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1. ORGANIZANDO O REPERTÓRIO DA FAMOSA

6.4. Recebendo conhecimentos: a influência da FANMOSA

Por fim, a terceira categorização aponta para influência que a FANMOSA teve na minha formação, com novos desafios, novas estratégias e novos combustíveis para aprimorar a minha formação musical, impulsionando-me a voos mais altos provocando-me a uma busca de mais conhecimentos. Então, nesse momento começou a coisa séria nesta história, chegou o momento de enfrentar desafios e encarar a realidade, chega à docência e a universidade que agora me coloca a exercer realmente a função de porteiro, consciente dos meus atos e ações na construção de novos porteiros.

Fazendo essas reflexões, percebi o quanto a FANMOSA contribuiu para minha formação musical ao longo desses anos, implicando no meu avanço formativo na busca de suprir as necessidades que eram exigidas por ela e almejada por todos que me ajudaram nessa

construção. É importante ressaltar que a proximidade e práxis desenvolvida na Fanfarra Moreira de Sousa, influenciou diretamente na minha história de vida e formação musical, me dando oportunidades na construção formativa de hábitos docentes e na integralização desse campo na minha trajetória, até porque a minha experiência com ela iria influenciar nas próximas práticas docentes. Nesse sentido, ressalta Marilda:

[...] a experiência adquirida pelos educadores sobre o ensino na sala de aula também é uma repetição de acontecimentos inter-relacionados, ou a repetição de determinadas e mesmas ações com determinado fins, que são frutos dos condicionantes práticos oriundos da natureza prática do ato de ensinar. (SILVA, 2005, 61)

A primeira dessas oportunidades foi quando enfrentei o desafio de formar a Banda de Música Municipal São Pedro na cidade de Caririaçu-Ce. Uma gigante tarefa de ensinar música quando o meu fazer docente ainda era juvenil e com pouca experiência nas metodologias de ensino coletivo da educação musical, a qual tive que construir ao longo das atividades formativas advindas das experiências apreendidas nas minhas práticas colaborativas, nas recordações dos ensinamentos dos meus porteiros e na iniciação docente construída com os alunos da FANMOSA. No entanto o que prevaleceu foi a construção de um método para a banda e a fanfarra a partir da correção dos erros ou dificuldades encontradas durante o processo formativo.

Os professores e os estudantes são agentes que objetivam ações específicas no âmbito do exercício de suas práticas, que ocorrem em um mesmo ambiente, a sala de aula, mas são distintas entre si. (SILVA, 2011)

Ao enfrentar essa tarefa tive que aprender possíveis formas de ensinar como tocar vários instrumentos, dentre eles, madeira e percussão dos quais só dominava o trompete e percussão. Com isso tive que correr atrás de novos métodos, de cursos e oficinas ofertados pela SECULT - Secretaria de Cultura do Ceará, em festivais e encontros que me desse suporte para transmitir da melhor maneira possível os ensinamentos musicais para banda e consequentemente para a fanfarra já que estava fazendo um trabalho paralelo com ela.

Durante a minha estadia na banda, aprendi que está à frente de uma banda de música não basta ser apenas maestro, mas também professor, psicólogo, terapeuta, advogado, juiz, músico, protetor, conselheiro, pai e em paralelo a isso ser o regente. E essas múltiplas tarefas

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me proporcionaram uma construção pessoal, musical e humana incalculável, com resultados que até hoje carrego e tento da melhor maneira possível compartilhar com os meus alunos, amigos e pessoas interessadas para essa construção musical e humana nessa caminhada.

Com a busca de conhecimentos para melhorar as minhas metodologias, surge outra oportunidade e dessa vez seria ainda maior, o Curso de Graduação em Música da UFCA, que consolidava a realização de um sonho meu e dos meus pais, pois dos seus sete filhos apenas minha irmã Auxiliadora (Cilinha) e eu estávamos chegando a universidade, ela em pedagogia e eu em música, dando exemplo para que os outros também cheguem lá ou mesmo incentivem os seus filhos nesse mesmo caminho.

Com o curso de música, comecei a perceber e corrigir as minhas práticas e métodos, fazendo assim uma reflexão dessas, aplicando-as depois nas aulas, ensaios e apresentações da fanfarra e da banda, me motivando a cada avanço na aplicação das novas ideias no processo de formação dos alunos. Coisas que a vida toda tinha como certeza na minha práxis professoral, foi corrigida ou melhorada a partir das minhas experiências e de todo conteúdo apreendido na universidade que talvez, se eu não sentisse a necessidade de um avanço na fanfarra teria estacionado no tempo, me mantendo no mundo tradicional do ensino de música, não buscando novas experiências para o crescimento da FANMOSA.

Com o aperfeiçoamento das minhas práticas, surgiu a oportunidade de formar outras bandas como a dos colégios Monteiro Lobato, José Geraldo, Salesianos e a do Tiro de Guerra. Nesse mesmo período fiz um curso de formação em regência de bandas de música ofertado pelo Instituto Federal da Paraíba – IFPB, onde impulsionado pelas bandas avancei os estudos para uma melhor compreensão desses processos de formação para fazer com isso um trabalho de melhor qualidade nas fanfarras.

Agora nesse processo do mestrado, percebi o quanto foi importante para minha formação essa estadia na Fanfarra Moreira de Sousa. Além de me motivar e pressionar para o meu avanço nos estudos, pude com ela crescer, observando a aplicação das minhas metodologias no ensino de música, como também na minha formação humana e cidadã durante todo processo formativo. Tudo isso possibilitou que as minhas habilidades avançassem a cada necessidade, superando os obstáculos encontrados no caminho, me tornando o que sou hoje a partir dos incentivos provocados na minha formação pela FANMOSA. Por tudo isso, restava-me poder retribuí-la da melhor maneira possível em função do que ela me proporcionou durante todo esse tempo para o meu crescimento pessoal e profissional na docência e na educação musical do Cariri.