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Reacções de iões de actinídeos com outros substratos Para além das reacções com hidrocarbonetos acima referidas, foram estudadas reacções de iões

Parte Experimental

1 Introdução Devido aos testes nucleares, acidentes em reactores nucleares, desintegração de satélites

1.1 Química de actinídeos em fase gasosa

1.1.6 Reacções de iões de actinídeos com outros substratos Para além das reacções com hidrocarbonetos acima referidas, foram estudadas reacções de iões

An+ e AnO

n+ com vários outros reagentes. Um dos primeiros estudos sistemáticos da química da

fase gasosa de iões de actinídeos foi realizado por Moreland et al.55 e descrevia as reacções

endotérmicas de U+ e Pu+ com hidrogénio para produzir UH+ e PuH+.

Johnsen e Biondi56 foram os primeiros a mostrar que a oxidação de U+ por O

2 (U+ + O2 →UO+ + O)

era exotérmica, em contraste com a abstracção de N de N2 que é endotérmica. Mais tarde,

Armentrout e Beauchamp53 provaram que esta reacção de oxidação ocorria sem qualquer

barreira de activação.

A oxidação de iões de actinídeos por óxido de etileno foi estudada por LAPRD.57 Um exemplo

interessante da oxidação de iões de urânio foi a formação exotérmica do ião uranilo UO22+ por

abstracção de dois O por U2+.58 Heinemann e Schwarz59 produziram ainda NUO+, isoelectrónico

de UO22+, através da reacção de U+ com NO para dar UO+ que seguidamente reagiu com O2. Num

estudo efectuado por Gibson e Haire,47 Pa+ reagiu eficientemente com óxido de etileno

formando PaO+ e este por sua vez PaO

2+ onde Pa está no estado de oxidação V que é bastante

estável. Na reacção com SF6, Pa+ reagiu facilmente até à formação de PaF4 onde mais uma vez

Pa se encontra no estado de oxidação pentavalente.

Beauchamp e colaboradores estudaram as reacções de U+ com N

2 e D2 (e CD4 como já foi

referido)36, bem como com CO, CO

2, COS, CS2, D2O53, CH3F, SiF4, CH2Cl e CCl4,60 usando um

sistema de feixe de iões. A reacção com CH3F produziu UF+ exotermicamente, enquanto que na

reacção com SiF4+ se formou UF2+ endotermicamente. As reacções de iões de actinídeos com

perfluorofenantreno e outros fluorocarbonetos estudadas por LAPRD61 sob condições de reacção

termoneutras originaram AnFn+. A reacção ocorreu por abstracção de F segundo um mecanismo

que não a inserção de An+ e o valor mais elevado de n observado reflecte o estado de oxidação

mais estável de cada An. O maior fluoreto observado foi UF4+. Mais recentemente, Jackson et al. estudaram as reacções de iões de urânio livres ou ligados com hexafluoreto de enxofre e obtiveram resultados semelhantes.62 U+ formou eficientemente espécies UF

n+ (n=1,2,3,4).

Foram também estudadas as reacções de SF6 com UO+ e UOH+ e observaram-se produtos

primários do tipo UFn+. Schröder et al.63 observaram a formação de UF3+ que, juntamente com a

sua estabilidade perante a explosão de Coulomb, são uma indicação da estabilidade de estados de oxidação elevados para o urânio e de uma energia de terceira ionização extraordinariamente baixa. Gibson e Haire48 estudaram também a reactividade de Es+ e por comparação directa com

Bk+ conseguiram demonstrar a estabilidade do estado divalente nas reacções com SF

6+ onde

apenas se observou EsF+.

O estudo de reacções em fase gasosa de iões metálicos com hidrocarbonetos funcionalizados tem como motivo de interesse principal o efeito do grupo funcional na interacção inicial com o metal e os mecanismos e caminhos reaccionais daí resultantes. De modo a provar os efeitos da função N nas interacções de iões actinídeos com reagentes orgânicos, Gibson64 estudou as

reacções de iões de actinídeos com nitrilos e butilamina por LAPRD e comparou-as com as reacções com hidrocarbonetos. Os nitrilos com C≡N rica em electrões mostraram ser agentes complexantes de An+ e AnO+ bastante eficientes. Para Th+, U+ e Np+ observou-se ainda a

ocorrência de desidrogenação, que é atribuída à grande facilidade de inserção nas ligações C-H por parte destes iões. Np+ desidrogenou butilamina enquanto Am+ apenas formou aduto. Por

outro lado, NpO+ e AmO+ desidrogenaram a butilamina de forma eficiente, supostamente

através de um intermediário multicentrado ligado electrostaticamente (semelhante ao esquema II da Figura 1.3).

As reacções de elementos f com moléculas orgânicas contendo oxigénio permitem observar a inserção em ligações C-O ou O-H com formação de produtos contendo ligações metal-oxigénio. A formação desse tipo de produtos é esperada com particular importância para os actinídeos e lantanídeos mais oxofílicos. Foi mostrado por FTICR-MS que iões de lantanídeos Ln+ activavam

eficientemente fenol para formar LnOH+ e/ou LnO+, com excepcção de Yb+.65 Estudos idênticos

com trimetilformato, HC(OCH3)3, resultaram em iões mono ou bis metóxido de lantanídeo

Ln(OCH3)1,2+.66 Foram também estudadas as reacções de An+ com álcoois e dimetil éter por

LAPRD.67 Nas reacções com os álcoois, formaram-se hidróxidos (activação da ligação C-O) e

alcóxidos (activação da ligação O-H) e a sua abundância estava relacionada com a tendência de cada actinídeo para o estado de oxidação em questão. Por exemplo, numa reacção simultânea de Am+ e Np+ com propanol formou-se maioritariamente Np(OC

3H7)2+. Já na reacção com dimetil

éter formaram-se Am(OCH3)+ e Np(OCH3)2+. Na reacção de Es+ com dimetiléter formou-se

EsOCH3+, enquanto que na reacção com 1,2- etanoditiol se formou EsS+.48 Estes estudos foram

expandidos para reacções de iões de actinídeos com éteres cíclicos incluindo 12-coroa-4-éter (ver ). Enquanto que com outros metais este éter forma apenas o aduto, com os An+

formaram-se uma série de produtos complexos. A complexação de éteres de coroa com iões metálicos é uma área da química de iões metálicos em fase gasosa que tem merecido atenção e os estudos com actinídeos são importantes para perceber melhor a química destes elementos na fase condensada.

Figura 1.4

Vieira et al.68 descreveram as reacções de Th+

e U+ (e também Ln+) com Fe(CO)

5 e Fe(C5H5)2.

As reacções com o carbonilo resultaram em MFe(CO)x+, com destaque para a ligação M-Fe.

As reacções com o complexo bis- ciclopentadianilo resultaram em An(C5H5)2+.

Com alguns lantanídeos também se observou a formação de adutos do tipo LnFe(C5H5)2+,

enquanto que no caso dos actinídeos este tipo de complexo era um intermediário da troca de An pelo Fe.

Figura 1.4 Representação esquemática da

reacção de 12-coroa-4-éter com iões metálicos.34

Gibson69 estudou também as reacções de An+ e AnO+, para An= Th, U, Np, Pu e Am, com silano,

dissilano e germano. O principal caminho reaccional foi a desidrogenação. Experiências com os hidrocarbonetos homólogos metano e etano foram também estudadas e apenas Th+ reagiu.

QIT-MS foi usado recentemente para examinar a reactividade de iões de actinídeos. Jackson et

al. estudaram as reacções de U+ e U2+ com oxigénio e água usando uma fonte de descarga

luminescente para produzir os iões de urânio.70 Os autores mediram as eficiências das reacções

para os iões metálicos e também para os correspondentes monóxidos. Apesar de os resultados estarem em geral de acordo com os obtidos por FTICR-MS, foram encontradas algumas diferenças nas reacções com água que foram justificadas pela diferença de pressões de trabalho nas duas técnicas: 10-6 Torr para FTICR-MS versus 10-3 Torr para QIT-MS.

Jackson et al. exploraram as diferenças entre estas duas técnicas num estudo da reactividade de Th+, U+, ThO+, UO+ e UO

2+ com HCp*. 70 Estudaram também alguns Ln+ e LnO+ representativos

para comparação com os actinídeos e com um estudo anterior feito por FTICR-MS23. Com base

em estudos de CID (dissociação induzida por colisões) e na variação da pressão no QIT-MS confirmaram que as diferenças encontradas na reactividade nas duas técnicas se devem de facto aos diferentes regimes de pressão. 70

M. Santos et al. 71estudaram por FTICR-MS as propriedades de iões bimetálicos contendo urânio

e um metal de transição, UIr+,UPt+ e UAu+, formados a partir de ligas dos mesmos metais.

Provaram que o metal de transição e o actinídeo estão ligados fortemente e formaram espécies isoelectrónicas do uranilo tais como IrUO+ por reacção com N

2O e C2H4O comprovando o

princípio da "autogenic isolobality".72

1.1.7

Da fase gasosa para a solução