1) Quais são as fontes de informação utilizadas por este órgão de comunicação na captação das “notícias policiais” que são veiculadas?
R: Para não ocupar a posição de reféns das fontes oficiais, procura-se confrontar as versões oferecidas, como autores de supostos crimes, testemunhas, vítima e a polícia. É claro que sempre levando em conta a disposição das fontes em querer oferecerem o outro lado da história. Isso vale para polícia, vitima autor ou testemunhas. No entanto, o leitor não ficará privado da informação se uma ou todas optarem por não se pronunciar.
2) De que forma são selecionadas as informações que costumam ser publicadas?
R: De acordo com um dos preceitos do jornalismo, o interesse coletivo.
3) Há algum tipo de filtro jurídico em relação a essas publicações?
R: Apenas aqueles já previstos em lei como fatos que evolvam menores e informações cunho pessoal, que não tenham interesse para a sociedade.
4) Existe consulta prévia a algum especialista jurídico antes da divulgação deste tipo de matéria?
R: Não, não há. Nossos repórteres possuem um prévio conhecimento jurídico no que diz respeito aos direitos individuais e públicos.
5) Qual a efetividade dada ao princípio da presunção de inocência pelo seu órgão de imprensa?
R: Bem, nesse caso, podemos citar o caso Oscar Gonçalves do Rosário, um servente de pedreiro acusado de violentar e matar uma criança de apenas 1 ano e seis meses. Enquanto muitos jornais o davam como o assassino confesso, a Gazeta de Joinville foi atrás de lacunas deixadas pela polícia. Levantamos muitas suspeitas em relação a investigação feita pela polícia. O servente foi condenado a 20 anos de prisão por um Tribunal do Júri na comarca de Joinville. No entanto, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, diante das mesmas evidências contrárias das apuradas pela polícia e levantadas pelo jornal, anulou todo o processo que condenou Oscar Gonçalves do Rosário e determinou sua imediata liberdade. Ele já estava preso três anos. Você pode
constar o histórico desse caso pela internet.
6) Seria possível adotar códigos (como o britânico) de divulgação apenas das iniciais do nome do suspeito a quem é imputada a prática de um crime?
R: Entendo que se não houver interesse público, nem mesmo a matéria deveria ser publicada, e se envolver menores, os mesmos devem ser preservados.
7) Seria possível estender a aplicação do art. 143, Parágrafo Único, do Estatuto da Criança e do Adolescente aos suspeitos dos crimes que são diariamente veiculados?
R: Mesma resposta acima
8) Por qual motivo estas espécies de medidas não têm sido atualmente utilizadas na prática jornalística brasileira?
R: É possível, que se fossem seguidas, a informação se mostraria prejudicada.
9) Em sua opinião, como é possível compatibilizar o direito constitucional de informar com o dever de tratamento de inocência?
R: As situações em que o conteúdo probatório se mostrar incontestável e o fato envolver os interesses coletivos, a sociedade tem o direito de ser informada. Entendemos que esse é o papel principal da imprensa, e a inocência, se estiver presente, se tornará evidente e clara na justiça.
APÊNDICE J – Questionário respondido/Palavra Palhocense
1) Quais são as fontes de informação utilizadas por este órgão de comunicação na captação das “notícias policiais” que são veiculadas?
R: As notícias policiais veiculadas que são veiculadas baseiam-se em relatórios oficiais encaminhados pelas Polícias Civil e Militar a todos os Órgãos de Imprensa.
2) De que forma são selecionadas as informações que costumam ser publicadas?
R: As notícias deste jornal são selecionadas de acordo com a sua relevância para o município de Palhoça.
3) Há algum tipo de filtro jurídico em relação a essas publicações?
R: Sim, o referido filtro existe. O jornal já teve problemas jurídicos por ter noticiado fato que envolvia um indivíduo menor de idade. O referido ocorreu em virtude de informações equivocadas fornecidas pelas autoridades policiais. Por este motivo, o jornal atualmente está adotando uma nova sistemática, na qual são omitidos o nome e a foto dos acusados/suspeitos, ressalvados apenas os casos em que o sujeito da notícia for condenado recapturado ou foragido.
4) Existe consulta prévia a algum especialista jurídico antes da divulgação deste tipo de matéria?
R: Em caso de dúvida, o jornal costuma entrar em contato com o assessor jurídico oferecido pela ADJORI/SC (Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina).
5) Qual a efetividade dada ao princípio da presunção de inocência pelo seu órgão de imprensa?
R: Para dar efetividade ao referido princípio, os fatos são relatados sem a divulgação do nome dos acusados. Nas notícias que são veiculadas são fornecidos dados como o local e as circunstâncias fato, sem citar qualquer informação relativa ao suspeito/acusado. O jornal sempre se preocupa com a construção do texto jornalístico, de modo que este não induza os leitores a conclusões erradas, deixando bem claro que as pessoas envolvidas nas notícias são meros suspeitos/acusados e não condenados.
6) Seria possível adotar códigos (como o britânico) de divulgação apenas das iniciais do nome do suspeito a quem é imputada a prática de um crime?
R: Sim, é perfeitamente possível. Os referidos códigos já foram adotados pelo jornal.
7) Seria possível estender a aplicação do art. 143, Parágrafo Único, do Estatuto da Criança e do Adolescente aos suspeitos dos crimes que são diariamente veiculados?
R: Conforme comentado anteriormente, a adoção da referida medida é possível e já tem sido utilizada pelo jornal.
8) Por qual motivo estas espécies de medidas não têm sido atualmente utilizadas na prática jornalística brasileira?
R: A adoção das referidas medidas não tem sido utilizadas em virtude do comprometimento do jornalismo com o cidadão. Segundo o editor, em tese não haveria problemas em divulgar dados complementares se no contexto da notícia se deixar bem claro que o sujeito noticiado é mero suspeito/acusado. Outro motivo para a não utilização das referidas consiste no fato dos órgãos de imprensa buscarem sempre o espetáculo. Segundo o editor, esta prática é muito perceptível, principalmente, nas notícias que são veiculadas na televisão. Infelizmente, este tipo de espetáculo é o que o telespectador pede.
9) Em sua opinião, como é possível compatibilizar o direito constitucional de informar com o dever de tratamento de inocência?
R: Para compatibilizar os referidos direitos é necessário expor o fato de uma maneira plural e equilibrada, deixando bem claro ao leitor que se trata de uma mera suspeita ou investigação, e não de uma imputação de culpabilidade. Segundo o editor, é importante, sobretudo, veicular notícias sem efetuar um julgamento sumário.