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3.5 Instrumentos de coleta de dados

3.5.1 Questionários

Na construção do questionário para levantamento de dados junto aos bibliotecários foram consideradas as seguintes variáveis:

- Auto-imagem profissional do bibliotecário • valores profissionais

 percepção dos bibliotecários acerca do exercício profissional, se consideram que as atividades exigem criatividade, se são rotineiras ou desafiadoras, se a carreira é promissora, se a profissão é importante para a sociedade, os modelos profissionais.

• atitudes profissionais

 percepção dos bibliotecários acerca do exercício profissional no tocante à acomodação pessoal e da classe, os estereótipos percebidos, a postura profissional que se traduz pela atitude mais agressiva ou mais tímida

 satisfação no exercício profissional

 a influência das tecnologias de informação e comunicação, da formação profissional.

• identidade profissional

 como o bibliotecário percebe a profissão em termos de suas características, utilizando os mesmos parâmetros contidos nos itens relativos a valores ocupacionais e atitudes

 como o bibliotecário acha que a sociedade percebe essa profissão  como os bibliotecários analisam os bibliotecários e os demais

profissionais da informação.

• influência da instituição e/ou do tipo de atividade realizado na constituição da auto-imagem.

• autonomia no trabalho (se influencia a auto-imagem). • influência da Escola na construção da auto-imagem.

 imagem dos professores.

- Perfil dos profissionais • formação profissional • sexo • idade • estado civil • tempo de atuação • motivação na escolha da carreira

• forma pela qual tomou conhecimento da profissão

• tipo de instituição e atividade que desenvolve • treinamentos • pós-graduação • região de trabalho e de formação • salário.

No Anexo 1 consta a versão final utilizada para realização da pesquisa. Pelo esquema da Figura 8, abaixo, é possível identificar de que modo se pretendeu operacionalizar a pesquisa junto aos bibliotecários, na parte quantitativa.

E

Figura 8 – Esquema de pesquisa/questionário

Em junho de 2005 foi elaborada a primeira versão do questionário, dividido em duas partes. Na primeira, as perguntas formuladas, em número de 99, foram extraídas de Oliveira

Visão dos Bibliotecários

Auto-imagem profissional dos

bibliotecários

Fatores que constituem a auto-imagem Valores profissionais Prof. criativa, desafiadora, promissora Atitudes profissionais Identidade profissional Ambiente organizacional Autonomia; comprometimento Influência: Escola; Professores; Profissionais Q U E S T I O N Á R I O

(1980), Baptista (1998) e redigidas a partir das variáveis definidas para o estudo e da literatura técnica que estuda o profissional.

As perguntas extraídas do trabalho de Oliveira (1980) foram revisadas, considerando e atualizando as diferenças de época, de realidade profissional para os bibliotecários, de alterações curriculares e de geração dos bibliotecários em relação a este estudo.

Na segunda parte, foram elaboradas questões para identificação do respondente, Escola e época de ingresso e de formatura, sexo, estado civil, motivação na escolha e forma de conhecimento da carreira, entre outras.

A primeira versão foi submetida a teste para quatro bibliotecários em Brasília, sendo um recém-formado, um com 12 anos de formado e dois com mais de 20 anos de conclusão do curso, cada um deles formado em diferentes escolas, sendo um de Brasília e os demais de São Paulo, de São Carlos e de Porto Alegre. Essa distribuição visava à identificação de diferenças de visão e de possibilidade de resposta, em função de experiência no exercício profissional, realidade de mercado para iniciantes e tempo despendido na resposta. Foi solicitado que todos descrevessem as dificuldades de compreensão das perguntas, a impressão geral sobre o questionário e, por fim, que formulassem as sugestões.

Após recebimento das respostas, sugestões e críticas, as perguntas foram reagrupadas por itens específicos, por exemplo, questões que tratam do bibliotecário, da Biblioteconomia, do mercado e, por fim, da formação profissional, o número de questões foi diminuído para 61, mantendo-se a segunda parte praticamente inalterada.

Esse novo instrumento foi submetido a um estatístico que reviu os itens de pesquisa e sugeriu alterações na formulação de algumas perguntas, desdobrou algumas questões, propôs alterações dos itens de identificação que foram rearrajados e sua apresentação foi modificada para facilitar a resposta, melhorar a visualização dos itens e diminuir espaços. Este instrumento constou de 64 questões.

Embora a realidade tecnológica e o suporte teórico e metodológico já disponível permitam a aplicação de questionários utilizando a Internet, seja pelo envio de mensagens eletrônicas com arquivo anexado ou mesmo a colocação do instrumento como página, controlando o acesso por senhas ou identificação dos protocolos das máquinas para evitar duplicação de respostas, a seleção da forma de aplicação dependia totalmente dos cadastros de bibliotecários disponíveis nos Conselhos Regionais de Biblioteconomia dos Estados selecionados para a pesquisa, sendo que a maioria somente facultou o acesso aos endereços de correio tradicional.

O pré-teste do questionário foi efetuado com bibliotecários cadastrados no Conselho Regional de Biblioteconomia 1ª Região, no Estado de Goiás, pela maior facilidade de contato e pelo fato de este Estado responder às delimitações definidas para a pesquisa. O envio do questionário para o pré-teste foi feito, então, por meio de correio tradicional,

contendo o questionário e um envelope pré-selado e endereçado para facilitar a devolução, uma vez que o cadastro do CRB 1 é fornecido somente em formato de etiquetas auto- adesivas, sem inclusão de endereço eletrônico.

O total de bibliotecários cadastrados no estado de Goiás era de 188 profissionais. Entretanto, na fase do pré-teste, foram excluídos os que moravam no entorno do Distrito Federal, pois provavelmente teriam estudado e trabalhariam no Distrito Federal. Foram, então, encaminhados 40 questionários, entre 16 e 29/9/2005 e, até 17/11/2005, retornaram 12. Desses 12, dois pediram e responderam o questionário pelo correio eletrônico. Até dezembro foram recebidos mais quatro questionários, além de dois devolvidos pelo correio por mudança de endereço dos destinatários, totalizando 16 questionários, correspondentes a 40%, que validaram o instrumento.

Pela análise das respostas formuladas percebeu-se que não havias dúvidas quanto ao conteúdo das perguntas e decidiu-se que os demais bibliotecários do Estado seriam convidados a participar, não mais como pré-teste, utilizando também o questionário pela

Internet, desenvolvido com a finalidade de ampliar as chances e facilitar as respostas pelos

sujeitos da pesquisa.

Após o exame de qualificação, ocorrido em setembro de 2006, e em função de sugestões da Banca Examinadora, o questionário foi revisto para inserção de perguntas abertas, que possibilitassem a obtenção de dados e informações que a literatura e as fontes utilizadas para a elaboração do instrumento não tivessem previsto. Em função disso, foi reduzido o número de perguntas fechadas, as partes foram identificadas pelos assuntos cobertos e perguntas abertas foram incluídas, relacionadas a cada dimensão específica que se pretendeu abordar – Parte A Bibliotecários, Parte B Biblioteconomia, Parte C Mercado de trabalho e tecnologias de informação e comunicação e Parte D Formação Profissional, mantendo-se as perguntas da Parte 2 do questionário inalteradas.

Também esse instrumento foi submetido a pré-teste com bibliotecários de Brasília, em outubro de 2006, foi constatado que não havia dúvidas quanto aos itens formulados e apenas feita uma correção de redação das perguntas abertas na formulação final (Anexo I).

Paralelamente a esse trabalho de elaboração e teste do questionário, foram contatados os Conselhos Regionais de Biblioteconomia – CRB solicitando primeiramente o número de bibliotecários cadastrados em atividade. Em novembro de 2005, após a seleção dos Estados que comporiam a amostra, foram enviadas correspondências solicitando os cadastros dos bibliotecários em atividades dos seguintes CRB:

- CRB 1 – Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul - CRB 3 – Ceará e Piauí

- CRB 5 – Bahia, Sergipe - CRB 6 – Minas Gerais

- CRB 8 – São Paulo - CRB 9 – Paraná

- CRB 11 – Amazônia, Acre, Roraima, Rondônia - CRB 14 – Santa Catarina

Os CRB 1 e 3 forneceram os cadastros, sendo o CRB 1, por etiquetas auto-adesivas e o CRB 3 em arquivo eletrônico sem formatação.

Em 4/5/2006, entretanto, diante do baixo índice de resposta dos CRB e considerando que 2005 foi ano de mudança de gestão nos Conselhos, foi enviada nova correspondência (Anexo V), dessa vez para todos os Conselhos, explicando os objetivos da pesquisa, a disposição em ressarcir os Conselhos em seus potenciais gastos para fornecimento dos cadastros e reiterando o compromisso de utilização dos dados apenas para fins de pesquisa. Considerando o quanto é sensível o fornecimento de dados pessoais de terceiros, essas cartas foram enviadas por correio tradicional em papel com timbre da Universidade de Brasília e assinadas pela Profª Orientadora, Drª Sofia Galvão Baptista.

Até o final de maio de 2006 foram recebidos os cadastros dos Conselhos 5 - Bahia e Sergipe e 14 – Santa Catarina. O CRB 8 – São Paulo entrou em contato e se ofereceu para mediar a pesquisa, sem fornecer os cadastros, o que foi aceito. Em 19/7/2006 o CRB 12 – Espírito Santo enviou seu cadastro.

Em relação aos demais Conselhos, foram tentados outros meios de contato e acesso aos dados em março de 2007, por intermédio do Conselho Federal de Biblioteconomia, para obtenção de mais três cadastros, referentes aos Conselhos Regionais de Biblioteconomia 6 (Minas Gerais), 9 (Paraná) e 11 (Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia), sem sucesso.

Como era importante manter a proposição de verificar se havia diferenças significativas de constituição da auto-imagem profissional dos bibliotecários nas diferentes regiões do país e diante das dificuldades de obtenção de dados, com a Região Norte não enviou os cadastros, os estados do Piauí, Sergipe e Espírito Santo foram incluídos na pesquisa, mesmo quando não respondiam às delimitações inicialmente formuladas, assim como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Para facilitar o trabalho de coleta e tabulação de dados, além de testar outro meio de pesquisa, foram contratados dois estudantes de ciência da computação para fazer a programação do questionário para colocação na Internet, pois poderia ser mais provável que as pessoas se dispusessem a responder por essa forma, já que é mais fácil e não exige nenhum deslocamento. Para essa finalidade, foi gerada uma lista de senhas para impedir que uma mesma pessoa respondesse várias vezes ao questionário e, também, para bloquear o acesso ao questionário após salvamento, por questões relacionadas com segurança.

Esse questionário ficou hospedado na página do Departamento de Ciência da Informação e Documentação – CID da Universidade de Brasília, o que foi importante para que os respondentes se sentissem mais seguros de que se tratava de uma pesquisa acadêmica formalmente vinculada à Universidade. Esses cuidados são relevantes especialmente em meio digital, já que as fraudes eletrônicas são uma realidade e assustam, com razão, pelas possibilidades de invasão de privacidade ou outros problemas decorrentes de acessos indevidos aos equipamentos e sistemas.

O questionário foi mantido na página do Departamento por nove meses (de março até o final do mês de setembro de 2007) e os dados das respostas, gerados de forma automática, foram importados para o SPSS – Statistical Package for the Social Sciences onde foram tabulados juntamente com os dados obtidos dos questionários enviados em papel, ou formulários eletrônicos (questionário como anexo de mensagem) permitindo, assim, efetuar a apuração dos dados.

Em função do volume de material distribuído, os questionários e os envelopes foram confeccionados em gráfica, para tornar mais ágeis os procedimentos de identificação, especialmente nos envelopes de envio e de retorno.

Em pesquisas cujo instrumento de coleta de dados é o questionário de resposta voluntária fica descaracterizada a qualidade de aleatoriedade da amostra, não permitindo a extrapolação dos resultados. Por esse motivo, buscou-se aumentar o número de participantes oferecendo várias opções de resposta (questionário impresso, questionário como arquivo anexado a mensagens eletrônicas e questionário disponível na Internet), de forma a ampliar a representatividade.