• Nenhum resultado encontrado

2.7 REABILITAÇÃO DO ESPAÇO E DO SIGNIFICADO DA

2.7.2 Recuperar a cultura e a emoção da arquitetura:

Mais do que preservar aquela imagem, aquelas decorações, aquelas muitas características que se tem inseridas num edifício, é preciso preservar o uso dele, preservá-lo sem dar função, transformá-lo em obra de arte, e é negligenciar o potencial da dimensão espacial, a qual inclui toda uma história, toda uma cultura não material e passa a não ser mais muito inteligente custear toda a manutenção que exige, sem que sirva para absolutamente nada.

Ademais, o melhor meio para conservar um edifício é encontrar pra ele uma destinação, é satisfazer tão bem todas as necessidades que exige essa destinação, que não haja modo de fazer demolições (VIOLLET-LE-DUC, 2007, p.65) Ao contrário das obras de arte plásticas, a arquitetura possui uma influência de comunicação direta com as pessoas. Ela deve ser parte do cotidiano e não somente representar uma manifestação ou embelezar e enfeitar a vida. Deve ainda estar em uma dinâmica convivência com as pessoas, e as alterações ocorridas nelas são intervenções do homem sobre o seu espaço de experiências vividas. É possível afirmar que, em alguns casos, através dessas intromissões, pode ter-se perdida a imagem original da obra, mas também podem ser trazidos novos sentidos bastante significativos.

De acordo com Idem (2007, p. 29), restaurar um edifício não é mantê-lo, repará-lo ou refazê-lo, é restabelecê-lo em um estado completo que pode não ter existido nunca em um dado momento, e, com

isso, podemos entender como se o que ele fazia não era restaurar, contudo a ideia de reabilitação propriamente.

Não se trata de recuperar, como dizem os acadêmicos, “as características estilísticas dos monumentos”, mas a dimensão, o sentido de um espaço, já que esse foi especialmente alterado ao longo do tempo, e mais gravemente nos últimos tempos, com a inserção de construções intensivas, com as sobrelevações, com a ocupação de cada metro quadrado de terreno livre (ARGAN, 2000, p. 105)

Um exemplo da apropriação humana é o caso dos anfiteatros de Arles e Lucca, os dois tinham a mesma função e durante sua história foram absorvidos pelas cidades onde estavam inseridos não perdendo sua relação significativa com a sua forma, no mais foram reutilizados e tiveram intervenções de transformação.

O anfiteatro de Arles sofreu a restauração e perdeu essas características que foram acrescentadas, retornando ao seu estado original, no que poderia ser discutido se foi bem ou mal a atitude, dada pela perda de parte de feitos humanos, mas voltou a ser um testemunho sobre uma experiência anterior; nem nesse nem no de Lucca a estrutura concreta mudou, a matéria da arquitetura é capaz de adaptar-se a uma variedade de funções e de assumir numerosas aparências, ao mesmo tempo em que permanece fundamentalmente a mesma (HERTZBERGER, 1999). Opiniões sobre isso são diversas, mas o fato é que as intervenções, tanto da reutilizão quanto a de restauro, mostraram- se genialmente justas e, se houveram perdas, também houveram ganhos significativos.

A função dos dois edifícios foi perdida, todavia a forma de anfiteatro foi mantida, inclusive pelo fato de essa característica material ser muito forte, que mesmo com todas as alterações, esses edifícios conseguiram manter sua identidade como espaços cercados, mesmo que a utilização dos mesmos se alterassem. Aquela matéria pôde assumir aparências diferentes sob circunstancias novas, sem que sua estrutura portanto mudasse. Além disso, de acordo com Hertzberger (1999), o exemplo de Arles, depois de sofrer o restauro e retornar à sua forma inicial, testemunha como se esse tipo de processo de transformação fosse reversível e possível de acontecer sem que algumas coisas fossem negligenciadas.

Para Viollet-le-Duc (2007), um arquiteto não pode ser alguém que aprova facilmente uma invenção ou solução já existente para algo que não existe, tem de ter um espírito de pesquisador, curioso e atento, procurando desenvolver-se sempre para o futuro e para as melhorias possíveis, propondo a união perfeita entre a pesquisa e a prática, também como o médico que busca a cura de doenças, o arquiteto deve buscar resolver os problemas sempre com uma investigação insaciável por soluções.

Figura 6 e 7: Anfiteatro de Arles antes de depois da intervenção de restauro. Fonte: HERTZBERGEN, 1999.

Os escritos desse mestre influenciaram não somente os profissionais ligados a restauração em sua época, mas também outros arquitetos, e essa incansável teoria, de que era preciso que esses estivessem em busca sempre de fazer melhor e fazer novo, é que ele se tornou admirável para outros de uma geração posterior à

textos:

Vieram servir de inspiração para a vanguarda do ultimo quartel do século XIX; seu método penetrou nos países europeus em que a influencia cultural francesa era forte, mas a tradição Classicismo, fraca. Por fim suas idéias difundiram-se ate na Inglaterra, onde influenciaram homens como sir George Gilbert Scott, Alfred Waterhouse e mesmo Norman Shaw. Fora da França, sua tese, em particular seu nacionalismo cultural implícito, teve s

mais pronunciado nas obras do catalão AntoniGaudí, do belga Victor Horta e do arquiteto holandês Hendrik PetrusBerlage

2008, p.69)

não pode ser alguém nção ou solução já existente para algo ter um espírito de pesquisador, curioso e atento, e para as melhorias entre a pesquisa e a prática, o o médico que busca a cura de doenças, o arquiteto deve buscar resolver os problemas sempre com uma investigação insaciável

Figura 6 e 7: Anfiteatro de Arles antes de depois da intervenção de restauro. ritos desse mestre influenciaram não somente os profissionais ligados a restauração em sua época, mas também outros de que era preciso que esses e fazer novo, é que ele se geração posterior à sua, os seus

Vieram servir de inspiração para a vanguarda do ultimo quartel do século XIX; seu método penetrou nos países europeus em que a influencia cultural francesa era forte, mas a tradição do Classicismo, fraca. Por fim suas idéias se ate na Inglaterra, onde influenciaram homens como sir George Gilbert Scott, Alfred Waterhouse e mesmo Norman Shaw. Fora da França, sua tese, em particular seu nacionalismo cultural implícito, teve seu impacto mais pronunciado nas obras do catalão Horta e do arquiteto holandês Hendrik PetrusBerlage (FRAMPTON,

Os influenciados por Viollet-le-Duc não só foram geniais arquitetos como são conhecidos como grandes arquitetos de vanguarda que tiveram forte impacto, como inovadores da historia e dos estilos da arquitetura.