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No endereço virtual disponível para o website institucio- nal (www.cvbrn.org) percebe-se que, além da homepage, pode- -se ter acesso a nove botões (Ajude-nos, Institucional, Notícias, Ações, Cursos, Aliste-se, Equipe, Webmail, Vídeos) contidos em uma barra superior, aonde cada um conduz o navegador às suas respectivas funções propostas de acordo com sua nomencla- tura. Mesmo inserida em um cenário internacional, pelo botão “Notícias” só há possibilidade de leitura para matérias locais, não há também nenhum tipo de link para as demais unidades da orga- nização, tanto no Brasil quanto nas demais localidades do mundo onde há a presença da Cruz Vermelha.

De toda forma, as publicações com matérias de ações locais mostram-se importantes, com caráter social relevante e útil para a sociedade em geral, porém são dispostas com estruturas visuais

que podem confundir a leitura. Em cada página aberta chegam a aparecer até cinco matérias juntas sem organização simétrica e sem separação por datas de realizações. Não há nas matérias data de registro da publicação, o que dificulta o entendimento histó- rico da ação. No Manual de Comunicación para Organizaciones

Sociales (2001) pode-se encontrar caminhos reflexivos sobre as

maneiras mais eficientes de se estabelecer a comunicação por meio da Internet.

(...) es imprescindible estabelecer redes de inter- cambio frecuente con el resto de las organizaciones sociales. Al igual que en otros aspectos caracterís- ticos de la actividad del sector social, en Internet, en sus usos y aplicaciones, cooperar e compartir experiencias redundará en mejores resultados y en benefícios para la comunidad (ARAUJO et al., 2001, p.158).

No botão denominado “Aliste-se”, o internauta não encon- tra uma maneira para se alistar, como sugere o acesso. Com data de atualização em maio de 2013, a imagem que aparece é de uma matéria que teria sido realizada, na época, por uma emissora de televisão local onde o repórter teria explicado como um cidadão poderia se tornar um voluntário da organização. Mas o link dis- ponível no espaço virtual não dá acesso ao vídeo, registrando um erro.

Durante o tempo determinado pela pesquisa não houve nenhuma mudança na homepage, as imagens e informações per- maneceram as mesmas. Isso torna o veículo estático, gerando assim falta de interesse por parte dos internautas em acessar o ciberespaço na busca por novas notícias. Ainda de acordo com o Manual de Comunicación para Organizaciones Sociales (2001) a comunicação é composta por pontos básicos (abertura na mídia, capacidade para escutar as necessidades e demandas,

planejamento, compromisso e constância) que somados resul- tam em um trabalho com solidez e continuidade, o que garante assim uma melhor qualidade no programa de comunicação, for- talecendo e legitimando a existência da organização social, tanto em relação à visibilidade quanto para os resultados que se quer alcançar.

Para cumplir con su misión las organizaciones sociales necesitan comunicar. Sus posibilidades de ser valoradas y apoyadas dependen del compromiso que puedan construir hacia la causa que las convoca y de la confianza que despierten en la sociedad. Para habilitar la participación y motivar el compromiso y la participación de las personas que creen en un proyecto y lo valoran como esencial para el mejora- miento de la comunidad nos valemos de la comuni- cación (ARAUJO et al., 2001, p.15)3.

Ressalta-se que os posts analisados possuem conteúdo significativo para divulgação não só à sociedade como também para a imprensa, o que poderia proporcionar maior interesse para conquistar novos voluntários, e ainda, maior abertura em espaços na mídia. Contudo, por vezes, analisamos que os textos não cola- boram em suporte para a fluidez na comunicação, situação que pode estar sendo provocada pela ausência de um profissional da área, no comando das operações comunicacionais. Os assuntos mais divulgados, no web site da Cruz Vermelha de Natal, são rela- cionados à realização de cursos profissionalizantes, reuniões para

3 Para cumprir com sua missão as organizações sociais precisam se comu- nicar. Suas possibilidades de serem valorizadas e apoiadas dependem do compromisso que podem construir em direção a causa que as convocam e a confiança que despertem na sociedade. Para habilitar a participação e motivar o compromisso e participação das pessoas que acreditam em um projeto e o valorizam como essencial para o melhoramento da comunidade nos valemos da comunicação. (Tradução nossa)

parcerias com instituições públicas, como secretarias municipais ou estaduais, corpo de bombeiros, ações de educação, saúde e prevenções de doenças em comunidades carentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando que a comunicação está intrinsecamente ligada à evolução humana, e assim sendo, envolvida em todos os seus processos de desenvolvimento, podemos apontá-la como fundamental na composição de uma organização social interna- cional. Se por um lado somos menos sem a comunicação, por outro, há de haver um esforço para implementá-la; e sobretudo, mantê-la em constante fluxo em conteúdo, trocas, compreensão e resultados positivos.

Traduzir signos, criar significados, utilizar a criatividade e o conhecimento em linguagens escritas, faladas ou gestuais, produzir imagens, compreender tudo isso e se sentir parte é um início para comunicar-se com você mesmo e o mundo. E quando conseguimos proceder de forma concreta a ordenar todos esses sistemas de comunicação, podemos entender melhor os prin- cípios em que se baseiam a comunicação organizacional, como define precisamente Ramos (1991)

A esta ordenación de sistemas de comunicación, a este manejo de conocimiento bajo normas racionales y, muy particularmente, a la obtención y logro de los objetivos previstos, se le conoce como comunica- ción organizacional (RAMOS, 1991, p.15)4.

4 A esta ordenação de sistemas de comunicação, a este manejo de conheci- mento sob normas racionais e, muito particularmente, a obtenção e conquis- ta dos objetivos previstos, se conhece como comunicação organizacional. (Tradução nossa).

Para que a comunicação organizacional seja estabelecida, deve haver troca de informação, de maneira interna e externa, deve haver sentido nos seus significados para que assim possa construir e fortalezar sua essência natural, seus valores, sua iden- tidade, tanto para seus colaboradores quanto para seu público direcionado e imprensa.

O que percebemos com o estudo é que apesar de todos os esforços empenhados pela Cruz Vermelha de Natal em criar e manter seus veículos de comunicação, a ausência de um setor especifico que contemple uma assessoria de comunicação com profissionais formados e capacitados na área, compromete as estruturas e os conteúdos do website. Todas as atividades que envolvem as restritas aplicabilidades da comunicação são reali- zadas por voluntários que não possuem um comprometimento específico com esta tarefa, o que por falta de conhecimento profis- sional em comunicação, gera, entre outros aspectos, descontinui- dade na publicação de notícias e postagens, textos sem estrutura jornalística, imagens amadoras, espaços virtuais confusos, com diversas falhas operacionais e de conteúdo; e não envio de mate- rial de interesse público para a imprensa.

Ainda de acordo com Ramos (1991), é importante ter conhecimento aprofundado sobre a estrutura dos meios e siste- mas da comunicação organizacional, para que, assim, as condi- ções de trabalho possam estar em constante desenvolvimento.

La falta de experiencia en el manejo y aplicación de los procesos de información dentro de una organiza- ción, puede provocar con suma facilidad bloqueos y conjeturas que irremediablemente mermarán el equilibrio de la misma (RAMOS, 1991, p.11)5.

5 A falta de experiência na gestão e aplicação dos processos de informação dentro de uma organização, pode provocar com grande facilidade bloqueios

A possibilidade de ajuste para a falta de profissionais permanentes e adequados em atuar nos processos comunica- cionais da Cruz Vermelha de Natal poderia ser criada em forma de parcerias, como tantas outras importantes já firmadas pela Organização, a exemplo do Corpo de Bombeiros (Governo do Estado) e Defesa Civil (Governo Municipal), no qual os voluntá- rios somam esforços em campanhas, missões e ações diversas nos momentos de catástrofes naturais, extrema miséria, ou ainda com atividades voltadas para a prevenção e educação em áreas como saúde e proteção.

Para tanto, diálogos poderiam ser abertos com universi- dades, tanto públicas quanto privadas, e que possuam cursos de comunicação social. Pode ser grande a possibilidade dos estu- dantes se interessarem em participar de um projeto que lhes per- mita realizar atividades práticas profissionais, escrever textos, fazer registros fotográficos, organizar as informações do website relacionar-se com os veículos de comunicação enviando textos e sugerindo pautas. Os trabalhos de assessoria de imprensa e de comunicação da organização social poderiam ganhar ritmos ace- lerados e mais criativos. As informações relevantes geradas cons- tantemente pela Cruz Vermelha de Natal ganhariam mais luz e mais foco.

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