• Nenhum resultado encontrado

Gerbod (1992, pp. 315 e 316) apresenta uma síntese interessante sobre a concepção de história “científica” que se desenvolveu sob a Monarquia de Julho. Estudando a obra dos professores da Faculdade de Letras, que segundo o autor, contribuíram com a pesquisa histórica nesse período, afirma:

todos os autores recenseados são unânimes em destacar a necessidade do recurso à história para uma melhor explicação dos tempos presentes senão uma identificação no futuro da Humanidade. Não existem leis

“históricas” que regem o destino dos povos se perguntam alguns? Essa

ciência nova não é mais um simples relato anedótico e literário; ela também não é mais um simples resumo exato e preciso dos acontecimentos e de suas circunstâncias ; ela procura efetivamente

analisar de modo objetivo as causas da grandeza e da decadência de civilizações e reconstituir seu encadeamento lógico. O conhecimento

utilitário e filosófico do passado não pode além disso se limitar à alguns períodos e à algumas civilizações (a Grécia, Roma, a França); sua

vocação é universal e ela deve englobar o conjunto dos povos e das nações. A história também não deve ser uma simples história política, ela deve se estender aos aspectos econômicos, sociais, culturais e religiosos, interessar-se pelo meio ambiente natural e pelas condições de povoamento (raças, migrações) [grifos nosos].

De certo modo, essas considerações sintetizam os objetivos perseguidos também pelo Instituto Histórico de Paris: promover uma história totalizante, que não se restringisse a uma determinada época ou povo, e que pudesse estabelecer as leis que regem a humanidade. Alix esclareceu alguns aspectos do ímpeto cientificista que arrebatava o IHP, para ele:

Poucos temas são mais dignos do que este das meditações do homem que vê na história algo além da sequência monótona de vitórias e de derrotas, e que, (...) busca discernir nos anais humanos a lei constante que rege as vicissitudes e o objetivo que perseguem as gerações por meio da aparente desordem de seus trabalhos e de suas experiências (Investigateur, 1849, p. 209).

As primeiras publicações do Instituto Histórico de Paris apresentam idéias centrais a respeito do método histórico que se pretendia adotar. Esses textos evidenciam, por meio da discussão sobre o método histórico em geral, algumas idéias que nortearam as atividades do Instituto, as particularidades de seu projeto, a influência exercida pelas ciências sociais.

Auguste Savagner, em texto publicado na seção “Exposição e discussão geral sobre as doutrinas históricas” do Jornal, sintetizou o objetivo do Instituto Histórico nos seguintes termos:

constituir uma história geral da humanidade, nem mesmo uma história da

França; mas, o que queremos, é submeter os fatos conhecidos à um novo exame; as opiniões emitidas à um novo controle; pesquisar fatos novos; tentar formular, não ao acaso, mas a partir dos fatos, opiniões novas; chegar enfim, se isso for possível com o tempo, a dar à ciência histórica,

nos seus detalhes primeiramente, em seguida no seu conjunto e na sua filosofia, um caráter de certeza e de utilidade prática que há muito tempo lhe foi absolutamente reconhecido, e que apenas uma crítica sã pode lhe

assegurar (grifos nossos. Journal de l’Institut Historique, T. 1., 3e. Livr., p. 129).

O plano era analisar o método empregado por autores como os irmãos Amédée e Augustin Thierry, Barante, Guizot, Letronne e Michelet; porém, a análise limitou-se ao trabalho dos três primeiros. Visto que os textos eram debatidos e analisados pelas classes e,

por último, analisados por uma comissão especial antes de sua publicação, tomamos as idéias apresentadas nesses textos como discurso oficial do IHP.

No primeiro artigo sobre o “método histórico em geral”, Frédéric Boissière, membro da classe de História Geral do Instituto68, comentou a importância da definição do método, já que se trata da “consciência dos meios e objetivos de uma ciência”:

... contudo, para encontrar uma nova ciência, descobrir uma série de fatos não estudados e procedimentos especiais para estudá-los; é importante perceber o objetivo que essa nova ciência deve atingir. (…) Resumindo, o método, (....) de um lado, aplica à uma ciência os procedimentos que lhe são próprios, ele regulamenta a maneira de estudá-los, de outro lado, ele ordena as diversas partes segundo sua ordem de geração e de encadeamento natural. Ao mesmo tempo que ele se concentra nos detalhes, ele insiste sobre o conjunto; ele é particular e geral, especial e amplo. Tal é o método, tal é também o espírito humano ; (…) avança nas particularidades para reuni-las nas generalidades (...) (Journal de l’Institut Historique, agosto de 1834 a janeiro de 1835, p. 7).

E explicou os últimos avanços da história:

percebeu-se que os fatos políticos não abrangiam toda a história, e que em outras esferas havia igualmente um desenvolvimento sucessivo subordinado à ordem do tempo. A filosofia, a arte, a indústria, os costumes, ou, em outros termos, a idéia do verdadeiro, do belo, do útil e do bom teve sua história; observou-se logo que esses desenvolvimentos não estavam separados, mas unidos; que eles se correspondiam entre si; que eles seguiam a mesma lei (...).

Enfim, após ter aumentado assim o domínio da história, após ter estendido e coordenado os fatos; (...) a ciência moderna desejou sistematizar os fatos, colocá-los em ação; desejou tirar conclusões deles que importassem ao passado como ao futuro da humanidade. É assim que ela se volta à filosofia da história, pela qual, logicamente, ela teve que começar emprestando-lhe seu método. A filosofia posta como o início e o fim da ciência é o último e o mais belo resultado que se poderia ainda alcançar (idem, p. 8).

No segundo artigo, Boissière analisou a obra mais importante de Amable-Gillaume- Prosper Bruguière, barão de Barante (1782-1866), Histoire des ducs de Bourgogne de la

maison de Valois 1364-1477 [1824-1826]. Barante é o representante mais eminente da

“escola narrativa e pitoresca”69.

68

Boissière, Jean-Baptiste (1806-1885), gramático e lexicógrafo, tornou-se conhecido pela publicação de Grammanire graduée e o Dictionnaire analogique de la langue française.

69 Conforme Leterrier (1997, p. 38), esse método não foi aceito por unanimidade. A respeito da obra

histórica de Barante e da historiografia romântica francesa do período da Restauração, cf. B. RÉIZOV.

Boissière (idem, 4e. livr., p. 206) afirma que para reconstruir a história sobre novas bases, M. Barante resolveu

evitar os defeitos de seus antecessores, (...). Por um tipo de evocação, ele tirou do túmulo secular onde dormiam, os restos dos tempos passados; ele reuniu seus ossos e os classificou segundo a ordem que eles ocupavam na realidade; depois ele revestiu esse esqueleto de sua antiga roupagem, e ele o fez começar agir como agiu outrora, dando-lhe em seu relato uma nova vida, lembrando sobre suas cinzas frias o espírito que os havia animado.

Boissière argumenta que Barante não “explora cientificamente a anatomia do corpo social, ele observa por erudição sua organização animada, e ele conta suas observações. O estado das pessoas, ciências, letras e artes, legislação, religião, tudo deverá se fundir na narração dos acontecimentos políticos (...)” (idem, p. 207). E continua:

jamais ele retirará nem as categorias, nem as formas da ciência moderna ; ela não terá outro guia que os acontecimentos, outro encadeamento que a narração. Ele não exporá as instituições, ele não as apreciará por sua aplicação; ele não remontará ao princípio das leis, à análise de elementos sociais, ele os verá em seus resultados, e deixará ao leitor o cuidado de julgá-las a partir de seus frutos; ele não demonstrará o movimento (...) (idem, p. 207).

O método histórico que se defende nesse texto deveria possibilitar a compreensão de como as mudanças de lugar e de clima, e como as revoluções podem mudar as civilizações; e como elas se perpetuam através dos séculos e se estendem por um país. Sendo assim, o método histórico de Barante não atendia às expectativas de Frédéric Boissière, já que não passava de um relato formado pela coordenação de documentos contemporâneos; tratava-se de uma “narração totalmente local onde o escritor se apaga diante dos fatos, se abstém de interromper sua narrativa para fazer qualquer tipo de consideração”. O problema desse método, então, estaria no fato dele “não apreciar a moralidade da história”, e de não questionar a “verdade das informações a autoridade e a verossimilhança dos testemunhos” (Journal, 1er. T., 1835, p. 209). A consequência seria o desaparecimento da filosofia e da crítica: “a história perde essa característica científica que lhe dão, ao mesmo tempo, a generalidade dos princípios e a exatidão dos detalhes” (ibdem).

A exclusão da crítica, resultante da aplicação deste método, acarretaria outros erros, não menos graves. Diante desse pressuposto básico da narração fiel extraída de

da obra dos historiadores analisados pelo membro do IHP, F. Boissière, apenas pretendo expor suas considerações, com o objetivo de compreender qual é a concepção de método histórico defendido pelo

documentos, os fatos que não se apresentassem sob esta forma não encontrariam lugar na história. Os monumentos das artes e as obras científicas e literárias que não tivessem correlação com algum acontecimento e que não fossem ilustrados pelas lendas passariam despercebidos. Desse modo, “a história literária, religiosa, artística, indústrial seria negligenciada em benefício da história política, que fornece mais materiais para a narração” (idem, p. 210). Sob este ponto de vista, “o método de Barante compromete a verdade histórica” (ibdem).

Sendo assim, esse método perderia a perspectiva daquilo que Boissière considerava essencial para a pesquisa histórica:

Pouco importa o plano geral da história, a harmonia das revoluções, a regularidade dos acontecimentos; pouco lhe importa a filosofia que os domina; ele delinea figuras sem se inquietar com o grupo que elas

formam; ele traça detalhes sem tomar cuidado com o seu lugar relativo no conjunto; ele analisa elementos, a lei de sua afinidade lhe escapa. É um relato maravilhoso, pleno de interesse dramático, (...); não é mais uma alta lição, um profundo ensinamento que mostra o futuro no passado, que nos indica ao mesmo tempo nosso ponto de partida e nosso objetivo. Em uma palavra, se se considera pontos de vista parciais no lugar de apreender um olhar geral, se se coloca as nações e as épocas no lugar da humanidade, os homens no lugar do homen, exclui-se explicitamente toda filosofia da história (grifos nossos, idem, p. 211).

Boissière concluiu que o método histórico deveria permitir que a história reproduzisse as modificações que os tempos e lugares trazem à humanidade, “ele deve seguir com atenção as transformações da sociedade”; mas sua tarefa iria além, ele deveria seguir o “elemento constante da humanidade e marcar assim a harmonia de diferentes épocas que as conduzem, ou seja, a lei que as domina” (ibdem).

Seguindo o mesmo modelo de análise, e movido pela mesma preocupação, Boissière examinou os trabalhos dos irmãos Amédée e Augustin Thierry; segundo ele, ambos ligados não apenas pelo sangue como também pelo pensamento. Conforme Réizov (194?, p. 758) “as tradições de Augustin Thierry foram seguidas por seu irmão, Amédée (1797-1873). Amédée não tinha o talento nem a iniciativa de Augustin, mas durante toda sua vida esforçou-se para imitar seu irmão, caminhou sobre seus passos e foi seu discípulo.” Os irmãos Thierry foram apresentados como sucessores de Barante. Eram escritores da mesma “família”, embora os últimos tenham aplicado seus procedimentos metodológicos a uma

outra sorte de fatos. Conforme Boissière, Barante quis reabilitar a ação do tempo na história e dar a cada século sua fisionomia nativa, os irmãos Thierry encontraram classes superpostas e não reunidas, e “a idéia de tempo os conduziu a idéia de raça” (idem, 6ª. Livr., p. 325). Boissière reconhecia o mérito desses historiadores, mas afirmou que esse método era frágil, pois o historiador se colocava numa posição parcial, perdendo a visão do conjunto: “Enquanto se apaixona pelos interesses de um povo, ele esquece os interesses da humanidade, ele toma partido por uma existência particular no movimento de todas as coisas”.

As citações justificam-se pelo esclarecimento que prestam sobre os termos em que se colocava a concepção de método de pesquisa histórica no IHP. Desses textos, com autoridade de manifesto, depreende-se que o Instituto Histórico pretendia constituir uma história totalizante, científica, que deveria compreender o desenvolvimento da humanidade, atentando para as instituições sociais, não se restringindo à dimensão política. Os objetivos definidos nos estatutos aprovados em 1834 estabeleceram que o Instituto Histórico deveria “Entrar no movimento das idéias contemporâneas e responder à necessidade sobretudo de remontar à origem dos conhecimentos, acompanhando a tradição e o progresso e consolidar a filosofia como a ciência que trata da exata apreciação dos fatos”; a intenção era postular um espírito científico, o método filosófico. Pode-se pensar que em passagens como essa, aplica-se o termo filosofia como sinônimo de ciência, o que segundo Carbonell (1987) era comum nesse período. O método adotado pelo Instituto representava também um esforço de generalização e o desejo de encontrar leis históricas.

Na sessão de 4 de outubro de 1838 do Congresso Histórico de 1838, no discurso sobre a questão “Quais foram as mudanças sofridas pela história como ciência filosófica de sua origem até nossos dias?”, Armand Fouquier, ex-aluno da Escola Normal de Paris, tratou do “destino da história no século XIX, qual foi o seu progresso e as chances de novos progressos”. Para esse membro do Instituto Histórico, uma filosofia da história só se tornou possível com o cristianismo: “A religião nova veio proclamar a unidade de Deus, então tudo foi explicado. (...) não se deve mais falar de destino nem de acaso, e os pretensos acasos aparecem como os efeitos da misteriosa providência de uma inteligência soberana” (Journal, 1838, p. 52).

Segundo esse raciocínio, o verdadeiro progresso da história estaria ligado ao cristianismo, pois “as religiões que não tinham unidade, e que consagravam a desigualdade dos homens só podiam explicar os acontecimentos da história pelo acaso que não explica nada, e pelos poderes humanos, que não explicam tudo” (idem, p. 55). Com tais religiões, os resultados da história eram parciais e acidentais, faltava-lhes o pressuposto essencial da história; “as causas não podiam ser leis” (idem, p. 58). Assim, Bossuet foi considerado o grande representante dessa história cristã, enquanto Descartes foi lembrado pelo ceticismo “leviano e frívolo” que imprimiu ao século XVIII. Para Fouquier, o ceticismo era um “falso caminho”. Considerou que com a obra de Montesquieu a história começou a procurar as causas na natureza da constituição íntima das sociedades, e elas são marcadas por um caráter de universalidade e de necessidade que as constituem como leis. A história entrou num caminho novo, a influência dos costumes, dos usos, das instituições, das artes, todos os fatos passaram a ser relacionados à humanidade. A novidade do século XIX era que:

fatigado de não mais crer, ávido de ciência e de inteligência das coisas; instruido a aproveitar de um longo passado, o espírito humano aspira a uma filosofia mais alta. (...) tantas revoluções se cumpriram, tantas grandes coisas caíram, com mais direito (...) o nosso século exclama: ‘os impérios morrem como os homens’ como então morrem os impérios, quais são as leis eternas que dominam toda sociedade, estabelecem toda constituição e eliminam todo poder ultrapassado? Eis o que nós não podemos deixar de nos questionar. A história não é para nós somente um relato do passado; ela é um relato do passado para a inteligência do futuro (idem, p. 57).

Com isso, Fouquier declarou que a tarefa do século XIX, em matéria de estudos históricos, era tirar deles “ensinamento”; idéia muito defendida no IHP. Segundo Fouquier, o Instituto Histórico encorajava a história filosófica: “a história positiva, erudita, imparcial, verdadeiramente filosófica” (idem, p. 58).

Suas idéias, porém, causaram certo desconforto em Auguste Savagner, para quem Fouquier não distinguia bem filosofia da históra de história filosófica. Savagner esclareceu que a história filosófica não podia ser outra coisa que a “história racional, a pesquisa das causas, o exame da moralidade dos resultados, enquanto que a filosofia da história tende a fixar leis a partir das quais a humanidade é regida ou parece ser regida” (ibdem). Para Savagner, a única escola que realmente fez progressos foi a escola racionalista. Para ele, “fazer a Providência intervir no estudo da História é recair no misticismo” (ibdem).

Savagner declarou que gostaria de ter examinado no Congresso a questão “O que é a filosofia da história, qual é seu ponto de partida, quais são seus meios de desenvolvimentos, e quais resultados pode-se esperar de nossa filosofia da história?”

Alph. Fresse-Montval chamou Savagner de racionalista e o acusou de ser materialista. Em resposta, Savagner ponderou que “racionalismo é o conhecimento do homem somente pelas luzes da razão humana”, e acrescentou que “não há estudo histórico possível se se justifica tudo pela intervenção da dinvindade” (idem, p. 59). Para ele, Sismondi foi o primeiro a estabelecer a ciência histórica sobre essa base que a seu ver era a verdadeira. Enfim, proclamou-se racionalista, mas não se considerava materialista.

Armand Fouquier retomou a palavra para esclarecer que não havia um real desacordo sobre a questão, e acrescentou que “procurar as causas gerais dos fatos é a filosofia da história; mas procurar uma causa geral de todos os fatos, e a procurar no homem, é impossível, pois a unidade no homem não existe, ela só está em Deus” (idem, p. 59). Assim, ele admitiu a existência de leis gerais da humanidade mas considerou que acima delas havia uma lei eterna. E acrescentou: “eu diria que a filosofia da história, é a história filosófica, com um elemento a mais, as leis gerais que regem a humanidade”. Em síntese, defendeu a existência de três causas gerais de acontecimentos: a primeira estaria no homem, a segunda em Deus, e a terceira nas leis gerais da humanidade.

Apesar da divergência, é possível afirmar que as discussões e publicações perseguiam objetivos comuns. O método de pesquisa histórica do IHP procurou, de fato, conhecer as leis que regem o desenvolvimento da humanidade. O desacordo observado na discussão entre Armand Fouquier e Auguste Savagner evidencia uma tendência que se mostrou predominante no Instituto, a de considerar a intervenção da Providência na história, e de modo geral, a propensão a sustentar a importância da religião para o aperfeiçoamento da humanidade.

2.A Classe de Históra Geral e História da França

É possível avaliar, mesmo a partir das divergências levantadas pelos debates promovidos pelos Congressos Históricos70 e pelas memórias apresentadas, a preeminência de certas idéias em todas as classes, caracterizando o “espírito” da sociedade.

De modo geral, pode-se discernir que a classe de História Geral, a primeira classe que se uniu à sexta classe, de História da França, em 22 de fevereiro de 1836, filiou-se à história filosófica, procurando compreender o sentido da evolução dos governos e das sociedades, abrangendo todas as épocas. Discutiu sobre a pesquisa e o ensino da história, buscou construir um conhecimento totalizante e estabelecer relações entre diferentes instituições sociais. A classe estendeu seus estudos a alguns aspectos da história da Ásia, África e América, sobretudo, relacionando-os à história européia. A união da classe de História Geral com a classe de História da França promoveu um afunilamento da universalidade característica do IHP, centralizando o raciocínio em torno das nações européias, principalmente da França, aclamada como portadora de uma missão civilizadora. As perspectivas assumidas diante de algumas questões propostas para os Congressos Históricos são reveladoras a respeito das idéias que predominaram não apenas na classe de História Geral e História da França, mas também nas outras classes do Instituto. No Congresso de 1837, levantou-se uma discussão em torno do trabalho apresentado por Émile Lambert, professor no Ateneu Real, sobre o exame crítico das principais histórias da França. Primeiramente, Lambert considerou que o “homem civilizado” podia sondar o passado para conjecturar o futuro, idéia comumente aceita no Instituto Histórico. Para Lambert, a história era portadora de um ensinamento imprescindível: “é como um nobre curso de moral e de filosofia para o povo e para o príncipe, que os dois vejam o futuro no espelho do passado, e procedam instintivamente do conhecido ao desconhecido, como a ciência matemática” (Journal de l’Institut Historique, 1837, p. 109). Quanto ao modo de