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CAPÍTULO IV - REDE URBANA, CIDADES MÉDIAS E CORPORAÇÕES: VALENÇA NO ATUAL CONTEXTO DO MÉDIO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE.

A divisão político-administrativa do município de Valença compreende, além de sua sede, mais seis distritos: Barão de Juparanã, Conservatória, Santa Izabel do Rio Preto, Parapeúna e Pentagna. A população abrigada nos seis distritos corresponde a pouco mais de 20% do total do município. Os distritos de Santa Izabel do Rio Preto, Parapeúna e Pentagna contam como principais atividades econômicas a produção de leite e derivados, o gado de corte e a agroindústria. Em Conservatória vem se destacando nos últimos anos as atividades ligadas ao turismo. Já em Barão de Juparanã não se identifica uma atividade econômica que possa ser considerada de grande destaque, embora, como se verá na tabela 5 a seguir, seja esse o distrito de maior população dentre os acima citados.

Tabela 5 - Distritos de Valença: população absoluta e percentual em relação ao total do município (exceto sede)

DISTRITO POPULAÇÃO ABSOLUTA PERCENTUAL EM

RELAÇÃO AO TOTAL DO MUNICÍPIO

Barão de Juparanã 4.700 6.54

Conservatória 4.182 5.82

Santa Izabel do Rio Preto 2.431 3.38

Parapeúna 1.883 2.62

Pentagna 1.627 2.26

Fonte: Censo IBGE 2010 Organizada pela autora

O distrito sede do município de Valença é aquele que apresenta economia mais dinâmica e que abriga o maior percentual de população (cerca de 80%). A população relativamente muito mais rarefeita nos outros distritos vivencia situação oposta em termos de dinâmica econômica que, inclusive, reflete-se nos depoimentos registrados em entrevistas feitas durante os trabalhos de campo.

Um exemplo a esse respeito pôde ser identificado no distrito de Barão de Juparanã que, após o período áureo do café, passou a ter como principal fonte de renda e emprego, duas antigas empresas estatais: a RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A) e um núcleo da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), para extração de calcita.

Com o processo de privatização, a RFFSA deixou de existir enquanto tal, impactando ainda mais na redução de oferta de empregos no distrito. Quanto à extração de calcita, esta se esgotou logo no início dos anos 1990. Esse aspecto é confirmado na fala do senhor Nilton Mendes Franco, um antigo morador por nós entrevistado. Para ele, Barão de Juparanã teria uma história profundamente ligada ao trem que demandava, em outras épocas, serviços variados (manutenção, correios, etc.) e empregando aí muitos moradores.

Imagem 5–Aspecto da estação ferroviária de Barão de Juparanã - Valença (RJ)

Flávio Luis de Jesus Gomes, outro entrevistado, relatou problemas relacionados à oferta de serviços, em específico os da área de educação. Nesse aspecto, um dos graves problemas apontados é, segundo ele, o de manutenção das três escolas (públicas) existentes no mesmo distrito, que pertenciam ao governo estadual, foram municipalizadas, porém, continuando a apresentar antigos problemas de manutenção. As salas de aulas encontram-se superlotadas e, os poucos alunos com melhores condições financeiras optam por estudar no município vizinho de Vassouras.

O processo de urbanização em Valença foi se desenvolvendo com uma produção espacial marcada pela fragmentação, fazendo com que seus distritos, à exceção do distrito sede, se tornassem espaços periféricos do município, embora apresentando elementos de uma paisagem rural. Esse último quadro é reforçado pela menor população que aí é registrada, conforme apresentado na tabela 5 acima. Diferente do que se identifica nas periferias das metrópoles, onde a densidade populacional é, normalmente, alta. Muito provavelmente essa peculiaridade se dê em função do menor parcelamento do solo que, até o momento da conclusão dessa pesquisa, pôde ser identificado nos distritos citados.

Porém, é importante voltar a ressaltar que a população do município de Valença, em termos absolutos, é expressiva se comparada com a de outros municípios aqui tratados, como a de Porto Real.

Destacamos esse aspecto para ressaltar o papel dessa população enquanto exército da “ativa” e da “reserva”, conforme discutido por Oliveira (2013). Durante os trabalhos de campo, um dos entrevistados (Sr. Flávio) nos alertou para a formação de uma ocupação irregular feita, segundo ele, por moradores vindos de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense (ver imagem 6).

Imagem 6–Aspecto de ocupação irregular no distrito de Barão de Juparanã - Valença (RJ)

Fevereiro/2014, foto da autora.

Na sequência, procura-se discutir as razões que fazem com que o município de Valença continue a apresentar desvantagens do ponto de vista econômico em relação a outros municípios do Médio Vale do Paraíba Fluminense. Serão levantadas questões políticas internas bem como questões relativas à reprodução ampliada do capital. Dessa maneira, o fenômeno que talvez possa ser entendido como o de retomada da industrialização do interior do estado do Rio de Janeiro, ainda vem apresentando pouca influência no que respeita à sua contribuição para a melhoria das condições de vida da população valenciana.

De início, alguns apontamentos são importantes para a presente discussão. A Constituição Brasileira de 1988 ficou marcada, dentre outros aspectos importantes, pelo fato de estabelecer os municípios enquanto unidades da federação com autonomia. Isso se refletiu na aplicação do FPM - Fundo de Participação dos Municípios, verba decorrente do recolhimento de impostos que, primeiramente, é centralizada na União e, posteriormente, repassada aos municípios. Coelho (2007, p. 7) aponta o surgimento de distorções na sistemática de rateio, incentivando a criação de municípios sem capacidade econômica, resultando em recursos per capita inferiores a municípios maiores que, portanto, têm maior demanda por serviços públicos.

O Médio Vale do Paraíba Fluminense (ver mapa 3), que pode ser entendido enquanto uma rede urbana foi uma região que testemunhou a criação de municípios a partir da promulgação da Constituição de 1988: Itatiaia (1988), Quatis (1990), Pinheiral e

Porto Real (1995). Até 1996, a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios ocorriam a partir da criação de lei estadual, submetida aos requisitos de uma lei complementar estadual, com consulta, através de plebiscito, junto à população das áreas envolvidas. A partir de 1996, a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios passaram a ocorrer a partir de lei estadual, submetida aos requisitos de uma lei complementar federal, mediante plebiscito, após divulgação de Estudos de Viabilidade Municipal.

Observa-se então que a constituição das redes urbanas encontra-se submetida a diferentes influências, que se modificam com o tempo, formando espaços dinâmicos e, por extensão, redes que refletem essa dinâmica.

Se o exemplo acima apresenta a dimensão do político influenciando na formação e/ou transformação de redes urbanas, é evidente que outras dimensões também apresentam influências sobre a mesma, como as dimensões do econômico, do social, incluindo-se neste último os aspectos culturais, psicológicos etc.

É assim que as redes urbanas se apresentam enquanto espaços que guardam em si dinâmicas que combinam transformações e permanências. Nesse sentido, Santos (2014) assinala que o espaço deve ser entendido enquanto um conjunto indissociável de objetos geográficos (naturais e sociais), bem como a vida que os preenche e anima.

A formação de novos municípios no Médio Vale do Paraíba Fluminense está, evidentemente, relacionada a interesses políticos e econômicos. A partir da década de 1990 registrou-se um movimento de expansão da atividade industrial nesta região. Nos últimos anos vem se reforçando aí a presença do setor automotivo, principalmente nas cidades de Itatiaia, Porto Real e Resende. Esse cluster automotivo, além de outros investimentos como os que vêm ocorrendo no setor hoteleiro, hospitalar e siderúrgico, por exemplo, vem provocando importantes transformações no poder de polarização das cidades desta região. É importante destacar dados que mostram a importância que o setor automotivo numa economia globalizada vem dando ao Brasil. Em 2010 (e conforme anteriormente citado), o Brasil foi o quarto maior mercado automotivo do mundo. Sem dúvida, um dos fatores a explicar essa posição é a política de renúncia fiscal para o setor que “entre 2008 e 2011, em função da redução do IPI - Imposto sobre Produtos Industriais, o setor automotivo deixou de recolher R$ 7,882 bilhões”. Além disso, houve a ampliação dos créditos e dos prazos de financiamento, fatores que, combinados com uma população relativamente grande e resultados econômicos importantes alcançados nos últimos anos, reforçaram essa posição do mercado interno brasileiro em relação ao setor automotivo.

Se há algumas décadas a cidade de Volta Redonda ganhava destaquedentre as demais em função da presença da CSN - Cia Siderúrgica Nacional, atualmente essa posição deve ser relativizada, embora esta cidade continue tendo importância na região20. O quadro abaixo relaciona empresas do setor automotivo e a localização de suas respectivas instalações em cidades do Médio Vale do Paraíba Fluminense atestando o crescimento de sua importância econômica frente ao município de Volta Redonda.

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Mais adiante serão apresentados dados do CAGED - Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, que mostram, por exemplo, a supremacia de Volta Redonda em quantidade de estabelecimentos no setor “Indústria de Transformação”, no âmbito do Médio Vale do Paraíba Fluminense.

Quadro 2 – Cidades do Médio Vale do Paraíba Fluminense e respectivas corporações do setor automotivo nelas instaladas

CIDADE CORPORAÇÃO

Resende Renault-Nissan, MAN (caminhões e ônibus

da Volkswagen)

Porto Real PSA Peugeot Citröen

Itatiaia Jaguar Land Rover, Foton (montadora

chinesa ainda não confirmada) e Michelin (fábrica de pneus)

Fonte: site www.automotivebusiness.com.br, de 30/04/2013 acesso em 15/09/2014 Organizado pela autora.

Diferentes fatores devem ser levados em conta para entender as transformações socioespaciais e suas respectivas mudanças nas redes urbanas. Sendo assim, o elevado grau de internacionalização do capital, alcançado com a globalização, passa a ser um fator determinante, já que a sua mobilidade pelo mundo estabelece as regras de sua reprodução em diferentes lugares. Santos (2014, p. 32) aponta que:

... Dada a crescente internacionalização do capital e a ascensão das firmas transnacionais, observar-se-á uma tendência à fixação mundial - e não mais nacional - dos custos de produção, e a uma igualização das taxas de lucros graças à mobilidade internacional do capital (E. Mandel, 1978, p. 187-188), ao passo que a procura dos lugares mais rentáveis será uma constante.

A instalação de corporações no Médio Vale do Paraíba Fluminense reforça o mecanismo de formação de novos municípios que, dessa maneira, podem fazer jus ao recebimento do FPM. Um exemplo na região é o município de Porto Real, originado a partir do desmembramento de uma área do município de Resende. Complementarmente, muitos destes municípios lançam mão da política de renúncia fiscal para atrair investimentos, renúncia essa que seria “compensada” pelo repasse do FPM. Esse mecanismo reforça a discussão de Oliveira (1998) a respeito do antivalor, bem como a discussão de Santos (2006) sobre a guerra dos lugares. O mapa 4 apresenta as corporações do setor automotivo e sua localização em cidades do Médio Vale.

Já a situação de Valença apresenta peculiaridades tanto em função de sua posição frente a outros municípios do Médio Vale do Paraíba Fluminense, quanto em função da forma como seu espaço encontra-se fragmentado. Conforme já discutido anteriormente, Valença apresenta um distrito industrial que ainda não se tornou uma iniciativa capaz de atrair as chamadas corporações, como vem ocorrendo principalmente em Itatiaia, Porto Real e Resende, a despeito de o mesmo também contribuir para o recente crescimento da atividade industrial em seu território, bem como da aprovação da Lei André Corrêa que tenta incentivar a vinda de mais investimentos em troca de mecanismos de renúncia fiscal.

Do ponto de vista da fragmentação de seu espaço, cabe destacar que Valença apresenta-se enquanto município eminentemente urbano, porém com parcelas de seu território que apresentam paisagens próximas à de um meio rural. É nesse sentido que se destaca o distrito de Juparanã, que será melhor discutido mais adiante com a inclusão de entrevistas feitas nos trabalhos de campo. Essas entrevistas contribuíram para o entendimento de ao menos parte dos problemas das pessoas que aí vivem, como o acesso a escolas e hospitais. O passado de Valença enquanto cidade próspera devido à produção de café foi, a partir desse período, incorporando diferentes objetos (econômicos, sociais etc.), bem como mantendo heranças desse passado. Daí resultou uma paisagem heterogênea, combinando elementos do passado e do presente, podendo ser mais bem entendida a partir das palavras de Santos (2014, p. 73):

Uma paisagem é uma escrita sobre a outra, é um conjunto de objetos que têm idades diferentes, é uma herança de muitos diferentes momentos. Daí vem a anarquia das cidades capitalistas. Se juntos se mantém elementos de idades diferentes, eles vão responder diferentemente às demandas sociais. A cidade é essa heterogeneidade de formas, mas subordinada a um movimento global. O que se chama desordem é apenas a ordem do possível, já que nada é desordenado. As cidades antigas adaptam-se, transformam-se mais ou menos lentamente; as novas já nascem assim.

O estudo acerca das redes urbanas, que não é exclusivo da Geografia, foi, ao longo do tempo, apresentando diferentes abordagens, que passaram por transformações a medida que algumas dessas versões se mostraram insuficientes para dar conta dos novos quadros que surgiram, como a atual fase do capitalismo, a da acumulação flexível.

O mesmo pode ser dito a respeito da discussão sobre cidades médias. Se antes sua definição tinha como critério a população, com o passar do tempo houve a incorporação de outros critérios, como centralidade, desempenho do papel de intermediação em nível regional, dentre outros. Polarização que uma dada cidade tem para ser considerada enquanto cidade média. Atualmente, é possível verificar situações de cidades com cerca de 100 mil habitantes que apresentam características de cidade média, conforme acima apontado. Com o passar do tempo, houve a necessidade de redefinição desse conceito, fazendo inclusive surgir outro a ele relacionado: o de cidades de porte médio. Na sequência, será feita a discussão sobre rede urbana, bem como a discussão sobre cidade média, já que ambas mostram-se diretamente relacionadas às transformações socioespaciais verificadas no Médio Vale do Paraíba Fluminense e, em especial, na cidade de Valença.

4.1 - Rede urbana no Médio Vale do Paraíba Fluminense

Destacaremos algumas contribuições que debatem a rede urbana procurando chamar atenção para a necessidade de levar em conta as várias transformações que, com o passar do tempo, ocorrem. Na primeira metade do século XIX, Valença e Vassouras, devido à produção de café e algumas localidades hoje pertencentes ao estado de Minas Gerais, devido ao

fornecimento de diferentes gêneros, como os alimentícios, constituíam uma rede. A expansão do mercado mundial, acompanhada da incorporação de novas tecnologias vem aproximando (ao menos do ponto de vista econômico) lugares muitas vezes distantes entre si. Surgiram assim novas tendências no interior do modo de produção capitalista. Portanto, a atual fase de acumulação flexível, entendida como a transformação mais recente do modo de produção capitalista, influencia no estabelecimento de uma nova dinâmica para a formação de redes em escala planetária, bem como de outros diferentes níveis de redes urbanas. Conclui-se desse aspecto em específico que o estudo das redes urbanas, atualmente, impõe uma complexidade muito maior quanto ao seu entendimento.

Pensando-se dessa maneira, é possível observar diferentes conflitos e contradições que envolvem a relação entre Estado, capital e trabalho na conformação das redes urbanas. Ao Estado cabe estabelecer, através de sua ação planejadora, uma ordem e racionalidade para uma dada rede urbana (ou mesmo uma região), que normalmente favorecerá o capital monopolista. Essa ordem e racionalidade visam superar as crises provocadas pelo desenvolvimento contraditório de reprodução capitalista. É por isso que Harvey (2005, p. 46) aponta que:

No sistema capitalista, as muitas manifestações de crise… podem, desse modo, remontar à tendência básica de superacumulação. Como não há outras forças compensatórias em ação dentro da anarquia competitiva do sistema econômico capitalista, as crises possuem uma função importante: elas impõem algum tipo de ordem e racionalidade no desenvolvimento econômico capitalista.

Do ponto de vista do capital, há a necessidade constante em gerar novos níveis de demanda como uma maneira de aumentar a capacidade de absorção dos produtos. É evidente que essa ação não é isolada nem em relação ao Estado, muito menos em relação ao trabalho, apresentando como resultado mudanças constantes nas divisões internacional, territorial e social do trabalho. Sendo assim, alguns elementos tornam-se necessários para que ocorra o aumento do nível de demanda efetiva que garanta a reprodução do capital. Para Harvey (2005, p. 48), um destes elementos é “a expansão geográfica para novas regiões, incrementando o comércio exterior, exportando o capital e, em geral, expandindo-se rumo à criação do que Marx denominou o ‘mercado mundial”.

A partir dos apontamentos até aqui realizados, deduzimos que esse elemento apresentado por Harvey está associado à análise a respeito do Médio Vale do Paraíba Fluminense, em especial com relação à atual consolidação do cluster automotivo nesta região, bem como da já apontada posição do Brasil em relação ao mercado automotivo mundial. Tudo isso sendo ainda reforçado por uma atrativa disponibilidade de mão de obra, pelo efetivo apoio vindo de diferentes modalidades de fundos públicos, além da posição estratégica da região: a meia distância das duas maiores metrópoles do país.

Optamos, então, por apresentar alguns apontamentos a respeito de uma pequena literatura que trata do papel planejador do Estado. Esses apontamentos mesclam documentos elaborados por órgãos de governo e trabalhos de pesquisadores.

A discussão a respeito da hierarquia urbana merece algumas considerações quando confrontada com os estudos aqui apontados. Corrêa (2006, p. 23) menciona que:

Com a formação das redes urbanas nacionais e regionais, as relações sociais e econômicas espacializadas são controladas por uma cidade dominante que atua sobre uma relativamente vasta hinterlândia, constituída por cidades menores e, em muitos casos, por áreas rurais diferenciadas em termos de estruturas e paisagens agrárias.

Pereira e Furtado (2011) analisam trabalhos anteriores no sentido de identificar nestas características derivadas de análises, do ponto de vista regional e da rede de cidades que, segundo os autores, conferiam às mesmas um caráter estático. Basicamente, três estudos anteriores (porém recentes) são analisados:

a) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Caracterização e tendências da rede urbana do Brasil: configurações atuais e tendências da rede urbana, de 2001;

b) Brasil - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. Estudo da dimensão territorial para o planejamento, de 2008;

c) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Região de influência das cidades (REGIC) 2007, de 2008.

Para Pereira e Furtado (2011, p. 31-32), as três pesquisas acima citadas apresentam algumas características em comum, pois:

(...) lançam mão de dois conceitos caros para a análise regional: homogeneidade (HADDAD et al. 1989) e polaridade (PERROUX, 1978). O primeiro conceito está baseado do princípio de identidade. O segundo expressa o conceito de heterogeneidade, polarização ou interação. Outros dois conceitos abordados nos estudos sobre redes de cidades, ora de forma mais implícita, ora mais explícita, definem o porte do núcleo urbano e seus limites de influência. O conceito de limite crítico (círculo menor do núcleo urbano) define o seu tamanho e a sua posição numa hierarquia de diversos polos o conceito de limite máximo (círculo maior) define o alcance do entorno do núcleo urbano…

Entendemos que alguns aspectos destes conceitos e teorias têm de ser vistos com certa reserva. Por exemplo, a teoria dos pólos de crescimento de Perroux trazia no seu bojo a ideia de inevitabilidade do domínio do pólo sobre as áreas ao seu alcance (ou seu território). Sabe- se que a própria dinâmica do capitalismo, de expandir-se territorialmente cada vez mais, provoca mudanças no estabelecimento de pólos. Ou seja, um território antes considerado pólo não necessariamente continuará a sê-lo indefinidamente. Associado a isso está à necessidade capitalista atual em alocar tecnologias de acordo com suas necessidades de reprodução.

Os três trabalhos citados apresentam considerações em relação a fluxos e estoques que também remetem a uma visão estática que, em boa parte dos casos, não se confirma na realidade, principalmente levando-se em conta o atual estágio do capitalismo. Sendo assim, Pereira e Furtado (2011, p. 32) apontam que, nestes trabalhos:

O grau de interação ou interdependência entre estas cidades pode ser pensado em termos de fluxos (de pessoas, comerciais, etc.) existente entre elas e uma série de cidades pode ser hierarquizada em termos de tamanho dos seus estoques (em termos de população, de bens e serviços ofertados etc.)

Conforme assinalamos anteriormente, a cidade de Volta Redonda exerceu, por algum