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Capitulo II Relatório de Estágio de Farmácia Comunitária.

8. Receita médica

Para que um MSRM possa ser obtido é necessário apresentar na farmácia uma receita médica para que este possa ser dispensado.

Atualmente todas as receitas devem ser eletrónicas podendo unicamente recorrer-se às receitas manuais em 4 situações que representam as 4 alíneas de exceção da portaria 137- A/2012 de 11 de Maio e são: inaptidão fundamentada do prescritor, prescrição ao domicílio; número de prescrições até um máximo de 40 receitas por mês; falência do SI. A exceção tem de vir assinalada na receita para que esta seja válida. Na portaria nº 137-A/2012, de 11 de Maio está referida a promoção da prescrição por denominação comum internacional (DCI), por meio do controlo da prescrição e do incentivo à utilização de medicamentos genéricos (MG) para o uso mais racional do medicamento. Nela está presente o regime jurídico a que devem obedecer as regras de prescrição de medicamentos, bem como as obrigações de informação a prestar aos utentes aquando da dispensa. Assim, a prescrição deve conter a DCI de substância ativa, forma farmacêutica, dosagem e apresentação, devendo ser indicada a posologia. A receita médica só pode incluir a denominação comercial do medicamento, se não existirem medicamentos de marca ou MG comparticipados similares ao prescrito ou se o médico incluir justificações técnicas quando à impossibilidade de substituição do medicamento prescrito. Estas exceções são de indicação obrigatória pelo prescritor em local próprio da receita e incluem:

a) Prescrição de medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, nomeadamente. Na prescrição médica deve ser mencionado Exceção a) art. 6.º;

b) Suspeita fundada e previamente reportada ao Infarmed, de intolerância ou reação

adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra

c) Prescrição de medicamentos destinados a assegurar continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias. Na prescrição deve ser mencionado Exceção c) art. 6.º -

Continuidade de tratamento superior a 28 dias;

Cada receita médica pode conter até um máximo de quatro embalagens, ou seja, até quatro medicamentos distintos, e por cada medicamento, podem ser prescritas até duas embalagens. No caso dos medicamentos que se apresentam sob a forma unitária, podendo nesta situação serem prescritas até 4 embalagens iguais por receita. A prescrição de medicamentos estupefacientes ou substâncias psicotrópicas não pode constar numa receita onde sejam prescritos outros medicamentos, bem como os produtos incluídos no protocolo Diabetes Mellitus.

O utente pode optar por qualquer medicamento com a mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho da embalagem equivalentes ao prescrito, independentemente do seu preço, excetuando nas situações anteriormente referidas das alíneas a), b) ou c) do artigo 6º. Desta forma, confere-se ao utente a opção de escolha sendo informado no ato da dispensa sobre o medicamento comercializado que, cumprindo a prescrição, apresente o preço mais baixo. [8-9]

Durante o período em que fiz atendimento ao público encontrei diversos tipos de receitas onde pude constatar com diversas situações desde receitas manuais a eletrónicas, receitas com protocolo de Diabetes Mellitus e outras com despachos de Alzheimer, Dor oncológica entre outros e que muitas das receitas possuíam, na grande maioria a exceção c – continuidade de tratamento superior a 28 dias.

8.1 Validação, Interpretação e Avaliação.

Para que a dispensa da medicação seja realizada, a prescrição precisa de ser validada de acordo com aspetos clínicos e legais. No caso das comparticipações especiais ao abrigo de portarias ou despachos, a respetiva portaria deve ser mencionada, abaixo do medicamento, para ter comparticipação adequada.

Após verificar a validade e autenticidade da receita, é da responsabilidade do farmacêutico avaliar a medicação dispensada, de forma a identificar e resolver possíveis Problemas Relacionados com a Medicação (PRM), promovendo o uso racional dos medicamentos, a qualidade, segurança e eficácia da farmacoterapia. Para tal o farmacêutico deve: identificar o medicamento (dosagem, forma farmacêutica, via de administração, posologia, duração do tratamento, dimensão e número de embalagens); interpretar a intenção do prescritor junto do utente e assim perceber a necessidade do medicamento, avaliar possíveis contraindicações; interações, verificar a adequabilidade da posologia (dose, frequência e duração do tratamento), caso a terapêutica seja habitual, deve perceber se está a ser cumprida corretamente.

Para melhor fazer esta avaliação, o farmacêutico tem a seu dispor diversas fontes de informação. É extremamente importante questionar o utente, certificando-se que este possui

a informação necessária para o uso correto e racional dos medicamentos. Depois de analisada e validada a prescrição médica, a receita é processada informaticamente. Faz-se a leitura ótica dos códigos de barras de todos os medicamentos prescritos na receita, confirmando o número de embalagens e os preços no computador. De seguida, introduz-se o organismo pelo qual o utente é abrangido e que vem mencionado na receita, determinando assim a % de comparticipação e o valor a pagar pelo utente.

Terminada a venda, a receita é introduzida na impressora e no seu verso imprime-se o documento relativo à faturação. Neste, constam o número da venda, a entidade comparticipante, os respetivos códigos de barras identificadores dos medicamentos assim como o preço de cada medicamento, o valor comparticipado de cada um, o valor pago pelo doente e a quantidade.

Antes de pedir ao utente para assinar o verso da receita, respeitante à declaração do fornecimento de medicamentos e prestação dos conselhos e informações sobre a sua utilização, deve ser feita a conferência entre os medicamentos cedidos e os medicamentos pedidos na receita.

Por último, a receita é carimbada, datada e rubricada pelo farmacêutico, sendo guardada em local próprio e separada por organismo.

Expiração do prazo de validade, ausência da assinatura do prescritor, ausência da exceção nas receitas manuais, foram exemplos de inconformidades nas receitas que mais ocorreram no decurso do meu estágio. Nestes casos, o farmacêutico nada pode fazer para solucionar este problema sendo que se torna obrigatório ao utente deslocar-se novamente ao local de prescrição para colmatar estas falhas.

Quando existem dúvidas relativamente à interpretação, o farmacêutico deve confirmar com os restantes colegas as informações lidas, questionar o doente ou contactar o médico prescritor de modo a esclarecer as dúvidas.

É essencial o farmacêutico averiguar a quem se destinam os medicamentos e verificar se é um inicio ou continuação de tratamento, confirmando sempre a sintomatologia apresentada. Torna-se também imprescindível efetuar uma avaliação crítica da receita, verificando a possibilidade de ocorrerem interações, possíveis efeitos adversos, contra- indicações ou sobreposição de fármacos.

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