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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA BRYAN CARDOSO DA SILVA

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Academic year: 2021

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BRYAN CARDOSO DA SILVA

A UTILIZAÇÃO DE NORMAS DE CONTRATOS CELETISTAS POR ATLETAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL EM RELAÇÃO A OBSCURIDADES DA LEI

9.615/1998

Tubarão 2021

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BRYAN CARDOSO DA SILVA

A UTILIZAÇÃO DE NORMAS DE CONTRATOS CELETISTAS POR ATLETAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL EM RELAÇÃO A OBSCURIDADES DA LEI

9.615/1998

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade

Orientador: Prof. Michel Medeiros Nunes, Esp.

Tubarão 2021

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BRYAN CARDOSO DA SILVA

A UTILIZAÇÃO DE NORMAS DE CONTRATOS CELETISTAS POR ATLETAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOL EM RELAÇÃO A OBSCURIDADES DA LEI

9.615/1998

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade

Orientador: Prof. Michel Medeiros Nunes, Esp.

Tub

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Dedico este trabalho de conclusão de curso à minha mãe e à minha avó que sempre estiveram do meu lado, seja para me mostrar a melhor direção, celebrar as alegrias ou para me apoiar nos momentos turbulentos.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente quero agradecer a minha família por me dar toda a base que eu tenho hoje, à minha mãe Deise, à minha segunda mãe e avó Regina, à minha irmã Maria Valentina ao meu avó José Paulo, ao meu tio Dayvid e pelos outros familiares que estão em meu coração, sou grato pelo carinho, pela construção do meu caráter, e pelos princípios e ensinamentos que levarei para o resto de toda minha trajetória como pessoa e como profissional.

À minha namorada Isadora, por sempre ser o meu porto seguro e crer na minha capacidade, com quem tive o prazer de dividir o peso dos estudos durante faculdade, partilhando momentos inesquecíveis.

Aos meus amigos de longa data, Daniel, Marcelo, Matheus, e Guilherme, que por vários momentos me alegraram e me confortaram com seus jeitos peculiares de carinho e afeto.

Aos meus amigos Alycia, Estefany, Carolina, Ana Cláudia, Bruno, Francisco, Eduardo, Rafael, Vinicius e João, os quais tive o prazer de conhecer ao longo da jornada acadêmica, que me acolheram e me trataram com todo respeito e carinho possível.

Ao meu professor e orientador Michel, que me recebeu de braços abertos como orientando, colaborando diretamente com toda a elaboração deste trabalho, norteando as ideias, regendo com maestria sempre disposto a ajudar.

E por fim, e não menos importante, agradeço a todos que passaram em minha vida pessoal e acadêmica, que de certa forma, me ajudaram a crescer, prosperar e sonhar, inclusive colaborando com este trabalho monográfico.

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“A vida é uma sucessiva sucessão de sucessões que se sucedem sucessivamente, sem suceder o sucesso.” (Anderson Hernanes)

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RESUMO

O presente trabalho monográfico tem como propósito trazer à tona um conteúdo intrigante e pouco comentado pelos legisladores acerca ao direito desportivo, tendo como objetivo principal analisar legislações desportivas e questionar se essa possui obscuridades ou necessita de outras normas subsidiárias como a Consolidação de Leis Trabalhistas. Os métodos empregados no que se refere a abordagem, caracteriza-se por qualitativa. No tocante a coleta de dados, é classificada como bibliográfica e documental, devido ao trabalho que em sua integridade usufruirá de análise de doutrinas para fins de conceituações e construções de ideias, como também de bases de dados, legislações, assim como a análise de julgados. Por fim, quanto ao nível, é classificada como exploratória. A utilização dos julgados é exatamente uma análise das obscuridades trazidas no trabalho, entre elas o pedido do adicional noturno, e a periodicidade do trabalho em finais de semana e concentração, e como esses julgados podem influenciar decisões futuras, criando assim jurisprudências que podem ser usufruídas em outras decisões que tiverem os mesmos embasamentos legais, sendo que em ambas decisões concluiu-se que os pedidos de adicionais noturnos e o trabalho nos finais de semana por parte dos ex-atletas futebolísticos são cabíveis.

Palavras-chave: Direito desportivo. Direito trabalhista. Adicional noturno.

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ABSTRACT

Monographic work has the characteristic of bringing to light an intriguing and little commented content by legislators about sports law, with the main objective of analyzing sports law and questioning whether it has obscurities or if it needs other subsidiary rules such as Consolidation of the Labor Laws. The methods used with respect to the approach, are characterized by qualitative. As for data collection, it is classified as bibliographic and documentary, due to the work that in its entirety will benefit from the analysis of doctrines for purposes of conceptualization and construction of ideas, as well as databases, legislation, as well as the analysis of judgments. Finally, as for the level, it is classified as exploratory. The use of judges is precisely an analysis of the obscurities brought in the work, including the request for the night prize and the periodicity of the work on weekends, and how these judgments can influence future decisions, thus creating jurisprudence that can be used in other decisions that have the same legal bases, and in both decisions, it was concluded that requests for nighttime and weekend work from former football players are applicable.

Keywords: Sports law. Labor law. Night additional.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2 DIREITO DO TRABALHO EM DESENVOLVIMENTO E SUA LIGAÇÃO COM O DESPORTO ... 16

2.1 CONCEITO E PRINCIPAIS FONTES DO DIREITO TRABALHISTA SUBSIDIADOS AO DESPORTO ... 16

2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NORTEADORES DO DESPORTO E SUAS FUNÇÕES SOCIAIS ... 18

2.3 DEFINIÇÕES DE EMPREGADOR E EMPREGADO SOB O OLHAR FUTEBOLÍSTICO ... 21

2.4 MODERNIZAÇÃO E ENTRAVES DE NORMAS ACERCA AOS NOVOS VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS ... 23

3 O CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL. 27 3.1 DOS SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO ... 27

3.2 DA VINCULAÇÃO DESPORTIVA ... 28

3.3 DO TIPO CONTRATUAL E SUAS OBRIGAÇÕES ... 28

3.4 DO DIREITO DE IMAGEM ... 31

3.5 DO DIREITO DE ARENA ... 33

3.6 DA DURAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ... 33

3.7 APLICABILIDADE E PECULIARIDADES DA LEI 9.615/1998 ... 34

3.7.1 Da jornada de trabalho ... 35

3.7.1.1 Do adicional noturno ... 37

3.7.1.2 Do período de trabalho nos dias de fim de semana ... 38

3.7.2 Luvas ... 39

3.7.3 Bicho ... 40

4 ANÁLISE DE DECISÕES PROFERIDAS PELOS TRIBUNAIS REGIONAIS DO TRABALHO E O ENTENDIMENTO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO COMO BASE PARA OBSERVAÇÃO DO TRATAMENTO JURÍDICO ACERCA DO ADICIONAL NOTURNO E PERÍODOS DE CONCENTRAÇÃO. ... 42

4.1 RECURSO ORDINÁRIO N° 0021464-91.2017.5.04.0020/RS ... 42

4.1.1 Do julgamento ... 43

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4.2 ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE ADICIONAL NOTURNO DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE

REVISTA N° 442-86.2012.5.04.0008/DF ... 44

4.3 RECURSO ORDINÁRIO 00073-2007-101-04-00-9/RS ... 45

4.3.1 Do julgamento ... 46

4.4 CONTROVÉRSIA EM PROCESSO DE JOGADOR PROFISSIONAL DE FUTEBOL EM FACE DE SEU EX-CLUBE ... 46

4.4.1 Repercussão do processo ... 48

5 CONCLUSÃO ... 49

REFERÊNCIAS ... 51

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1 INTRODUÇÃO

O futebol é um dos principais pilares para os esportes em todo o mundo, que durante gerações atraem um grande público de espectadores e praticantes, sejam eles amadores ou profissionais.

A indústria futebolística profissional tem em seus jogadores e em seus clubes uma grande movimentação financeira, através de transferências ou empréstimos de jogadores, isso se deve a alta popularidade do desporto e do investimento provindo de patrocinadores. Assim, por óbvio, o direito está presente para formalizar e regular essas relações jurídicas presentes no futebol, que necessitam de legislações específicas para tratar da grande demanda de atletas e o controle de caixa de cada clube, ficando então reconhecida como uma indústria milionária a ser respaldada (ZAINAGHI, 2020).

Um dos principais fatores que contribuem para essa popularização extrema do esporte no Brasil é a mídia, que está sempre transmitindo e debatendo sobre as grandes ligas/campeonatos e jogadores famosos. Pode-se observar uma evolução histórica midiática que foi alavancada juntamente com o futebol, primeiramente com a utilização das frequências do rádio, e usos de artigos esportivos em espaços reservados para o debate em jornais de grande escala, logo após a transmissão ao vivo do jogo e o espaço na televisão aberta para o debate, assim como antes no rádio, mas agora com a profissionalização de jornalistas competentes para arguir sobre o desporto (ALMEIDA e TAVEIRA, 2018).

No Brasil, a “cultura do futebol” é fortemente enraizada através de suas conquistas, nos fazendo ser conhecidos mundialmente pelo país do futebol, onde crescemos e chegamos a nossa vida adulta tendo contato em algum momento com esse esporte tão brasileiro.

Além de ser um esporte, para muitos o futebol trata-se também de uma oportunidade, tendo uma importante função em um contexto social, no qual muitas crianças e jovens com condições financeiras ínfimas, tentam a profissionalização no esporte para terem uma “chance”

em suas vidas, pois muitos não são privilegiados e não tem condições de ter uma educação digna, por isso fazem do futebol o seu caminho para o sucesso, fato esse que já tirou muitos jovens e crianças de situações de vulnerabilidade, e trouxe resultados como grandes jogadores brasileiros que saíram deste meio (BARROS, 2014).

O papel do esporte é imprescindível para a sociedade pelos motivos já citados, tendo sua importância reconhecida em nossa Carta Magna:

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Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;

III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.

[...]

§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social (BRASIL, 1988).

Para regularizar e formalizar o fluxo monetário gigantesco envolvendo o esporte, jogadores e seus respectivos clubes, é preciso de um meio contratual diferente dos demais trabalhadores, no qual o habitual contrato de trabalho se caracteriza pela prestação de serviços entre uma pessoa física e outra pessoa física, ou até mesmo pessoa jurídica, onde deve-se ater alguns dispositivos que controle este vínculo empregatício (ALMEIDA e TAVEIRA, 2018).

Os sujeitos da relação empregatícia são claros, a Consolidação de Leis Trabalhistas (CLT) traz a caracterização do empregador e do empregado, sendo um o tomador do serviço e o outro o prestador do serviço (BRASIL, 1943).

O conceito de empregador e empregado estão previstos na CLT, nos artigos 2º e 3º conforme segue:

Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados

§2o - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação de emprego.

§3o - Não caracteriza grupo econômico a mera identidade de sócios, sendo necessárias, para a configuração do grupo, a demonstração do interesse integrado, a efetiva comunhão de interesses e a atuação conjunta das empresas dele integrantes.

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.(BRASIL, 1943).

Porém as relações que regem os contratos desportistas são diferentes das acimas expostas, pois o vínculo empregatício entre os jogadores profissionais é atrelado a Lei 9.615/98 a mais conhecida “Lei Pelé”, e mais tarde a sua atualização pela Lei 12.395/11, teoricamente não utilizando a CLT, entretanto, existem alguns artigos em seu corpo que deixam definições

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importantes vagas e, abrindo espaço para interpretações dessas lacunas no contrato especial desportivo (BRASIL, 1998).

A denominada Lei Pelé traz em seu artigo 28, caput e seus parágrafos e incisos, a caracterização de um contrato “especial” por diversos aspectos, pois em sua redação fica cristalino a presença do atleta como empregado e a entidade desportiva como empregador:

Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, no qual deverá constar, obrigatoriamente:

....

(BRASIL, 1998).

É pertinente ressaltar que o contrato trata de muitos quesitos especiais envolvendo os atletas profissionais, porém existem situações na qual a Lei Pelé é omissa, sendo aplicada subsidiariamente a norma celetista, ponto que virou alvo de processos trabalhistas por jogadores profissionais, se tratando do adicional noturno e atividades realizadas ao domingo, preceitos estes vinculados as normas celetistas. É possível a utilização de normas de contratos celetistas subsidiariamente por atletas futebolísticos?

A Consolidação de Leis Trabalhistas é fonte para qualquer tipo de lacunas relacionadas ao direito trabalhista, atuando como forma subsidiária a Lei 9.615/98, juntamente com preceitos retirados da Constituição Federal Brasileira, sendo dois fatores essenciais para a realização do contrato especial desportivo elencado no já citado artigo 28, da Lei 9.615/98, pois a lei é omissa ao designar regras que deveriam ser “especiais”.

Para melhor compreensão do tema debatido é crucial apresentar alguns dos principais conceitos do problema, quais sejam:

Direito desportivo será o tema principal do presente trabalho, mais especificadamente no meio futebolístico, onde o direito é um pouco diferente daquele visto como tradicional ao olhar dos operadores de direito, abrangendo um extenso leque de áreas dentro do direito, como explica Cristiano Cáus e Marcelo Góes (2013, p. 17) “é uma ciência holística que estabelece relações intrínsecas e transdisciplinares entre as diversas áreas do direito, como Laboral, Civil, Penal, Tributária, Societária, Criminal e Internacional”, sendo a relação civil mencionada totalmente vinculada a esfera trabalhista.

Atleta não possui uma definição exata em legislações ou outras normas, a doutrina traz a conceituação, conforme ensina Ricardo Georges Affonso Miguel (2014, p. 51) que define que

“atleta é o indivíduo que pratica desporto de rendimento, isto é, aquele praticado na busca de

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resultados e integração de pessoas e nações, com observância das legislações nacionais e internacionais, nos termos do inciso III, do artigo 3º da Lei Pelé.”

Omissão, incide nos textos normativos como lacunas que abrangem de forma geral determinada norma, ou alguma coisa, não prevista anteriormente de maneira explícita, sendo que, pela vasta área da lei mencionada apresentam defeitos ocasionados pela falta de convicção do legislador ou pela evolução natural do objeto, caracterizando uma necessidade subsidiária de outras leis para suprir aquela mencionada (CÁUS e GÓES, 2013).

As adequações trabalhistas são assuntos em pauta a todo momento para o povo brasileiro, seja nos noticiários ou na aplicabilidade em relações empregatícias, e recentemente vieram algumas mudanças com a Lei nº 13.467/2017, mais conhecida como reforma trabalhista, ou seja, o assunto é muito recorrente e está em constante evolução jurídica.

Ademais, ressalta-se a diferenciação dos contratos vistos como normais previstos na CLT e os contratos especiais de trabalho desportivo na Lei Pelé, que mesmo com a reforma trabalhista continuaram sendo suprimidos e esquecidos.

Esta lacuna na lei possibilitou uma crescente entradas de processos em alguns juizados, e se tornou algo controverso entre os torcedores dos clubes e operadores de direito, no qual a situação gerada é a que um jogador profissional processa seu ex-clube e gera uma precedente para que outros jogadores utilizem esta brecha na lei para receber valores relacionados a indenização trabalhista.

Ainda, fez-se algumas pesquisas nas bases de dados RIUNI, SCIELO e BDTD para verificar se o assunto em questão, a utilização de normas celetistas em casos omissos a Lei Pelé, já havia sido objeto de pesquisa. Inicialmente, na RIUNI com o assunto “omissão desportiva na Lei Pelé”, não foram encontrados trabalhos, tendo somente trabalhos visando outros aspectos da área desportiva para jurídica. Na plataforma BDTD realizando a mesma pesquisa, também não foram localizados trabalhos específicos, apenas outros abrangendo outros temas gerais envolvendo questões trabalhistas. Por fim, na base de dados SCIELO, onde não foi possível identificar nenhum artigo com o assunto.

O interesse na pesquisa se justifica pela utilização de preceitos celetistas em processos trabalhistas ingressados por jogadores profissionais de futebol em processos que ficaram conhecidos contra seus antigos clubes, onde reivindicavam através das ações trabalhistas valores inerentes ao adicional noturno e atividades desportivas realizadas ao domingo, sendo estes quesitos notórios para exercer a profissão. Outro aspecto levado em consideração é o vínculo quase que singular que os brasileiros têm com o futebol, e isso não é diferente no meu

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caso, desde pequeno fui guiado e aprendi muitos valores que o desporto pode oferecer, sendo também um instrumento de formação para a criança.

Seus objetivos têm como base: analisar e debater a aplicabilidade subsidiária de normas celetistas em casos omissos a Lei 9.615/1998;

Analisar as lacunas deixadas pelo legislador celetista em relação ao direito desportivo;

Distinguir a legislação específica desportiva (Lei Pelé) nos trâmites trabalhistas, e a Consolidação de Leis Trabalhistas;

Identificar as omissões das respectivas leis acerca do contrato de trabalho e suas consequências;

Analisar a incidência de processos trabalhistas por atletas profissionais de futebol diante de seus clubes anteriores;

Estudar se existem meios para que os clubes de futebol tenham amparo legal para evitar disputas judiciais com seus ex-atletas;

Averiguar as obrigações inerentes a profissão de futebolista profissional.

Analisar novos tipos de profissões e a necessidade de constante evolução por parte do legislador trabalhista.

A natureza da pesquisa quanto ao nível é denominada exploratória “[...] têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 2017, p. 25), buscando aprofundar o assunto abordado.

Quanto a abordagem caracteriza-se por ser de natureza qualitativa, uma vez que a pesquisa se baseia na descrição verbal das narrativas apresentadas, via legislações e jurisprudências analisadas. No tocante a coleta de dados caracteriza-se pelo aspecto bibliográfico e documental, uma vez que o bibliográfico “[...] visa conduzir qualquer pesquisa científica com base em referências já publicadas. Indispensável na construção da plataforma teórica de qualquer estudo” (OLIVEIRA e LÁZARO, 2017, p.6), no caso, através de doutrinas, livros e artigos científicos jurídicos, e o aspecto documental tendo em vista a análise determinados processos, conforme Gil (2017, p. 28) “[...] recomenda-se que seja considerada fonte documental quando o material consultado é interno à organização [...]”, e também pela pesquisa de elementos não convencionais acerca ao direito trabalhista.

A divisão do trabalho se dará em quatro capítulos, além dessa introdução, o segundo capítulo terá a essência jurídica primordial e basilar de toda a área, tratando-se do direito do trabalho com todas suas peculiaridades e princípios, buscando um exercício de desenvolvimento e evolução da legislação de acordo com as novas espécies trabalhistas. No terceiro capítulo será explorado a temática acerca ao contrato de trabalho especial que o atleta

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profissional de futebol ostenta, e todas suas ferramentas e peculiaridades, o quarto capítulo se tratará da gestão do conflito do amparo legal à lei, o qual analisa decisões proferidas pelos tribunais, e por fim, o quinto capítulo, o qual conclui o trabalho.

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2 DIREITO DO TRABALHO EM DESENVOLVIMENTO E SUA LIGAÇÃO COM O DESPORTO

O direito é uma área que abrange todas esferas sociais, ou seja, está em constante contato com o indivíduo, regulando e preservando as normas colocadas em evidência à sociedade, na qual a vinculação que o direito impõe ao indivíduo é peculiar, pois em diversas situações ele é interpretado e moldado de acordo com algum acontecido, por isso, o legislador teve a preocupação de discorrer no primeiro artigo da Constituição, aquilo visto como fundamental e essencial para o cidadão, entre elas está descrição trabalhista à “os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa” (BRASIL, 1988).

2.1 CONCEITO E PRINCIPAIS FONTES DO DIREITO TRABALHISTA SUBSIDIADOS AO DESPORTO

A maneira com que se observa as relações inter-humanas nos obriga a ter uma série de normas para resguardar o direito como já foi retratado anteriormente, e com isso podemos introduzir a relação entre uma prestação de serviço por parte da pessoa empregada, que fornece algum tipo de atividade que gera resultado, sob a parte do empregador, na qual ela contrata estes serviços específicos para a função desejada.

Direito do Trabalho é a denominação mais aceita – apesar de ter sentido mais amplo do que efetivamente representa –, por melhor corresponder ao objeto (relação de trabalho subordinado) e aos fins da disciplina (distinção socioeconômica fundamental entre trabalhador e empregador e promoção da proteção legal da relação jurídica empregatícia e pacificação dos conflitos emergentes das forças do capital e do trabalho). (LEITE, 2018, p. 45).

“Pode-se conceituar Direito do Trabalho como o ramo da ciência jurídica que estuda as relações jurídicas entre os trabalhadores e os tomadores de seus serviços e, mais precisamente, entre empregados e empregadores.” (RESENDE, 2020, p. 1).

A relação entre as partes é atrelada pelo salário, que regula os serviços prestados e estabelece os valores desejados pela parte empregada ao valor oferecido pela parte do empregador, no final o valor total que o salário possui com suas parcelas e seus adicionais resultam na remuneração do empregado. “O salário é a fonte de subsistência do empregado e de sua família, razão pela qual ele possui o caráter alimentar” (SANDIS, 2020, p. 118).

As características apresentadas são asseguradas pelas fontes basilares do direito do trabalho vigentes em nosso ordenamento, como a Constituição Federal da República de 1988, que por ser a Carta Magna de nosso país ela lista diversas formas de direito, uma delas é

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direcionada ao trabalhador e ao trabalho, dando assim um norte as noções trabalhistas, sendo denominada como fonte formal heterônoma, por ter relação direta com o Estado.

A Consolidação de Leis Trabalhistas, já é classificada como uma fonte formal autônoma, pois ela se trata de um compilado de proteção ao trabalho que firma valores e necessidades que protegem o trabalhador, agindo diretamente sob o empregado e o empregador, tendo a função e o dever de resguardar o direito, observando as condições do trabalhador, portanto, pode-se dizer que a Constituição Federal garante uma proteção ao direito trabalhista, e serve como base para a CLT, que por sua vez é mais imersiva as questões trabalhistas.

As fontes autônomas são as oriundas diretamente dos próprios interlocutores sociais, isto é, sem a interferência de um terceiro ou do Estado, como os acordos coletivos e as convenções coletivas de trabalho, o contrato individual de trabalho, o regulamento de empresa instituído com a participação efetiva dos trabalhadores ou do sindicato da categoria profissional respectiva. (LEITE, 2021, p. 43).

Para Leite (2018, p. 38) “A CLT não é um código, mas uma lei, ou melhor, um Decreto- lei de caráter geral, aplicado a todos os empregados sem distinção da natureza do trabalho técnico, manual ou intelectual. A CLT é equiparada a lei federal.”

É evidente a importância do amparo tanto da Constituição Federal, como da Consolidação das Leis Trabalhistas, contudo, por obvio que existem outras que atuam subsidiariamente como emendas constitucionais, medidas provisórias, leis complementares e leis ordinárias, assim como, a utilização da Lei n. 9.615/98, justamente de uma troca constante de fontes do direito trabalhista.

O dispositivo presente na Consolidação das Leis do Trabalho em seu artigo 8º torna o legislador mais livre para tratar de discussões não especificados em leis, permitindo a utilização de princípios, jurisprudências, analogias, costumes, assim como o uso do direito comparado, sendo chamadas de fontes formais do direito material do trabalho, mas, deixando evidente que desde que não sobreponha o interesse público. (BRASIL, 1943)

Se extrai do artigo supracitado o arrolamento da equidade, podendo ela atuar como fonte normativa subsidiária quando ocorrer obscuridades ou lacunas deixadas pelas principais fontes do direito do trabalho, ou seja, as interpretações abrem possibilidades para maneiras diferentes de julgar (LEITE, 2018).

Para Resende (2020, p.14) “No Direito do Trabalho não se deve, em princípio, falar em hierarquia de diplomas normativos (lei em sentido material), mas sim em hierarquia de normas jurídicas (heterônomas e autônomas).”

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Essas bases são fulcrais para as leis complementares e ordinárias se estruturarem, gerando uma segurança jurídica para demais obscuridades e falta de dispositivos explícitos na determinada lei (MIGUEL, 2014).

As fontes tratadas anteriormente são diretamente ligadas ao direito desportivo, pois além de preverem artigos que regem o movimento legislativo eles também servem de amparo legal para situações não previstas, sanando e contribuindo para que o órgão julgador possa ter maior garantia jurídica para exercer sua função (ALMEIDA e TAVEIRA, 2018).

Segundo Almeida e Taveira (2018, p. 8) os órgãos se definem por:

Tal Justiça é formada por órgãos autônomos e independentes das entidades de administração do desporto de cada sistema. Integram sua composição o Superior Tribunal de Justiça Desportiva, que funciona junto às entidades nacionais de administração do desporto; os Tribunais de Justiça Desportiva, que funciona junto às entidades regionais da administração do desporto; e as Comissões Disciplinares, que tem competência para processar e julgar as questões previstas nos Códigos de Justiça Desportiva, sempre assegurados a ampla defesa e o contraditório. Tal estrutura vem disposta também na Lei Pelé, especificamente em seu artigo 52.

É notório o contraste estabelecido entre as duas entidades, seja uma o desporto através do futebol, que culturalmente é visto pela maioria dos brasileiros como uma válvula de escape para o cotidiano, e o direito que ali é regulado, estando sempre de segundo plano, entretanto, decidindo várias peculiaridades que o esporte proporciona, isto é, mesmo não sendo o protagonista maior do espetáculo, o direito é preponderante para o funcionamento de todo processo (BARROS, 2014).

2.2 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS NORTEADORES DO DESPORTO E SUAS FUNÇÕES SOCIAIS

Como toda esfera de atuação do direito possui princípios imprescindíveis, com o desporto não é diferente, está explícita através do rol presente no art. 2º da Lei nº 9.615/98, mais habitualmente reconhecida como a “Lei Pelé”:

Art. 2o O desporto, como direito individual, tem como base os princípios:

I - da soberania, caracterizado pela supremacia nacional na organização da prática desportiva;

II - da autonomia, definido pela faculdade e liberdade de pessoas físicas e jurídicas organizarem-se para a prática desportiva;

III - da democratização, garantido em condições de acesso às atividades desportivas sem quaisquer distinções ou formas de discriminação;

IV - da liberdade, expresso pela livre prática do desporto, de acordo com a capacidade e interesse de cada um, associando-se ou não a entidade do setor;

V - do direito social, caracterizado pelo dever do Estado em fomentar as práticas desportivas formais e não-formais;

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VI - da diferenciação, consubstanciado no tratamento específico dado ao desporto profissional e não-profissional;

VII - da identidade nacional, refletido na proteção e incentivo às manifestações desportivas de criação nacional;

VIII - da educação, voltado para o desenvolvimento integral do homem como ser autônomo e participante, e fomentado por meio da prioridade dos recursos públicos ao desporto educacional;

IX - da qualidade, assegurado pela valorização dos resultados desportivos, educativos e dos relacionados à cidadania e ao desenvolvimento físico e moral;

X - da descentralização, consubstanciado na organização e funcionamento harmônicos de sistemas desportivos diferenciados e autônomos para os níveis federal, estadual, distrital e municipal;

XI - da segurança, propiciado ao praticante de qualquer modalidade desportiva, quanto a sua integridade física, mental ou sensorial;

XII - da eficiência, obtido por meio do estímulo à competência desportiva e administrativa. (BRASIL, 1998).

Salienta-se que apesar da “Lei Pelé” ser redigida com objetivo final o desporto futebol, a lei acabou sendo mais vasta e atingiu preceitos e princípios essenciais para assegurar outros tipos de desportos diferentes além do futebol, como discorre Cristiano Caús e Marcelo Góes (2013, p. 33):

Assim, se no início o alvo era o futebol, modalidade na qual a profissionalização clamou antes pelo reconhecimento, hoje já se pode afirmar que os atletas das demais modalidades encontram na Lei Pelé o alicerce necessário à proteção dos direitos trabalhistas, pois foi a Lei n. 9.615/98 que, atendendo aos preceitos contidos no artigo 217, da Constituição Federal de 1988, facultou a todos os atletas e entidades de prática desportiva a condição de profissionalizar suas relações, adotando os dispositivos da lei para regular suas atividades.

O texto do artigo 2º da Lei nº 9.615/98 tem como objetivo acomodar alguns princípios primordiais que o direito habita dentro do direito desportivo, almejando a todo momento a asseguração ao social, isto é, existe o incentivo governamental no que concerne ao esporte para que o coletivo se utilize desta ferramenta para benefício do indivíduo (BRASIL, 1998).

A operacionalização pelo poder público das determinações legais relacionadas ao esporte voltado às crianças e adolescentes exige que a atividade esportiva seja discutida tendo em vista deliberações de políticas públicas integradas, geridas e executadas por equipes interdisciplinares especializadas, em programas e projetos contínuos; e que estes realmente estejam direcionados a cumprir o preceito legislado de garantir o acesso ao esporte, democratizando o acesso a este direito e promovendo o alcance ao paradigma do desenvolvimento integral para crianças e adolescentes.

(ABI-EÇAB, 2017, p. 49).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) respalda as crianças e adolescentes acerca do desporto em seu texto legal através de seus artigos:

Art. 4º. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

[...]

IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;

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Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

Art. 71. A criança e o adolescente têm direito â informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. (BRASIL, 1990).

A função social do esporte é objeto explicito do rol originado no art. 2º da Lei Pelé, nos quais as práticas esportivas e o incentivo ao esporte além de agirem como um estimulante a saúde, acabam abrindo um leque de opções a muitas crianças e jovens que pensam em seguir algum esporte ou até mesmo conseguir bolsas em faculdades (BRASIL, 1998)

Segundo Abi-Eçab, o esporte (2017, p. 53):

O esporte, dirigido por equipes e profissionais instrumentalizadas por métodos interventivos adequados a cada faixa etária, é uma ferramenta lúdica e cognitiva de transformação e emancipação, já que sua prática proporciona aos seus usuários a construção do reconhecimento de si próprio como sujeito histórico, levando a criança e o adolescente a um processo de concepção do autoconceito e da identificação de suas capacidades e potencialidades. Esta dinâmica proporciona que crianças e adolescentes façam construções sociais significativas, como o reconhecimento próprio e coletivo de esforços e conquistas, proporcionando caminhos para a emancipação do sujeito e do grupo social, também a contribuição para o fortalecimento da construção de sua identidade histórica, em constante movimento de desenvolvimento.

E reforça Barros acerca da importância do esporte (2014, p. 8):

O esporte tem uma função social relevante, pois além de propiciar interação entre os grupos sociais, com enriquecimento cultural, ele atua como um instrumento de equilíbrio pessoal. Isso, porque, quando o praticamos, fugimos do sedentarismo, melhorando a forma física e, quando o assistimos, identificamo-nos com os ídolos e extravasamos vários tipos de emoções represadas no dia a dia, principalmente dos que vivem nos grandes centros

Com base nisso, pode-se utilizar do exemplo prestado pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), que corrobora para a formação integral do social, onde oferta diversas bolsas para que os esportistas realizem a prática de atividades físicas esportivas, e ao mesmo tempo cursar a faculdade desejada.

Em referência ao desporto como vínculo social, foi criada a Lei nº 11.438/06, que é objetiva ao ser denominada como Lei de Incentivo ao Esporte, que em seu art. 2º discorre:

Art. 2º Os projetos desportivos e paradesportivos, em cujo favor serão captados e direcionados os recursos oriundos dos incentivos previstos nesta Lei, atenderão a pelo menos uma das seguintes manifestações, nos termos e condições definidas em regulamento:

I - desporto educacional;

II - desporto de participação;

III - desporto de rendimento.

§ 1º Poderão receber os recursos oriundos dos incentivos previstos nesta Lei os projetos desportivos destinados a promover a inclusão social por meio do esporte, preferencialmente em comunidades de vulnerabilidade social. (grifo do autor). (BRASIL, 2006).

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A diferenciação dos desportos também pode ser encontrada no art. 3º da Lei Pelé:

Art. 3o O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:

I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer;

II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente;

III - desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações.

IV - desporto de formação, caracterizado pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos desportivos que garantam competência técnica na intervenção desportiva, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos, competitivos ou de alta competição.

(grifo do autor). (BRASIL, 1998).

O preceito discorrido no inciso VI do art. 2º da Lei nº 9.615/98 prevê a diferenciação do desporto de prática profissional e não profissional, para Cristiano Caús e Marcelo Góes (2013, p. 40) o foco em si é o atleta, “no desporto brasileiro, a única diferenciação permitida pela Constituição Federal se refere ao modo pelo qual o atleta pratica sua atividade: profissional ou não profissional. Não existem, portanto, desporto amador ou desporto profissional, mas tão somente atleta amador ou atleta profissional.”

2.3 DEFINIÇÕES DE EMPREGADOR E EMPREGADO SOB O OLHAR

FUTEBOLÍSTICO

Dentro do contrato de trabalho é essencial a presença dos sujeitos do contrato de trabalho, tendo dois elementos para sua configuração, sendo eles o empregado e o empregador (ZAINAGHI, 2020).

O artigo 3º e parágrafo único da Consolidação de Leis Trabalhistas traz a figura do empregado:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.

Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. (BRASIL, 1943).

Para Pimenta (2020, p. 24) “Na conceituação legal da figura do empregado, destacam- se quatro elementos: i. Prestação de serviços por pessoa física; ii. Não eventualidade; iii.

Subordinação; e iv. Onerosidade”.

Yone Frediani elenca e define os conceitos acima mencionados:

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a) Trabalho prestado por pessoa física: corresponde à essência do contrato de trabalho, bem como à definição legal de empregado contida no art. 3o da CLT, de que a realização do trabalho seja executada pela pessoa física.

b) Pessoalidade: esta característica também está intimamente ligada à relação de emprego, em que a execução dos serviços é pessoal, importando afastar eventuais substituições do prestador de serviços, posto que o contrato de trabalho é celebrado intuitu personae. Deve-se esclarecer que a pessoalidade incide, apenas, quanto à figura do empregado.

c) Não eventualidade: a prestação de serviços é realizada em caráter duradouro em oposição ao trabalho realizado de forma eventual. Assim, a prestação de serviços há de ser prorrogada no tempo, sem determinação de prazo, prática esta que constitui a regra do ordenamento pátrio, vale dizer prestação de serviços de forma contínua (princípio da continuidade do contrato de trabalho).

d) Onerosidade: é da essência do contrato de trabalho a remuneração pelo serviço realizado em face da necessidade de subsistência do prestador de serviços em oposição a algumas figuras nas quais o trabalho é prestado graciosamente, ainda que mediante pessoalidade, habitualidade e subordinação. (FREDIANI, 2011, p.10)

Parte-se do princípio em que o empregado deve seguir à risca todos esses elementos cruciais para sua definição e caracterizar a relação de emprego, e irão ser tratados de formas mais pertinentes a seguir com a colocação do desporto no vínculo empregatício (ABAL, 2012).

A Consolidação de Leis Trabalhistas ainda traz em seu texto normativo pelo artigo 2º e

§ 1º a qualificação do empregador e suas atribuições:

Art. 2º Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço.

§ 1º Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. (BRASIL, 1943).

A respeito da figura do empregador, Luciano Martinez caracteriza:

No contexto do contrato de emprego, o empregador aparece como sujeito concedente da oportunidade de trabalho. Ele pode materializar a forma de pessoa física, de pessoa jurídica (entes políticos, associações, sociedades, fundações, organizações religiosas, partidos políticos) ou até de ente despersonalizado, excepcionalmente autorizado a contratar (condomínios, massa falida, espólio, família etc.). Em qualquer circunstância, porém, o empregador assumirá os riscos da atividade desenvolvida e orientará o modo de execução das tarefas de que será destinatário. Como contrapartida pela execução dessas tarefas, o empregador oferecerá uma retribuição pecuniária intitulada salário, aqui identificado em sentido amplo. (MARTINEZ, 2020, p. 263).

Essa é a maneira celetista e mais corriqueira para a definição do vínculo empregatício, porém, no meio desportivo mais especificamente no meio futebolístico as figuras se alteram um pouco da maneira usual, pois temos o atleta profissional como a definição conhecida como empregado, e a entidade desportiva como o empregador, com isso, é notável uma peculiaridade acerca o contrato e seus sujeitos (ALMEIDA e TAVEIRA, 2018, p. 15).

Em síntese, Miguel (2014, p. 56) reforça o conceito acerca aos “atletas de futebol, basquetebol, voleibol, por exemplo, que estão vinculados às entidades desportivas que disputam

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competições profissionais devem ser vistos como profissionais e mantem vínculo de emprego com as respectivas entidades empregadoras.”

Sobre os sujeitos trabalhistas Zainaghi (2020) caracteriza o atleta como uma pessoa física que presta um serviço de natureza não eventual, tornando-se empregado, sob dependência de um clube, sendo este empregador.

O artigo 28 da “Lei Pelé” ainda se refere às figuras do contrato, “A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva” (BRASIL, 1998)

Nesse sentido, afirma Abal (2012, p. 329):

Pelo exposto, já fica evidente uma característica específica do contrato de trabalho do atleta profissional: este somente pode ser realizado tendo como empregador uma pessoa jurídica de prática desportiva, sendo impossível a realização desse tipo de contrato entre duas pessoas físicas ou entre trabalhador e entidade que não seja de prática desportiva.

O fato da subordinação sob o aspecto do atleta profissional (empregado) ainda era visto como incógnita na área celetista, pois alguns doutrinadores não reconheciam o princípio pessoalidade pelo fato de não receber ordens “diretas” do tomador do serviço que seria a figura dos dirigentes/presidente do clube, mas sim receber ordens diretas do técnico contratado também por dirigentes/presidente, entretanto, a pessoalidade é elucidada (MIGUEL, 2014):

O atleta profissional de futebol pode ser subordinado porque, não obstante exerça o trabalho com técnica própria, submete-se às orientações e ordens gerais da entidade de prática desportiva, e mais diretamente àquelas transmitidas pelo técnico da equipe.

Pode ser subordinado porque é a entidade de prática desportiva que, ao inscrevê-lo nas competições, organiza e administra a participação e coloca os atletas a serviço para obter o resultado almejado. (PELUSO, 2009, p. 29).

Expõe ainda Peluso, (2009 p. 30) que “desse modo, podemos conceituar o atleta profissional de futebol como pessoa natural que pratica futebol e, por força de contrato, presta pessoalmente os serviços, em caráter não eventual, à entidade desportiva empregadora, mediante subordinação e salário”.

2.4 MODERNIZAÇÃO E ENTRAVES DE NORMAS ACERCA AOS NOVOS VÍNCULOS EMPREGATÍCIOS

A sociedade é necessitada de constante evolução, isto significa, sempre se adequar e almejar o desenvolvimento de qualquer área ao entorno do corpo social, e com o direito não

(25)

seria diferente, é fundamental que o direito esteja se atualizando a todo instante, seja por meio de decisões, por fatos notórios, ou por pura necessidade.

“A evolução do trabalho e suas alterações operacionais são frutos das diversas formas de sociedade existentes no decorrer dos séculos.” (LIMA e MARTINS, 2012, p. 142)

Atualmente temos vários serviços que não constam e não são assegurados pela CLT, pois trata-se de maneiras diferentes de se obter um produto ou prestar determinado serviço, isso somente é possível pela imensidão de novas tecnologias que exigem pela sua vasta demanda, pessoas que possam trabalhar e tornar aquilo seu ganha pão.

Assim discorreu Wilcinete (2013, p.19):

No Brasil, a Consolidação das Leis Trabalhistas data de 1943, de lá para cá muita coisa mudou e nossos legisladores não foram sensíveis às mudanças e inovações. Pela via da consequência, nossas leis trabalhistas, notadamente a CLT, já não se harmonizam com os fatos inovadores introduzidos no meio trabalhista, clamando por uma ampla reforma. Não é para menos, a CLT tem mais de 70 anos. O Brasil de 1943 certamente muito difere do Brasil de hoje, a Indústria, o Comércio, os Serviços, tudo em muito mudou e nossa legislação trabalhista pede urgentes mudanças para se adequar aos novos tempos.

Casos como estes mencionados podem ser observados pelo sucesso e firmação da prestadora de serviços Uber Technologies Inc., que se tornou alvo durante os últimos anos de polêmicas marcadas pelas funções exercidas pelos motoristas do aplicativo, na qual a principal questão do debate trazido pelos doutrinadores foi o empasse acerca dos valores trabalhistas inerentes ao direito.

O direito brasileiro contemporâneo vive o grande desafio de se manter atualizado diante dos avanços tecnológicos e da complexidade social que se apresenta. A dificuldade é imensa, a inexistência de embasamento legislativo, por exemplo, tem gerado, como no caso do aplicativo Uber, inúmeros conflitos sociais, desde manifestos até agressões e danos ao patrimônio, pois, no vácuo normativo, sequer há compreensão a qual ramo do direito pertença ou se relacione, ou a quem compete regulamentá-lo. (ESPOSITO e WISNIEWSKI, 2016, p. 64).

Mas porque existe tanta discussão e entraves no âmbito jurídico para reconhecer algo novo? A resposta está na própria história do direito, sendo nítida a presença de muitos costumes ultrapassados e que tentam ao máximo conservar aquilo expresso em lei, é por isso que neste caso específico do aplicativo Uber desencadeou muita discussão para legitimar ou não sua presença como trabalhador celetista, já que a própria CLT não mencionava este tipo de função em sua legislação.

O governo já trata do assunto em sua própria cartilha do que diz respeito a modernização trabalhista (BRASIL):

As leis trabalhistas em vigor têm mais de 70 anos. O Brasil de 1943, rural e pré- industrial, não é o Brasil urbanizado de hoje, quando o setor de serviços já responde por 70% da economia e as novas tecnologias fizeram desaparecer e surgir muitas

(26)

profissões. A defasagem dessas leis antigas acabou penalizando os próprios trabalhadores, empurrados para o mercado informal, sem direitos e garantias.

Outro aspecto que frequentemente gera este impasse aos novos modelos empregatícios é aquele que concorrem com a criação do novo modelo, visto que sob o olhar cultural eles não são usuais como os empregos mais tradicionais da sociedade, um exemplo disso é a própria disputa que foi gerada no meio do transporte entre os motoristas de Uber e os taxistas, que não aceitaram ter sua clientela “debandada” por acharem injusto terem que se adequar em uma regulamentação própria com burocracias, sendo que os motoristas do aplicativo não eram obrigados a seguir a mesma legislação.

Essa relação conflituosa é verificada na tensão social que ocorre entre taxistas e utilizadores da startup, que entendem ser a atividade ilegal e irregular, por inexistir licença ou autorização para o exercício do transporte individual e de passageiros, que é uma atividade pública e que só pode ser exercida sob o regime de permissão e/ou concessão. (ESPOSITO e WISNIEWSKI, 2016, p. 66)

Em favor da modernização, e da constante busca da adequação como os exemplos acima mencionados, os atletas na sociedade também tiveram que progredir, sendo assim, a “Lei Pelé”

teve uma atualização a partir da Lei nº 12.395/11, que trouxe o acréscimo de leis e revogações a partir da necessidade do período atual, já que a lei anterior era do ano de 1998 e possuía algumas normas antiquadas (BRASIL, 2011).

A discussão momentânea na área desportiva é sobre o projeto de Lei nº 5.082/16, que possibilita a mudança da entidade esportiva, no caso, os clubes de futebol resultando em um clube-empresa limitada, e que inclusive já foi aprovada na câmara de deputados e aguarda aprovação no senado, tudo isso, a partir da evolução que a área e a modalidade estão sujeitas.

Cani e Meneghetti (2014, p. 457) destaca algumas noções do clube empresa em relação a entidade desportiva:

O clube-empresa tem uma estrutura fundamentada em um modelo de gestão em que o clube pode se transformar ou se constituir em uma empresa. Nos casos em que se opta pela transformação, a entidade altera seu estatuto e sua situação jurídica, passando a ser uma sociedade comercial. Quando a instituição resolve se constituir em uma S/A, surgem duas entidades, em que o clube mantém a sua situação jurídica e terceiriza sua gestão, contratando uma consultoria para cuidar da administração.

Com a mudança da razão social, acaba a isenção com relação a impostos e os responsáveis pela administração passam a ser responsabilizados com seus bens em uma eventual gestão mal sucedida.

Alguns clubes já aderiram a este formato, e resultando em debates intensos, pois existem clubes que foram beneficiados pelo novo método, como por exemplo o Clube Atlético Bragantino e a empresa de bebidas energéticas Red Bull, que se fundiram, se tornando o Red Bull Bragantino, que através do alto investimento subiu de patamar desportivamente.

(27)

Em concordância, Cani e Meneghetti (2014, p. 457) analisam “No modelo associativo os clubes podem objetivar seus lucros apenas para um aumento de renda e patrimônio, porém deve-se observar que hoje em vários casos empresários investem cada dia mais nos clubes de futebol e utilizam essa associação para a busca de um lucro final[...]

Em contramão do sucesso mencionado, o Figueirense Futebol Clube, que criou uma empresa de característica limitada para alterar sua figura jurídica, atraindo assim investidores para a área, porém o clube-empresa não obteve êxito nessa tentativa, onde o investidor se tornou inoperante na administração do clube, gerando atritos por falta de gestão e salários atrasados, mostrando resultados negativos pela questão financeira e pela questão futebolística, selando um amargo rebaixamento para o Campeonato Brasileiro Série C – Temporada 2020/2021, fatores estes que fizeram com que o então clube-empresa quase decretasse falência (GLOBOESPORTE, 2019).

Para Trengrouse (2020), “Numa empresa o patrimônio dos sócios responde pelas falhas da gestão. Esse é o maior incentivo para eficiência. Se o gestor de uma empresa não vai bem, demite-se. Se o presidente de um clube não vai bem, é preciso esperar anos para trocar”.

Almeida e Taveira (2018, p.18) ressaltam a importância da evolução organizacional dos clubes:

Verifica-se na prática que estes clubes estão cada vez mais se organizando na forma de empresa, de modo a se adaptar à crescente competitividade que permeia meio futebolístico, que gera milhares de empregos e movimenta grande parte da economia nacional, visto que envolve uma paixão nacional que passa de pai para filho e só aumenta entre os torcedores e praticantes do esporte.

Para Abal (2012, p. 334) a profissão de atleta profissional de futebol possui diversas particularidades, porém, esse trabalhador deve ser visto como qualquer outro, hipossuficiente diante de seu empregador e detentor de diversos direitos trabalhistas, que devem ser observados em todos os momentos, uma vez que possuem caráter fundamental, e, portanto, estão hierarquicamente acima das previsões legislativas.

(28)

3 O CONTRATO DE TRABALHO DO ATLETA PROFISSIONAL DE FUTEBOL

O tema é pautado primordialmente através do caput do artigo 28 da Lei 9.615/98, mais reconhecida por Lei Pelé, que recentemente sofreu algumas alterações a partir da Lei 12.395/2011 justamente para suprir algumas lacunas. “Art. 28. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com entidade de prática desportiva” (ABAL, 2012).

3.1 DOS SUJEITOS DO CONTRATO DE TRABALHO

Na concepção de Barros (2014, p.15) “O contrato deverá conter os nomes das partes contratantes individualizadas e caracterizadas; o modo e a forma de remuneração, especificando o salário, prêmios, gratificações e, quando houver, as bonificações, bem como o valor das luvas, se previamente ajustadas, além do número da carteira de trabalho.”

O contrato especial ainda faz referências aos sujeitos da relação de trabalho, podendo serem observadas no parágrafo único do artigo 3º da Lei Pelé:

Art. 3º - O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações:

[...]

§ 1o O desporto de rendimento pode ser organizado e praticado:

I - de modo profissional, caracterizado pela remuneração pactuada em contrato formal de trabalho entre o atleta e a entidade de prática desportiva;

II - de modo não-profissional, identificado pela liberdade de prática e pela inexistência de contrato de trabalho, sendo permitido o recebimento de incentivos materiais e de patrocínio. (grifo do autor). (BRASIL, 1998).

A figura do empregador e empregado são diferentes das habituais maneiras de trabalho conforme já foi mencionado, tem-se então o chamado contrato especial de trabalho, que assegura as relações trabalhistas entre o clube-entidade esportiva (empregador), e a figura do atleta profissional de futebol (empregado) que será aquele que dispõe seus serviços ao clube, conforme análise dos doutrinadores:

Sempre o empregador do atleta será uma entidade de prática desportiva, ou seja, uma pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de associação civil sem fins lucrativos ou sociedade empresária, filiada a uma entidade de administração do desporto. Portanto, prefeituras municipais, empresas meramente patrocinadoras, empresários, agentes de jogadores e investidores não poderão ser empregadores de atletas profissionais. (CAÚS e GÓES, 2013, p. 78).

Neste sentido, corrobora Felipe Cittolin Abal (2012, p.329) sobre os sujeitos trabalhistas:

Pelo exposto, já fica evidente uma característica específica do contrato de trabalho do atleta profissional: este somente pode ser realizado tendo como empregador uma pessoa jurídica de prática desportiva, sendo impossível a realização desse tipo de

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contrato entre duas pessoas físicas ou entre trabalhador e entidade que não seja de prática desportiva.

O atleta que praticar o futebol, em caráter profissional, é considerado empregado da associação desportiva que se utilizar de seus serviços mediante salário e subordinação jurídica.

(BARROS 2014).

3.2 DA VINCULAÇÃO DESPORTIVA

A partir destes aspectos explícitos no contrato especial de trabalho, é possível visualizar a configuração do vínculo esportivo dos sujeitos do acordo, tendo respaldo no § 5º do artigo 28

“o vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática desportiva contratante constitui-se com o registro do contrato (...), tendo natureza acessória ao respectivo vínculo empregatício”

(BRASIL, 1998)”.

A vinculação desportiva tem a finalidade de organizar e controlar a participação do atleta profissional em determinadas competições desportivas oficiais. No Brasil, a prática é reconhecida pela inscrição do atleta profissional através Diretoria de Registro, Transferência e Licenciamento (DRT) na Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que realiza o registro da informação, onde nela é contido informações contratuais do atleta (BRASIL, 2021).

3.3 DO TIPO CONTRATUAL E SUAS OBRIGAÇÕES

Acerca da modalidade de contrato, Cristiano Caús e Marcelo Góes (2013, p. 73) ressaltam o modelo de contrato formal, como previsto na Lei, deve-se entender “contrato escrito”, no qual são pactuados os direitos e obrigações, que serão levados para registro na entidade de administração do desporto.

A entidade esportiva e o atleta profissional possuem seus deveres elencados respectivamente nos artigos 34 e 35 da Lei Pelé:

Art. 34. São deveres da entidade de prática desportiva empregadora, em especial:

I - registrar o contrato especial de trabalho desportivo do atleta profissional na entidade de administração da respectiva modalidade desportiva;

II - proporcionar aos atletas profissionais as condições necessárias à participação nas competições desportivas, treinos e outras atividades preparatórias ou instrumentais;

III - submeter os atletas profissionais aos exames médicos e clínicos necessários à prática desportiva.

E

Art. 35. São deveres do atleta profissional, em especial:

(30)

I - participar dos jogos, treinos, estágios e outras sessões preparatórias de competições com a aplicação e dedicação correspondentes às suas condições psicofísicas e técnicas;

II - preservar as condições físicas que lhes permitam participar das competições desportivas, submetendo-se aos exames médicos e tratamentos clínicos necessários à prática desportiva;

III - exercitar a atividade desportiva profissional de acordo com as regras da respectiva modalidade desportiva e as normas que regem a disciplina e a ética desportivas.

(BRASIL, 1998).

Para Zainaghi (2020) “O contrato por escrito e o prazo determinado são exigências da FIFA, órgão que administra o futebol no planeta, e da qual o Brasil é filiado por meio da CBF- Confederação Brasileira de Futebol.”

O desporto praticado de modo profissional se caracteriza pela remuneração pactuada, firmada em contrato formal de trabalho, entre o atleta e a entidade desportiva. (BARROS 2014, p.9).

Almeida e Taveira (2018) ainda ressaltam outros aspectos inerentes a profissão do atleta presentes através de cláusulas contratuais:

Da leitura de regulamento específico e do que se depreende da prática laborativa verifica-se que a subordinação jurídica destes esportistas a seus empregadores é muito mais ampla que a normal e inerente a esta espécie de contrato de trabalho, pois possuem a prerrogativa de controlar quase que totalmente a vida do empregado. O instrumento contratual especial conterá cláusulas referentes aos treinos, concentração, excursões; gratificações e luvas, se previamente ajustadas; modo e forma de remuneração, com especificação do salário, prêmios ;jornada de trabalho e descanso semanal diferenciados; aspectos íntimos, como o comportamento sexual; aspectos pessoais, como alimentação, bebidas, horas de sono, peso; aspectos convencionais como a vestimenta e a presença externa; declarações à imprensa; obrigatoriedade de o atleta se submeter a exames médicos e a tratamentos clínicos necessários a prática desportiva; etc.

No mundo do futebol é recorrente ter notícias acerca da exposição de atletas profissionais em momentos irresponsáveis e até criminosos de sua carreira. Em razão desse aspecto, muitos contratos futebolísticos ao redor do globo já possuem algumas cláusulas para regular as condutas do atleta, tendo como principal foco evitar maiores danos a entidade desportiva e ao próprio atleta. No Brasil, estas cláusulas ainda não vêm sendo adotado firmemente pelos clubes (MIGUEL, p. 60, 2014).

Recentemente tivemos o exemplo de jovens atletas da base de uma equipe que rumavam a uma equipe profissional, porém tiveram este passo interrompido através de uma polêmica, ocasionando então a rescisão de seus respectivos contratos: “O Inter anunciou nesta terça-feira a rescisão dos contratos do atacante Matheus Monteiro e do volante Luiz Vinícius, do time sub- 20 do clube. Um vídeo em que o atacante diz que teria alterado a bebida de uma mulher viralizou nas redes sociais na noite de segunda-feira” (GLOBOESPORTE, 2020).

Referências

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