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RECURSO ORDINÁRIO N° 0021464-91.2017.5.04.0020/RS

4 ANÁLISE DE DECISÕES PROFERIDAS PELOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO

4.1 RECURSO ORDINÁRIO N° 0021464-91.2017.5.04.0020/RS

O atleta Ygor Maciel Santiago entrou com um recurso ordinário em face de seu antigo clube Sport Club Internacional, tendo como objetivo pedir a reformulação sobre seus pedidos acerca do direito de arena, período de concentração e de adicional noturno. O clube desportivo também interpôs recurso ordinário pedindo a reformulação das sentenças em virtude dos repousos semanais do atleta e dos descontos previdenciários (RIO GRANDE DO SUL, 2017). A parte autora arguiu inicialmente sobre a presença do atleta na partida oficial de futebol, tendo relação direta ao direito de arena, pois o atleta em questão estava disposto a todo momento a participar do espetáculo desportivo, ou seja, mesmo quando o autor não estava no time titular e ficava no banco de reservas como constado na súmula, ele estava se dispondo a entrar na partida e cumprir seu contrato especial de trabalho, onde a Lei Pelé não especifica sobre a incidência do atleta no time titular ou reserva, e sim que o direito de arena será distribuído a todos os atletas ali relacionados para a partida. Em razão disto, a parte autora

solicitou ao juizado para considerar todas as partidas disputadas que o autor estivesse relacionado e mencionado na súmula (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Com relação ao período de concentração, o autor alegou que ultrapassou aos 3 (três) dias de concentração para a disputa de partidas estipulados na Lei Pelé, incidindo então o pagamento de acréscimos remuneratórios, onde teria participado da concentração no dia 12/08/2014 para a partida oficial na cidade de Fortaleza/CE, entre Fortaleza e Internacional do dia seguinte, após isso teria ido diretamente para outro jogo na cidade de Goiânia/GO, para disputar outro jogo oficial no dia 16/08/2014 entre Goiás e Internacional, retornando apenas para Porto Alegre/RS na data de 17/08/2014 (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Sobre o adicional noturno, a parte autora utilizou-se dos preceitos celetistas previstos na própria Lei Pelé, pedindo a aplicação do dispositivo subsidiário para vincular o adicional noturno, trazendo em questão que a Lei Pelé não traz nenhuma ressalva sobre o preceito em razão da peculiaridade da profissão, requerendo a condenação da parte ré ao pagamento do adicional noturno de 20% (vinte porcento) e jornada reduzida de 52 (cinquenta e dois) minutos e 30 (trinta) segundos (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

4.1.1 Do julgamento

O relator tratou o direito de arena como direito assegurado ao atleta jogador de futebol, onde existe a participação mútua para o espetáculo acontecer, seja ele presente na transmissão esportiva ou na retransmissão (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Admitiu-se a presença do direito mesmo que o atleta esteja no banco de reservas e não adentrar ao campo, tendo direito a receber os valores decorrentes do direito de arena, não tendo distinção entre os jogadores tidos como titulares ou suplentes (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Ainda se utilizou da decisão do Tribunal Superior do Trabalho:

DIREITO DE ARENA. PARTICIPAÇÃO NA CONDIÇÃO DE SUPLENTE. Nos termos do art. 42 da Lei n. 9.615/98, o direito de arena é vinculado ao trabalho prestado pelo profissional que participar efetivamente do evento desportivo futebolístico. Está ligado, portanto, à atividade laboral do atleta. A lei não faz distinção entre atleta titular e suplente. Não conhecido. (RR-1361-96.2010.5.09.0011, 5ª Turma, Relator Ministro Emmanoel Pereira, DEJT 26/02/2016.)

Com isso, o relator julgou favorável ao autor neste provimento acerca o direito de arena, condenando o réu ao pagamento das diferenças das partidas em que o autor tenha sido relacionado como suplente no banco de reservas, em valores a serem contabilizados diante de natureza indenizatória (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Em relação aos períodos de concentração e ao adicional noturno, o relator ressaltou a não incidência da Consolidação de Leis Trabalhistas, visto que a Lei Pelé resguarda esta possibilidade no rol do artigo 28 § 4, não tendo como julgar procedente a estes pedidos, visto que o contrato de trabalho especial prevê as contraprestações pelos serviços prestados ao clube e na participação das concentrações, salientando ainda que as normas gerais da trabalhistas não se encaixam nos moldes envolvendo controvérsias e circunstancias atípicas, sendo a Lei Pelé regente das condições e peculiaridades que envolve o contrato especial de trabalho do atleta profissional de futebol (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Por fim, o relator ainda recorda da sentença protocolada referente ao adicional noturno, onde afirma não haver previsão para o pagamento do adicional noturno e hora reduzida aos atletas, pois no contrato de trabalho especial já está implícito no momento da contratação, quando as partes mutuamente pactuam, que o atleta irá disputar partidas oficiais, neste momento, é intrínseco que o atleta irá realizar jogos em horários diversos, podendo ser no período noturno (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

O provimento em relação ao adicional noturno foi negado (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

4.2 ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ADICIONAL NOTURNO DO TRIBUNAL

SUPERIOR DO TRABALHO - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA N° 442-86.2012.5.04.0008/DF

O caso em questão tem como foco os olhares do Tribunal Superior do Trabalho sobre o dispositivo celetista adicional noturno, envolvendo Glauco Moraes Porciuncula, responsável técnico que não atuava como treinador em questão da ré, se tratando do Grêmio Foot-ball Porto Alegrense, se aplicando o mesmo conceito relacionado ao atleta profissional de futebol (BRASÍLIA, 2014).

O procedimento apresenta argumentos em razão da validade da previsão em norma coletiva que estabelecia remuneração que englobava pagamento de horas extras e adicional noturno a integrante de comissão técnica (BRASÍLIA, 2014).

A ministra relatora discorre implicitamente sobre a caracterização do adicional noturno aos acréscimos remuneratórios:

O período de concentração, como entende a doutrina e jurisprudência majoritárias, é obrigação contratual e não integra a jornada de trabalho para fins de pagamento de horas extras. Portanto, em regra, só terão direito aos acréscimos remuneratórios pelo tempo de concentração, viagens etc., mediante prévia estipulação no contrato especial de trabalho desportivo ou norma coletiva (BRASILIA, 2014).

O órgão julgador ainda analisou a incompatibilidade da atividade futebolística acerca da fixação de horário diário de trabalho, diferindo das demais profissões e suas atribuições, e que assim não deve-se ter em mente que a jornada dos atletas são necessariamente exatas, já que a atividade laboral depende dos horários de treinos, concentração e preparação física para os jogos subsequentes, desde que seja respeitado o intervalo de 11 (onze) horas e a duração máxima do trabalho de 44 (quarenta e quatro) horas semanais, devendo o empregador/entidade desportiva distribuir os eventos mencionados ao atleta, não incidindo o adicional noturno

(BRASÍLIA, 2014).

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