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A ciência em ação no laboratório Amazônia (1990 )

3.7 Principais fontes de financiamento à pesquisa

3.8.2 Rede de Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia (GEOMA)

Criada em 2002 pelo MCT através de um acordo de cooperação técnico- científica, dois anos depois a Rede GEOMA se transformou em programa do governo federal através da portaria MCT n. 316, de 30/06/2004.111 Essa rede reúne seis institutos de pesquisa vinculados ao MCT, sendo três sediados na região Norte e três na região Sudeste (INPA, Museu Goeldi, IDSM, INPE, Instituto de Matemática Pura e Aplicada e Laboratório Nacional de Computação Científica).112

A Rede GEOMA possui três objetivos centrais: desenvolver modelos computacionais capazes de predizer a dinâmica dos sistemas ecológicos e socioeconômicos em diferentes escalas geográficas; auxiliar a tomada de decisão nos níveis local, regional e nacional por meio de simulações e modelagens; e contribuir na formação de recursos humanos nos níveis de mestrado e doutorado. A perspectiva da rede é desenvolver modelos computacionais pautados em abordagens e/ou no conceito de sustentabilidade.113

A interdisciplinaridade da Rede GEOMA se estrutura com pesquisadores especialistas em sistemas de informações geográficas, sensoriamente remoto orbital, modelagens matemáticas/computacional, ecologia, meteorologia e geografia. Há pouco ou nenhum espaço para a interação com as demais áreas do conhecimento, estrutura que, de certa forma, configura uma fragilidade no que tange à “totalidade” dos modelos gerados. As principais áreas temáticas de pesquisa são:

- Modelagem de Mudanças de Uso e Cobertura da Terra; - Dinâmica Populacional e Ocupação Humana;

- Modelagem de Ecossistemas Inundáveis; - Modelagem de Biodiversidade;

- Modelos Integrados, Simuladores Ambientais e Bancos de Dados Geográficos; - Física Ambiental;

- Modelagem climática; 111

As atividades da Rede GEOMA passaram a contribuir para o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do

Desmatamento na Amazônia Brasileira, criado em 2003 e liderado pela Casa Civil. Mais detalhes sobre esse Plano estão no documento disponível em: www.planalto.gov.br/casacivil/desmat.pdf, novembro de 2009.

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A rede também é coordenada por um Conselho Gestor e um Conselho Científico, dos quais participam representantes de todos os institutos participantes. Entre os membros ad hoc da rede está a geógrafa Bertha K. Becker, especialista na temática de ordenamento territorial da Amazônia.

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Com relação à Amazônia Legal, o programa estabeleceu os seguintes macro- objetivos:

- Analisar relações entre mudanças do uso da terra e os sistemas de produção, considerando, em particular, as relações entre a produção agro-pecuária, a estrutura agrária e fundiária e as condições de vida dos diferentes grupos de produtores;

- Desenvolver modelos para subsidiar a escolha de áreas para conservação da biodiversidade na Amazônia;

- Desenvolver, testar e integrar modelos de ecossistemas inundáveis amazônicos;

- Investigar e modelar a dinâmica demográfica e de mobilidade sócio-espacial na Amazônia Legal;

- Avaliar e quantificar dos impactos de dinâmica de uso do solo sobre as bacias hidrográficas da região Norte.

- Realizar estudos de economia regional, com modelos de logística e de crescimento regional;

- Construir um sistema de informação para os dados sócio-ambientais dos projetos da rede, com um ambiente de simulação na Internet;

- Desenvolver modelos integrados em escalas múltiplas que incorporem diferentes dimensões da sustentabilidade na Amazônia (dinâmica populacional, biodiversidade, mudanças de uso da terra, condicionantes climáticos e hidrológicos).

O último edital da Rede GEOMA para a seleção de projetos de pesquisa, que foi lançado em dezembro de 2009 pelo CNPq, disponibilizou o montante de R$ 3,2 milhões (sendo R$ 1,2 milhão para 2009 e R$ 2 milhões para 2010). A maior parte desse financiamento veio do Fundo Setorial de Infra-Estrutura.114

3.8.3 - Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia (PROBEM)

Em 2002 o PROBEM foi criado para promover a “bioindústria” na Amazônia através da aplicação de biotecnologias e, assim, ampliar a entrada de investimentos na região Norte, especificamente “bioempreendimentos”. Esse programa pode ser caracterizado como uma iniciativa conjunta da comunidade científica, do setor privado, do governo federal, e dos governos estaduais da região Norte. Esse programa já encerrou suas atividades e o principal resultado foi a construção de um complexo de pesquisa denominado Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA), implantado em 2006 em Manaus. O CBA foi um desdobramento do PROBEM a partir da parceria

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Dados disponíveis na reportagem “Últimos dias para a submissão de propostas a três editais do CNPq”. In: Jornal da Ciência, 12 de janeiro de 2010 (disponível em: www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=68395, fevereiro de 2010.

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entre o governo federal, a comunidade científica do estado do Amazonas e o setor privado regional vinculado à Zona Franca de Manaus.

A implantação do complexo CBA envolveu três Ministérios: MMA, MDIC e o MCT. As atividades desenvolvidas nesse complexo estão divididas em oito coordenações: Microbiologia; Biologia Molecular; Central de Laboratórios Analíticos; Farmacologia e Toxicologia; Produtos Naturais; Produção de Extratos; Planta piloto de Processos Industriais; Núcleo de Geração de Negócios e Incubação; Núcleo de Informação Biotecnológica; e Unidade de Processamento Tecnológico para cosméticos, fitoterápicos e alimentos funcionais. A SUFRAMA é responsável pela administração e maior parte do financiamento do CBA, com aproximadamente 70% do aporte financeiro, e o MMA é o segundo financiador.

Segundo Marcovitch (2011), a estrutura do CBA é uma das mais bem montadas do mundo, oferecendo condições para a atuação de empresas de transformação e industrialização de produtos naturais num grande leque de aplicações, ou seja, visa “o desenvolvimento local de indústrias com o perfil biotecnológico”. Todavia, o CBA ainda não formou um grupo completo de cientistas. Todos os pesquisadores atualmente são bolsistas das agências CNPq, CAPES ou FAPEAM. As empresas que participam das pesquisas nesse centro ganham direito de uso exclusivo dos produtos durante um período de três a cinco anos, dependendo dos contratos.

Com relação à implementação e os resultados do Programa PROBEM nos demais estados da região Norte, destacam-se convênios que geraram cadeias produtivas de açaí e andiroba; diagnósticos sobre a pesca e a aqüicultura no Amapá; implantação de cadeias produtivas de treze produtos florestais não madeireiros no Acre; e no Pará foram elaborados produtos derivados de piperáceas da Amazônia em parceria com a FAPESPA.115

Outros resultados do PROBEM foram: capacitação (especialização, reciclagem em nível técnico nas áreas de biotecnologia, técnicas botânicas, gestão da inovação tecnológica e reciclagem em fitoquímica) de 175 pesquisadores; estudos necessários à implantação de sistemas de aquisição, de gestão da inovação e assessoramento em propriedade industrial e intelectual; plano de ação para incubação de empresas no CBA; plano diretor para um parque de bioindústrias na região Amazônica; documento

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para balizar a elaboração de um Manual de Conduta em Bioprospecção; manual de procedimentos em propriedade industrial; modelos para protocolos de cooperação e contratos específicos; chamadas de projetos de pesquisa, planos de negócios e contratos para empresas incubadas; e apoio à elaboração de onze projetos de pesquisa com financiamento do Banco da Amazônia.

3.8.4 - Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (BIONORTE)

A Rede BIONORTE é a mais recente de todas, criada em dezembro de 2008 pelo MCT em parceria com o Ministério da Integração Nacional (MIN). A função dessa rede é promover a criação de cursos de pós-graduação de biotecnologias; a formação de doutores nesses cursos; e, consequentemente, a disponibilização de mão-de-obra específica para produção de fitoterápicos e fármacos nos estados pertencentes à Amazônia Legal. Então, novamente o foco das ações do MCT é a prospecção da biodiversidade e a produção de biotecnologia para o fortalecimento do sistema de produção técnico-científica. Essa rede é um exemplo de que as políticas de “Desenvolvimento Sustentável” na região Norte estão concentradas no elaboração de inovações no campo das biotecnologias.

Os recursos provêm do MCT e dos governos dos estados da região Norte. Assim, além do CNPq e da CAPES, as secretarias estaduais de C&T, as FAPs, os Institutos de Pesquisa e as ONGs vinculados ao MCT deverão apoiar a Rede. Nessa rede participam instituições de pesquisa que atuam nas áreas de biodiversidade e biotecnologia, como o INPA, o Museu Goeldi, o Instituto Mamirauá, as Universidades, OSCIPs e Organizações Sociais de destaque na região.116 As atividades centrais da rede foram definidas nos seguintes temas:

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Em relação aos recursos do MCT, a rede Bionorte já conta com R$ 13 milhões até o final das pesquisas da primeira chamada, sendo R$ 9 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT - Ações Transversais), R$ 2 milhões do Fundo Setorial Amazônia e R$ 2 milhões do Fundo Setorial de Biotecnologia, a serem liberados de acordo com a disponibilidade orçamentária do CNPq. A FAPESPA também repassará R$ 1.728.000,00 para projetos 20 projetos de doutorado selecionados no Pará. Dados disponíveis na reportagem “MCT destina R$ 20 milhões para a Rede Bionorte”. In: Jornal da Ciência, 10/12/2008 (www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=60451, janeiro de 2010). A previsão de duração da Rede Bionorte é de seis anos a partir da publicação da portaria de criação, podendo ser prorrogada, e seus resultados serão avaliados a cada dois anos por uma comissão independente (Portaria MCT n. 901, de 04/12/2/2008). As atividades da rede iniciaram em novembro de 2009, com o lançamento da primeira chamada pública/edital. A primeira avaliação está prevista para 2012 (Dados disponíveis em: www.bionorte.org.br, março de 2011)

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- Desenvolver projetos interdisciplinares e multi-institucionais de pesquisa em biodiversidade, conservação e biotecnologia;

- Estruturar e consolidar o programa de pós-graduação da Rede BIONORTE;

- Promover interações de Instituições de Ciência e Tecnologia - ICTs e empresas visando a elaboração de projetos de conservação, uso sustentável e biotecnologia; - Promover a criação de empresas biotecnológicas e parques de bioindústrias no âmbito da Amazônia Legal;

- Subsidiar a elaboração de políticas públicas para a promoção do Desenvolvimento Sustentável.

Os proponentes dos projetos devem possuir título de doutor e liderados por pelo menos um pesquisador de “excelência científico-tecnológica, com experiência de pelo menos cinco anos na área do projeto”.117

Dessa forma, os recursos disponíveis para essas pesquisas se concentram nas instituições e/ou grupos de pesquisa mais consolidados da região Norte, notadamente nos estados do Amazonas e Pará. Outro ponto interessante a destacar é que a rede se propõe a desenvolver projetos “interdisciplinares”, mas como foco das pesquisas são as biotecnologias, percebe-se que apenas as áreas ligadas às ciências biológicas fazem parte dessa integração de conhecimentos. Nas definições e propostas da rede também não há nenhuma referência de propostas relacionadas à integração das comunidades locais - tradicionais ou não - no desenvolvimento econômico promovido pelas empresas de alta tecnologia e/ou parques industriais que futuramente serão subsidiados com as pesquisas da rede.

3.8.5 Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil

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