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CAPÍTULO III MÉTODOS E TÉCNICAS DE PESQUISA

III. 4 Recolha de dados

A recolha de dados/trabalho de campo foi realizada com cinco conjuntos de inquiridos nos seguintes níveis: Governo - neste conjunto, foram aplicadas 16 entrevistas com pessoas chave, nomeadamente:

i. Chefe de Repartição de Florestas e Fauna Bravia de Cabo Delgado; ii. Director Provincial de Agricultura de Niassa;

iii. Chefe de Repartição de Florestas e Fauna Bravia de Niassa; iv. Chefe Provincial de Geografia e Cadastro de Niassa;

v. Director Provincial Para Coordenação da Acção Ambiental de Cabo Delgado,

vi. Director Provincial Para Coordenação da Acção Ambiental de Niassa. Foram entrevistados quatro Administradores distritais afectos aos distritos de (i) Montepuez, (ii) Maúa, (iii) Majune e (iv) Marrupa; Directores dos Serviços Distritais de Actividades Económicas de (i) Maúa e (ii) Marrupa;

Ao nível dos Postos Administrativos foram entrevistados quatro Chefes dos quais dois em Montepuez sendo (i) Nairoto e (ii) Namanhumbir), (iii) um em Maúa no Posto Administrativo de Maiaca e (iv) um em Marrupa no Posto Administrativo de Nungo.

Organizações Não Governamentais que operam no ramo florestal, implantadas na área de estudo, nomeadamente: dois representantes da WWF em Cabo Delgado, o representante do Fórum Terra sedeado em Montepuez; o director da Fundação Malonda, um representante da WWF em Niassa;

Exploradores de produtos florestais madeireiros com licenças simples, dos quais um em Maúa, um em Majune e um em Marrupa; a população que usa e depende de produtos florestais para a sua subsistência incluindo agricultores e seus líderes comunitários, carvoeiros e lenhadores. Neste conjunto foram conduzidas 28 entrevistas com base na técnica de Grupos focais. Assim, foram realizados oito grupos focais no Distrito de Montepuez dos quais dois no Posto Administrativo de Nairoto, dois no Posto Administrativo de Mirate, dois no Posto Administrativo de Mapupulo e dois no Posto Administrativo de Namanhumbir. No distrito de Maúa foram conduzidos seis grupos focais sendo dois na Sede do Posto Administrativo de Maiaca, dois na Sede da Localidade de Ntepia, dois na Localidade de Muapula, um na Localidade de Mugoma e um no mercado da vila Sede em Maúa (com carvoeiros e lenhadores no mercado informal da sede do Distrito.

No Distrito de Majune foram realizados seis grupos focais dos quais dois na Sede do Posto Administrativo de Muaquia, dois na Localidade de Riate, e dois na Sede da Localidade de Nairubi.

No Distrito de Marrupa foram realizados dois grupos focais na Sede do Posto Administrativo de Pringi - Lane, dois grupos em Iaranca, dois grupos focais no Posto Administrativo de Nungu e dois na Localidade de Messenguesse.

Para a selecção dos elementos a entrevistar em cada distrito contou-se com a colaboração dos directores de Serviços distritais de actividades económicas na mobilização das lideranças locais assim como dos Extensionistas Rurais.

Em Montepuez houve colaboração dos fiscais de Florestas e Fauna Bravia; tendo sido assim em Maúa, Marrupa e Majune. As estruturas de base (líderes comunitários), além de participarem nos grupos focais, foram muito úteis na mobilização e selecção das pessoas a entrevistar em cada povoado.

Embora a maioria dos organizadores de grupos focais forneça um incentivo financeiro aos participantes, demonstrando-lhes que o seu tempo e opinião são valorizados, considera-se indispensável servir aos participantes comida e bebida durante as reuniões do grupo focal. Isto actua a nível do conforto fisiológico e inconscientemente, os participantes focam-se mais no propósito e fá-los sentir que a sua presença é importante. Refira-se que tal requisito não foi garantido durante a realização deste trabalho de investigação. Contudo, a coincidência do período da realização do trabalho de campo com o de jejum (uma prática comum nos crentes do Islão, que por sinal é a crença dominante na área de estudo), constituiu vantagem.

As principais dificuldades na realização dos grupos focais, nesta pesquisa, prenderam-se com o seguinte:

1º. A língua de comunicação usual em cada localidade exigiu um tradutor, que inúmeras vezes era um dos elementos da comunidade local, noutros casos era um Extensionista Rural ou um Fiscal Florestal que servia de ajudante de campo, uma vez que a maioria dos entrevistados não dominam a língua portuguesa, o que fez com que a maior parte das reuniões não terminasse sempre de acordo com o horário previsto. Sublinha – se que as línguas mais faladas na área de estudo são: Emakuwa, Yao,

Dada a circunstância anteriormente referida, para validar os depoimentos em cada grupo focal, fez-se um rascunho das ideias-chave sobre as respostas de cada questão discutida. Posteriormente fez-se uma leitura traduzida para a língua local, ainda em sede de cada reunião de grupo focal, para assegurar que o conteúdo dos depoimentos fosse confirmado pelos participantes, incorporando sempre os reparos dos elementos do grupo nos aspectos que fossem considerados desajustados às respostas dadas. Devido a esta realidade, na apresentação dos resultados das entrevistas, não foi fácil elencar todas as palavras e expressões utilizadas por cada participante. Em alternativa, alguns depoimentos apresentam as ideias dos grupos numa linguagem mais elaborada, com vista a facilitar melhor compreensão do leitor.

2º. As populações locais tinham muitas preocupações ligadas às suas condições e viam as reuniões de grupo focal como oportunidade para apresenta-las;

3º. A falta de recursos financeiros por parte do inquiridor criou certa desmotivação das comunidades entrevistadas, porque estão habituadas que nas reuniões de recolha de opiniões que têm sido conduzidas por ONGs, tem se servido refeições durante ou depois da realização do grupo, mas tal não foi possível nesta pesquisa;

4º. Os agentes de fiscalização de Florestas e Fauna Bravia ao nível distrital foram as pessoas indicadas para acompanharem o trabalho de campo, mas estes também viam as reuniões de grupo focal como uma oportunidade para intervirem na tentativa de resolver algumas preocupações que as comunidades apresentavam, uma vez que estes não têm meios para fazer uma cobertura de todas as localidades de cada distrito, além de estes serem em número insignificante (um a dois fiscais por distrito) para atender a demanda ao nível da área de sua jurisdição;

5º. Houve um descontentamento por parte dos Extensionistas Rurais e dos Fiscais de Florestas e Fauna Bravia que acompanharam a pesquisa porque apesar de não terem sido prometidos, esperavam receber ajudas de custo por cada deslocação, pagas pelo pesquisador, mas o mesmo não aconteceu, uma vez que não havia

disponibilidade financeira para esse efeito. A estes, apenas coube o benefício de usaram o mesmo meio de transporte alugado pelo pesquisador para o efeito.

Refira-se que durante as deslocações para as entrevistas nas localidades, os fiscais florestais que acompanharam o pesquisador, aproveitaram a oportunidade para interagir com os líderes comunitários fora das reuniões de grupos focais, e foram tomando notas das ocorrências nas florestas locais, para servirem de suporte às futuras intervenções sob sua responsabilidade profissional. No caso do Distrito de Montepuez, os Extensionistas Rurais que acompanharam o pesquisador às aldeias onde decorreram as reuniões de grupos focais, exigiram deste a disponibilização de combustível para abastecer as suas motorizadas para poderem se deslocar às aldeias onde foram, com antecedência de uma semana, convocar a população e avisar as autoridades comunitárias para comparecerem às reuniões de grupos focais.

6º. Os limitados recursos financeiros para a realização do trabalho de campo exigiram que as actividades tivesse início as oito horas de manhã e só terminavam cerca das seis da tarde, uma vez que se procurou realizar as entrevistas com dois grupos focais em cada Posto Administrativo, e uma entrevista com o Chefe do Posto, individualmente.

7º. Para garantir uma representatividade dos participantes dos grupos focais, ao nível das aldeias que fizeram parte dos entrevistados de cada Posto Administrativo, o entrevistador teve que passar de aldeia em aldeia, a fim de levar na sua viatura os elementos seleccionados para os reunir nas Sedes de Postos Administrativos e/ou de Localidades, e no fim das reuniões, levá-los de volta para as suas aldeias.

8º. Registaram-se bastantes dificuldades nas entrevistas aos directores dos serviços distritais de actividade económicas e aos chefes dos Postos visitados devido à sua sobrecarga das agendas durante o período que decorreu o trabalho de campo.

Na análise dos dados, levou-se em consideração as palavras utilizadas repetidamente, o contexto no qual a informação foi obtida, a concordâncias entre as opiniões dos participantes, as alteração de opiniões ocasionadas pela pressão dos

elementos dos grupos, as respostas dadas em função de experiências pessoais, comportamentos, gestos, reacções, sentimentos, valores de ordem pedagógica, ideológica e ética, preconceitos, dificuldades de compreensão das perguntas feitas, entusiasmo, dificuldades em encarar os desafios, aproveitamento dos espaços de liberdade, entre outros.