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Quando se assiste a um noticiário na televisão, por exemplo, devido à própria formatação dos programas de notícias, as matérias tendem a passar rapidamente. Neste caso, o telespectador fica de mãos atadas, pois, se procurar refletir mais profundamente sobre determinada matéria que viu, poderá perder em parte ou totalmente, a outra ou as outras que surgirão na seqüência. Por um outro lado, um leitor de jornal ou revista, quando se depara com uma determinada matéria, pode optar em seguir sua leitura, semelhantemente ao noticiário televisivo, ou então, procurar refletir mais profundamente sobre ela, caso lhe seja conveniente, sem abrir mão da possibilidade de apreciar com tranqüilidade as outras notícias, já que tem o poder de determinar o ritmo, a seqüência e a escolha das matérias.

O fato, entretanto, é que a maioria de nós:

Tendemos na vida, até por força de uma escola que apenas ensina a copiar, a ser receptores de informação, principalmente diante da manipulação da mídia. Lemos um jornal passivamente, quer dizer, sem investir espírito crítico, sem relacionar com outras formas de dizer ou com outras notícias, sem mobilizar interpretação pessoal, sem ter noção do que se deturpa, esconde, manipula. Esta deficiência se revela, por exemplo, no fato de que o lido, mesmo que seja diário, não repercute em nada na vida concreta, na profissão, nas relações sociais e políticas, na organização da vida diária. (DEMO, 2000, p.24)

Indagações bem elaboradas, todavia, podem suscitar reflexões objetivando transcender as informações ou dados que estão disponíveis visualmente ao leitor.

Recorte 1 – Quantas horas se trabalha em cada país

Publicado na Veja – edição 1846, ano 37 – nº 12 – p. 37 – 24 de março de 2004.

Uma leitura superficial desta publicação poderia sugerir, a priori, que o Brasil, em termos de horas trabalhadas, vem se aproximando mais dos países tidos como desenvolvidos4, do que de outros menos avançados.

Uma observação mais aprofundada, no entanto, poderia gerar alguns questionamentos em torno das informações explícitas na matéria.

No rodapé da matéria há a observação que a fonte dos dados é da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e que os números são de 2002, exceto o do Brasil, que é de 2001. Em primeiro lugar, a pesquisa já está defasada em 2 anos da sua publicação, embora a própria matéria diga que é uma “pesquisa recente”. Um outro fator mais agravante para efeito de comparação é que os dados não são de um mesmo ano.

4 O termo “desenvolvidos” nesta pesquisa foi usado apenas como designação genérica, segundo os

parâmetros da tradição cultural do ocidente, não sendo, todavia os fatores que normalmente são usados para atribui-lo como índice de qualificação nacional ou objeto de qualquer mérito analítico.

Justamente aí se encontra uma inconsistência, pois a informação sobre o Brasil é mais antiga que as outras (de um ano anterior). Será que estes números não podem mudar significativamente de um ano para o outro? E em 2004, como poderão estar se comportando estes números? Caso sua variação fosse insignificante num intervalo de variação de 2 anos, seria muito conveniente que esta informação estivesse sendo apresentada para o leitor.

Pode-se gerar ainda, outros questionamentos mais profundos em virtude daquilo que não está explícito na matéria.

Por que o Banco da França produziria uma pesquisa como esta? Quais seriam os seus verdadeiros interesses nestes dados? Como eles foram coletados? De que forma foi feita a pesquisa, já que foi realizada pela Organização Internacional do Trabalho? Se, por ventura, os dados foram obtidos através de entrevistas às pessoas, elas conseguem avaliar com precisão quantas horas trabalharam numa semana? Esses erros se cancelam mutuamente? Que tipo de trabalhador foi considerado? Todos? Operários? Vendedores? Executivos? E o trabalho informal?

Pode-se ainda extrapolar a reflexão. Nos países citados na pesquisa, estão acontecendo horas extras? Qual é o número de horas semanais estipulado por lei em cada um dos países, caso exista lei? Observe que, pela pesquisa, trabalham-se 41,8 horas por semana no Brasil, e o acordado pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) é de 44 horas semanais, regime este adotado para uma grande massa de trabalhadores do país.

Informações deste tipo, aparentemente sem muitas conseqüências para a vida cotidiana das pessoas, poderiam, em virtude de sua própria sutileza, servir como alicerce para a construção de crenças cuja realidade seria passível de

objeções procedentes. Por exemplo, a quantidade de horas semanais que se atribuiu ao Brasil (registre-se que não houve distinção entre as várias regiões do país, embora elas apresentem conhecidas diferenças sociais, culturais e econômicas), poderia servir como tese para afirmar que os níveis salariais são maiores do que costuma julgar a opinião pública, podendo até mesmo superar, se a colocação for bem construída, países tidos como economicamente mais adiantados. A leitura dos dados, pois, não será apenas uma, mas tão-somente será aquela mais conveniente, ou mais acessível a quem a empreenda.

Então, pode-se sintetizar algumas incertezas e/ou falhas que se apresentam na matéria do recorte 1, que serão mais detalhadas logo adiante:

• Solicitante / Contexto

• Data de Validade / Localização • Comparação de Dados • Método de Pesquisa • Números / Incerteza • Amostra • Publicação / Fonte • Completude de Informações

Recorte 2 – Livros, ginástica e amigos

A matéria inicia pela chamada que diz: “Pesquisa derruba mito de que os internautas são desmiolados, sedentários e misantropos5”. Ela se utiliza de palavras como “derruba mito” e “desmiolados” para causar impacto e vocábulos poucos conhecidos no dia-a-dia como misantropos, que eventualmente pode não ser a interpretação correta para o caso. O uso de termos desse tipo reforça o poder da matéria no sentido de emplacar as informações nela contidas e aumentar a sua credibilidade.

Primeiramente, a matéria começa embasada numa pesquisa realizada na Universidade da Califórnia nos Estados Unidos, que diz que “quer enterrar a imagem do internauta como um sujeito misantropo e imbecilizado”. Será que o trabalho intitulado World Internet Project 2004 realizado em 14 países tem apenas esta finalidade? Embora o projeto atinja vários países do globo, “o Brasil não consta do levantamento, mas os números nacionais disponíveis são semelhantes aos da Universidade da Califórnia”. Como assim? Foi realizada uma pesquisa também aqui no Brasil? Se foi, o processo aplicado na pesquisa foi rigorosamente o mesmo? O que realmente significa: “números nacionais disponíveis são semelhantes”? Quais são os 14 países envolvidos na pesquisa? Algum da América Latina?

O processo utilizado na coleta dos dados não foi mencionado. É interessante observar que se a pesquisa foi feita nas ruas, justamente deixará de fora aqueles internautas que não praticam as atividades mencionadas na matéria.

5 Misantropo, segundo o Novo Aurélio: 1. Que ou aquele que tem ódio ou aversão à sociedade;

antropófobo. 2. Que ou aquele que evita a convivência, que prefere a solidão, que é solitário, insociável; antropófobo. 3. Diz-se de, ou homem melancólico.

Outro questionamento que pode também ser incluído é a respeito do tipo de internauta costuma responder questionários, caso tenha sido este o processo de coleta dos dados. Podemos ponderar também se o tipo de internauta brasileiro é o mesmo que o americano ou de países europeus, pois a situação sócio-econômica e cultural destes dois países tem diferenças consideráveis.

Outro dado muito importante apresentado é: “A pesquisa americana não se arrisca a produzir explicações”. Entretanto, os responsáveis pela publicação da matéria em questão fazem várias considerações a respeito do tema.

A pesquisa, como foi mencionada, é uma compilação de dados sobre o comportamento e os hábitos de 30.000 usuários regulares da internet. Como se diferencia um usuário regular de internet de um não usuário?

O quadro em destaque na matéria apresenta 3 itens de comparação: leitura, atividades físicas e vida social. As pessoas “perguntadas” têm um mesmo conceito do que seja vida social?

Então podemos sintetizar algumas incertezas e/ou falhas que se apresentam na matéria do recorte 2: • Solicitante / Contexto • Comparação de Dados • Método de Pesquisa • Números / Incerteza • Amostra • Publicação / Fonte • Completude de Informações

Recorte 3 – Resultados Positivos

Publicado na IstoÉ – edição 1838 – 29 de dezembro de 2004.

A matéria inicia com: “O preparo dos diretores de escolas é primordial para o desempenho do aluno. É o que prova o programa Gestão para o Sucesso Escolar...”. Frases de impacto como “é o que prova” tentam dar total credibilidade à publicação. Será que a pesquisa em questão realmente prova isto? Não existem outros fatores primordiais para o desempenho do aluno?

Em seguida, tem-se a informação que a Fundação Lemann financiou o projeto e ele foi desenvolvido pelo Instituto Gestão Educacional. Quem são estas entidades e por que a referida Fundação financiou um projeto como este? Do que se trata especificamente este projeto, sendo que ele foi aplicado em 189 escolas de São Paulo e Santa Catarina, mas quantas em Santa Catarina e quantas em São Paulo? Por que estes dois estados e não outros? O projeto foi aplicado somente nas quartas séries ou apenas os resultados das quartas séries puderam ser publicados?

O resultado “saltou” de 24,2 para 28,5 pontos, numa avaliação de 40 pontos. Que tipo de avaliação é esta e o que é avaliado? E por que 40 pontos se a grande maioria das escolas adota o sistema com valor máximo de 10 pontos, ou ainda 100 pontos? Caso fosse imprescindível, qual a justificativa para se utilizar 40 pontos? Todos os alunos envolvidos fizeram parte dos dados apresentados? Tem-se aí uma inconsistência na publicação dos dados pois a média geral dos alunos que foi divulgada serve para os dois estados. Seria conveniente divulgar a média dos alunos para cada estado (ou ainda para cada escola), pois, pelos dados apresentados, há a possibilidade de um estado ter decaído na média dos alunos e ainda assim a média aumentar.

Explica-se, na reportagem, que a verificação das médias ocorreu em um ano. O projeto iniciou no mesmo ano ou já vem sendo aplicado durante mais tempo? Supõem-se que o ocorrido aconteceu em 2004, mas o leitor não tem a obrigação de supor datas, pois este dado deveria aparecer em algum momento na reportagem.

Já é conhecido no meio acadêmico as dificuldades existentes num processo de avaliação dos alunos, seja qual tipo for, pois uma série de fatores estão envolvidos. A divulgação de maiores informações sobre o projeto apresentado na matéria e sobre a verificação do aumento das médias dos alunos seria fundamental, considerando que questões que envolvem avaliações devam ser tratadas com mais “delicadeza”.

Finalmente a publicação termina com: “Mais de R$ 1 milhão foi aplicado no programa.” De que forma e aonde este dinheiro foi aplicado? Foi distribuído igualmente entre os estados envolvidos? Num país como o Brasil, que carece de

grandes investimentos em educação, talvez uma matéria como esta merecesse de mais espaço e seriedade para divulgação.

Sintetizando algumas incertezas e/ou falhas que se apresentam na matéria do recorte 3, tem-se a seguir:

• Solicitante / Contexto • Data de Validade • Comparação de Dados • Método de Pesquisa • Números / Incerteza • Amostra • Publicação / Fonte • Completude de Informações

Recorte 4 – Quero ser grande

Publicado na IstoÉ – edição 1804, p. 54-60 – 05 de maio de 2004. (Anexo 1)

A reportagem em questão é a da capa, e faz a seguinte chamada: “Surpresa! A juventude brasileira é careta – 90% dos jovens entrevistados nunca fumaram maconha. 82% querem...” Inicialmente faz uma chamada de impacto com uma informação teoricamente contrária a que se imaginaria dos jovens de hoje. É a força de uma expressão “necessária” para a capa de uma revista semanal. Por ser a matéria da capa, no editorial da revista (p. 19) tem-se informações referentes à pesquisa em questão. Parte do que está no editorial também aparece na própria matéria, porém algumas informações importantes figuram apenas aí. O editorial

inicia também com frase de impacto: “A reportagem da capa desta edição traz revelações surpreendentes sobre a juventude brasileira.” E em seguida menciona que “jovens e talentosos jornalistas da editoria de Comportamento da IstoÉ, debruçaram-se sobre os resultados da extensa pesquisa feita pelo Instituto Cidadania.” É aí que pode suscitar várias falhas sobre a reportagem. A pesquisa parece ser séria, pois traz vários dados sobre a realização da mesma, como por exemplo, número de entrevistados (amostragem), método da pesquisa, data de realização, entre outros itens importantes já mencionados anteriormente, embora não divulgue qual o percentual de erro que os valores podem conter. Todavia, os resultados desta extensa pesquisa foram “fragmentados” por dois “jovens e talentosos jornalistas”. Neste momento não se quer avaliar o talento dos jornalistas em questão, muito menos a experiência dos mesmos, porém cabe ressaltar se estes estão capacitados para fazer tais inferências sobre os dados apresentados na pesquisa, trabalho este de responsabilidade de um profissional da estatística.

A matéria dá ênfase ao dado: “90% dos jovens entrevistados nunca fumaram maconha.” Como os dados foram coletados através de um questionário domiciliar e se a pergunta sobre a maconha foi direta, do tipo: “você já fumou maconha?” tem-se um resultado questionável, pois qual a probabilidade de um jovem responder a verdade sobre uma pergunta como esta? Ainda mais importante é considerar o fato de que a pesquisa foi através de um preenchimento de formulário de 158 perguntas e o tipo de jovem que aceitaria preencher formulários deste tipo pode não combinar muito com aqueles que não se propuseram a preencher, até por que podem não cultivar o hábito de estar em casa durante a maior parte do dia. Em contra partida, “42% já seguraram uma arma de fogo”. Importante ainda frisar que o dado anterior

parece ignorar que os 10% dos jovens que já fumaram maconha representam aproximadamente (segundo os dados do Censo 2000 do IBGE) 3,41 milhões de jovens brasileiros, o que representa um número considerável.

Algumas outras questões que podem ser argumentadas. “Um quarto dos jovens nunca foi a um shopping nem a uma danceteria”. Deve-se considerar aqui o fato de que a pesquisa também foi feita no interior dos estados, e, consequentemente, existem cidades que não possuem shopping ou mesmo alguma danceteria. Talvez fosse importante repensar este dado antes de sua publicação.

Vale lembrar que, embora a reportagem informe que as amostras são proporcionais ao número de habitantes de cada estado, tomar porcentagens para a totalidade de um país tão heterogêneo em inúmeros aspectos e de dimensões continentais, parece ser algo que precisa ser levado mais em consideração.

Para finalizar esta análise, observa-se o fato de que a matéria apresenta algumas entrevistas com jovens que combinam com o perfil da pesquisa, sendo que isto parece bastante conveniente, até para justificar os dados ali publicados.

Agora então, sintetizando algumas incertezas e/ou falhas que se apresentam na reportagem do recorte 4, seguem abaixo:

• Comparação de Dados • Método de Pesquisa • Números / Incerteza • Amostra • Publicação / Fonte • Completude de Informações

Recorte 5 – Internet ainda está longe de professores

Publicado no jornal A Notícia – nº 23.067 – p. A10 – 30 de maio de 2004. (Anexo 2 – Versão da internet: www.an.com.br)

Esta reportagem foi antecedida pela chamada de primeira página que dizia: “Tecnologia distante da sala de aula.” “Pesquisa revela que 58,4% dos professores jamais navegaram na internet, 77% dos docentes que recebem até 5 salários não têm computador próprio.”

Na verdade, como se pode ler nas páginas seguintes, esta pesquisa não se restringe apenas ao aspecto tecnológico6, mas envolve outros posicionamentos de

ordem sociocultural como: “69% dos professores não desejam ter como vizinhos viciados em drogas”. Embora somente esta afirmação já possa ser um denso objeto de análise, o enfoque aqui permanecerá centrado na questão da informática.

Os valores apresentados no texto (77% e 58,4%), tanto ao leitor que não faz parte do magistério quanto ao próprio professor, podem causar a impressão de que a carreira de educador vai de mal a pior, tanto no sentido de qualificação profissional quanto no da adequação ao atual estágio cultural e tecnológico da sociedade. Mas será que estes dados correspondem à realidade? Se a coleta fosse feita nas escolas em que este pesquisador trabalha, certamente a resposta seria negativa. Na SOCIESC7, por exemplo, é possível afirmar, sem grande margem de erro, que

quase 100% dos professores acessa a internet com freqüência semanal. Em outras duas entidades em que o pesquisador também leciona, toda a comunicação com o corpo docente e disponibilização do material didático são feitas através da internet.

6 O termo “tecnológico” está sendo usado neste caso para definir a disponibilidade de recursos

ligados à informática, todavia, deve ficar claro que sua aplicação se estende a qualquer área do conhecimento humano que já esteja sistematizada e passível de uso operativo para desenvolvimento da sociedade.

Mas não é somente nestas escolas que isto acontece, há colegas que trabalham em outras instituições tanto públicas quanto particulares que usam estes recursos com regularidade. Nenhuma destas escolas, entretanto, respondeu a qualquer pesquisa neste sentido.

Tal fato, acredita-se, é extensivo a um grande número de escolas em todo o território nacional, as quais apesar de já disponibilizarem computador para seus alunos e professores não foram consultadas na pesquisa.

Da mesma forma, afirmar que 77% dos professores que ganham de 1 a 5 salários mínimos não têm computador em casa, parece um exagero, pois hoje a aquisição destas máquinas tem sido facilitada por uma série de artifícios financeiros, o que tem possibilitado a um número cada vez maior de pessoas de renda mais baixa o acesso à informática. É certo, no entanto, que esta condição não é geral, há muitas regiões do país em que não apenas os professores mas grande parte da população ganham salários muito baixos, e as escolas carecem de recursos operacionais e educacionais, não somente como computador, mas também giz, quadros, carteiras, livros, etc. Esta situação, entretanto, não pode ser generalizada, como sugere a pesquisa em questão, já que a incompletude dos dados orientativos sobre as amostras e as populações pesquisadas dá a entender que ela não é suficientemente abrangente. Se assim o fosse, amanhã seria possível divulgar, depois de uma pesquisa exclusivamente com pessoas de renda elevada, que 60 ou 70 ou 80% dos brasileiros possuem carro importado, moram em mansões e viajam com freqüência ao exterior.

Outro aspecto cujo sentido subjaz ao texto da reportagem é a sugestão de que o professor faz parte de uma classe de “coitados” que se sacrificam como

podem em favor da educação, apesar de não conhecerem e não terem acesso aos recursos educacionais que o mundo já oferece. “Os docentes do Brasil são heróis tentando construir uma nação”. Este pesquisador não crê que a realidade seja assim, ele acredita que os educadores são profissionais de grande importância para a sociedade e que dispõem de recursos tecnológicos e pedagógicos para realizar seu trabalho com eficácia. O “heroísmo”, entretanto, é uma atribuição imprópria para a profissão e esta conotação de “altruísmo piegas” parece emprestar ao magistério uma aparência de atitude improvisada, pois baseia sua existência muito mais numa iniciativa pessoal do que numa atividade tecnicamente estruturada. Por fim, pode-se observar também na presente pesquisa que há uma simplificação dos fatos, ou seja, quando se divulgou os percentuais obtidos, parece que não se analisou a dimensão dos fatos que eles representam pois, se assim fosse feito, perceber-se-ia que se está afirmando que mais da metade das escolas do Brasil e mais de ¾ dos professores simplesmente não conhecem o computador, ou não sabem utilizá-lo. Se a UNESCO, entidade responsável pela pesquisa, pensa desta maneira, parece que é necessário que o governo brasileiro faça uma divulgação mais apropriada do nível social, cultural, econômico e tecnológico em que se encontra hoje o nosso país.

Relacionando as incertezas e/ou falhas apresentadas na reportagem do recorte 5, tem-se: • Solicitante / Contexto • Comparação de Dados • Método de Pesquisa • Números / Incerteza • Amostra

• Publicação / Fonte

• Completude de Informações • Localização

Recorte 6 – Registros de Estupro

Publicado no jornal Diário Catarinense – nº 6.856 – p. 40 – 23 de janeiro de 2005.

A matéria está inserida em uma reportagem maior abordando vários temas associados ao estupro. O recorte em análise trata apenas da questão dos registros dos casos no estado de Santa Catarina.

“No primeiro semestre do ano passado ocorreram 271 casos de estupro em Santa Catarina, segundo a Secretaria de Segurança Pública (veja quadro)” é o que diz a reportagem. O número de casos (271) é uma estimativa ou é simplesmente o

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