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A população do estudo foi integrada por alunos do 1º e 2º anos

de

cursos de Pedagogia de instituições de educação superior do DF. Foram considerados alunos bolsistas e também não bolsistas de instituições privadas e da UnB. Foi feita uma amostragem não probabilística, mediante o denominado survey por saturação. Nesse caso, procura-se encontrar todos os respondentes desejados. Na prática, é suficiente alcançar uma elevada proporção deles. Foi esta a técnica utilizada em uma pesquisa coordenada por Velloso para aplicar questionários em egressos de mestrados de doutorados titulados nos anos 90, em diversas áreas do conhecimento. Aquela pesquisa teve entre os seus objetivos analisar o perfil dos egressos da pós-graduação, bem como sua inserção profissional. Os dados obtidos não tiveram caráter propriamente representativo, com informações de natureza mais ilustrativa. Naquela pesquisa não foi extraída uma amostra de todos os mestres e doutores titulados nas áreas e período estudados, buscando-se uma seleção que, reduzindo custos, pudesse oferecer traços sugestivos de características, trajetórias e percepções dos titulados (Velloso, 2005). Dessa forma, foi realizada uma combinação de amostras e universos. Nos universos menores foram aplicados questionários a todos os egressos que puderam ser localizados. Nos universos de maior porte foram feitas amostras. Seguindo essa combinação, foram aplicados questionários a 2/3 dos mestres e 77% dos doutores. Na presente pesquisa foram aplicados questionários a todos os calouros de Pedagogia que puderem ser encontrados nas IES escolhidas.

A opção por se trabalhar apenas com um curso se deu devido às limitações de recursos para realizar o estudo. A escolha pelo curso de Pedagogia justifica-se por diversos

fatores, relacionados às dificuldades a serem enfrentadas no trabalho de campo: (i) Pedagogia é um curso ofertado por um grande número de IES particulares, permitindo escolher diferentes tipos de IES ilustrativos dos tipos de organização acadêmica: faculdade, centro universitário e universidade, por exemplo; (ii) o acesso a um curso das Humanidades para a aplicação de questionário (autorização por parte do coordenador do curso; permissão para aplicar o questionário em sala de aula, por parte do professor da disciplina) costuma ser mais fácil do que o acesso a um curso das Exatas/Tecnológicas ou da Saúde, pois docentes das Humanidades estão mais habituados a pesquisas empíricas envolvendo alunos; além disso, a facilidade de acesso deveria ser maior no caso de curso de Pedagogia, da mesma área do mestrado no qual a pesquisa é realizada8; (iii) os alunos da Pedagogia

provavelmente teriam maior disponibilidade para responder a questionários que os de outros cursos das Humanidades, pois são formados para uma profissão que envolveria forte compromisso social e, além disso, a pesquisa está sendo feita por uma mestranda da mesma área de formação.

Dentre os alunos de Pedagogia, foi feita a opção de realizar a pesquisa com alunos do 1º e 2º anos do curso de Pedagogia. Este grupo envolve estudantes em momentos diferentes da formação, possibilitando uma apuração de diversificadas percepções. Nos extremos destes sujeitos pesquisados existem dois grupos com características bem diferenciadas, as quais considerou-se, neste trabalho, que poderiam fornecer diferentes percepções acerca do tema pesquisado: os calouros e os estudantes do 4º semestre. Entre os calouros existe um grupo de estudantes recém-egressos do ensino médio e que, por isso, estão mais próximos às questões sobre o ingresso na educação superior, em geral, tendo opiniões baseadas em experiências próprias e no senso comum. Os estudantes do 4º semestre, com metade ou mais da metade do curso realizado, poderiam ter um olhar mais crítico sobre a democratização da educação superior, inclusive com embasamento teórico.

O questionário teve como objetivo captar percepções de alunos acerca do ProUni e para tanto utilizou questões com alternativas de resposta fechadas. Entre outros quesitos, o questionário continha enunciados a respeito do ProUni para que saber a opinião dos alunos sobre o programa. As respostas a essas perguntas foram apresentadas sob a forma de uma

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Segundo relato do professor Jacques Velloso a partir de sua prática de vários anos com alunos da graduação, na disciplina “Pesquisa em Educação”, os quais todos os semestres, como parte dos trabalhos da disciplina, aplicaram questionários a alunos de diversos cursos de diferentes áreas de conhecimento na UnB.

escala de tipo Likert (Gil, 2007). A opinião é entendida como um julgamento ou crença em relação ao ProUni e implica uma representação consciente e estática, podendo ser expressas verbalmente. A opinião difere da atitude, sendo que essa última pode ser considerada como uma disposição interior, referindo-se ao que o indivíduo julga ou sente, enquanto a opinião é a expressão deste estado interior (Gil, 2007; Henkel e Almeida, 2003). Foram utilizados dois modelos de questionário, sendo um modelo para os alunos bolsistas do programa e outro para os não bolsistas. O questionário para alunos de IES privadas e outro para alunos da UnB encontra-se anexo ao trabalho.

As IES foram selecionadas de acordo com os seguintes critérios: organização acadêmica, ano de criação, localização geográfica e oferta de bolsas ProUni para o curso de Pedagogia, buscando-se abranger uma ampla diversidade de IES. Foram selecionadas duas IES de reserva para cada IES escolhida, a fim de que estas pudessem ser substituídas, caso nelas não fosse possível realizar a pesquisa. Quase todas as IES-reservas foram utilizadas na pesquisa, considerando que não foi possível o acesso a muitas das instituições selecionadas. As instituições inicialmente selecionadas para a pesquisa estão no quadro 1.

No entanto, em muitas dessas instituições não foi possível a aplicação dos questionários, por diferentes motivos. Para todas as IES titulares foi solicitada autorização para realizar a pesquisa com os estudantes. A solicitação foi dirigida ao coordenador do curso de Pedagogia, exceto na UnB. Em algumas das IES, o coordenador dependia de autorização de cargos superiores, como coordenador acadêmico ou até o diretor da faculdade. Em duas instituições titulares com ProUni, ambas faculdades isoladas, o dirigente máximo da instituição não permitiu a aplicação dos questionários. Um deles alegou que a IES estava passando por algumas modificações em sua gestão e que não era um momento adequado para a realização do trabalho. Na outra, a resposta obtida foi que as diretrizes da instituição não permitiam nenhum tipo de pesquisa com seus alunos. Em outra instituição titular, não havia sido formada turma para o primeiro semestre, não existindo, assim, calouros na instituição. Em outra faculdade isolada, a proibição foi feita pelo coordenador do curso de Pedagogia. Este alegou que estava iniciando no cargo de coordenador e que não gostaria de fazer intervenções nas aulas, pois isso ia contra algumas das orientações que ele havia dado aos professores sobre o cumprimento de toda a carga horária das disciplinas. Com a exclusão dessas quatro instituições titulares com ProUni, quatro IES reservas tornaram-se titulares. Dessas novas titulares, a aplicação dos questionários só não foi realizada em uma delas. Nesta, o coordenador respondeu à solicitação para a autorização

da realização da pesquisa dizendo que dependia de autorização de seu superior. No entanto, a resposta deste último não foi dada. Assim, restou apenas uma IES reserva com ProUni, mas como nesta havia sido aplicado o pré-teste optou-se por não utilizá-la na aplicação dos questionários.

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