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QUESTÕES II – ENTRE O SENSÍVEL, O BELO E A MEMÓRIA

OS PRINCÍPIOS DA INVESTIGAÇÃO

3.2. QUESTÕES II – ENTRE O SENSÍVEL, O BELO E A MEMÓRIA

Ainda no curso das relações estabelecidas entre imaginação e poesia, bem como a ligação entre os indivíduos tendo como meio o exercício da criatividade, verificamos que os temas que espelham a condição humana como forma de reflexão são o alimento primeiro da arte. Na verdade, grosso modo, a arte pode ser considerada como um veículo ou uma prática da expressão desses temas e preocupações. E no sentido de estabelecermos a arte como lugar de intersecção e como porto entre as percepções, chegamos à ideia de Kant sobre a percepção estética.

Dentre tantos escritos sobre diversas coisas, nas mais variadas áreas de interesse, três obras de Kant são consideradas o cerne do seu pensamento: A Crítica da Razão Pura, A

Crítica da Razão Prática e A Crítica dos Juízos. Apesar de estas obras tratarem, basicamente,

sobre o conhecimento e a moral, o autor também levanta questões acerca da sensibilidade, do Sentimento do Belo e sobre os juízos estéticos. Entre os problemas relacionados à dimensão prática da vida, das ações humanas e da dimensão do conhecimento racional/intelectual está a dificuldade de se compreender melhor a dimensão da sensibilidade.

Das questões por ele levantadas, podemos destacar:

1 – Qual a relação entre o mundo concreto e as ideias?

2 – Como é possível que as coisas sensíveis, materiais, possam se tornar conhecimento intelectual?

3 – Como se dá a relação entre o que é natural, determinado e limitado, com as ideias, com o que é indeterminado e livre?

Segundo Kant, a faculdade do juízo seria uma ponte entre a faculdade cognitiva (o intelecto) e a dimensão da sensibilidade, uma vez que esta encontra-se relacionada aos sentimentos. Porém, quando se refere a sentimentos, ele não está falando de emoções (ódio ou amor), mas sim do que chama de sentimento estético, sentimento de prazer e desprazer. São estes sentimentos e sua relação com os objetos o que Kant vai investigar na Crítica da faculdade do Juízo.

Cumpre observar que o autor refere-se a sentimentos e não a sensações (de agradável ou desagradável, por exemplo). Isto acontece porque, para ele, apenas enquanto

sensação, o gostar ou não de determinada coisa é muito subjetivo, impedindo, assim, pretensões à universalidade, por exemplo, enquanto que a ideia de sentimento confere maior força a este estado que as representações da sensibilidade imprimem sobre o sujeito. E fazendo isso, ele nos leva à percepção de que, na realidade, os sentimentos seriam mais comuns, ou seja, ao tratar das forças que movimentam o Juízo de Gosto como sentimentos, ele nos oferece uma ponte entre as pessoas, pois os sentimentos se apresentam da mesma forma ao conjunto dos indivíduos e, por isso, eles são comunicáveis e intercambiáveis.

E deste modo, segundo Kant, a percepção estética estaria ligada ao Juízo de Gosto, e esta faculdade do juízo (de gosto, ou estético), por sua vez, pertence à capacidade reflexiva, meditativa, e utiliza a imaginação, associada ao entendimento puro (em suas diversas categorias), para ligar os dados sensíveis ao objeto e a uma finalidade, sem que haja necessidade de recorrer ao seu conceito, ao contrário do juízo do entendimento, segundo o qual a todo particular corresponde um universal, sendo, ao fim, tudo parte de um todo. Então, uma vez que o Juízo de Gosto, ao mesmo tempo que reconhece subjetivamente as formas do objeto, também o avalia (determina a satisfação, o que demonstra as suas características subjetivas, não universais e objetivas) entre as faculdades cognitivas em jogo e a representação do objeto, ele não poderia ser uma qualidade apenas reflexiva. Para Kant, o Juízo de Gosto “...não é (...) nenhum juízo de conhecimento, por conseguinte não é lógico e sim estético, pelo qual se entende aquilo cujo fundamento de determinação não pode ser, senão, subjetivo” (KANT, 1997, p. 93).

No entanto, o Juízo de Gosto, apesar de remeter a algum objeto em particular, um objeto real (obra de arte, paisagem natural), não comunica a respeito do objeto. Não se refere ao objeto, como é o caso do juízo de conhecimento, mas sim, à maneira como o indivíduo se sente e é afetado pela sensação que o encontro com este objeto causa. Este Juízo de Gosto ou juízo estético, diz Kant, possui três formas: o belo, o agradável e o útil. No que diz respeito ao agradável e ao útil, podemos dizer que são sentimentos despertados tendo em vista fins e interesses particulares, sendo, portanto, contrários ao Sentimento do Belo, uma vez que este precisa estar desprovido de qualquer interesse ou finalidade que não seja a contemplação por ela mesma. Pois, para Kant, o Belo é tudo aquilo que agrada, desinteressadamente, de maneira muito geral; o belo seria aquela fração de um objeto que contemplamos e que, chegando a nós pela imaginação e não pela

racionalidade, causa uma sensação de prazer e de harmonia. Esta sensação, no entanto, deve ser desinteressada, ou seja, ao contemplar, não podemos ter qualquer sensação ou interesse externo ao objeto, mas apenas parar e contemplar (se, diante de uma planície, o observador deseja desmatar para plantar soja, ele passa a ter o interesse externo àquela paisagem, ou se, diante de uma pintura, o observador sente vontade de comprar ou vender ou tem qualquer outro interesse que é externo à coisa em si, a sensação de belo se corrompe ou mesmo desaparece).

Assim sendo, se podemos afirmar que o sentimento de beleza do indivíduo diante de algum objeto não pode estar atrelado a qualquer interesse ou utilidade a que ele possa estar ligado, podemos também afirmar que quando utilizamos ou temos muita necessidade de determinada coisa visando a algum fim, não estamos em condições de vislumbrar sua beleza: “Cada um tem de reconhecer que aquele juízo sobre beleza, ao qual se mescla o mínimo interesse, é muito faccioso e não é nenhum juízo-de-gosto puro” (Idem, p. 96). E com isso se levanta a questão. Quando e sob que circunstâncias somos capazes de entrar em contato com uma obra sem projetar nela nossas expectativas? Ou sem que os nossos sentimentos e impressões sobre quem a fez, por exemplo, interfiram na apreciação (estabelecer uma relação com o filme de Wood Allen sem que as acusações de abuso da filha interfiram, ou ver um quadro de Van Gogh sem ser inundado por um sentimento de piedade quanto à injustiça de ele ter morrido louco e miserável, por exemplo)?

Neste caso, tanto quanto naquele que concerne ao mundo ideal cogitado por Platão, não erramos em afirmar que a premissa é utópica por si, pois o ser humano é um acúmulo de tudo o que recebe e oferece ao mundo, e, diante disso, talvez o caso seria considerar, como diz Nietzsche, que o homem se reflete nas coisas (seu sentimento de potência, sua vontade de potência, sua coragem, sua altivez), e nesse caso podemos tirar uma conclusão: as premissas estão acumuladas abundantemente no instinto. Esta consciência do acúmulo que interfere traz consigo a possibilidade de, uma vez sabedores desta interferência, considerá-la como mais uma informação a ser considerada entre o indivíduo e a obra e o sentimento da beleza.

Todavia, ainda que utópico, é nesse sentimento desinteressado que encontramos uma possibilidade de universalização sobre o julgamento do belo, uma vez que não se trata de gosto ou preferências, simplesmente, visto que esta sensação geral de prazer

reivindica, para si, universalidade ou que o objeto contemplado seja, realmente, belo. Mesmo que outras pessoas à volta não concordem, ou que o admirador não o possa definir ou tomar aquilo como um conceito. Isso porque o Juízo de Gosto não é inerente a um único homem ou a um grupo particular de pessoas. Antes, ao contrário, é algo que está presente nos seres humanos indistintamente. Assim sendo, ao considerar o gosto como um Sentimento do Belo (observar uma escultura e ser capturado, afetado, esteticamente por ela), Kant reforça a tese de que o juízo estético faz parte das faculdades da mente. No entanto, esta participação se dá a partir de uma livre associação de ideias e sentimentos, afirmação que nos permite dizer não só que o Juízo de Gosto é um exercício de liberdade, mas também a livre expressão da memória do sujeito.

Não é a razão e o entendimento que promovem esta universalidade do Sentimento do Belo, mas a imaginação ligada à constatação do sentimento de prazer ou desprazer a ela relacionados. A imaginação, pelo seu jogo intuitivo, é quem pode unir o sensível ao entendimento, o material ao ideal. Cada indivíduo, com a sua subjetividade, formula ideias sobre o que se contempla, sem determinar ou fechar a beleza em conceitos (ainda que reiteradamente, dentro de nós, do nosso entendimento, busquemos fazê-lo, mas, para tal, partimos apenas de referências externas, e não da coisa em si mesma ). Para 27 Kant, a seara em que se pode estabelecer a discussão estética é a da representação. Um lugar que não é totalmente sensível, nem puramente intelectual, mas, ao contrário, um lugar que permite que estas duas faculdades se interpenetrem, promovendo, a um só tempo, a compreensão e a comunicação. Deste modo, estas representações não seriam de ideias, mas sim da vida sensível do sujeito. O que nos faz perceber que os fundamentos para o juízo estético estão no indivíduo, e não nas coisas. É o indivíduo que, quando se volta para o objeto, o deve sentir como interessante.

Mas então, se o belo não está puramente nos objetos, como se fosse uma característica que lhes seja inata, nem exclusivamente no sujeito, isolado do mundo, onde se dá o sentimento nesta relação sujeito e objeto? Como um objeto (o qual não pode ser pensado em separado do sujeito e, por sua vez, do mundo) e um sujeito (o qual precisa, gradativamente, colocar à parte interesses e gostos, para estar aberto ao Sentimento do

Em filosofia diz-se “coisa em si” de todas as coisas que existem, mas não podem ser experienciadas pelas pessoas.

Belo) conseguem gerar este sentimento? Quais são os mecanismos ativados e onde eles reverberam?

Para Kant, a resposta estaria no que ele chama de condições da universalidade do Sentimento de Belo, que se estabeleceriam a partir da complacência (prazer que se sente junto, comum) necessária, ou seja, através de uma satisfação, desinteressada, que agrada aos sentidos.

“Pois, visto que não se funda sobre qualquer inclinação do sujeito (nem sobre qualquer outro interesse deliberado), mas, visto que o julgante sente-se inteiramente livre com respeito à complacência que ele dedica ao objeto; assim, ele não pode descobrir nenhuma condição privada como fundamento da complacência à qual, unicamente, seu sujeito se afeiçoasse, e por isso tem que considerá-lo como fundado naquilo que ele também pode pressupor em todo outro; consequentemente, ele tem de crer que possui razão para pretender de qualquer um uma complacência semelhante.” (Idem, p. 98).

Deste modo, não seria pela via da razão, portanto, que a concordância entre sujeitos no sentimento do prazer se estabelece, mas pela pressuposição de que ali houvesse “...uma tal voz universal...” (Idem, p. 102), ou seja, de que o outro também teria o mesmo sentimento.

Acontece que, por vezes, nos deparamos com fenômenos de tal maneira grandiosos que a harmonia promovida pelo Belo parece ser extrapolada, porque o observador não consegue lidar ou fazer qualquer juízo estético sobre aquilo, como se não conseguisse ter controle ou harmonizar o que sentimos diante de uma grandeza. E esta sensação que estar diante de uma grandeza provoca Kant chama de Sublime: ele diz que o “Sublime é uma afronta à imaginação”. E é por isso que ele paralisa a todos, porque a imaginação não concebe esta grandeza. No entanto, por outro lado, depois deste momento de estagnação, nós tentamos buscar uma compreensão desta grandeza em tela, e mesmo que jamais a tenhamos por completo ou de maneira definitiva. Compreender por completo o Sublime seria como tentar compreender o Infinito Matemático, segundo Kant.

Por exemplo, a Arquitetura dos templos antigos gerava um sentimento de beleza, devido à harmonia das suas construções, enquanto que, a partir do período Gótico, as catedrais se tornaram imensas, cheias de micro detalhes, para causar um sentimento sublime em nós. “O sublime distingue-se do Belo, pelo fato de provocar perturbações filosóficas ligadas à mistura de dor e prazer”, diz Marc Jimenez sobre Kant. Deste modo,

podemos dizer que quando nos sentimos calmos, apaziguados, encantados diante de um fenômeno natural ou de uma obra de arte, isso é o Belo, em você. Mas, se ao contrário, aquilo em certa medida te apavora, ao mesmo tempo que te comove, esta sensação é o Sublime.

No entanto, estas forças acometem os indivíduos, e tanto no que se refere a este Sentimento do Belo universal, quanto ao que concerne ao Sublime, esta experiência não é um consenso entre ideias, mas um sentimento comum, e então, segundo Kant, é por isso que, para que tal sentimento (prazeroso, livre, desinteressado, sem conceitos, universalmente compartilhável) se possa estabelecer, faz-se necessário que cada indivíduo tenha um certo preparo (conhecimento, sutileza, sensibilidade). Esse preparo acontece na sociedade, no interior da cultura da qual o sujeito faz parte. E é neste ponto, concernente ao preparo, às forças mobilizadoras do Sentimento do Belo, as quais, para Kant, como um bom expoente do Iluminismo, correspondem ao refinamento alcançado via educação , 28 que acredito estar o papel da memória do indivíduo (e tudo que a ela compete), como elemento estruturador. É a memória, e não o refinamento, que promove o sentimento de belo que o objeto desperta no indivíduo e que, por conseguinte, estabelece esta ponte entre o objeto e o indivíduo, bem como nos indivíduos entre si. E é nestas pontes estabelecidas, nestes hiatos preenchidos em via de mão dupla, que a arte se dá. Deste modo, uma obra de arte não é o objeto ou o indivíduo, mas o sentimento manifesto deste encontro que reverbera na criação de redes.

Porque, senão vejamos. Se a arte é uma atividade humana e, como todas, não é uma ação isolada, puramente mecânica, mas sim, uma práxis, ou seja, o homem se realiza por meio de sua ação transformadora da natureza e é nesta práxis, na qual se concatenam a teoria e a prática, que o humano se constrói, podemos entender que não há essência a priori, deslocada do humano. Assim, se não há uma essência a priori, puramente metafísica, exterior às condições históricas e sociais, qual seria esta essência? Seria uma essência separada da existência concreta, ou uma essência sensível, social, visto que essa sensibilidade é uma percepção que se constrói socialmente?

Se entendemos que esta essência está relacionada aos sentidos e aos sentimentos, e se os sentidos humanos (visão e audição, tato, olfato, paladar) não são puramente

Mesmo reconhecendo que a todos é dada a tendência ao refinamento, “...homem jamais é inteiramente desprovido de vestígios do sentimento refinado”

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(Idem, p. 36), e, portanto, a todos isto seja possível, pois “... todos os corações humanos, embora em porções diferentes, foram infundidos pelo amor à honra...” (Ibidem, p. 36), ele reitera que são poucos, no entanto, os que efetivamente o desenvolvem: “Entre os homens, são bem poucos aqueles que se comportam de acordo com princípios...” (Idem, p. 45).

naturais, mas também são formados socialmente (o ouvido, por exemplo, só pode perceber a música se ele for treinado para isso, se ele for um ouvido musical. E isso se faz em sociedade), aceitamos que é na sua existência concreta, sensível, que o homem se realiza como ser humano. Deste modo, a arte (e por sua vez o Sentimento do Belo) está inserida e só pode ser compreendida dentro desse contexto.

Mas, como este contexto social (cada vez mais exterior ao próprio homem, uma vez as divisões e o individualismo exacerbado os abismos sociais produzem uma alienação do outro e o isolamento do ser humano em bolhas) se estrutura e é retransmitido, ensinado e perpetuado? Se, na atual conjuntura, a própria vida ele já não sente lhe pertencer, pois o interesse predominante não é o do indivíduo ou o do grupo, mas o interesse particular de quem domina, e que está, quase sempre, em contradição com o interesse geral e coletivo, como garantir que haja espaço para o trânsito no Sentimento do Belo?

Acredito que um dos caminhos é através da memória. A memória garante ao indivíduo não só lembranças acerca de si mesmo, números e datas, mas confere contato com tudo que veio antes dele e com o que se propagará depois. A memória é o terreno de base para metáforas e aproximações, garantindo, assim, que se instaure a poesia como experiência do mundo (tal qual diz Tarkovski, em seu Esculpir o Tempo – 1998). Eu jamais serei capaz de dizer a alguém o que é o gosto do café, menos ainda fazer com que esta pessoa sinta o mesmo gosto que eu, mas posso, através de analogias, elencar imagens, sensações e sentimentos que, para mim, estão relacionados ao café; compartilhar com ela, fazendo-a sentir o que é o gosto do café. Ou antes, o que é o gosto do café para mim. E isso é uma coisa que a memória me proporciona, visto que esta pessoa com que eu me relaciono acerca do gosto do café pode nunca tê-lo bebido, ou pode inclusive ter bebido e não gostar, mas, com certeza, ela terá entre as suas memórias imagens, sensações e sentimentos análogos aos que eu relaciono ao café (mesmo que relacionados a outra coisa), e que, uma vez evocados pela minha narrativa, recobrada pelas minhas memórias, serão, por ela, presentificados. E então nós compartilharemos este sentimento instaurado do café. Todo este conjunto de evocações só é possível graças à memória (a minha e a da pessoa); é ela quem cria as ligações que possibilitam a existência da arte e do sentimento do belo.

desinteressada e desligada dos conceitos, de nos relacionarmos universalmente com a beleza em toda sua potência. O belo ganhou, com ele, a sua autonomia. Não precisando associar-se a qualquer ideia, teoria, ou ao compromisso de estar relacionado à finalidade ou a valor para além de si mesmo.

Este juízo reflexivo ou estético também desencadeou a, chamada, Reflexão Infinita dos filósofos Românticos, e é essa Reflexão Infinita quem vai produzir uma nova maneira de se pensar a arte, a Crítica. Segundo essa abordagem, o crítico não esgota uma obra de arte, mas provoca uma reflexão infinita sobre ela, sobre a sua estética. No entanto, apesar de Kant realizar a análise do belo através das categorias (qualidade, quantidade, finalismo e modo), de discorrer sobre o sublime e introduzir a noção de gênio na equação criativa e, consequentemente, nas Artes, não se pode dizer que ele formulou uma teoria estética, já que, para ele, o juízo estético é reflexionante, portanto, subjetivo. Porém, acredito que se nos ativermos um pouco mais às premissas estabelecidas por Kant acerca do Juízo de Gosto, identificamos este lugar/papel da Memória como propulsor do ato criativo, a partir da identificação, e poderemos estabelecer correlações e ressignificações no ato criativo, para artista e público.