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Recomendações chave e lições aprendidas

Revisão Conjunta do sector de água, Abril de

3. Recomendações chave e lições aprendidas

ƒ O sistema de monitoria deve ser reforçado e melhorado para que se possa ter dados fiáveis nos indicadores de cobertura do PES/PAF. Uma consultoria que está em curso para a planificação sectorial das Metas do Desenvolvimento do Milénio pode ser usada para ajudar a implementar um sistema melhorado, unificado e transparente que deve ser gerido de dentro da DNA. Esta

consultoria, ou uma outra separada, poderia ser usada na preparação dos formatos e na implementação dos procedimentos para a recolha e análise da informação a ser utilizada nas revisões conjuntas e de meio-termo.

ƒ As áreas de Planificação e Finanças da DNA e das províncias devem ser fortalecidas. Esta medida irá exigir apoio dos parceiros de cooperação. Um melhor relacionamento entre o MF e a DNA tornaria possível ter dados correctos de uma forma atempada.

ƒ A execução orçamental dos fundos de investimento deve melhorar, em especial para a componente externa. Deve ser feito um esforço enorme no sentido de identificar os constrangimentos chave que se colocam ao aumento dos gastos (aliado a uma melhor sustentabilidade das obras). É necessário um trabalho sério e sistemático para que se possa ter uma melhor ideia dos valores "on budget" e "off budget" disponíveis para o sector.

ƒ Os acordos (Memorandos de Entendimento) com os parceiros que trabalham fora do orçamento devem ser facilitados para que se possa receber informação regular. A harmonização dos doadores deve avançar no sector das águas. Devem ser realizadas reuniões mais regulares de acompanhamento pelo grupo principal de doadores durante o ano de 2005, no mínimo de 3 em 3 meses, para

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objectivo de elaborar uma Estratégia Nacional para o cumprimento das Metas do Desenvolvimento do Milénio. Esta consultoria será alargada por forma a cobrir a monitoria dos financiamentos fora do orçamento, bem como a criação de uma base de dados para um processo de monitoria do desempenho

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Sumário executivo

A prevalecente falta de igualdade em direitos e oportunidades entre homens e mulheres em Moçambique é, para além de uma questão de justiça social, também um assunto de desenvolvimento e eficiência económica. Desigualdade de género dificulta crescimento e diminui o sucesso das medidas de redução da pobreza. Neste sentido, o alcance dos objectivos estratégicos do PES e do PARPA, a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento económico, requer um esforço mais concertado para investir no aumento da igualdade de género. Para além disso, é necessário desenvolver uma visão abrangente sobre as ligações entre a pobreza, a falta de igualdade de género e o alastramento do HIV/SIDA. Sem um investimento na igualdade, as metas de redução de pobreza não poderão ser atingidas, e a taxa de infecção de HIV/SIDA continuará a crescer dramaticamente, ameaçando os ganhos de desenvolvimento.

Avaliação de 2004 Progresso

Apesar de não existir actualmente nenhum indicador específico na lista de PAF para a promoção de igualdade, o BdPES relata as actividades do Governo que visam este objectivo, confirmando o seu compromisso de longa data. Os avanços principais em 2004 foram o estabelecimento, pelo Conselho de Ministros, do Conselho Nacional para o Avanço da Mulher (CNAM), a divulgação do Plano Nacional de Acção para o Avanço da Mulher (PNAM) e a finalização da Política e Estratégia Nacional de Género, ainda para ser aprovada pelo Conselho de Ministros. Para além disso, a aprovação da Lei da Família pela Assembleia da República foi um marco importante para melhorar os direitos das mulheres em Moçambique.

O BdPES também se refere ao cumprimento do indicador das Metas do Milénio sobre a igualdade de género, o alcance da paridade de género na educação primária e secundária até 2005, reconhecendo que uma resposta adequada a esta meta necessitaria de um maior incremento do que o presente nas taxas femininas de matrícula, retenção e conclusão. No entanto, não há nenhuma referência aos outros indicadores desta mesma meta, ou seja, a taxa de analfabetismo entre mulheres e homens, assim como a participação das mulheres na força laboral assalariada e na Assembleia da República.

Deve se notar, também, que os avanços, durante 2004, tal como relatados no BdPES, na melhoria da produtividade da agricultura, do acesso à educação, a serviços de saúde, água e saneamento, todos melhoram a situação das mulheres por contribuírem para a redução de pobreza e, em alguns casos, para a redução da sobrecarga de trabalho das mulheres.

Preocupações

Porem, muito mais deve ser feito pois, para além de ser uma questão da justiça social, a prevalecente falta de igualdade nos direitos e nas oportunidades entre homens e mulheres em Moçambique também é um assunto de desenvolvimento e

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mundial através da inclusão do objectivo da promoção da igualdade de género nas Metas do Milénio. Assim, o Programa do Governo para 2005-2009, recentemente aprovado, afirma que ‘o empoderamento das mulheres é um factor decisivo para a erradicação da pobreza’19. Neste sentido, o alcance dos objectivos estratégicos do PES e do PARPA, a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento económico, beneficiariam de um esforço mais concertado para investir no aumento da igualdade de género.

Neste momento, não há alocações específicas no orçamento para assegurar que as necessidades das mulheres sejam consideradas nos diferentes sectores, e não há formas de analisar se as mulheres são tão beneficiadas como os homens pelos recursos disponíveis. Deve ser reforçada a capacidade nacional na planificação e orçamentação sensíveis ao género, em todos os sectores, através de programas de formação de longo prazo com fundos adequados. Os únicos fundos governamentais que contribuem directamente ao objectivo da igualdade de género são os fundos alocados ao Ministério da Mulher e Acção Social (MMAS), particularmente à sua Direcção Nacional da Mulher (DNM), que se encontra sem recursos suficientes, largamente dependente de financiamento externo. A função coordenadora do Ministerio da Mulher e Accao Social na implementação da política do Governo em prol da igualdade de género deve ser reconhecida através de recursos adequados no Orçamento do Estado, em concordância com o Programa do Governo para 2005- 2009, que constata a necessidade de aumentar a participação financeira do Estado, das ONGs e de outras agências no apoio institucional à promoção do estatuto da mulher20.

Afim de se poder dirigir os recursos necessários da maneira mais eficiente, será necessária uma planificação cuidadosa. Para além daquilo que já se iniciou nas principais políticas sectoriais de educação, saúde e agricultura, a integração da perspectiva de género deve ser seriamente tratada nas reformas transversais em curso, particularmente na área de governação. A reforma do sector público, o processo de descentralização e a reforma legal oferecem oportunidades excelentes para aumentar a participação das mulheres e para reconhecer os direitos das mulheres como direitos humanos.

Mais importante ainda, é que será necessário desenvolver uma visão abrangente sobre as ligações entre a pobreza, a falta de igualdade de género e o alastramento do HIV/SIDA. O limitado poder económico e de decisão das mulheres resulta em que as mulheres jovens, incluindo as casadas, se tenham tornado no grupo em que a taxa de infecções do HIV aumenta o mais rapidamente. As políticas nestas três áreas deveriam se basear no entendimento da necessidade de aumentar a autonomia das mulheres para que elas se possam proteger de infecção e de se mudar o comportamento dos homens para que os direitos humanos das mulheres sejam respeitados. Uma medida importante neste sentido seria a submissão atempada da Lei sobre a Violência Doméstica à Assembleia da República durante 2006.

De igual modo, são necessários investimentos contínuos e incrementados na área de saúde sexual e reprodutiva para se alcançar as metas de redução da pobreza e melhorar a igualdade de género.

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República de Moçambique: Programa do Governo para 2005-2009, p. 113

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Como foi acordado na Aide Memoire de Setembro de 2004, o processo da revisão do PARPA incluirá a integração de género e de HIV/SIDA entre outros assuntos transversais na nova versão do documento. Também foi acordado que todos os indicadores na lista de PAF 2006 serão desagregados por sexo e que um indicador específico, baseado no Índice Africano de Género e Desenvolvimento (AGDI), será introduzido para monitorar o compromisso do Governo para a promoção da igualdade de género. Estes são passos importantes rumo a uma implementação mais eficiente desta política comum, a promoção da igualdade de género em Moçambique, sem a qual as metas da redução de pobreza não serão atingidas. Também, sem investir na igualdade de género, a taxa de infecção de HIV/SIDA continuará a crescer dramaticamente, ameaçando assim os ganhos de desenvolvimento.