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4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL

4.1. Área – 1 Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem

4.1.3 Realização

4.1.3.1 Primeiro impacto e estratégias utilizadas

A realização da prática profissional foi sustentada em todos os documentos anteriormente referidos.

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Durante a realização das primeiras aulas, sentia-me algo inseguro, tendo a perfeita noção de tal situação. Sentia também que a minha presença nas aulas não era firme, pois estava um pouco acanhado durante o decorrer das mesmas, não tendo inicialmente uma voz firme que fizesse despertar nos alunos o ânimo para a prática em si. Vejo agora isto como uma situação importante numa fase inicial do ano letivo, pois se tivermos de imediato “punho firme” numa turma, por exemplo com tendência para comportamentos disruptivos (como se verificou numa turma de 1 colega de estágio), ou sem motivação para a prática de atividades físicas, permite que consiga-mos rapidamente atingir os objetivos propostos, uma vez que dispomos de toda a atenção da turma.

Contrariando um pouco o que foi referido anteriormente, a minha turma facilitou a minha intervenção, apresentando-se a maioria relativa dos alunos calmos e sem comportamentos disruptivos durante as aulas.

Nesta fase, a PC teve também um papel fundamental na melhoria da minha intervenção pedagógica, uma vez que no final das aulas, fornecia conselhos relativos à minha movimentação e disposição no espaço, forma de realizar a instrução e sempre com o intuito de progredir o mais rápido possível no sentido pretendido.

Procurei por isso implementar nos alunos rotinas, de forma a rentabilizar as aulas. Estas rotinas no meu entender são vistas como elementos importantes que se devem ter em conta para o bom funcionamento da aula. No caso da minha turma, procurei introduzir as mesmas a partir da primeira aula, referindo desde logo as regras do RI, gesto e voz de comando para proceder ao agrupamento dos alunos depois de terminado um exercício, nesta ultima, os alunos dispunham-se à minha frente em meia-lua, para que todos me conseguissem ver e ouvir, procurando evitar que estes se encontrassem uns atrás dos outros. Outra rotina que se tornou essencial esteve relacionada com o trabalho de cooperação aluno-professor e aluno-aluno no inicio e final de cada aula para proceder à arrumação do material. Esta tornou-se imprescindível não só para fomentar a união da turma mas também ajudou a criar um ambiente de bem-estar e boa disposição mesmo depois de terminada a parte prática da aula, evitando também que alguns alunos fossem mais cedo que outros para o banho. “Após realizado o aquecimento e os

alongamentos, com a ajuda dos alunos montei as estações como indicado no plano, tendo estes um papel bastante ativo e empenhado na montagem das mesmas.”14

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“Depois de terminada a avaliação procedemos à arrumação do material, tendo novamente os alunos ajudado nesta situação, (…)”15

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Outra situação não menos importante foi o fato dos alunos que estavam indisponíveis para realizar a aula, isto é, que pediam dispensa ou esqueciam do material, realizavam sempre uma ficha (Relatório da Aula), na qual tinham de fazer por escrito, uma explicação sumária sobre os exercícios da aula, respondendo às questões que nela eram descritas. Estes relatórios eram corrigidos e entregues ao aluno com os aspetos que deveriam melhorar, sendo atribuída uma nota qualitativa ao mesmo, servindo como critério de desempate na atribuição das notas. “A presente aula teve início à hora

prevista, contando com a falta de 1 aluno e a dispensa de outra por falta de material, o qual realizou o respetivo relatório de aula.”16

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4.1.3.2 Modelos de intervenção pedagógica

No decorrer do ano letivo, a minha intervenção pedagógica nas aulas foi orientada fundamental para que os alunos conseguissem atingir o sucesso ao realizarem as diferentes tarefas motoras, jogo informal e formal, etc, sustentando-me principalmente em dois tipos de modelo, os quais julguei serem mais apropriados para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos. Daí, a ter escolhido os Modelos de Instrução Direta (MID) e o Desenvolvimental (MD). Também a otimização do feedback pedagógico foi importante para a promoção de um ensino eficaz.

Um professor eficaz/competente deverá ter a perfeita consciência de que não se pode cingir única e exclusivamente a um modelo. Rink, (2001) refere que não existe nenhum modelo que seja adequado a todos os envolvimentos de aprendizagem, mas sim que existem modelos que se adequam mais do que outros, dependendo das características da turma a nível geral, tendo sempre em atenção o aluno como sujeito individual.

4.1.3.2.1 Modelo de Instrução Direta

Este é um tipo de modelo direto e formal, no qual os seus procedimentos de ensino são fechados, tendo os alunos um papel reduzido durante a tarefa. A figura central deste modelo é o professor, este toma todas as decisões na aula e os alunos limitam-se a

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Retirado da aula nº45 no dia 15 de Março de 2012

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reproduzir as tarefas propostas pelo mesmo, sendo o professor que monitoriza e controla afincadamente os alunos, realizando o controlo administrativo, explicita as regras e rotinas dos alunos (Mesquita & Graça, 2009).

Na atualidade, este modelo, continua a ser utilizado quer no contexto do ensino da EF, quer no treino desportivo, pois é visto como elemento importante, por demonstrar resultados positivos no ensino de habilidades em contexto de baixa interferência contextual, (Mesquita e Graça, 2009).

Nas minhas aulas, a aplicação deste modelo foi utilizada sempre no inicio das mesmas, durante a realização dos exercícios de aquecimento e respetivos alongamentos, onde os alunos reproduziam os exercícios que propunha e exemplificava. Também antes de cada exercício, era-lhes fornecido por mim em algumas situações o modelo desse mesmo exercício. A reprodução deste modelo exigiu de mim, um conjunto de tomada de decisões didáticas exigentes para que conseguisse atingir os objetivos iniciais a que me tinha proposto.

Também com o decorrer das aulas de cada modalidade procurei efetuar uma progressão lógica, consolidando sempre as matérias que haviam sido introduzidas na aula anterior e acrescentando novas habilidades em cada aula, corrigindo os alunos tendo em atenção os objetivos traçados para a realização desses exercícios.

Na aplicação deste modelo, o professor realiza um conjunto de decisões didáticas das quais se evidenciam de acordo com Rosenshine (1983), como sendo: (I) a estruturação meticulosa e pormenorizada das situações de aprendizagem; (II) a progressão das situações de ensino em pequenos passos; (III) a indicação do critério mínimo de sucesso a alcançar pelos alunos; (IV) a instrução com cariz descritivo e prescritivo com explicações detalhadas; e) a prática motora ativa e intensa; (V) a avaliação e correção dos estudantes, particularmente nas fases iniciais de aprendizagem.

Seguindo os mesmos autores, são apresentadas tarefas que o professor tem que realizar durante a aula de EF, tendo em conta a seguinte ordem: (I) rever a matéria aprendida na aula anterior; (II) apresentar nova habilidade ou conteúdo em geral; (III) monitorizar a atividade motora dos alunos; e (IV) avaliar e corrigir sistematicamente em referência aos objetivos traçados.

Tal como foi referido acima, este modelo foi utilizado até que os alunos começassem a adquirir as rotinas das aulas, o empenhamento nas tarefas e automatismo das mesmas.

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Á medida que os alunos foram demonstrando capacidades a nível individual e coletivo, procurei fornecer mais liberdade aos mesmos, deixando-os tomar algumas decisões didáticas.

4.1.3.2.2 Modelo Desenvolvimental

Como forma de complementar o meu processo de ensino, utilizei também o MD numa fase mais avançada da minha intervenção, ao adequar as tarefas de ensino à capacidade de interpretação e resposta dos alunos. Ao longo das aulas procurava fornecer feedbacks aos alunos verificando de seguida se estes executavam aquilo que era exigido, procurando a reprodução perfeita das habilidades motoras para mais tarde o aluno poder ser avaliado.

Segundo Mesquita & Graça, (2009, p. 51), o MD pretende “auxiliar o professor no

delineamento dos processos instrucionais, particularmente pela adequação das tarefas à capacidade de interpretação e resposta dos praticantes”. Como tal, para que os

alunos obtenham bons níveis de desempenho é imprescindível que sejam analisados os conhecimentos iniciais destes, estabelecendo uma relação entre a zona do desenvolvimento atual e a zona do próximo desenvolvimento, (Bento, 1987).

Este modelo é fundamental para o processo de ensino aprendizagem dos alunos, pois a sua aplicação permite-lhe adquirir autonomia e essencialmente dar significado aquilo que aprende nas aulas, aplicando depois em contexto de jogo, começando com jogos reduzidos, passando depois para o jogo formal.

Através das indicações referidas acima, Rink (1993) é da opinião que o professor pode facilitar a aprendizagem se obedecer aos 3 conceitos orientadores da Estrutura Curricular e Funcional do Processo Instrucional, tidos como essenciais neste modelo:

Progressão: Tal como é indicado, o ensino deve ser estruturado de forma progressiva, na medida em que facilita ao praticante a passagem do nível de desempenho atual para outro mais avançado, partindo sempre da base para o topo. Este é também determinado por 4 categorias: Extensão, Profundidade, Sequência e Ênfase.

Refinamento: Define-se como sendo o afinamento de determinadas componentes críticas, tanto do foro percetivo-decisional como motor, que dada a sua complexidade, exige um tratamento mais refinado, melhorando com isto a qualidade da prática, das execuções e respetivas execuções das habilidades.

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Aplicação: Permite a contextualização dos conteúdos lecionados anteriormente de forma analítica, aplicando-os na prática aos quais são conferidos significados e auxiliam o praticante na regulação da própria aprendizagem. Esta contextualização pode ter uma interferência contextual elevada, moderada ou baixa.

A aplicação deste modelo foi apenas conseguida a partir de meados dos do 2º período, mesmo sendo de uma forma pouco vincada, pois o mesmo exige dos alunos uma responsabilidade acrescida e autonomia. Neste sentido o MID foi fundamental.

A minha intenção ao longo do ano letivo foi utilizar estes dois modelos, procurando manipular as tarefas, para que os alunos desenvolvessem as suas capacidades.

A instrução apresenta-se como um instrumento essencial no processo do ensino aprendizagem, e tem por âmbito os comportamentos e técnicas de intervenções utilizados pelo professor com vista a comunicar de forma eficaz a informação pretendida. Na instrução são identificados 3 momentos com objetivos específicos: 1 – antes da prática recorrendo-se a preleções, apresentação das tarefas, explicações e demonstrações; 2 – durante a prática através da emissão de feedbacks; 3 – após a prática, pela análise referenciada à prática desenvolvida, (Siedentop, 1991).

4.2. Área – 2 e 3 - Participação na escola e relação com a

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 46-51)

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