• Nenhum resultado encontrado

Recompensas esperadas pela participação como voluntários (Expectância)

4. Análise dos dados

4.1 Recompensas esperadas pela participação como voluntários (Expectância)

O primeiro objetivo específico desta pesquisa foi identificar quais recompensas os funcionários do Unibanco esperavam obter como conseqüência do seu engajamento no Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement (Expectância).

Relembra-se que os dados dessa sessão foram coletados utilizando-se a única questão aberta do questionário (cf. Apêndice A): Recompensas relacionadas com a

participação no Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement.

Utilizou-se a Análise de Conteúdo (Bardin, 2008) para se fazer à categorização dos depoimentos, segundo as unidades de análise estabelecidas para a compreensão das Expectativas dos funcionários do Unibanco, com relação a sua participação nesse Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement.

Neste sentido, identificam-se cinco tipos diferentes de Expectativas: desenvolvimento de novas competências, sentir-se útil à comunidade, apoio dos colegas, estímulo à participação e satisfação pessoal.

4.1.1 Desenvolvimento de novas competências

Parece que a Expectativa mais marcante para o engajamento no Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement, indicado pelos respondentes refere-se ao

desenvolvimento de novas competências; as declarações dos funcionários que participaram nesse Programa são reveladoras:

“Em conseqüência disso a gente adquire liderança” (sic. R3).

“Profissionalmente, desenvolvemos maior capacidade de liderança” (sic. R6).

“[...] me fez aperfeiçoar e adquirir novas competências me beneficiando profissionalmente como, por exemplo, falar em público” (sic. R8).

“[...] foi muito bom pelo fato também de ajudar a perder a inibição” (sic. R12).

“Desenvolvi minha liderança com meus colegas de trabalho e aprendi a lidar com crianças deficientes” (sic. R13).

“É preciso ser muito organizado para poder conciliar o horário de trabalho com as atividades do programa. O que acredito ser, um dos principais motivos do não engajamento de muitos no programa” (sic. R1).

“[...] confesso que fiquei um pouco na dúvida em relação ao tempo que iria dedicar como voluntária, pois poderia fazer outras atividades, porém depois que já estava inserida neste trabalho, ficava triste por sentir que o tempo passava rápido demais e queria sempre me dedicar mais tempo” (sic. R8).

Corrullon e Medeiros (2002) corroboram com as declarações dos respondentes quando citam como uma das vantagens para o indivíduo voluntário a chance de melhorar sua competência pessoal e profissional no momento em que à oferta de capacitação no programa e a vivência de situações reais. Ainda, conforme Goldberg (2001), um estudo de caso realizado pelo Ceats/USP em 1999, junto a C&A Modas, também concluiu que funcionários que participam como voluntários têm seu leque de competências ampliado, são mais integrados ao trabalho e à própria organização e adquirem maior satisfação pessoal com o que fazem.

4.1.2 Sentir-se útil à comunidade

Um segundo aspecto também importante quanto às Expectativas esperadas pelo engajamento no Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement (Expectância), refere-se ao sentimento de sentir-se útil a uma determinada comunidade

que está tão próxima fisicamente, mas em condições tão diferentes da sua; conforme as declarações dos respondentes:

“[...] pois já há algum tempo, pensava em dá a minha contribuição à sociedade” (sic. R1).

“[...] principalmente a auto realização quanto a ação produtiva para com a sociedade” (sic. R2).

“[...] recompensas posso destacar a satisfação obtida em estar ajudando ao próximo, ou seja, passando um pouco do meu conhecimento e experiência de vida para aqueles que também querem ser alguém na vida” (sic. R3).

“A Recompensa principal de caráter positivo é a sensação de sentir-se útil a comunidade, compartilhar conhecimento” (sic. R5).

“Me senti uma pessoa melhor, que se preocupa com o social, que faz o bem para a comunidade” (sic. R6).

“[...] foi bastante gratificante no sentido de contribuir para a sociedade, apresentando soluções concretas para evolução dos participantes” (sic. R7).

Essa sensação de estar fazendo bem ao próximo é reconhecida por Selli e Garrafa (2005), quando identificam motivações para a atividade voluntária alicerçadas na solidariedade. Para esses autores o sujeito é voluntário visando ajudar as pessoas, torná-las mais autônomas, contribuir na construção da justiça, diminuir as disparidades sociais e cumprir com a sua parte como membro da sociedade.

4.1.3 Apoio dos colegas

Outra recompensa esperada pelo engajamento no Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement (Expectância), diz respeito ao apoio dos colegas, que segundo os depoimentos, esse apoio parece não ser muito favorável, representando uma recompensa negativa:

“Sabemos que, em qualquer lugar, independente de ser local de trabalho, sempre existe aqueles que demonstram um pouco de inveja por não ter coragem de enfrentar novos

desafios, porém na maior parte todos nos elogiam e parabenizam pelo trabalho social que realizamos em benefício aos mais necessitados.” [...] (sic. R3).

“[...] comentários dos colegas de trabalho, quando havia necessidade de chegar um pouco depois do horário ou até fazer uma adaptação, ouvi muitas vezes que não era necessário todo esse compromisso e responsabilidade [...]” (sic. R8).

“Na agência onde trabalho houve comentários do tipo: “Quis fazer esse trabalho para deixar de ficar na agência [...]” (sic. R10).

“A oportunidade foi oferecida sem nenhum tipo de restrição aos candidatos pela empresa a qual trabalho. Mesmo assim o resultado não foi esperado. Os próprios colegas discriminavam aos que estavam na ativa, dentro das escolas, (voluntário), pois muitos achavam que era perda de tempo, ridicularizando nossa atitude” (sic. R11). “Profissionalmente não agregou praticamente nada, as pessoas não dão muita importância a esta ação” (sic. R12).

Esse sentimento de recompensa negativa presente nos respondentes é identificado em estudo realizado por Fischer e Falconer (2001), quando da dificuldade do voluntário de manter seus compromissos diante a demanda de trabalho na empresa é muito alta, gerando conflitos pessoais e algumas dificuldades no relacionamento com colegas e chefes. Daí, ainda segundo os mesmos autores, as ações sociais geralmente ficam prejudicadas com o absenteísmo ou a impontualidade do voluntário.

4.1.4 Estímulo à participação

Neste mesmo sentido, uma outra recompensa esperada pelo engajamento no Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement (Expectância) e que parece não ser também muito favorável, diz respeito ao estímulo à participação, tanto da parte do Banco, quanto dos colegas, segundo os depoimentos:

“Não senti diferença nem nas relações com meus colegas nem na relação com a administração ou RH” (sic. R6).

“Acho que poderia ter um incentivo maior por parte da empresa para desenvolver novos voluntários, é contagiante” (sic. R8).

“Acho um trabalho muito rico e que precisava ser aperfeiçoado com troca de informações para melhor ser executado” (sic. R9).

Conforme pesquisa realizada por Fischer e Falconer (2001), há muitas formas de estimular o voluntariado, além de dispensar o funcionário no horário de trabalho para realização de atividades sociais. Para os autores, voluntariado é um instrumento inovador de gestão de recursos humanos, servindo para desenvolvimento de habilidades interpessoais, liderança e trabalho em equipe, como forma de canalização da motivação do funcionário para a criação de um clima organizacional positivo. Ainda, opiniões positivas dos gestores quanto aos benefícios dos voluntariado, isto é, a maioria dos pesquisados (79%) admite que o voluntariado melhora a imagem institucional da empresa e (74%) alega melhorar a relação da empresa com a comunidade.

O que parece não ter sido o sentimento dos respondentes da pesquisa.

4.1.5 Satisfação pessoal

Finalmente, parece que uma recompensa não muito esperada pelos respondentes participantes do Programa de Voluntariado Empresarial Junior Achievement (Expectância) refere-se à satisfação pessoal: apenas três pessoas responderam neste sentido:

“[...] foi no âmbito pessoal, [...] tive a oportunidade de crescer um pouco mais como pessoa [...] aumentando dessa forma, a minha auto-estima” (sic. R1).

“[...] crescimento do lado humano no relacionamento com o próximo [...]” (sic. R2). “Me senti uma pessoa melhor, que se preocupa com o social, que faz o bem para a comunidade” (sic. R6).

Essas declarações corroboram com a afirmação de Corullon (1997), quando ela assim indica: o que move um indivíduo em direção ao trabalho voluntário é uma doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior diante de um problema de desigualdade social e uma vontade de se sentir ocupado com essa causa e estar dando sua contribuição.

Sobre esses aspectos também confirmam Selli e Garrafa (2005, p.6-7) quando afirmam que uma das razões fundamentais que estabelecem as motivações para a atividade voluntária está relacionada à vida do indivíduo, ou seja, uma opção para "dar

sentido à própria vida", "ocupar o próprio tempo", "ter a possibilidade de comunicar- se", "superar o vazio da existência", "sentir-se melhor como pessoa".

4.2 Expectativas para participação no Programa de Voluntariado Empresarial

Documentos relacionados