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3. A CRISE DE 2008 NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

3.2 Recuperação e prevenção das crises econômicas

A recuperação da crise se dá quando vem à recessão econômica, a própria recessão é a etapa inicial da recuperação. A recessão significa a liquidação de projetos de investimentos empreendidos erroneamente que agora estão evidentes. Com a liquidação desses maus investimentos, há uma realocação de recursos dentro da economia, uma mudança na estrutura produtiva. Os recursos são transferidos dos setores menos produtivos para os mais produtivos. (DE SOTO, 2012)

A recessão surge quando a expansão de crédito abranda ou é interrompida e, como consequência, são liquidados os projetos de investimento erroneamente empreendidos, o que provoca o estreitamento e a redução do número de etapas da estrutura produtiva e a dispensa dos trabalhadores e dos fatores originais de produção que se encontram

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empregados nas etapas mais afastadas do consumo, onde deixaram de parecer rentáveis. (DE SOTO, 2012, p.361)

Como é necessário o reajustamento da estrutura produtiva para que a economia possa sair da crise, a única política que pode ser tomada é a de “flexibilizar” ao máximo a economia, principalmente o mercado do fator trabalho, o que permite que o ajustamento da estrutura produtiva possa acontecer o mais rápido possível. Quanto mais rígida ou controlada for a economia mais lento será o ajustamento, e os impactos sociais piores. (DE SOTO, 2012)

[...] tal como a ressaca, depois da embriaguez, é uma manifestação da saudável reação do organismo em relação à agressão alcoólica, a recessão econômica marca o início do período de recuperação, tão são e necessário, assim como doloroso, para que a estrutura produtiva volte a estar mais de acordo com aquilo que os consumidores verdadeiramente desejam. (DE SOTO, 2012, p.361)

A concessão de novos créditos às empresas para evitar que elas entrem em crise só faz com que a crise seja adiada e mais difícil será os ajustamentos necessários da estrutura produtiva, consequentemente, os impactos sociais também. (DE SOTO, 2012)

Após uma expansão do crédito sem lastro em poupança, não há como evitar os processos que desencadeiam, posteriormente, as crises e as recessões. Para evitar os ciclos econômicos é necessário impedir que o processo de expansão do crédito por parte do sistema bancário ocorra, o que só é possível por meio de reformas institucionais. (DE SOTO, 2012)

Os objetivos das reformas institucionais seriam impedir que o alargamento da estrutura produtiva tivesse origem por meio de um aumento do nível de poupança e não por uma expansão artificial do crédito. Isso só seria possível se fosse adotado um coeficiente de reserva de 100%, o que garante a não violação dos contratos de deposito à vista. (DE SOTO, 2012)

Uma proposta de reforma do sistema bancário:

[...] caso queiramos obter um sistema financeiro e monetário verdadeiramente estável e proteger tanto quanto for humanamente possível nossas economias de crises e recessões será necessário estabelecer: 1) a completa liberdade de escolha de moeda; 2) o sistema de liberdade bancária e a abolição do banco central; e, mais importante, 3) o respeito e o cumprimento por parte de todos os agentes envolvidos no sistema de liberdade bancária das normas e princípios tradicionais do Direito, em geral,

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e do importante princípio segundo o qual ninguém deve gozar do privilégio de poder emprestar o que recebeu em depósito à vista, em particular. Ou seja, é preciso manter em todos os momentos um sistema bancário com um coeficiente de reserva de 100%.

Basicamente, a reforma consiste em um sistema bancário livre e o fim do sistema de reservas fracionárias, com a adoção de um coeficiente de reserva de 100%.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A TACE tenta explicar como se dão os ciclos econômicos, o ponto de partida de tal teoria seria que a expansão artificial do crédito, ou seja, sem lastro em poupança é o que causa as crises e recessões. Por meio da expansão do crédito que se inicia o processo do ciclo, primeiro vem um forte crescimento econômico e depois a recessão.

De acordo com a TACE, a crise de 2008 nos EUA pode ser resumida em 4 fases:

1ª O Fed injeta dinheiro na economia, via aumento da base monetária, para reduzir artificialmente a taxa de juros. Com as taxas de juros baixas, o crédito se expande sem que haja um aumento da poupança.

2ª O efeito taxa de juros baixa faz com que a estrutura produtiva da economia aloque recursos para etapas produtivas mais longes do consumo final, no caso para o setor imobiliário ou de construção civil. Esse efeito é reforçado pelas instituições em vigor e pela atuação da Fannie Mae e da Freddie Mac diminuindo o risco, comprando as hipotecas dos bancos comerciais e disseminando no mercado pacotes de títulos lastreados em hipotecas que permitia aos bancos comerciais concederem mais empréstimo. Estimulando, mais ainda, a alocação de recursos no setor imobiliário.

3ª Os preços dos bens de capital, no caso o preço das casas, sobe e os lucros desse setor também. Generaliza-se o forte crescimento e o aumento dos empréstimos imobiliários. A especulação é estimulada.

4ª Com a elevação da taxa de juros as inadimplências disparam revelando a falta de recursos, a “bolha estoura”. Projetos de longo prazo são abandonados, começam as falências. O desequilíbrio entre investimento e poupança se agrava, a economia está operando de forma insustentável. O crescimento se transforma em recessão.

Constata-se que a TACE aparenta ter um forte poder explicativo e capacidade de prever crises econômicas.

As reformas institucionais propostas pela Escola Austríaca, para que se possam evitar as ocorrências os ciclos econômicos, consistem em um sistema bancário livre, com o fim dos bancos centrais e com concorrências entre moedas, e um coeficiente de reserva de 100%.

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REFERÊNCIAS

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