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ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

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Daniele Suyane Oliveira2

INTRODUÇÃO

O

breu cala, emudece a arte. No breu não há escrita, nem leitura, não há fotografia nem cinema, nem ator em cena ou espectador encantado. O breu não comunica, não há comuni- cação no breu. A comunicação carece de luz, e hoje, não vive mais sem seus poderes incomparáveis como a velocidade de 300.000 km/s que transporta uma informação precisa, com todas as suas complexidades, numa composição multivariável de formas, sons, textos e cores.

Luminosidade que fez ascender o século XX, ventre fértil para o surgimento de tecnologias pensadas, até então, somente em histórias de ficção científica. Um clarão em inovações con- vergiu para a criação de estruturas e suportes comunicacionais capazes não só de tirar do desenho animado da família Jetsons o

1 Artigo apresentado como requisito de avaliação da disciplina Estudos da Mídia e Práticas Sociais, ministrada pelo professor Dr. Sebastião Guilherme Albano, no Programa de Pós Graduação em Estudas da Mídia (PPGEM), Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.

2 Graduada em Jornalismo pela UNP, com especialização em Assessoria de Comunicação pela UNP e mestranda em Estudos da Mídia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Contato:danioliveira.jor@gmail. com

aparelho de telecomunicação com imagem em tempo real, como também de transformar o mundo por meio das novas relações sociais, econômicas, familiares, corporativas, institucionais, e tantas outras.

Cada vez mais, a informação viaja à velocidade da luz, como dígitos binários digitalizados, que são simbólicos 1s e 0s representativos de qualquer com- binação de informação em voz, vídeo, ou imprensa. Um cabo de fibra óptica pode transmitir um sinal através dos Estados Unidos em 30 milissegundos. Os computadores e as redes que se conectam com- partilham de um módulo eletrônico em comum – o chip semicondutor. (DIZARD, 1998, p.83)

Em A Nova Mídia (1998), obra escrita pelo professor e consultor em política de informação Wilson Dizard Jr., percebe- mos a força na indicação do quanto a tecnologia acolhe e utiliza a comunicação como propagador de si mesmo. Certeiramente nesta equação as duas pontas somam em resultados e disparam em avanços incalculáveis. No livro, o autor considera que o uso da fibra óptica nas tecnologias, e consequentemente na comuni- cação, tornou-se a grande chave para as transformações revolu- cionárias vividas, neste sentido, pelo homem.

Os circuitos de fibra podem transmitir informações na forma óptica (isto é, em ondas luminosas) atra- vés de um fio de silício tão fino quanto um fio de cabelo humano. Os cabos de fibra óptica têm enor- mes capacidades de transmissão de informação. Um único cabo pode transmitir dezenas de milhares de telefonemas ou dezenas de programas de televisão. (DIZARD, 1998, p.88)

Mundos inteiros correm soltos conduzidos por essa fonte luminosa (lasers) que mesmo podendo ter um tamanho inferior ao de um caroço de feijão, possui capacidade para emissão contí- nua calculada em séculos. “As telecomunicações transformam a informação numa mercadoria sem peso”, pondera o ex-redator da

Economist (Londres), Norman Macrae, citado no livro de Dizard

(1998). E a Internet não perdeu tempo tornando-se a estrela maior, como suporte, nesse novo universo.

Talvez em 1969, ano em que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos (ARPA-Advanced Research Projects Agency) desenvolvia a estrutura de informática Arpanet (COSTA, 1999), ninho do meio de comunicação que conhecemos hoje por Internet, não pudéssemos imaginar que tal arquitetura conquistaria tama- nha dimensão e poder no planeta afora. Essa plataforma fluída, solúvel e flexível foi capaz de suportar ferramentas revolucioná- rias como a web (World Wide Web), “um sistema de hipermídia para recuperação de informações através da Internet” (COSTA, 1999, p. 259), desenvolvida pelo conceituado laboratório de física CERN (Conceil Européen pour la Recherche Nucléaire), em Genebra, Suíça, que em 1990 gera vida ao primeiro website (CERN.com, 1954).

O escritor Carlos Irineu da Costa (1999) explica, portanto, que Internet e web não são sinônimos, e sim se complementam.

Embora seja geralmente pensada como sendo uma rede, a Internet na verdade é o conjunto de todas as redes e gateways que usam protocolos TCP/IP. Note-se que a Internet é o conjunto de meios físicos (linhas digitais de alta capacidade, computadores, roteadores etc.) e programas (protocolo TCP/IP) usa- dos para o transporte da informação. A Web (WWW) é apenas um dos diversos serviços disponíveis atra- vés da Internet, e as duas palavras não significam

a mesma coisa. Fazendo uma comparação simplifi- cada, a Internet seria o equivalente à rede telefônica, com seus cabos, sistemas de discagem e encaminha- mento de chamadas. A web seria similar a usar um telefone para comunicações de voz, embora o mesmo sistema também possa ser usado para transmissões de fax ou dados (COSTA, 1999, p.255).

E assim como o a pintura não desbotou suas cores para a fotografia, o rádio não perdeu voz para o brilho da televisão, e a praticidade das palavras digitais não fez sumir o prazer de folhear um livro, a Internet, que rompe com o tempo e desafia qualquer distância, não elimina as demais mídias, ela, sabida- mente, se incorpora. As mídias não caem numa escuridão sombria de morte ao surgir de uma nova tecnologia, ao contrário, elas se renovam, se multiplicam, se fundem, se reinventam para sobrevi- ver e acompanhar a sociedade em suas demandas e anseios, quer sejam sociais, no sentido de aproximação nas relações, quer seja estimulando o capitalismo que a cada novo produto midiático na prateleira ganha adeptos de todos as vertentes políticas, em um rendimento desleal e, praticamente, inevitável.

E dos anos 60 para essa segunda década do século XXI, a mídia mutante que consegue congregar tantas outras e estar dis- ponível em tantos formatos, avançou não só tecnologicamente, como também em números de usuários. Com a Internet explo- dindo em vertentes plurais e elevando ao máximo de qualquer potência as questões comunicacionais, o mundo muda, e as pessoas que interagem nele também, num sentido que só segue adiante, não permitindo volta.

Na obra Antropológica do Espelho, Muniz Sodré (2002), clareia as perspectivas humanas para essa nova possibilidade de vida social, que se forma a partir desse novo bios, criado, de acordo com o pesquisador, pela mídia, tornando-se um bios

midiatizado. E neste cenário altamente globalizado, no sentido das chances em conexões mundiais, a pesquisadora especializada em comunicação organizacional Margarida Kunsch se alinha ao pensamento de Sodré e afirma:

O avanço tecnológico por que passam telecomuni- cações, imprensa, rádio, televisão, computadores, internet e transmissões via satélite impele a socie- dade a um novo comportamento e, consequente- mente, a um novo processo comunicativo social, com inúmeras implicações técnicas, éticas e morais (KUNSCH, 2013, p.03).

As palavras de Kunsch nos guiam por reflexões ampliadas que contemplam, nesta tela ainda com tinta fresca, não só as rela- ções interpessoais, mas também as que se estabelecem em ambien- tes como os que envolvem as Organizações Internacionais, como a Cruz Vermelha - filial Natal, objeto de pesquisa desse artigo.

Todas essas novas configurações do ambiente social global vão exigir das organizações novas posturas, necessitando elas de um planejamento mais apu- rado da sua comunicação para se relacionar com os públicos, a opinião pública e a sociedade em geral (KUNSCH, 2013, p.03).

Na mesma intensidade que percebemos a necessidade de as organizações se estruturarem comunicacionalmente de maneira planejada, profissional, com metas e objetivos claros, sentimos a velocidade na qual organizações, instituições, e empresas mar- cam território na web com seus sites, blogs, e perfis nas mais variadas redes sociais. As programações dificultosas e altamente técnicas do século passado abriram no ciberespaço lugar para as facilidades de manejo simplificado que permite grande parte dos

internautas criar, passando para uma condição de “produtor”, não só de conteúdo como também do suporte de sustentação.

Com a oportunidade de gerar e distribuir variadas informa- ções, muitas instituições passaram a utilizar essa base tecnológica com o propósito de divulgar suas ações para a sociedade. A Cruz Vermelha de Natal foi uma das organizações que vislumbrou essa possibilidade proporcionada pela tecnologia. A entidade social organiza cursos específicos de formação básica institucional nas áreas de saúde, assistência social e de cuidadores de idosos. Em função disso, divulga por meio de seu site oficial www.cvbrn. org, informações, notícias e registros fotográficos das ações que realiza. Uma tarefa de comunicação que busca noticiar o trabalho realizado pela instituição.

Para Chaparro (2003, p.33) “Noticiar se tornou a mais eficaz forma de agir no mundo e com ele interagir, as relações com a imprensa passaram a constituir preocupação prioritária na estratégia das instituições”, uma Organização Internacional, com a dimensão, e alcance social e político, como o da Cruz Vermelha, gera, rotineiramente, informações de relevância jornalística, oriundas das ações realizadas.