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Redes como ambiente educativo para a educação ambiental

No documento V.3, N.1 - Edição Impressa (páginas 113-115)

Arlete Pereira de Souza1

Mauro Guimarães2

N

a história da humanidade a evolução do ser humano, como ser social no processo de ensino-aprendizagem, materializa-se na relação entre o que ensina e o que aprende. Historicamente, a figura do educador, de quem ensina, sempre esteve numa condição de superioridade, pelo fato de teoricamente ser possuidor de maior bagagem de conhecimento, devendo, nessa ótica, destacar-se daqueles a quem pretende instruir.

Desde os primórdios até os dias de hoje nos deparamos com a figura daquele que transmite o seu conhecimento, independentemente do tempo e do espaço, e aquele que transmite aparece como o que induz à aprendizagem.

Passamos por diversos estágios em nossa história, tivemos inúmeros modos de “transmitir conhecimentos” na forma de ensino-aprendizagem, nas mais variadas correntes educacionais, mas com uma tendência a uma verticalização desse processo formativo.

Em todos esses períodos evolutivos, o método utilizado na educação foi o da transmissão do conhecimento de geração a geração. Hoje, com as novas tecnologias, é necessário o aperfeiçoamento constante, a quebra de barreiras, o rompimento de distâncias no sentido de utilizar métodos e técnicas para melhor exercer a missão de contribuir na construção de um novo meio em que se faz necessária a ação compartilhada. Nesse sentido, emerge a figura do educador como facilitador, que atua na perspectiva da mediação da construção de conhecimentos, seja em que espaço for. Isso agrega um perfil diferenciado que rompe com a verticalização do processo formativo tradicional, construindo um novo ambiente educativo que se constitui em um processo interativo, numa perspectiva de horizontalidade das inter-relações entre quem ensina e aprende, assim como quem aprende também ensina.

Diante de todo esse processo histórico pelo qual passamos, em que houve várias formas para garantir a perpetuação de crenças, ritos, conhecimentos e mudanças na história da educação, com as mais variadas formas de transmissão de conhecimento,

1 Bióloga-Educadora Ambiental; Especialista em gestão Ambiental; Consultora da Ciclos Consultoria Ambiental (RJ) e sócia fundadora da OIKOS – Cooperativa de Trabalho Sócio-Ambiental (MS); integrante da Rebea, Rede Aguapé, Rede Espaços Públicos Socioambientais, Rede de Educação Ambiental e Conservação da Biodiversidade; Tel. (21) 8141 6922 – arletesouza@yahoo.com.br. 2 geógrafo-Educador Ambiental; Doutor em Ciências Sociais; Professor-Pesquisador da Universidade

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educação ambiental

de revista brasileira surge no mundo atual a tecnologia da comunicação virtual para fazer parte dessa

nova fase histórica. Junto a isso vieram os grupos de discussão, a formação das Redes virtuais contribuindo significativamente na troca de saberes e conhecimentos, cumprindo assim um papel fundamental nos processos de formação, propiciando uma outra forma de construção de conhecimento que se beneficia das novas tecnologias de comunicação.

Na história da Educação tivemos as mais variadas correntes e linhas de pensamentos. Com o decorrer do tempo e com os novos acontecimentos da história, aos poucos foram-se ampliando as formas de produção de conhecimentos. Uma delas são as redes sociais, com os mais diversos conceitos que foram sendo formulados por vários autores, a partir de símbolos tais como rede, teia e árvore, que nos levam a inter-relações, associações, trocas, vínculos não-hierárquicos. Todos esses envolvem relações de comunicação e/ou intercâmbio de informação e conhecimentos como processo formativo.

A idéia mais simples, que é a de uma rede, é associada à trama de ligações entre os “nós” que interligam fluxos de informação e relações eqüidistantes de comunicação que numa perspectiva dialógica constitui-se como um espaço formativo.

“Redes de comunicação consistem de indivíduos interconectados que são ligados por fluxos modelados de informação. Esse compartilhamento de informação ao longo do tempo leva os indivíduos a convergir ou a divergir uns dos outros em seu entendimento mútuo da realidade. (...) Uma interação de um indivíduo com o seu ambiente é mediada por informação, boa parte dela referente não à realidade física mas a outros conjuntos de informação. Um acordo e entendimento mútuo adequado sobre a informação simbólica que é criada e compartilhada é um pré- requisito para qualquer atividade social e coletivo”.

(ROGERS; KINCAID. In: Lopes, 1996)

Esse conjunto de fatores que une e diverge faz com que aconteça uma interação com o meio do outro, por meio não somente do conjunto de informações, mas propiciado pelo resultado dessas informações, que é a formação, desenvolvimento de ações em conjunto e principalmente os encontros presenciais; isso é a rede. Rede portanto é a ramificação que une os nós e que nos direciona para um fortalecimento (formação) num momento conjunto virtual e finaliza com o objetivo maior, que é o fazer junto, que perpassa pelos momentos dos encontros presenciais que são fundamentais para a retroalimentação e fortalecimento de uma rede.

Para Souza (2006), “participar de uma rede significa mais do que apenas trocar informações isoladamente. Estar em rede é realizar conjuntamente ações que construam conhecimentos e transformem os seus participantes, contribuindo para que objetivos em comum sejam atingidos.”

educação ambiental de revista brasileira

Fazer parte de uma rede não significa deixar de lado sua independência. Ao contrário, uma Rede requer participantes independentes, automotivados, não limitados por hierarquias. Cada participante possui talentos únicos, diferentes e valiosos para contribuir com o grupo e para exercer sua criatividade é preciso independência. É o equilíbrio entre a independência de cada participante e a interdependência cooperativa do grupo que dá força e impulso a uma rede.

Para isso é necessário que o grupo tenha um propósito unificador pois esse é o espírito de uma rede. E esse propósito deve ser buscado continuamente para não se perder o objetivo central da formação da rede.

No documento V.3, N.1 - Edição Impressa (páginas 113-115)