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Recursos jurisdicionais de decisões proferidas em processos a que se aplica o regime do CPTA

No documento Contencioso Tributrio (páginas 191-194)

Cristina Flora

5. Recursos jurisdicionais de decisões proferidas em processos a que se aplica o regime do CPTA

5.1. Recurso de apelação

Como vimos, nos termos do art. 279.º do CPPT os recursos que seguem as regras do CPTA são recursos de actos jurisdicionais que não fazem parte do processo judicial regulado no CPPT e recursos de actos jurisdicionais sobre meios processuais acessórios comuns à jurisdição administrativa.

O Regime dos Recursos Jurisdicionais no Processo Tributário

Seguem as regras do CPTA as acções administrativas especiais, processos de impugnação de normas, decretamento provisório de providências cautelares, intimação para consulta de processos ou documentos e passagens de certidão; produção antecipada de prova.

Deste modo, estes processos seguirão as regras previstas nos artigos 140.º e ss do CPTA, e do Código Processo Civil (art. 140.º do CPTA), serão processados como os recursos de apelação previsto no art. 644.º e ss do CPC.

O recurso é interposto mediante requerimento que inclui ou junta a respectiva alegação e no qual são enunciados os vícios imputados à sentença (n.º 2 do art. 140.º do CPTA) e o prazo para a interposição de recurso é de 30 dias e conta-se a partir da notificação da decisão recorrida (n.º 1 do art. 144.º do CPTA).

No que diz respeito aos efeitos do recurso, estatui o art. 146.º do CPTA: “1 - Salvo o disposto em lei especial, os recursos têm efeito suspensivo da decisão recorrida. 2 - Os recursos interpostos de intimações para protecção de direitos, liberdades e garantias e de decisões respeitantes à adopção de providências cautelares têm efeito meramente devolutivo. 3 - Quando a suspensão dos efeitos da sentença seja passível de originar situações de facto consumado ou a produção de prejuízos de difícil reparação para a parte vencedora ou para os interesses, públicos ou privados, por ela prosseguidos, pode ser requerido ao tribunal para o qual se recorre que ao recurso seja atribuído efeito meramente devolutivo. 4 - Quando a atribuição de efeito meramente devolutivo ao recurso possa ser causadora de danos, o tribunal pode determinar a adopção de providências adequadas a evitar ou minorar esses danos e impor a prestação, pelo interessado, de garantia destinada a responder pelos mesmos. 5 - A atribuição de efeito meramente devolutivo ao recurso é recusada quando os danos que dela resultariam se mostrem superiores àqueles que podem resultar da sua não atribuição, sem que a lesão possa ser evitada ou atenuada pela adopção de providências adequadas a evitar ou minorar esses danos.”

Relativamente aos processos urgentes, dispõe o art. 147.º do CPTA, que os recursos são interpostos no prazo de 15 dias e sobem imediatamente, no processo principal ou no apenso em que a decisão tenha sido proferida, quando o processo esteja findo no tribunal recorrido, ou sobem em separado, no caso contrário (n.º 1).

Por outro lado, no que diz respeito aos prazos a observar durante o recurso, dispõe o n.º 2 daquele preceito legal são reduzidos a metade e o julgamento pelo tribunal superior tem lugar, com prioridade sobre os demais processos, na sessão imediata à conclusão do processo para decisão.

O Regime dos Recursos Jurisdicionais no Processo Tributário

5.2. Recurso de revista

O recurso de revista vem previsto no art. 150.º do CPTA que dispõe: “1 - Das decisões proferidas em 2.ª instância pelo Tribunal Central Administrativo pode haver, excepcionalmente, revista para o Supremo Tribunal Administrativo quando esteja em causa a apreciação de uma questão que, pela sua relevância jurídica ou social, se revista de importância fundamental ou quando a admissão do recurso seja claramente necessária para uma melhor aplicação do direito. 2 - A revista só pode ter como fundamento a violação de lei substantiva ou processual. 3 - Aos factos materiais fixados pelo tribunal recorrido, o tribunal de revista aplica definitivamente o regime jurídico que julgue adequado. 4 - O erro na apreciação das provas e na fixação dos factos materiais da causa não pode ser objecto de revista, salvo havendo ofensa de uma disposição expressa de lei que exija certa espécie de prova para a existência do facto ou que fixe a força de determinado meio de prova. 5 - A decisão quanto à questão de saber se, no caso concreto, se preenchem os pressupostos do n.º 1 compete ao Supremo Tribunal Administrativo, devendo ser objecto de apreciação preliminar sumária, a cargo de uma formação constituída por três juízes de entre os mais antigos da Secção de Contencioso Administrativo.”.

A jurisprudência da Secção do Contencioso Tributário do STA tem admitido o recurso excepcional de revista no âmbito do contencioso tributário5.

Trata-se de um recurso das decisões proferidas em 2.ª instância pelo TCA, quando esteja em causa uma questão que, pela sua relevância jurídica ou social, se revista de importância fundamental ou quando a admissão do recurso seja claramente necessária para uma melhor aplicação do direito (n.º 1), e só pode ter por fundamento a violação de lei substantiva ou processual (n.º 2).

O erro na apreciação das provas e na fixação dos factos materiais da causa apenas pode ser objecto de revista “havendo ofensa de uma disposição expressa de lei que exija certa espécie de prova para a existência do facto ou que fixe a força de determinado meio de prova” (n.º 4).

5.3. Recurso para uniformização de jurisprudência

O recurso para uniformização de jurisprudência vem previsto no art. 152.º do CPTA, e é aplicável aos processos tributários que seguem o regime do CPTA.

Trata-se de um recurso que é interposto e julgado pelo Pleno do STA (arts. 27.º, n.º 1, al. b) do ETAF e art. 152.º, n.º 4 do CPTA).

O Regime dos Recursos Jurisdicionais no Processo Tributário

Interposto de acórdãos do TCA que estejam em oposição com acórdãos do TCA ou STA e ainda de acórdãos do STA que estejam em oposição com outros acórdãos do STA [não é admissível recurso de acórdão do STA por oposição de acórdão do TCA (n.º 1, alíneas a) e b)].

O Prazo para a interposição do recurso é de 30 dias contados do trânsito em julgado do acórdão impugnado (n.º 1).

O requerimento de recurso deve conter as alegações com identificação da contradição alegada e a infracção imputada à sentença recorrida (n.º 2).

O recurso não é admitido se a orientação perfilhada estiver de acordo com a jurisprudência mais recentemente consolidada do STA (n.º 3).

5.4. Recurso de revisão

O recurso de revisão vem previsto no art. 154.º do CPTA: “1 - A revisão de sentença transitada em julgado pode ser pedida ao tribunal que a tenha proferido, sendo subsidiariamente aplicável o disposto no Código de Processo Civil, no que não colida com o que se estabelece nos artigos seguintes. 2 - No processo de revisão, pode ser cumulado o pedido de indemnização pelos danos sofridos.”.

Ao recurso de revisão aplicam-se as regras contidas nos artigos 154.º a 156.º do CPTA, e subsidiariamente, o Código de Processo Civil (n.º 1 do art. 154.º do CPTA).

No que diz respeito à legitimidade para requerer a revisão, dispõe o 156.º do CPTA, que pode ser requerida pelo Ministério Público, partes (n.º 1) e quem “devendo ser obrigatoriamente citado no processo, não o tenha sido e quem, não tendo tido a oportunidade de participar no processo, tenha sofrido ou esteja em vias de sofrer a execução da decisão a rever.” (n.º 2).

Quanto a prazos para requerer a revisão de sentença, dispõe o art. 697.º n.º 2 que o recurso não pode ser interposto se tiverem decorrido mais de 5 anos sobre o trânsito em julgado da decisão [salvo se respeitar a direitos de personalidade] e o prazo de interposição é de 60 dias a contar nos termos das alíneas a) a c) disposto no n.º 2, do n.º 3, n.º 4, n.º 5 do art. 697.º do CPC.

Por último, quanto aos fundamentos do recurso de revisão, encontram-se previstos nas alíneas a) a g) do art. 696.º do CPC.

No documento Contencioso Tributrio (páginas 191-194)