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5. Pesquisa em campo e resultados obtidos

5.2 Questionário com os Agentes Culturais

No outro dia Ivanete Mattos entregou os questionários respondidos pelos Agentes Culturais da comunidade quilombola Pau Ferro do Joazeiro. As perguntas do questionário eram relacionadas a participação deles no projeto ‘Percursos Patrimoniais no Alto Sertão da Bahia’. Os jovens Agentes Culturais preencheram os questionários (apêndice 2) e o documento de autorização para utilização acadêmica dos depoimentos. Antes do preenchimento do questionário, houve um bate papo com os Agentes Culturais, explicando o conteúdo do questionário. Explicando que se trata do entendimento acerca da experiência de formação e execução de um inventário museológico, pelos jovens Agentes Culturais em sua comunidade.

As perguntas do questionário foram elaboradas como objetivo de compreender a percepção dos jovens Agentes Culturais, tiveram sobre o processo de formação e aplicação do projeto ‘Percursos’ no núcleo museológico Pau Ferro do Joazeiro. Elaboradas com base na metodologia de trabalho, as perguntas delineiam uma compreensão sobre os significados das experiências dos Agentes Culturais e da comunidade nas experiências culturais desenvolvidas no núcleo. As perguntas e respostas descritas abaixo foram preenchidas por quatro Agentes Culturais, que se encontravam na comunidade no momento da pesquisa de campo. O questionário foi preenchido a punho e as perguntas e respostas foram transcritas abaixo:

1) Descreva o que você achou do processo de implantação do núcleo museológico na comunidade.

Rosiane Rodrigues de Jesus

“Achei um processo muito interessante, pois aprendemos muitas coisas, mostrou

que a comunidade possui muitas coisas de valores que devemos preservar e valorizar”.

Railson Santos Silva

“Foi um processo muito bom, trouxe muito reconhecimento para todos da

comunidade, para as crianças, jovens, idosos e até para aqueles que moram em outras comunidades”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Foi um processo muito importante pra comunidade, além disso, a gente

desenvolveu muitas coisas. Os mais velhos passaram ensinamentos para os mais novos”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“Eu achei muito importante, principalmente porque ajudou a própria comunidade a

se conhecer. Além disso, deu uma visibilidade maior para a comunidade”.

A pergunta nº 1 foi elaborada com objetivo de compreender a percepção dos Agentes Culturais sobre o processo de implantação do núcleo museológico e das experiências pedagógicas aplicadas.

2) Como você colaborou com o projeto ‘Percursos Patrimoniais no Alto Sertão da Bahia’?

Rosiane Rodrigues de Jesus

“Colaborei com pesquisas, entrevistas com os moradores da comunidade,

preenchemos fichas”.

Railson Santos Silva

“Colaborei como agente e como morador da comunidade, preenchendo as fichas,

fazendo entrevistas e aprendendo com os mais velhos”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Minha colaboração foi nas pesquisas, entrevistas, com os artesanatos de palha,

barro, crochê e etc”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“Eu participei da equipe dos Agentes Culturais, fazendo entrevistas com os

A questão nº 2 foi elaborada com objetivo de compreender o sentido de espelhamento, ou seja, como os Agentes Culturais se veem mediante o processo de trabalho e a consciência sobre as ações executadas no projeto.

3) Como foi a reação da comunidade com os resultados do projeto?

Rosiane Rodrigues de Jesus

“Foi uma reação surpreendente, gostei muito dos resultados, tivemos muitos

recursos, orientações que ajudou muito a comunidade a se sentir mais forte e mais confiante”.

Railson Santos Silva

“Foi uma reação surpresa, ficaram todos admirados e com muita alegria por causa

do empenho dos jovens”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Uma reação super maravilhosa! Uma alegria imensa no rosto de cada pessoa que

realmente está participando das reuniões em nossa comunidade”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“O resultado foi bem satisfatório, a comunidade ficou bem empolgada por

participar de um projeto como esse. Além de surpreenderem com algumas descobertas, que o projeto pode proporcionar através das pesquisas”.

Durante a elaboração do inventário, os Agentes Culturais passaram pela etapa de entrevistas com os moradores da comunidade, nessa etapa eles puderam colher depoimentos e efetivar os registros áudio visuais da pesquisa.

4) A linguagem e os recursos utilizados foram adequados?

Rosiane Rodrigues de Jesus

“Sim, porque através da linguagem e dos recursos desenvolvi bem todos os

trabalhos”.

“Sim, desenvolveu bastante. Aprendemos muitas coisas”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Sim, porque conseguimos realizar a pesquisa e expor os resultados”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“Sim, pois aprendemos muitas coisas, tivemos mais conhecimentos, orientou com

muita paciência”.

A questão nº 4 remonta a necessidade de adequação da linguagem e metodologia de aplicação do projeto, tendo em vista que ele foi uniforme a todos os núcleos museológicos. Porém, a abordagem utilizada durante o processo de formação teve que ser moldada a fim de possibilitar práticas, relações e símbolos aos jovens, por meio das quais eles criaram uma linguagem própria, com autonomia relativa na produção de narrativas.

5) Outras comunidades demonstraram interesse em participar do projeto?

Roseane Rodrigues de Jesus

“Sim, principalmente as vizinhas vieram participar e ficaram impressionadas com

trabalho e o empenho de todos como a comunidade de Joazeiro, Sumidouro, Baixão etc”.

Railson Santos Silva

“Sim, muitas comunidades vieram e gostaram dos resultados obtidos. Em todos os

eventos que tiveram e tem as pessoas de fora que animam muito pra vir”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Outras comunidades participaram do “Café com os quilombolas”, que foi um

evento realizado na comunidade de Pau Ferro, dentro da Semana de museus e a partir daí muitas outras se interessaram, tanto pelo projeto, quanto pela comunidade em si”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“Sim. Muitas comunidades circunvizinhas vieram participar de muitas

A questão nº 5 engloba uma temática além da execução do projeto ‘Percursos’, ela intui uma resposta acerca da visão que outras comunidades tiveram sobre a aceitação de núcleo museológico e nos trás o questionamento da possibilidade de ampliação dos núcleos ou mesmo da possibilidade de sazonalidades das atividades em outras comunidades. Seria talvez pensar na integração com outras comunidades visando o fortalecimento das atividades.

6) Quais os aspectos positivos e negativos do projeto ‘Percursos Patrimoniais no Alto Sertão da Bahia’?

Roseane Rodrigues de Jesus

“Os positivos são: deu vida a comunidade, reconhecimento, principalmente para os

jovens e as crianças. Os negativos são: depois que o projeto afastou deu uma desanimada na comunidade, os jovens afastaram mais dos trabalhos, pois não tiveram um incentivo”.

Railson Santos Silva

“Positivos: é que a comunidade se desenvolveu muito através das reuniões e

fizeram coisas que realmente teve resultados bons. Negativos: é a falta de orientação para sabermos mexer com os equipamentos”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Os pontos positivos foram vários, o primeiro deles foi que deu subsídio para que a

própria comunidade fosse atrás da sua história, além de envolver os jovens nesse projeto. Como ponto negativo, cito apenas a falta de continuidade, pois durante o projeto todos se engajaram, seja como pesquisador ou informantes”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“Os pontos positivos foram que tivemos mais conhecimentos, demos mais valor

aos nossos patrimônios, tivemos bons resultados. Os negativos que não deu continuidade com os projetos, muitos dos equipamentos estão parados porque não tivemos mais orientações”.

A questão nº 6 é uma pergunta estratégica de percepção das forças e fraquezas do projeto, visando com isso uma avaliação das oportunidades e ameaças para a continuidade e atualização do projeto.

7) Outros trabalhos surgiram devido à realização desse projeto? Se sim, quais?

Roseane Rodrigues de Jesus

(sem resposta)

Railson Santos Silva

“Não”.

Marlúcia Rodrigues de Jesus

“Não”.

Ivanete de Jesus Santos Matos

“Não”.

A questão nº 7 induz uma resposta a um dos pontos críticos estabelecidos no projeto, que era a continuidade na formação dos Agentes Culturais para que eles estivessem aptos para elaboração de projetos culturais.

Quanto ao processo de formação dos Agentes Culturais é evidente que os jovens que participaram do projeto, tiveram uma percepção positiva das atividades desenvolvidas, ao expressar o impacto do projeto em suas vidas. O principal aspecto percebido com os resultados do projeto é o fortalecimento da autoestima de cada jovem que participou do projeto e das crianças que nos anos de 2014 e 2015 brincavam junto ao grupo durante os encontros de formação. Esse resultado nos trás uma percepção do reconhecimento do sujeito sociocultural e da construção positiva de múltiplas identidades: juvenil, negra, quilombola, rural e etc.

A formação dos Agentes Culturais deveria ser um processo contínuo nos núcleos museológicos, por isso é preciso reconhecer que ainda há muito pra ser feito e a formação dos jovens que integraram o projeto proporcionou significativos avanços, abriu portas de diálogo dentro e fora da comunidade, revigorou expectativas de crianças e jovens em relação a preservação das práticas culturais na comunidade.