ao meio ambiente, até pelo menos 1993, era de 44% dos empresários japoneses, 36% dos empresários alemães e entre os brasileiros esse índice cai para 9% (SOUZA,1993)

gera serviços de qualidade similar às tecnologias existentes; c) ela possui um custo marginal privado de longo prazo mínimo comparado a tecnologia existente; e d) ela é menos destrutiva ao meio ambiente do que a tecnologia existente (GOODSTEIN, 1999).

No que se refere à primeira, pode-se dizer que o desenvolvimento comercial e sua aplicação é para ser alcançada em poucos anos. Embora essa tecnologia seja certamente patrocinada puramente pelo governo, e como ela é, de fato, um método a favor do meio ambiente, então ela deve estar pronta para avaliação.

O julgamento sobre a similar qualidade – segunda característica – é necessariamente muito subjetivo. E as decisões governamentais nas escolhas de uma tecnologia ou outra deve ser em cima de algum julgamento relativo a qualidade do serviço. Más escolhas iriam ser rejeitadas pelos consumidores conduzindo a falência de políticas relacionadas às tecnologias limpas.

A terceira característica assume que elas têm um custo competitivo num mercado básico. A comparação, entre os custos de tecnologias limpas e não limpas, deve ser feito sobre custo marginal privado de longo prazo, incluindo custos regulatórios e taxas. Então, porque não incluir os custos sociais externos nessa comparação? A comparação dos custos privados sobre os custos sociais deve, de fato, prover a verdadeira medida de qual tecnologia é teoricamente melhor. Contudo, se as tecnologias limpas não podem competir com os custos privados (por provavelmente serem maiores), então elas não seriam adotadas, indiferentemente se houvesse esforço do governo para promovê-las.

No que se refere à quarta característica – as tecnologia limpas são ambientalmente superiores – primeiro, deve-se levar em conta, todo o impacto ambiental de uma tecnologia limpa, ou seja, da manufatura, passando pelo uso e o descarte. Esse tipo de abordagem – do nascimento a morte - é chamada de Análise do Ciclo de Vida do Produto34. O segundo problema refere-se ao fato que diferentes tecnologias têm diferentes impactos ambientais. Isso conduz a um problema adicional, em que a superioridade de uma tecnologia sobre outra pode não ser clara.