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Capítulo 6 – Conclusões

6.3. Reflexão final

Considero-me um privilegiado. Fui privilegiado em estagiar com uma professora cooperante experiente na profissão, dedicada e esmerada, fui privilegiado por estagiar numa turma que exigiu de mim o conhecimento da disciplina e capacidades de docência em sala de aula, fui privilegiado por estagiar numa escola com bom ambiente, dinâmica e interessada nos seus alunos. Vivi boas experiências durante o estágio, experiências importantes para a minha formação pessoal, social e profissional. Vi muitas questões, em especial relativas ao exercício da profissão em sala de aula, serem respondidas sem (quase) ter tido necessidade de as colocar. Provavelmente levantaram-se outras questões, das quais não estou consciente. Muitas questões só emergem no campo de trabalho e, ponderando sobre elas, conferem-me uma oportunidade de alargar a minha compreensão sobre o mesmo.

No cômputo geral, penso que a lecionação que realizei correu bem. Relativamente aos conteúdos, acredito que os alunos tenham apreendido as ideias mais importantes da temática da PL. A contribuir para esta aprendizagem considero que estiveram as tarefas propostas para a unidade de ensino, pois procurei que cada uma tratasse sequencial e construtivamente os conteúdos de PL a par com os objetivos de aprendizagem e procurei que a aprendizagem partisse da resolução das tarefas (Hatfield, 1978; NCTM, 2000). Estas tarefas foram um meio adequado de ir acrescentando conhecimento ao conhecimento já trabalhado, sem esquecer, claro, os momentos necessários para a consolidação das aprendizagens. Estes últimos consistiram na resolução de problemas de PL aplicando os conhecimentos recentes adquiridos. Na

escolha ou elaboração das tarefas considero ter sido relevante abordar a variedade dos aspetos teóricos da temática – o tipo de regiões admissíveis, o Teorema Fundamental da Programação Linear, o acréscimo, alteração ou eliminação de restrições e a maximização ou minimização da função objetivo, quando existe. Além disso, creio que será importante que se abordem em problemas de PL contextualizados na realidade. As Tarefas 3 e 4 que propus permitiram-me abordar aspetos teóricos em problemas de PL em contextos puramente matemáticos. Compreendi mais tarde que foi uma oportunidade que retirei aos alunos de trabalharem mais problemas contextualizados na recomendo, e de realçar a relevância da Matemática e dos seus diversos aspetos em contextos familiares aos alunos.

Em paralelo com as tarefas esteve a opção de repartir as aulas em momentos de trabalho autónomo e momentos de discussão, como sugerido por diversos autores (Canavarro, 2011; Canavarro, Oliveira & Menezes, 2014; Stein et al., 2008). Considero que foi muito importante para os alunos terem um momento autónomo de contacto com a tarefa, para tentarem interpretar o enunciado e estabelecerem um plano para a resolver, seguido de um momento de discussão, onde confrontaram as suas ideias. Contrariamente ao sucedido na minha intervenção, por inexperiência minha, deverá ser dedicado um tempo alargado a estes momentos de discussão que permitam aos alunos abrirem-se a outras ideias, que por vezes lhes podem ser mais favoráveis para a compreensão e desenvolverem a capacidade de argumentação. Também para o professor estes momentos são importantes, para perceber a evolução das aprendizagens dos alunos, podendo agir de modo adequado e atempado em relação a essa perceção, no sentido de uma aprendizagem ou desempenho melhor.

O programa GeoGebra e os diapositivos em PowerPoint foram outra contribuição para as aprendizagens dos alunos. Para além dos efeitos de agilizar a gestão de uma aula, permitiram apresentar organizadamente os aspetos que pretendi realçar a nível de conteúdos. No caso do GeoGebra, este permitiu articular várias representações matemáticas (a gráfica, a algébrica e a numérica) que estão envolvidas nos procedimentos dos métodos de PL, bem como demonstrar dinamicamente o comportamento gráfico de funções objetivo numa região admissível.

Tendo realçado os aspetos anteriores como relevantes no processo de ensino- aprendizagem da PL seria interessante, em futuras investigações, analisar mais em pormenor cada um deles: de que forma contribui a resolução de tarefas de PL para a

problemas de PL para o desenvolvimento da capacidade de resolução de problemas nos alunos. Outras questões, ainda, seriam o contributo da calculadora (ou o GeoGebra, ou outro recurso didático) para o ensino-aprendizagem desta temática, ou em particular para a resolução de problemas de PL. Outra questão interessante é que (nova) imagem da Matemática desenvolvem os alunos com a lecionação desta temática, através da resolução de problemas contextualizados na realidade.

Relativamente aos aspetos que foram analisados na componente investigativa deste trabalho (estratégias, conhecimentos e dificuldades), durante a análise dos dados levantei algumas questões que, não sendo o foco desta investigação, remeto-as em expetativa para as futuras investigações. Uma delas é: qual a origem das dificuldades identificadas nos alunos em PL? Esta questão sugere-me outra muito próxima: como compreendem os alunos os enunciados dos problemas de PL, antes e depois da lecionação da temática? Outras questões são como resolvem os alunos um problema de PL sem o conhecimento da temática? De que forma podia o professor aproveitar as ideias resultantes da questão anterior para introduzir a temática ou os conceitos de PL?

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