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4. Descrição dos Instrumentos de Investigação Utilizados

4.1. Questionários

Instrumento de recolha de informação, preenchido pelo informante, o questionário constitui a técnica de recolha de dado mais utilizada no âmbito da investigação sociológica. O anonimato na sua administração garante a autenticidade das respostas e permite ao inquirido pensar o tempo necessário antes de responder. O seu uso só é viável em universos razoavelmente homogéneos (Pardal e Correia, 1995). Estas características adequam a sua administração aos alunos da turma envolvida.

Na presente investigação, os questionários permitem adquirir informação sobre o impacto das actividades de experimentação na aprendizagem dos alunos. Complementam o estudo dos relatórios produzidos em trabalho experimental laboratorial. Com os questionários administrados, pretende-se conhecer a opinião dos alunos sobre as actividades lectivas, sobre os momentos em que consideram adequada a construção verbal de conhecimento durante o seu trabalho e ainda, sobre a elaboração do relatório enquanto forma de construção de conhecimento e meio de comunicação do trabalho efectuado; pretende-se, também, detectar mudanças a nível das concepções sobre o trabalho experimental laboratorial e das atitudes dos alunos durante a realização dos trabalhos.

4.1.1. Construção das Perguntas dos 1º e 2º Questionários

Pardal e Correia (1995), para as perguntas de resposta aberta e de resposta múltipla: - As perguntas abertas devem ser utilizadas criteriosamente, sendo úteis em duas situações: quando se dispõe de pouca informação sobre o assunto ou se quando pretende estudá- lo em profundidade. As perguntas abertas realizadas são perguntas de opinião, visando conhecer o que o aluno pensa sobre o assunto referido.

- As perguntas de escolha múltipla são do tipo perguntas de avaliação ou estimação, nas quais o inquirido tem como única opção escolher uma das alternativas propostas. Procuram quantificar um determinado assunto, atribuindo-lhe diversos graus de intensidade. No presente caso, foi utilizada uma escala de 4 graus de intensidade (sempre, às vezes, raramente, nunca), evitando-se o ponto neutro (um valor intermédio).As perguntas de escolha múltipla realizadas são perguntas de acção, visando as acções realizadas pelos alunos durante o trabalho experimental laboratorial. Estas perguntas são de resposta relativamente simples, possibilitam a concentração do inquirido no problema em estudo e facilitam o trabalho de tabulação.

As opções feitas na construção dos questionários são referidas seguidamente.

? Construção das Perguntas do 1º Questionário

Opta-se por fazer um questionário pequeno, incidindo apenas na utilização da expressão verbal em TLBI, para evitar sobrecarregar os alunos, dado que serão administrados nesta turma outros instrumentos de recolha de dados.

O questionário consta das perguntas seguintes:

- De 1 a 4 – perguntas abertas, de opinião, cuja função é integrar o aluno no tema em estudo e fornecer dados gerais sobre a leccionação das aulas.

- De 5 a 10 – perguntas de escolha múltipla, de avaliação ou estimação, em que o inquirido escolhe uma de entre as várias alternativas apresentadas, de acordo com os diferentes graus de intensidade. Focam o assunto em estudo: a construção verbal de conhecimento, escrito e oral, durante a actividade experimental.

- De 11 a 13 – perguntas abertas, com uma orientação definida. Admitem um conjunto amplo de respostas, desde que as mesmas se cinjam aos assuntos refe ridos nas alíneas do enunciado. São perguntas de opinião, visando perceber se o modelo de relatório utilizado nas aulas é considerado pelos alunos como adequado à sua aprendizagem.

? Construção das Perguntas do 2º Questionário

O 2º questionário apresenta as perguntas 1 a 8 idênticas às do 1º questionário, formuladas de forma ligeiramente diferente, para que se adequem ao contexto. Optou-se por não apresentar as perguntas 10 a 13, constantes do 1º questionário pelo seguinte: 1) a utilização de várias tipologias de texto na descrição dos trabalhos efectuados não foi trabalhada, explicitamente, durante as actividades de experimentação, incidindo estas, sobretudo, no desenvolvimento de processos de articulação entre o pensar e o agir; 2) sendo reduzido o número de actividades realizadas (assim como as descrições escritas dos respectivos trabalhos), supôs-se pouco provável uma mudança significativa nas concepções e utilização de diferentes tipologias de texto, baseada apenas na experiência dos alunos. Em sua substituição foi incluída uma nova pergunta, a última (9), para conhecer a evolução da opinião dos alunos sobre a influência da escrita no trabalho experimental.

4.1.2. Objectivos e Hipóteses Correspondentes às Perguntas que Integram o 1º e o 2º Questionários

O quadro 6 apresenta os objectivos e as hipóteses em que se baseiam as perguntas comuns aos 1º e 2º questionários.

P

ERGUNTAS

OBJECTIVOS HIPÓTESES DE TRABALHO

1 2 3 4

? Conhecer os dados pessoais dos alunos ? Integrar os alunos no tema em estudo. ? Alertar os alunos para as potencialidades que o trabalho laboratorial encerra.

? Conhecer as suas opiniões sobre a leccionação das aulas de TLBI

? As aulas podem ser leccionadas de forma mais adequada para os alunos.

5 ? Conhecer os hábitos dos alunos no que respeita à elaboração do texto escrito associada ao trabalho experimental.

? O registo de apontamentos e notas durante o trabalho experimental poderá ser deficiente, não permitindo uma boa estruturação dos conhecimentos.

P

ERGUNTAS

OBJECTIVOS HIPÓTESES DE TRABALHO

6 ? Inventariar o registo de dados pelos alunos.

? Perceber os pressupostos dos alunos ao registar e interpretar os dados.

? O aluno interpreta aquilo que regista. Registará o que vê? Ou o que espera ver ? Os alunos podem não ter consciência de que a interpretação dos dados obtidos depende dos conceitos prévios sobre o assunto.

7 ? Verificar em que pontos do trabalho se processa, habitualmente, a discussão em grupo.

? Daqui surge a questão subjacente: nem sempre os alunos compreendem o que estão a faze r quando realizam uma actividade experimental.

8 ? Inventariar as etapas em que os alunos não reflectem, em grupo, sobre o trabalho e avaliar da sua importância para a compreensão do mesmo.

? Os alunos podem não utilizar a discussão de grupo para construir conhecimento, nas diversas etapas de trabalho.

9

10

? Conhecer os tipos de textos usualmente consultados pelos alunos para escrever o seu relatório

? Os alunos fundamentam o seu trabalho no protocolo fornecido e no seu manual escolar adoptado e não recorrem a outros textos de apoio.

11 ? Conhecer a tipologia de texto que segundo os alunos é mais adequada à descrição do trabalho experimental.

? Os alunos nem sempre compreendem e aplicam correctamente o modelo de relatório fornecido.

12 ? Conhecer a tipologia de texto que segundo os alunos permite uma melhor reflexão sobre o tema e uma melhor aprendizagem.

? Ao escrever o relatório, os aluno nem sempre reflectem sobre os temas em estudo, podendo haver outras tipologias de texto mais próximas do aluno, que lhe permitam uma melhor aprendizagem.

13 a

? Perceber o que é mais fácil de descrever para o aluno

13 b

? Perceber o que é mais difícil para o aluno.

? Todos os relatórios apresentam sempre a cópia do protocolo experimental fornecido, embora possam ser omissos na descrição de outras secções. Supõe-se que as etapas omissas apresentarão um grau de dificuldade superior.

Quadro 6 – Objectivos e hipóteses correspondentes às perguntas que integram os 1º e 2º questionários

? Objectivos e Hipóteses Correspondentes à Pergunta 9 do 2º Questionário

O quadro 7 apresenta a nova pergunta 9 do 2º questionário, em substituição das perguntas 9 a 13 do 1º questionário, que foram eliminadas.

OBJECTIVOS HIPÓTESES DE TRABALHO

P

ERGUNTA

9 ? Conhecer a opinião dos alunos sobre as

perguntas orientadoras, enquanto suportes da construção do conhecimento do trabalho experimental laboratorial

? As perguntas orientadoras podem modelar a expressão verbal heurística nas etapas seguintes: - planificação do trabalho;

- interpretação dos resultados obtidos.

Quadro 7 - Objectivos e hipóteses correspondentes à pergunta 9 do 2º questionário

4.1.3. Validação, Aferição e Administração dos Questionários

A validação interna visa garantir que o questionário esteja bem formulado (segundo Pardal e Correia, 1995).

? Validação dos Questionários

As perguntas dos questionários foram, inicialmente, validadas pela professora de C.T.V. da turma envolvida na investigação, que se pronunciou sobre a pertinência dos objectivos formulados. Posteriormente, foi pedido à mesma docente e uma segunda juíza, Mestre em Estudos Portugueses e Brasileiros que se pronunciassem sobre o seguinte:

- As perguntas são formuladas com clareza ? - Há omissões na formulação das perguntas ?

Depois de ouvidas as duas juízas uma nova versão foi apresentada.

? Aferição dos Questionários: Realização de um Estudo Piloto

Para verificar da adequação do questionário à população alvo, realizou-se um estudo piloto (Pardal e Correia, 1995). Neste, foi pedido a três alunas, de outra turma, de TLBI (apresentando respectivamente o aproveitamento de muito bom, suficiente e mau) que respondessem às perguntas dos questionários, para detectar possíveis dificuldades no que respeita à sua interpretação. Depois de analisadas as respostas, procedeu-se às

necessárias restruturações de forma a simplificar a linguagem utilizada, sendo redigidas as versões finais.

? Administração dos Questionários

Os questionários foram administrados da forma seguinte: a administração do 1º questionário, realizou-se previamente ao desenvolvimento das actividades de experimentação e a administração do 2º questionário, realizou-se posteriormente às actividades de experimentação, a fim de analisar a evolução dos alunos.

Os 1º e 2º questionários foram administrados à turma seleccionada, pela respectiva professora, durante a aula de TLBI. Foi respeitado o anonimato durante a administração dos questionários, pelo que os alunos responderam aos mesmos devido à solicitação da professora, mas sem que houvesse qualquer controle sobre os alunos que entregaram os formulários preenchidos.