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Redes sociais: uma perspectiva relacional

Rede social é um conjunto de atores ligados por relações sociais, ou seja, são redes de comunicação que envolvem a linguagem simbólica, limites culturais e relações de poder, sendo um campo, presente em determinado momento, estruturado por vínculos entre indivíduos, grupos e organizações construídos ao longo do tempo (Granovetter et al., 2000; Capra, 2002; Marques, 1999). Steiner (2006) assegura que a rede também é um elemento da vida social.

Segundo Costa (2005), cada um de nós percebe claramente a rede de relacionamentos à qual pertence, mas não é possível perceber facilmente a rede à qual os outros pertencem. Isso inclui não apenas aqueles que não conhecemos, mas também os que fazem parte de nossas relações. Castells (1997) assegura que redes constituem a nova morfologia social de nossas sociedades e que a proliferação da lógica de rede altera dramaticamente tanto a operação como os resultados dos processos produtivos, de poder e cultura. E, para este autor, é o

4 Segundo Sérgio Costa (2003), é nessas teias sociais que se gestam os conteúdos culturais e as práticas sociais.

grau de relacionamento dos atores de cada sociedade que indica, hoje, o seu nível de desenvolvimento, ou seja, teoricamente, isso está claramente orientando políticas públicas.

A ênfase dada às redes sociais liga-se ao fato de que se trata de uma área de pesquisa na qual os resultados mais inovadores, tanto de uma perspectiva teórica quanto de uma perspectiva empírica, foram, muitas vezes, obtidos nesses últimos anos (Steiner, 2006).

Diversas áreas focam em estudos a respeito da temática rede social. Bastos & Santos (2007) expõem com precisão a relação entre redes sociais e estudos organizacionais quando afirmam que as redes sociais constituem um recurso teórico e metodológico especialmente útil para os estudos que tomam as organizações como sistemas de significados construídos nas relações e conexões existentes entre os membros organizacionais. Segundo Andion (2003), quando se utiliza o sentido de rede como estratégia, as redes são vistas como formas de organização e de ação dos atores sociais, visando promover uma mudança, podendo ser ela de cunho econômico ou não.

Dessa forma, existem diversas definições para rede social. Podem-se definir redes sociais como um agrupamento de núcleos (pessoas, organizações) ligados por um leque de relações sociais (amizades, transferências de fundo, etc..) de um tipo específico, como afirmam Carvalho & Fisher (2000). E os mesmos autores continuam essa definição afirmando que as trocas e as discussões no interior de um grupo possuem uma história, que resulta em rotina e estabilização de laços entre os membros.

Sob o aspecto de governança de redes, Carvalho & Fisher (2000) afirmam que configurações diversificadas combinam, na dinâmica das organizações contemporâneas, elementos híbridos com significados locais e globais, públicos e privados, tradicionais e complexos, que definem a necessidade de desenvolvimento de condições de governance (governabilidade)

e construção de espaços de negociação entre os diversos atores das redes sociais, suscitando o caráter complexo dessas redes. A fim de enfatizar essa complexidade inerente às redes sociais, Santos (2003) coloca outro elemento a ser considerado, que é a participação. Assim, pode-se dizer que as redes sociais apresentam uma proposta desafiadora não só para tópicos como cooperação, (re)integração, harmonia, trocas e relações, mas, principalmente, para a participação5. Talvez, essa ênfase esteja presente na tentativa de

operacionalização e pouca ênfase é dada ao conflito das redes.

Segundo Silva (2003), as ligações entre pessoas de uma rede social podem ser qualitativamente examinadas em termos de sua diversidade estrutural, dos favores e serviços trocados (conteúdo transacional), do sentido de fluxo em que tais intercâmbios se dão e da frequência e duração das ligações. Segundo o mesmo autor, esses diferentes critérios tornam possível mapear vários circuitos de intercâmbios, tanto dentro do universo total da rede de um grupo, quanto dentro de segmentos selecionados, ou redes parciais, isoladas da rede total pela aplicação de alguns critérios, como amizade, confiança, afiliação partidária, religião, local de residência, local de trabalho, etc., até mesmo participantes de uma mesma política pública.

Carvalho (2002) assegura que a perspectiva de redes sociais tem, entre seus problemas centrais, o d; compreender como são motivados os atores em espaços sociais limitados. Steiner (2006) afirma que o conceito de rede passa a designar algo mais do que apenas um objeto, um dispositivo técnico, ele passa a ser um instrumento que permite descrever e formalizar as interações entre os indivíduos. Igualmente, Macias (2002) afirma que:

5 “Porque é no bojo da participação que reside a possibilidade de executar os tópicos citados [cooperação, harmonia etc..], uma vez tendo-a claramente como um escopo absorvedor e de exercício da democracia ao inserir e ouvir todos os grupos participantes” (Santos, 2003 p. 92).

De igual modo, resultó central la afirmación de Brian Uzzi (1996) en el sentido de que la organización de redes opera en una lógica de intercambio que difiere de la lógica de mercado (embeddedness) puesto que las ligas sociales configuran las expectativas y oportunidades de los actores en forma distinta de la lógica económica o el comportamiento del mercado. De este modo, un mayor o menor nivel de embebimiento puede conducir a resultados no previstos por la explicación económica (Macias, 2002, p.02).

Assim, pode-se inferir que todas as atividades econômicas têm o seu lado social, no qual as pessoas se relacionam. Esses relacionamentos podem se dar para diversos fins, em tempo e espaço social limitados. Existe uma complexidade inerente às redes sociais, propriamente pela sua diversidade estrutural, metodológica e analítica. Algumas dessas características são abordadas no tópico seguinte.