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Rádio comunitária “Nova Diadema”

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CAPÍTULO 2 OS CONTEXTOS JURÍDICO E POLÍTICO QUE MOTIVARAM A

4. Análise do papel das rádios comunitárias no Brasil pelas ações participativas de

1.2 Rádio comunitária “Nova Diadema”

Eles não querem ouvir quem está longe deles. Esse é o medo das grandes rádios. O povo quer seu representante, o seu locutor. Por isso nós fazemos rádio para a nossa comunidade. (José Antonio Fernandes, coordenador da rádio comunitária “Nova Diadema FM”)

A “Nova Diadema” está localizada na Avenida Dom João VI, 225, sala 08, no bairro Canhema, em Diadema. Fica sediada em edifício de um único andar, entre estabelecimentos comerciais, com acesso via escadaria, por uma estreita porta. A emissora está, aproximadamente, a 20 km de distância da rádio comunitária “Navegantes”. A estação possui dois estúdios, em 40 m² (contanto com sala de visita e cozinha. Sanitários são coletivos no prédio). Os equipamentos e os revestimentos dos estúdios são modernos, e a emissora revela aspecto de limpeza e organização. Conserva também uma aparência caseira. Um dos estúdios abriga os microfones num conjunto de mesa redonda de cozinha, e uma toalha de plástico cobre a mesa (imitação do tecido chitão) com estampa típica nordestina. A decoração chama a atenção, causando a impressão de ingresso numa residência simples e aconchegante. A informalidade na recepção é semelhante à das demais emissoras comunitárias da região do ABCD assim como a simpatia e a receptividade ao ambiente da rádio, que possui documento de autorização de funcionamento emitido pela Secretaria de Serviços de Estação de Radiodifusão Comunitária, do Ministério das Comunicações, datado em 08/10/ 2010, na gestão do ministro das Comunicações Hélio Costa. Com orgulho, o coordenador da

“Nova Diadema”, José Antonio Fernandes, resume parte do histórico e do trabalho de “sua” emissora:

A outorga da emissora foi emitida em outubro de 2010. Estamos em uma região densa. Dentro de um raio de cinco quilômetros, falamos para oitocentas a um milhão de pessoas. Sem contar celular e internet. Temos ouvintes até do Japão, Estados Unidos, do Nordeste do país. Ficamos no ar das 6h à meia- noite (José Antonio Fernandes)57

José Antonio Fernandes é também professor de artes cênicas, tem 58 anos, e apresenta- se pelo apelido de “Peninha”. Formado em História, nascido na cidade de Teófilo Otoni, no estado de Minas Gerais, Peninha transferiu-se para Diadema aos cinco anos de idade. Engajado em movimentos políticos, no ano de 1999 foi eleito vereador em Diadema e passou a atuar em defesa da radiodifusão comunitária e iniciou o projeto da “Nova Diadema”, em 1999. Ela funcionava sem autorização do Ministério das Comunicações, até pelo fato de a legislação destinada às emissoras comunitárias vigorar somente a partir de 1998 (Lei 9.612/98):

Em Brasília, briguei no congresso ao lado do deputado federal Arnaldo Faria de Sá [deputado Federal, PTB, SP], para melhorar a potência das rádios comunitárias. Quem estava pilotando um projeto de defesa das rádios comunitárias também era o deputado federal Fernando Ferro58, de

Pernambuco. Mas, nessa luta com o Ministério das Comunicações, só se conseguiu a potência de 25 watts para as comunitárias. Diante desse resultado, eu disse que essa potência não iria contemplar a região metropolitana. Ele virou para mim e falou: “Olha, não compensa para vocês, mas para mim, em Pernambuco compensa”. Naquele estado, com vinte e cinco watts, se chega a 100km, mas aqui em Diadema não. Temos muitas interferências. Resultado: era isso ou nada. Então acabamos concordando com essa potência (José Antonio Fernandes).59

57Os contatos com o radialista José Antônio Fernandes, o Peninha [não é o político do PV

paulista], para a realização desta pesquisa ocorreram em 26/01/2015, via telefone e no dia 28/01/2015 presencialmente. A checagem e outras atualizações foram efetuadas para oficialização de descrições no presente texto a partir do dia 20/12/2015.

58 Fernando Ferro Isenta as rádios comunitárias da cobrança de direitos autorais sobre a música

popular brasileira (MPB). Disponível em: http://amarcbrasil.org/wp. Acessado em 01/07/2015.

Apesar da mencionada luta pela defesa da melhoria de potência entre as rádios comunitárias, Peninha revela que enfrentou conflitos com a “Navegantes”, na ocasião da instalação da “Nova Diadema”:

A autorização para a “Nova Diadema” saiu no ano de 2010. Quando instalei o transmissor, não conseguíamos chegar à rua por causa da nossa baixa potência. Aí houve conflito com a “Navegantes”, que tinha mais potência. Assim, enviei para a ANATEL uma notificação, de acordo com a lei, para defender o nosso espaço. Ou a “Navegantes” baixava a rotação deles ou eu seria obrigado a denunciá-los. Me ligaram de lá (da “Navegantes”) dizendo que tinham mais direito, pois era uma rádio oficial. Então eu respondi que não, pois toda rádio é oficial. Eles [da “Navegantes”] ficaram com raiva de mim e a ANATEL foi para cima. Ficaram bravos comigo, mas notifiquei (José Antonio Fernandes).60

Radialista, locutor da rádio comunitária “ Nova Diadema”, em Diadema, num dos estúdios da emissora

Foto: Pedro Serico Vaz Filho

Integrantes da equipe de esportes da “Nova Diadema”, Antonio Viana e Almir Afonso.Motivos de Natal na decoração do estúdio da emissora

Fonte: rádio “Nova Diadema”

Licença de funcionamento da rádio comunitária “Nova Diadema”, emitida pela Secretaria de Serviços de Estação de Radiodifusão Comunitária, do Ministério das Comunicações, datada de 08/10/2010

À esquerda, o corredor de entrada da rádio comunitária” Nova Diadema”; na foto central, o coordenador Peninha, na porta de entrada da emissora. Na foto à direita, a antena da estação sobre o prédio sede da rádio

Em cinco anos na gestão da rádio “Nova Diadema”, Peninha comemora a audiência, através do controle que realiza pela participação dos ouvintes.

Colocamos o aplicativo da rádio primeiro que a “Jovem Pan”. Tenho um nicho de ouvintes que as grandes rádios não atingirão. Eu atinjo aqui um raio de quatro quilômetros com um grupo de ouvintes, que nem a “Pan” nem a “Bandeirantes” vão me tirar. Eles querem ouvir o Peninha, a nossa programação. Eles não querem ouvir quem está longe deles. Esse é o medo das grandes rádios. O povo quer seu representante, o seu locutor. Por isso nós fazemos rádio para a nossa comunidade. Fizemos uma festa de cinco anos de aniversário da rádio e conseguimos 300 pagantes. Foi na paróquia da Igreja São Paulo Apóstolo, debaixo de chuva. Serve para ajudar a comprar um microfone e uma coisinha aqui, pois coloquei tudo do meu bolso. A sala é minha, pago condomínio, mas paguei a reforma. As coisas miúdas como limpeza, o pessoal daqui ajuda. Coisa grande eu compro, do meu bolso. Aniversário, casamento, anunciamos como tem que ser uma rádio comunitária. E mantemos as campanhas do governo: da AIDS, do aposentado etc. Não ganhamos nada, mas acho que se deve fazer isso. As grandes emissoras não fazem a parte delas (José Antonio Fernandes).61

O radialista não poupa críticas à legislação das rádios comunitárias e ao governo, que impede a ampliação do sinal de alcance, e mostra-se revoltado e sem esperanças para a melhoria das estações comunitárias de todo o país:

Consigo chegar para um público de oitocentas mil pessoas. Tenho de trabalhar com vinte e cinco watts. Não posso ter nem vinte e quatro nem vinte e seis

watts, se não a ANATEL vem e multa. Se tiver uma variação do transmissor

das rádios comunitárias, nós estamos sujeitos a multas violentíssimas. Olha a perseguição! Se nós tivermos 1% abaixo da variação normal do transmissor, somos penalizados. As leis são feitas para fecharem as rádios comunitárias. Não podemos ter anúncios e sim apoios culturais. O filé mignon hoje são os anúncios. Isso não temos. Só vamos sobreviver quando as grandes redes varejistas acharem as rádios comunitárias. Hoje, se colocarmos preços, somos penalizados. Quando mudar, começaremos a andar com as próprias pernas, sem precisar de ajuda de ninguém, nem do governo. A gente fez pesquisas, ao longo desse Brasil, e o governo, através de Franklin Martins, foi um desastre. Ele veio de uma origem socialista e só pensa para dentro do PT e não percebe o mal que ele fez pelas rádios comunitárias. Dentro dessa linha de raciocínio, o governo disponibiliza milhões e milhões de reais para as agências reproduzirem o pensamento do governo. Seja na área da saúde, como a

dengue. Eles pagam alguma rádio de amigos com dinheiro do governo e para as rádios comunitárias, que é onde está o problema do governo, já que as pessoas menos esclarecidas estão na

comunidade, nada. Já tentei, mas não consegui. Fico irritado, pois eles gastam milhões em campanhas e enviam para gente veicular de graça. É um absurdo (José Antonio Fernandes).62

A indignação de Peninha soma-se aos demais radialistas da região. Sua fala é carregada de emoção com os olhos a lacrimejar, quando menciona descasos para com a radiodifusão comunitária. A paixão pela emissora também é sentida a cada passo dele na sede da emissora. A proatividade com os colegas também é visível, assim como o bom humor e o clima de harmonia interno que ele proporciona. Peninha mostra-se incansável e orgulhoso da atividade radiofônica que exerce. Revela profissionalismo e, assim, extrema preocupação com os conteúdos da programação que coordena. A variação do semblante risonho para a demonstração de irritação, porém, é imediata quando reflete sobre as ações do governo para as rádios comunitárias:

No episódio da crise hídrica, Dilma Pena [presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, SABESP, no período de 2011/2015], disse numa entrevista: “Não adianta gastar milhões com grandes rádios sendo que não investem em rádios comunitárias. O governo de São Paulo tem em mãos as rádios comunitárias e não sabe trabalhar. O governo Alckmin [Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, governador do Estado de São Paulo, com dois mandados no mencionado cargo. O primeiro mandado com eleição no ano de 2010 e o segundo, com reeleição no ano de 2014] gasta milhões investindo em propaganda na “Rede Globo” para economizarem água, com fulano, e nós estamos aqui, com migalhas. Somos os pombos. Todo mundo acha importante rádio comunitária, mas ninguém quer nos ajudar. Acham que temos doenças nocivas. Com uma migalha ajudaria o pombo, mas nem isso. Eles querem matar o pombo (José Antonio Fernandes).63

Observador incansável de todos os assuntos relacionados à radiodifusão, Peninha acompanha diariamente os expedientes do Ministério das Comunicações. Existia por parte dele e dos demais radialistas comunitários ouvidos nesta pesquisa uma expectativa em relação às últimas quatro gestões (incluindo a presente) do governo federal. Todos os

62 Entrevista concedida a este autor, em 28/01/2015. 63 Entrevista concedida a este autor, em 28/01/2015.

radialistas ouvidos revelavam uma esperança nesse sentido e, mesmo diante de dificuldades que relatam, ainda esperam uma melhora para a comunicação comunitária radiofônica. Os radialistas da região do ABCD Paulista se reúnem eventualmente, a fim de discutir assuntos relacionados ao futuro de suas emissoras. Peninha é um dos nomes que representa a indignação dos colegas:

A gente veio da luta desde quando as rádios não eram oficiais. Sempre defendemos no máximo 50 watts. Era um sonho que a gente tinha desde que o primeiro transmissor foi feito na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Uma das primeiras rádios a serem transmitidas foi em Mauá, no meio da favela do bairro Zaíra, em 1994. Desde 1995, Diadema sempre esteve engajada, quando fizemos nosso primeiro encontro com o já falecido Camarão, um tenente aposentado da polícia. Ele era proprietário da rádio “Navegantes”. O primeiro encontro realizado foi na Câmara Municipal. Em 1996, foi colocada a primeira rádio no ar, chamada “MIC: música, informação e cultura”. Muitas denúncias eram feitas, toda hora vinha polícia para fechar as rádios. Chamávamos a comunidade para conversar com a própria polícia. Eles viam que fazíamos um trabalho de comunidade mesmo. Ninguém fazia nada parecido: procurávamos ajuda de cesta básica, fazíamos campanha do agasalho e de alimentos. Em três oportunidades que a Polícia Federal compareceu, não tiveram coragem de fechar. No ano 2000, houve campanha para prefeitura de São Paulo e minha mãe, dona Nair, hoje na cadeira de rodas, cuidava da rádio. O Paulo Maluf queria fazer campanha nas rádios, pagando. Minha mãe falou assim: “A gente não gosta dele, e rádio comunitária não é para fazer política”. Conclusão: Acabou a eleição e veio um pessoal da Federal do Mato Grosso para fechar a rádio por questões políticas. Não porque nós fizemos, mas porque não deixamos o Maluf falar no ar. Ele ficou muito bravo. A geração X, da qual fiz parte, é mais conservadora, mais rígida. Adorei ser educado dessa maneira. Tinha questões morais. Do pai que não foi à escola e queria que você estudasse. Hoje a sociedade mudou, e a mídia destaca. Não sabem o que é moral. A eleição do Lula foi histórica. Eu vendia cachorro quente para comprar material para fazer a campanha dele. Queríamos a mudança, e o cara que perdeu o dedo seria a solução. Tenho foto com ele, mas tenho vergonha. Decepcionou. Também tenho foto com o Itamar Franco e não vejo problema nenhum, pois ele era um cara sério. Não estou pedindo para ninguém ser anjo, mas não precisa ser demônio. Entraram de cabeça e enriqueceram, esquecendo o país. E não adianta mudar de governo. A discussão é democratizar a comunicação no Brasil. Os únicos que têm voz hoje falam através das rádios comunitárias. O restante é massa de manobra. Esperávamos um avanço que o Lula não conseguiu, e a Dilma não avançou (José Antonio Fernandes).64

A militância de Peninha a favor das rádios comunitárias avança a cada dia. O radialista tem o prazer da fala no ar, ao vivo na programação e fora dela. Pregador de direitos e deveres, ele mostra-se bem informado, articulado e apresenta as ideias num formato organizado, didático,

com ênfase e demonstração de propriedade de conteúdos sobre o que de fato considera desigual. Além das comunitárias, analisa o histórico das emissoras comerciais e faz os comparativos:

É um grande monopólio das grandes rádios desde a época de Getúlio Vargas. Não mudou nada. No ano passado, teve uma audiência pública, ministrada pelo professor José Carlos Rocha [presidente do Fórum Democracia na Comunicação, FDC], que está gravada no canal 2, com os promotores federais. Um cara da ANATEL foi enquadrado. Falei tanta verdade e mesmo com tanta prepotência, ele saiu como um cordeirinho, pedindo desculpa, quase chorando. Um rapaz de Campinas o desmascarou também. No debate, concluímos que até hoje estamos na ditadura e quem permanece no ar são os amigos do rei. São os grandes, os conglomerados da comunicação que dominam esse país. Em 2013, fomos a Belo Horizonte num encontro com outras rádios comunitárias do Brasil. Só de São Paulo foi um ônibus com mais de 40 pessoas. Esteve também o deputado Arnaldo Faria de Sá. Fizemos um enterro do ministro das comunicações. Ele só esteve a serviço das grandes rádios. Incoerentemente, o PT fica fazendo essa discussão. Está tão ruim que é um dos mais atrasados, lá no Ministério das Comunicações em Brasília. O pessoal do Hélio Costa [jornalista, político, foi ministro das Comunicações no Brasil, no período de 2005 a 2010], do PMDB, por mais atrasado, foi o mais adiantado. Eles têm muitos interesses, pois Sarney, Renan Calheiros, todos são donos de rádios e TVs. Mesmo assim, foi o menos pior. Para nós, o melhor ministro das comunicações foi o jornalista carioca do PDT Miro Teixeira. O desastre maior foi o Paulo Bernardo [Ministro das Comunicações], que impôs uma lei em que as rádios comunitárias poderiam ser invadidas por qualquer pessoa. Ele chegou ao absurdo de fechar uma rádio comunitária numa região por expandir mil metros, como se pudéssemos controlar as ondas da FM. Maldosamente ele estava a serviço de grandes rádios e conseguiu fechar alguma delas (José Antonio Fernandes).65

Sobre o rumo das rádios comunitárias no Brasil, Peninha expressa sentimentos numa fusão ao mesmo tempo de esperança e desolação. Estimula a participação e a promoção da cidadania a todo tempo, dentro e fora da “Nova Diadema”. Recebe alunos de faculdades e ouvintes para quem, por uma abordagem missionária, passa as ideias e as

referências que possui sobre a comunicação popular. O radialista – que esperava mais do atual governo – reenfatiza:

Sofremos muito nesses últimos quatro anos com o senhor Paulo Bernardo. As rádios comunitárias estão fechando, pois não temos recursos. Existe uma falsa democracia no Brasil. Os direitos são para quem está no poder criando um sistema danoso para a democracia. Se a Dilma não tivesse feito tanta besteira, como fez no primeiro mandato, estaria forte. É um bando de parasitas no congresso, salvo algumas exceções, que só pensam no poder, não pensam no país. Querem o poder a qualquer custo e, quando conseguem, querem perpetuar no poder. A maioria das pessoas não acredita nos políticos. Hoje, nem sabem quem colocam no poder. Um sistema fraudulento de eleição. Se tirassem essas porcarias do governo, andaria do mesmo jeito. Estão apavorados, não sabem o que fazer com as redes sociais. Em todos os lados contratam equipes para ficar torpedeando a internet, mas não têm controle, nem com o marco civil, pois a internet é livre. Estamos há 30 anos buscando direitos e não estamos conseguindo (José Antonio Fernandes).66

Na “Nova Diadema”, Peninha conta com um parceiro que chama de “braço direito”, o Almir Gomes da Silva67, de 67 anos, nascido em Vitória da Conquista, na Bahia. Ele é

locutor da emissora, auxiliou na montagem da rádio há cinco anos, e dedica-se principalmente à apresentação musical da programação. É também cantor de música sertaneja. O gosto musical e a abordagem espontânea na apresentação vêm da origem pobre como trabalhador roceiro no sertão baiano. Deixou a terra natal ainda na juventude em busca de trabalho em São Paulo. Prestou serviços em padarias, em empresas de bateria e pilhas de rádio. Foi ajudante geral e depois se tornou técnico de segurança e manutenção em empresas de Diadema até aposentar-se. Acompanhou os movimentos grevistas da região e declara: “Não gosto de greve e, quando meus colegas faziam, eu caía fora. E não gosto do Lula e nunca gostei.68 A afinidade com o colega e amigo Peninha é notória, pela

organização da rádio e pelas ideias:

A rádio comunitária merece ajuda do governo, pois não temos condições de sustentar a emissora. Aqui, todas as despesas saem do bolso do Peninha. Precisamos de ajuda, mas do governo. Aqui sou o diretor técnico e de produção e também sou jornalista amador. Faço a programação das 18h às

66 Entrevista concedida a este autor, em 28/01/2015.

67Os contatos com o radialista Almir Gomes da Silva, da rádio “Nova Diadema FM”, para a

realização desta pesquisa ocorreram em 26/01/2015, via telefone e posteriormente em 10/02/2015 presencialmente. A checagem e outras atualizações foram efetuadas para oficialização de descrições no presente texto a partir do dia 20/12/2015.

21h. Começo com a “Hora da Ave Maria”, que tem uma audiência incrível, com mais de 120 nomes. Em seguida, tem a hora do samba ou dos visitantes. Depois da “A Voz do Brasil”, começa a noite sertaneja, que vai até às 23h. Os ouvintes ligam muito, recebo dezenas de ligações pedindo músicas. As mais pedidas são as sertanejas de raiz. Tocamos também vários outros estilos: forró, brega, MPB, sertanejo universitário. Inclusive nossa banda. Eu não tenho estudo, mas não me troco por quem tem duas faculdades, porque a atividade e a inteligência da pessoa vêm de Deus. Às vezes, o cara tem condições de estudar, mas não tem o dom de atividade artística ou de fazer reportagens para o povo. Vejo caras da “Gazeta”, “Record” e “Cultura” narrando jogo e fico até com vergonha. Sinto que faço melhor que eles, só me faltam oportunidades. Tem ouvintes que pedem para eu ficar no ar durante a noite inteira, porque, segundo eles, quando saio do ar, eles ficam tristes. Mas tenho de dormir também. Tenho amor por essa rádio igual ao dono, tenho ciúmes, cuido bem, limpo, desinfeto com álcool. Recebo artistas, recebi o ex- prefeito, recebi o coronel da polícia militar, Caju e Castanha. Já não gostava de política e cada dia que passa fica pior, mas se vir aqui, recebo de braços abertos, igual recebi você (Almir Gomes da Silva).69

A “Nova Diadema” conta com o site nova diademafm.com.br, e com, o Facebook, https://www.facebook.com/radionovadiadema/. A atualização é constante. Um dos destaques no Facebook é a programação de esportes da emissora, que tem parceria com o Sistema de Transmissão Integrada STI nas transmissões de jogos, como os times da

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