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Esquema 2: Circuito da Distribuição Individual Diária

3. CIRCUITO DO MEDICAMENTO

3.5 FARMACOTECNIA

3.5.3 Reembalamento

O reembalamento de alguns medicamentos orais sólidos é fundamental a todos os sistemas de distribuição, e deve ser feito de forma a garantir a segurança e qualidade do medicamento.

Os principais objetivos desta atividade são permitir aos SFH disporem do medi- camento na dose prescrita e de forma individualizada (dose unitária) permitindo, assim, reduzir o tempo dedicado pela enfermagem à preparação da medicação a administrar, reduzir os riscos de contaminação do medicamento, reduzir os erros de administração; garantir a identificação do medicamento reembalado (DCI, dose, lote e PV); proteger o medicamento reembalado dos agentes ambientais; assegurar que o medicamento reemba- lado pode ser utilizado com segurança, rapidez e comodidade; e racionalizar os custos. [6,

21]

Esta prática surgiu do facto de alguns medicamentos, depois de individualizados, não estarem devidamente identificados com DCI, dosagem, PV e lote. É, então, uma al- ternativa à rotulagem manual dos medicamentos que, para além de ser um processo de- morado, pode causar erros de medicação (o rótulo pode descolar-se ou colar-se noutro medicamento diferente).

Os medicamentos devem ser, sempre que possível, dispensados nas suas embala- gens originais mas, quando tal não é possível, devem ser reembalados em recipientes adequados que assegurem a proteção da luz e do ar, estanquicidade e proteção mecânica, preservando a sua integridade, higiene e atividade farmacológica. [21]

Para que os medicamentos estejam aptos a entrar no circuito do medicamento atra- vés dos vários sistemas de distribuição, estes devem estar devidamente identificados de forma individual. Como tal, nos SFH do HSL existe uma área destinada ao reembala- mento, fracionamento e rotulagem de formas farmacêuticas sólidas orais. [6]

Relativamente ao equipamento é necessária a existência de equipamentos de re- embalagem de medicamentos que garantam as condições de segurança e permitam a iden- tificação correta do medicamento reembalado.

No HSL existem dois equipamentos, um semiautomático e outro automático de reembalagem:

BlisPack – Grifols®, usada para reembalar medicamentos que não são retira- dos do blister;

AutoPrint II Medical Packaging® - Grifols®, que é utilizada para reembalar medicamentos fracionados ou medicamentos que foram retirados da sua em- balagem original, como no caso de recipientes multidoses (frascos).

Também na AutoPrint II Medical Packaging® - Grifols® se efetua a reembala- gem de medicamentos cujos blisters não são passíveis de serem cortados devidamente na BlisPack – Grifols®.

Para reembalar medicamen- tos na BlisPack – Grifols® (Figura 8) é necessário que esta faça a leitura do código de barras do medicamento que se deseja reembalar. Seguida- mente, o TF confere dados como DCI, dosagem, lote, laboratório e PV que, automaticamente e a partir do código de barras, aparecem no ecrã e insere o lote atribuído pelo hospital, o qual corresponde ao dia e hora da reembalagem. Seguidamente, o

TF efetua o teste de corte do blister e confere o rótulo. A conformidade do rótulo é depois verificada por outro TF (dupla verificação). Diariamente são impressos documentos des- critivos dos medicamentos reembalados, os quais são verificados recorrendo-se a uma embalagem e rótulo do respetivo medicamento que foram deixados em cima da máquina

No caso do reembalamento pela BlisPack – Grifols®, e uma vez que os medica- mentos são reembalados dentro do blister original, o PV mantém-se.

Por sua vez, a AutoPrint II Medical Packaging® - Grifols® (Figura 9) tem aco- plado um sistema informático que possibilita a programação prévia da rotulagem de cada operação de reembalagem, sendo esta operação efetuada por um TF. Para tal, o TF deve equipar-se com touca, máscara e luvas e desinfetar a máquina com compres- sas humedecidas com álcool a 70% para que não se contamine o medica- mento que está fora do blister. Todas as operações realizadas na AutoPrint II Medical Packaging® - Grifols® são registadas na folha de registo de reembalagem (Anexo X), impresso próprio e conferidas por um outro TF (dupla verificação). Neste tipo de re- embalamento, quando os medicamentos são retirados do blister, o PV diminui, passando a ser 25% da diferença entre o PV original e a data em que foi efetuado o reembalamento, nunca podendo ultrapassar os 6 meses. [22]

Para os medicamentos que, quando cortados individualmente (unidose), não ficam devidamente identificados com, pelo menos, DCI, PV e lote, é necessário recorrer à sua etiquetagem.

Para além de medicamentos orais sólidos, também algumas ampolas devem ser etiquetadas por serem fotossensíveis, são revestidas com papel de alumínio e, assim, dei- xam de estar identificadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio curricular nos SFH do HSL correspondeu às minhas expectativas no que diz respeito à diversidade de procedimentos que esta oferece.

Durante o período de estágio, tive a oportunidade de realizar diversas atividades desempenhadas por um TF no contexto hospitalar, o que reforça os conteúdos teóricos lecionados nos três anos anteriores ao estágio.

Na minha opinião, os objetivos do estágio foram cumpridos, muito graças à grande disponibilidade dos profissionais dos SFH do HSL que, apesar de me darem autonomia para desenvolver as diversas atividades propostas, estavam sempre dispostos a ajudar em qualquer dificuldade que surgisse.

Outro aspeto que acho importante referir é que apesar de a organização dos SFH não ser completamente de acordo com o sugerido no manual de farmácia hospitalar, es- teve em constante mudança no período em que estive a realizar o estágio, implementando- se a introdução do sistema de armazenamento KANBAN, a introdução de novas etiquetas para identificar os medicamentos armazenados com códigos de barras, para posterior uti- lização de PDA (Personal Digital Assistant), entre outras pequenas mudanças as quais ajudei a introduzir e o que me possibilitou novas aprendizagens na organização dos SFH.

Durante este relatório tentei sempre demonstrar a minha opinião de forma clara e sincera, tentando ser explícita em todas as tarefas que se realizam nos SFH do HSL.

Não quero deixar de agradecer principalmente à Diretora dos SF, Dra. Almerinda Cambão, à Técnica-coordenadora Suzete, à supervisora de estágio Olga Carqueijo, por toda a ajuda que me foi dada e pela forma como me acolheram.

Em modo de conclusão, este estágio ajudou-me a perceber as responsabilidades de um TF em contexto hospitalar, assim como na aprendizagem contínua que esta profis- são exige pois, apesar da vertente hospitalar ser mais reservada e não incluir um contacto direto com o doente, todos os dias surgem situações novas que devem ser resolvidas o mais rápido possível, salvaguardando sempre a saúde e bem-estar dos doentes.

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