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5.1 IDENTIFICAÇÃO E PERFIL DOS DOCENTES

5.1.2 Perguntas objetivas sobre os docentes e suas práticas

5.1.2.3 Questões técnicas e posturais: Mão esquerda

Devido às grandes dimensões do instrumento é comum que contrabaixistas utilizem somente três (3) dedos ao tocar nas posições que se encontram no braço do instrumento. As técnicas mais antigas utilizavam a digitação 1-3-4 (dedo indicador, anelar e mínimo), essa é a digitação encontrada na maior parte dos métodos do século XIX; já no século XX a digitação mais utilizada passa a ser 1-2-4 (dedo indicador, dedo médio e dedo mínimo) devido a maior facilidade de abertura entre os dedos indicador e médio em relação a digitação antiga (onde deveria se abrir mais entre os dedos anelar e mínimo). No entanto, ao final do século XX e início do século XXI, com a redução dos instrumentos e a incorporação da técnica de pivot 80alguns contrabaixistas passaram a utilizar a digitação 1-2-3-4 (com um semitom entre cada um dos dedos). Até os dias de hoje as técnicas contrabaixísticas estão em constante transformação e, por isso, resolvemos saber entre os docentes universitários quais técnicas de mão esquerda utilizavam e se ensinavam esses diferentes dedilhados aos alunos.

A quinta pergunta do questionário aos docentes, então, relaciona-se com a técnica de mão esquerda e os dedilhados: “Toca com que dedilhados de mão esquerda?” Os docentes tinham a liberdade de escolher mais de um tipo de dedilhado e as respostas para essa questão foram bastante variadas: 33% dos docentes afirmaram utilizar os dedilhados 1-2-4 e 1-2-3-4; 17% deles responderam os dedilhados 1-2-4 e 1-3-4; 17% o dedilhado 1-2-4; 17% os três dedilhados 1-3-4; 1-2-4 e 1-2-3-4; 8% responderam somente o dedilhado 1-3-4; e por fim, 8% o dedilhado 1-2-3-4.

79 Pergunta 4: “Ensina aos alunos as diferentes posturas de se tocar?”

Gráfico 14 – Pergunta 5: Toca com que dedilhados de mão esquerda?

A pergunta seguinte possui relação direta com a anterior. Nesta o entrevistador gostaria de saber se os docentes ensinavam aos alunos dedilhados diferentes dos que eles utilizavam para tocar. Esta pergunta possui relevância, porque mesmo que o professor não domine aquela técnica/dedilhado em sua execução, nada o impede de transmitir esses conhecimentos aos alunos. Ainda que toque com um determinado dedilhado, o contrabaixista pode perceber que outros tipos de dedilhados podem ser mais fáceis ou adaptáveis às necessidades dos alunos.

Gráfico 15 – Pergunta 6: Ensina outros dedilhados de mão esquerda diferentes do que você utiliza para tocar?

A maior parte dos professores, 75%, disse não ensinar aos alunos dedilhados de mão esquerda que eles não utilizam para tocar, ou seja, esses professores ensinam aos alunos somente dedilhados/opções de dedilhados que eles dominam e utilizam em sua prática como

1; 8% 2; 17% 1; 8% 4; 33% 2; 17% 2; 17%

5 - Toca com que dedilhados de mão esquerda?

1,3,4 1,2,4 1,2,3,4 1,2,4 e 1,2,3,4 1,2,4 e 1,3,4 1,2,4 ; 1,3,4 e 1,2,3,4

9; 75% 2; 17%

1; 8%

6 - Ensina outros dedilhados de mão

esquerda diferentes do que você utiliza para

tocar?

contrabaixistas. Somente 17% responderam ensinar dedilhados diferentes dos que utilizam para tocar e apenas um deles não respondeu à pergunta.

De acordo com o Dr. Donovan Stokes81, quando se necessita tocar duas notas em uma mesma corda com mais de um tom de distância, tradicionalmente executamos a mudança de posição. No entanto, na mudança de posição há a movimentação de toda a mão/braço para alcançar a nota e esses movimentos, quando há maior agilidade, às vezes podem ser cansativos. Em determinados casos o uso de pivot pode ser mais atrativo.

O contrabaixista relata que a técnica do pivot consiste em manter o polegar em um mesmo ponto e rotacionar a mão/braço para alcançar a nota mais distante e que essa técnica é muito útil para passagens de um tom e meio ou mais em uma mesma corda. Essa técnica é mais dinâmica, porque há uma redução do movimento da mão/braço. Para Stokes o movimento é parecido com o de girar uma maçaneta. Nessa técnica, o movimento não ocorre em linha reta, mas sim realizando um pequeno arco.

A técnica de pivot reduz o movimento em passagens mais rápidas e pode tornar passagens difíceis mais acessíveis para a realização. Stokes ressalta que se deve ter mais cuidado e atenção com a afinação, pois com essa técnica é mais difícil de se tocar afinado. Apesar de essa ser considerada uma técnica contemporânea de mudança de posição associada ao contrabaixista François Rabbath82 (responsável pela sistematização dessa técnica), Stokes revela que contrabaixistas de outros tempos já deveriam utilizá-la, como Theodor Albin Findeisen (1881- 1936)83, por exemplo, que já havia escrito sobre essa técnica como algo já estabelecido em seu tempo.

Além da forma tradicional de mudança de posição utilizada no contrabaixo acústico e da técnica de pivot existe ainda uma outra técnica chamada extensão. Essa técnica, assim como a citada anteriormente, utiliza os quatro dedos da mão esquerda, no entanto, alonga-se a mão

81 Disponível em:<https://www.notreble.com/buzz/2013/06/03/left-hand-technique-pivoting/> Acesso em: 01/12/2019.

82 François Rabbath (1931) é um contrabaixista nascido na Síria, vindo de uma família de músicos, que começou a estudar contrabaixo aos treze anos de idade. Mais tarde mudou-se para Paris onde estudou e desenvolveu carreira como músico, compositor e pedagogo do instrumento. A partir de 1964 tornou-se mais ativo na composição de músicas para cinema e teatro; ao mesmo tempo dedicou-se também a carreira como solista, primeiro na França, depois por toda a Europa e posteriormente na América. A partir de 1978 firmou parceria com o compositor Frank Proto que dedicou diversas peças ao contrabaixista, como concertos e peças concertantes.

Disponível em: <https://www.liben.com/FRBio.html> Acesso em: 04/12/2019.

83 Theodor Albin Findeisen (1881-1936), nascido na Alemanha, foi contrabaixista, compositor e professor de contrabaixo, discípulo de Franz Simandl. Pouco se sabe sobre sua vida e obra, ele é mais conhecido por ser professor de contrabaixo e por seus vinte e cinco estudos de técnica; compôs peças solos para contrabaixo e música de câmara, mas grande parte se perdeu. Compôs ao menos dois concertos para contrabaixo e orquestra. Foi primeiro contrabaixista na Orquestra de Dresden e em 1922 assumiu a posição de professor de contrabaixo no Conservatório de Leipzig.

esquerda para que haja um intervalo de semitom de distância entre cada um dos quatro dedos, mantendo-se a mão estática, assim como a posição tradicional. Devido ao tamanho do instrumento e da distância entre as notas só é recomendado utilizar a extensão em posições mais próximas ao meio do instrumento e não das primeiras posições. A extensão, diferentemente da técnica de pivot, tende a deixar a mão mais tensa.

As perguntas de números sete (7) e oito (8) foram justamente sobre essas duas técnicas específicas. Gostaríamos de saber se os professores utilizam essas técnicas para tocar (pergunta 7) e se as ensinavam aos seus alunos (pergunta 8). Dos professores entrevistados, 83% relataram utilizar ambas as técnicas para tocar e 17% deles utilizam somente a extensão. (gráfico 16) Ao serem perguntados se essas técnicas eram ensinadas aos seus alunos, todos responderam afirmativamente.

Gráfico 16 – Pergunta 7: Quais das seguintes técnicas, além da tradicional mudança de posição, você utiliza tocando?