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2. QUESTÕES TERMINOLÓGICAS DECORRENTES DA

2.1. Terminologia e línguas de especialidade

2.1.2. Recursos disponíveis para a tradução de termos especializados

textos que consultamos, para além de fidedignos, estão escritos na variedade linguística pretendida. De facto, a língua portuguesa, em virtude de factores históricos e culturais13, apresenta mais do que uma variedade linguística nacional. Durante a tradução dos termos do texto de partida, uma das dificuldades inerentes à descoberta de equivalentes na variedade falada em Portugal foi o confronto constante com formas do português do Brasil. O português europeu difere do português do Brasil em vários níveis, mas não o suficiente para impedir a compreensão e a comunicação entre os falantes das duas variedades. Porém, no que respeita à tradução, essas diferenças podem criar uma certa confusão, principalmente quando está em causa a tradução de termos especializados. Este cuidado é necessário durante a consulta quer de dicionários, enciclopédias e outras obras, quer de sítios na Internet.

Para a concretização da tradução terminológica, foram examinados textos de obras utilizadas no ensino universitário nos domínios da Genética, da Hematologia, da Imunologia, da Bioquímica e da Biologia Celular e Molecular14 e recorreu-se, como não podia deixar de ser, a dicionários e enciclopédias especializados, que constituem ferramentas imprescindíveis para o tradutor. Contudo, numa área dinâmica como a da Medicina, os termos emergentes nem sempre estão incluídos nos dicionários. É aqui que a Internet surge como fonte global de informação.

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«Em línguas com larga história de expansão mundial e de mobilidade dos seus falantes nativos, observa-se a existência de variedades que se vão progressivamente fixando e autonomizando, até ser possível caracterizá-las como variedades locais ou mesmo nacionais» (Faria 2003:34). Nesta perspectiva, podemos distinguir a variedade europeia, a variedade brasileira e as variedades dos países africanos de língua oficial portuguesa.

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A Internet serve de fonte de informação para a desambiguação do uso de determinados termos e para a definição de termos menos comuns, sendo um espaço onde facilmente se verificam tendências e se esclarecem dúvidas linguísticas, como sucede com o sítio Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Por outro lado, já existem versões digitalizadas de dicionários especializados, bem como alguns glossários temáticos, revistas especializadas, repositórios e bibliotecas digitais, o que facilita a pesquisa e a contextualização terminológicas. São exemplos:

• http://www.infopedia.pt/termos-medicos/

Infopédia – Dicionário de Termos Médicos da Porto Editora

• http://medicosdeportugal.saude.sapo.pt

Médicos de Portugal, versão digitalizada do Dicionário Médico da Climepsi

• http://iate.europa.eu/

Iate, Base de Dados Terminológica da União Europeia

• http://www.manualmerck.net/

Manual Merck, Biblioteca Médica online

• http://www.actamedicaportuguesa.com/

Acta Médica Portuguesa, revista científica da Ordem dos Médicos

• http://www.rcaap.pt/

RCAAP – Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal

Os sítios acima mencionados gozam da vantagem de integrarem terminologia médica em português europeu.

A pesquisa por nós elaborada abrangeu igualmente sítios da Internet com conteúdo especializado em língua inglesa15, de modo a constituir-se um corpus bilingue comparativo por junção de textos de temática semelhante.

A localização das páginas com informação de interesse pode ser efectuada através do recurso a motores de pesquisa, como o Google e o Yahoo. Inserindo uma ou várias palavras-chave ou até mesmo um excerto de um texto na página inicial do Google (o motor de pesquisa utilizado neste trabalho), o sistema irá seleccionar e apresentar uma lista das entradas relevantes.

Por vezes, as explicações encontradas não são suficientemente esclarecedoras ou podemos até não conseguir aceder à informação pretendida. Nos casos de dúvida ou de ausência de informação, a discussão com especialistas é uma mais-valia, pois são eles os mais aptos para avaliar o grau de transparência e adequação de uma denominação ao nível da informação especializada contida na mesma. Dada a escassa existência de literatura científica em língua portuguesa sobre talassémia, a temática deste projecto de tradução, optámos por socorrer-nos dos conhecimentos de um profissional da área, que acompanhou o processo de tradução deste trabalho. Aproveitamos para relembrar que o projecto de tradução que se apresenta é fruto da colaboração entre pessoas ligadas às áreas da Linguística, da Tradução e da Medicina, o que vem reforçar o carácter interdisciplinar da Tradução.

Como já vimos, as línguas de especialidade são instrumentos de comunicação de conhecimentos especializados entre profissionais e a terminologia é o seu elemento mais importante. Esta ideia surge salientada em Cabré (1996), que insiste na necessidade da utilização de uma terminologia estandardizada por esta favorecer a eficácia da comunicação especializada. Respeitando este juízo, orientámos a nossa tarefa para a procura de traduções já realizadas e de termos já traduzidos, o que constituiu uma tarefa difícil e morosa, numa tentativa de uniformizar a terminologia da área da talassémia. Após descoberto o termo adequado, o mesmo é mantido ao longo do texto, assegurando-se, desta forma, a coerência inter e intratextual.

2.1.3. Síntese

Nesta secção do trabalho, foi referido que a terminologia é um aspecto muito importante no que concerne a comunicação científica e que cada domínio científico possui vocabulário específico, isto é, uma língua de especialidade, o que facilita e agiliza a comunicação a vários níveis. Assim, na tradução de termos especializados, para que a comunicação científica se processe nestes parâmetros, o tradutor deve

ponderar bem as escolhas que faz: utilizar um equivalente adequado, (re)criar novos termos ou até mesmo não traduzir, mantendo o termo estrangeiro.

No que respeita à procura de um equivalente adequado, deve-se ter em consideração que, idealmente, a equivalência deve estabelecer-se através do conceito. No caso particular da Medicina, a diferença conceptual é reduzida devido à internacionalização da comunicação científica. Na tradução da língua de especialidade da Medicina, o conteúdo semântico é o que desempenha o papel mais importante, pois o essencial é transmitir a mensagem. Perante a inexistência de um equivalente adequado, quem traduz tem a possibilidade de recorrer a empréstimos ou estrangeirismos, decalques, paráfrases explicativas ou glosas contextuais. Neste projecto, considerámos útil acrescentar um glossário bilingue na parte final do trabalho.

Chamámos a atenção para a existência de diferenças entre a terminologia em português europeu e em português do Brasil. Devido a estas diferenças, durante a pesquisa de equivalências terminológicas, o tradutor deve sempre confirmar as suas fontes, quer estas sejam de papel ou electrónicas. Para além da consulta de obras importantes relacionadas com a área em questão, de dicionários temáticos e de enciclopédias especializadas, o recurso à Internet é muito importante, sobretudo quando a temática do trabalho a realizar se inscreve numa área caracterizada por uma dinâmica conceptual e terminológica, como é o caso da Medicina. Por outro lado, o trabalho em equipa com profissionais da área revela-se imprescindível, visto que são eles que possuem o conhecimento científico que permite assegurar uma tradução adequada e de qualidade. Por isso, o presente projecto de tradução é fruto da colaboração entre pessoas ligadas às áreas da Linguística, da Tradução e da Medicina, o que evidencia o carácter interdisciplinar da Tradução.

2.2. A tradução de termos especializados complexos e a gramática das

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