• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO IV PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA

IV. 7 – Reflexão global

Quando iniciamos uma Prática de Ensino Supervisionada nunca sabemos verdadeiramente o que nos espera, apenas temos noção do que é esperado que façamos – lecionar algumas aulas a diferentes níveis de ensino e pôr em prática os pressupostos teóricos que investigamos no nosso relatório. Cremos que nem sempre é fácil seguir um único caminho no sentido do que acreditamos, pois estamos inseridos numa escola e a lecionar uma turma que não é nossa durante todo o ano. Muitas vezes perdemo-nos na vontade de querer fazer muitas outras coisas que não estão exatamente dentro do tema que nos propomos a trabalhar e acabamos por não ter tempo de aplicar tudo. Não nos deixamos cercear por esta dificuldade, procuramos sempre introduzir metodologias de trabalho com influência dos jogos dramáticos e do teatro, mas não deixando de experimentar outras propostas que foram surgindo, até por influência das metodologias utilizadas pelas professoras orientadoras. Afinal, lecionar Espanhol ou Português são experiências bem diferentes e o modo como utilizamos os recursos expressivos também. Sabiamos isso no início deste trabalho, mas a sua aplicação prática veio dar a confirmação. No entanto, os domínios em evidência em cada disciplina não deixam de ser semelhantes, pois partimos para esta temática procurando explorar, essencialmente, os domínios da oralidade e as ferramentas comunicativas, mas também a formação para a cidadania, o desenvolvimento do espírito crítico e do sentido estético e, ainda, a cooperação e o trabalho de grupo. Neste sentido, acreditamos que os temas escolhidos para trabalhar e o modo como foram abordados nas aulas despertaram nos alunos curiosidade, trazendo novos conhecimentos. Ficamos com a sensação de que nos pediam mais e isso é uma sensação positiva, que nos motiva a continuar, a utilizar recursos expressivos e a incitar a sua utilização pelos alunos. A avaliação das aulas foi sempre feita através da observação direta da participação dos alunos e, em atividade específicas de expressão, focamo-nos em aspetos de oralidade, quer do domínio da comunicação verbal, quer não verbal, utilizando as já referidas grelhas de avaliação expostas em anexo. Para além disso, fomentamos sempre a auto e hetero avaliação, procurando em todos os momentos fornecer um retorno aos alunos do trabalho que

efetuaram, para que este adquirissem noção do seu desempenho e procurassem sempre a melhoria.

Conclusão

Na conclusão deste relatório voltamos ao seu início, procurando refletir sobre a presença do teatro e da expressão dramática no processo educativo, mais exatamente no processo de ensino-aprendizagem. Não foi nosso objetivo pensar as vantagens e desvantagens desta arte, até porque tal reflexão nos parece bastante perigosa, uma vez que há fatores que intervêm numa aula e que tornam as experiências diferentes, seja para melhor ou pior. Ora, no tempo limitado em que desenvolvemos o nosso trabalho em sala de aula, não nos é permitido inferir acerca das vantagens do teatro como ferramenta face às desvantagens. É-nos permitido retirar algumas conclusões no sentido de confirmar que o trabalho teatral promove a utilização de diferentes domínios, ajudando na formação e crescimento dos alunos. Por isso escolhemos a palavra “ferramenta” como título deste relatório, porque é desse modo que queremos olhar para a expressão dramática e o teatro numa sala de aula, não como um material acabado, mas como uma ferramenta que nos auxilia a construir o que desejamos e que não exclui a necessidade de todas as outras. Para além disso, estamos convictos de que o facto de retirar o aluno do seu espaço habitual que é a sala de aula e possibilitar- lhe novas experiências, novas perspetivas da escola e dos professores, contribui para que este se sinta mais autónomo e enfrente os seus medos. A escola é, acima de tudo, um espaço de formação de pessoas e parece-nos que a tónica desta formação está cada vez mais no trabalho dinâmico e interativo, que ponha os alunos a pensar e a sugerir, que lhes fomente e espírito crítico e a fruição do pensamento.

Em específico na aula de Espanhol, os jogos dramáticos são uma mais-valia na comunicação e no trabalho da oralidade, mas devem também estar ao serviço da escrita e, especificamente, do trabalho das competências comunicativas – linguísticas, sociolinguísticas e pragmáticas, bem como das competências transversais, tais como a cooperação, o trabalho de grupo, a capacidade de aprender ou a gestão da autoestima e da confiança. Acreditamos que este trabalho nos abriu os horizontes no sentido de pensar em atividades que se centrem no aluno e que, de uma forma lúdica, lhe suscitem a utilização da língua, mesmo que de um modo não preparado ou refletido, como nas improvisações. Será um desafio procurar sempre adaptar os jogos dramáticos aos conteúdos linguísticos, aumentando o repertório e experimentando

novas propostas. Tal reflexão é igualmente válida para as aulas de Português. As potencialidades do teatro são, mais uma vez, imensas e devem ser utilizadas nos vários domínios, incluindo o valor histórico-cultural e patrimonial das várias obras, como tanto começam a sugerir os novos programas, fruto da introdução do domínio da Educação Literária.

Resta-nos esperar que este ano de Prática de Ensino Supervisionada, mais do que um processo concluído, tenha sido o início de algo maior. Sabemos que muito ficou por fazer, mas estamos cientes de que ser professor é estar em constante formação e reciclagem.

E porque continuamos a acreditar no poder desta arte de Talma, terminamos citando novamente Augusto Boal que, na sua Mensagem do Dia Mundial do Teatro, em 2009, escreveu: “Mesmo quando inconscientes, as relações humanas são estruturadas em forma teatral: o uso do espaço, a linguagem do corpo, a escolha das palavras e a modulação das vozes, o confronto de ideias e paixões, tudo que fazemos no palco fazemos sempre em nossas vidas: nós somos teatro!”

Bibliografia

Alonso Raya, R. (1990). Enseñanza interactiva del español a través de escenarios - Aplicaciones didácticas. Em Actas II de ASELE, Español para Extranjeros:

Didáctica e Investigación (pp. 209-216). Madrid: Centro Virtual Cervantes, consultado

em http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/asele/pdf/02/02_0207.pdf. Arroyo Amaya, C. (2003). La dramatización y la enseñanza del español como

segunda lengua. Madrid: Dirección General de Promoción Educativa de la Consejería

de Educación de la Comunidad de Madrid.

Barata, J.O. (1979). Didáctica do Teatro. Coimbra: Livraria Almedina.

Barata, J.O. (1980). Estética Teatral Antologia de Textos. Lisboa: Moraes Editores.

Bezelga, I. (coord) (s.d.). Oficina de Teatro – 3º ciclo – Orientações curriculares

para o 7º ano – documento experimental. Departamento da Educação Básica.

Ministério da Educação.

Boal, A. (1998). Jogos para actores e não actores. São Paulo: Civilização Brasileira.

Boquete Martín, G. (2014). Interacción y motivación en el aula: enseñar desde el teatro. Em Sainz García, A. M. (dir.), Arriba el telón: enseñar Teatro y enseñar desde

el teatro Propuestas didácticas para trabajar el teatro en clase de español (pp. 5-20).

Madrid: Ministerio de Educación, Cultura y Deporte -Secretaría General Técnica, Subdirección General de Documentación y Publicaciones. Consultado em http://hdl.handle.net/11162/108662

Brook, P. (1993). O diabo é o aborrecimento – Conversas sobre teatro. Porto: Edições ASA.

Brook, P. (2011). O Espaço Vazio. Lisboa: Orfeu Negro.

Buescu, H. C., Maia, L. C., Silva, G. S., Rocha, M. R. (2014). Programa e Metas

Curriculares de Português - Ensino Secundário. Governo de Portugal. Ministério de

Consejo de Europa (2002). Marco común europeo de referencia para las

lenguas: aprendizaje, enseñanza, evaluación. Madrid: Secretaria General Técnica del

MECD y grupo ANAYA, SA.

Fernández, S. (2001). Programa de Espanhol – nível de iniciação – 10º ano. Ministério da Educação - Departamento do Departamento do Ensino Secundário.

Galán Bobadilla, P. (2011, junho). Técnicas Teatrales Para Actividades Comunicativas en el aula de ELE. Em I Encuentro para Profesores de Centros

Universitarios y de Centros Formadores de ELE. Revista de Didáctica ELE - Suplemento MarcoELE, 13. Londres: Instituto Cervantes y Universidad de Westminster. Consultado

em http://marcoele.com/descargas/13/07.londres-galan.pdf

Gómez, F. G. (2014). Ventajas e inconvenientes del uso de las técnicas dramáticas en las clases de ELE. Em Sainz Garcóa, A. M. (dir.), Arriba el telón: enseñar

Teatro y enseñar desde el teatro. Propuestas didácticas para trabajar el teatro en clase de español (pp. 68-71). Consultado em http://hdl.handle.net/11162/108662

Hidalgo, V. (2012, setembro), El teatro en la clase de ELE: dos propuestas de taller, em Revista de Didáctica ELE- Suplemento MarcoELE, 15. Universidad de Salamanca. Consultado em http://marcoele.com/suplementos/el-teatro-en-la-clase- de-ele

Hidalgo, V. (2013a) Actividades dramáticas en la clase de ELE. Em Actas del I

Congreso Internacional de Didáctica de Español como Lengua Extranjera. Universidade

do Minho: Instituto Cervantes de Budapest

Hidalgo, V. (2013b) Interacción estratégica: la enseñanza de español a través de escenarios. Em Actas del I Congreso Internacional de Didáctica de Español como

Lengua Extranjera. Universidade do Minho: Instituto Cervantes de Budapest.

Consultado em http://cvc.cervantes.es/Ensenanza/biblioteca_ele/publica ciones_centros/PDF/budapest_2013/21_hidalgo.pdf

Ministério da Educação (1997). Programa de Língua Estrangeira – Espanhol – 3º

Ciclo. Departamento da Educação Básica.

Ministério da Educação (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico -

Nóvoa, A. (1989). A Expressão Dramática e a Formação de Professores. Revista

Aprender, 9.

Metas Curriculares de Português do Ensino Básico. Ministério de Educação e da

Ciência (2012).

Reis, C. (coord). (2009). Programa de Português do Ensino Básico. Ministério de Educação Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular.

Reis, P. (coord.). (2011). Observação de Aulas e Avaliação do Desempenho

Docente. Lisboa: Ministério da Educação - Conselho Científico para a Avaliação de

Professores.

Renaudin, J. (2012). La improvisación dramática como entrenamiento estratégico en el aula de LE. Em Revista de Didáctica ELE- Suplemento MarcoELE, 14. Universidad de Salamanca. Consultado em http://marcoele.com/improvisacion- dramatica-como-entrenamiento-estrategico

Rinvolucri, M. (2007). Grammar Games – Cognitive, affective and drama

activities for EFL students. Cambridge: Cambridge University Press.

Solmer, A. (2003). Manual de Teatro. Lisboa: Temas e Debates.

Sousa, A. (2003a). Educação pela Arte e Artes na Educação (vol. I). Lisboa: Instituto Piaget.

Sousa, A. (2003b). Educação pela Arte e Artes na Educação (vol. II). Lisboa: Instituto Piaget.

Vaqueiro Romero, M. M. (2014). El teatro como recurso didáctico. Em Sainz Garcóa, A. M. (dir.), Arriba el telón: enseñar Teatro y enseñar desde el teatro

Propuestas didácticas para trabajar el teatro en clase de español (pp. 35-42).

Consultado em http://hdl.handle.net/11162/108662

Vasques, E. (2003). O que é Teatro. Lisboa: Quimera Editores.

VVAA.s./d. Diccionario de Terminos Clave de ELE. Consultado a 10 de dezembro de 2014 em http://cvc.cervantes.es/ensenanza/biblioteca_ele/diccio_ele/

ANEXO 1

Reflexão PES – Português | setembro 2014 Prof.Orientadora – Alexandra Ruivo Prof. Estagiária – Joana Pimpista dos Santos

Porque quero ser professora?

Durante muito tempo da minha vida apenas conseguia responder a esta questão pela negativa – porque não quero ser professora. Enquanto filha de uma, a profissão era--me muito próxima e acreditava estar ciente das dificuldades que a mesma acarreta, do esforço e da responsabilidade que implicava fazer um bom trabalho, para o qual não me considerava apta. Para além disso, professor é aquela profissão sobre a qual todos têm algo a dizer, uma vez que todos fomos alunos e essa exposição assustava-me e intimidava-me. Assim sendo, fui encaminhando o meu percurso noutro sentido e comecei por estudar Psicologia, curso que não concluí, para depois mudar para Comunicação. Tinha apenas uma certeza, a de que queria trabalhar com pessoas, relacionar-me, comunicar.

Não tendo escolhido o ensino, acredito que o ensino acabou por me escolher a mim. As circunstâncias da vida, a dificuldade em arranjar um emprego na área em que tinha estudado, o facto de não me identificar com as funções pelas quais havia passado levaram-me a aceitar (sempre muito desconfiada) um emprego enquanto professora de Expressão Dramática num curso profissional. E eis que o reverso da medalha se apresenta e muitas coisas começam a fazer sentido. Lá estavam, afinal, as minhas paixões, comunicar, relacionar-me com pessoas, mas lá estava também o enorme prazer de preparar algo novo para o dar a conhecer a alguém. Esta partilha de conhecimento, a necessidade de organizar tudo na nossa cabeça (e no papel!) para encontrar a melhor maneira de transmitir o que se pretende, a sensação de conseguir contribuir para algo bom e produtivo acabaram por me conquistar e aqui estou, absolutamente rendida à profissão, enfrentando um novo percurso escolar para conseguir adquirir o máximo de habilitações que ela exige. Mas chego à carreira enfrentando também um país que tem vindo a desvalorizar os professores menosprezando a profissão e, muitas vezes, desrespeitando-a. Tenho vontade de

ensinar para transmitir também valores e abrir os horizontes dos alunos, procurar contribuir ao máximo para a sua formação enquanto pessoas, enquanto cidadãos e para a mudança.

Chegar a uma turma nova é sempre uma possibilidade de começar de novo e essa perspetiva agrada-me bastante. O que sabem aqueles alunos, quem são eles, de onde vêm são questões que tentarei responder para poder adaptar o meu trabalho às suas necessidades da melhor maneira possível. Tenho consciência de que nem sempre serão atingidos todos os objetivos a que nos propomos, mas esta reflexão também é importante para que melhoremos e nos reciclemos permanentemente. Aquelas dificuldades que via no início e que me afastavam da profissão são aquelas que agora mais tento combater e mais prazer me dão em ultrapassar. Acredito que só se consegue ensinar se o fizermos por paixão (e mais tarde, talvez, por amor embora a chama nem sempre arda), caso contrário, seremos vítimas de uma profunda frustração e os mais prejudicados serão aqueles que mais nos importam – os nossos alunos.

ANEXO 2

Reflexão PES – Espanhol | setembro 2014 Prof.Orientadora – Josete Oliveira Prof. Estagiária – Joana Pimpista dos Santos

Reflexão sobre a frase: Dar aulas é fácil, difícil é ser professor.

Dar aulas nem sempre é fácil, mas é com certeza mais fácil do que ser professor. Porque ser professor é muito mais do que dar aulas, é ser educador (às vezes mais do que o esperado), é ser amigo, é ser pessoa, com todas as suas características e especificidades. Acredito que o trabalho do professor vai muito além da simples transmissão de conhecimentos, exige elaboração, planificação, criatividade, originalidade e todo um conjunto de características que, para quem se inicia, podem ser assustadoras e desafiantes ao mesmo tempo. Talvez seja por isso que gosto da profissão, por que ela não se esgota no conceito de dar aulas, envolve comunicação e expressão, duas coisas que tanto me agradam.

Assim, parece-me que há muito na frase de partida, pois se ser professor é difícil, dar aulas também pode ser, gerir uma turma, garantir que se chega a todos os alunos, alcançar a sensação de trabalho bem feito. E dar uma aula de língua será, seguramente, uma enorme responsabilidade, abrindo caminho a uma nova perspetiva do mundo. O professor de línguas tem a responsabilidade (e o privilégio!) de proporcionar ao aluno uma nova maneira de ver o mundo, a partir de novas palavras, novos hábitos culturais, novas linguagens. Esse é o grande atrativo da língua estrangeira - as diferenças, mas também as semelhanças; encontrá-las, explorá-las e comentá-las em sala de aula.

Observar aulas, ter um orientador, uma referência poderá ser um ponto de partida para a caminhada rumo ao sucesso na profissão. A mim, pessoalmente, e porque já lecionei sem nenhuma referência a não ser as minhas próprias pesquisas, agrada-me bastante a ideia de observar o comportamento do orientador em sala, a sua relação com os alunos, o modo como se posiciona, se desloca, a sua gestão do tempo, as tarefas pedidas. Isto será a possibilidade de ver na prática tudo o que se

planeou a priori e que me parece uma mais valia para poder entender se resulta, ou não e porquê.

Sei que nem tudo será sempre bom na vida de um professor (em especial nos tempos que correm), mas os obstáculos parecem-me necessários para refletir acerca da profissão, dos métodos, das estratégias e para estar em constante atualização e reciclagem.

ANEXO 3

Observação de aulas – reflexão

Iniciei a observação de aulas de Português no dia 25 de setembro de 2014. A primeira turma observada foi o 9º A, da qual já conhecia algumas caras, pois participei na receção aos pais e alunos no primeiro dia de aulas. Voltei no dia 29 para observar o 8º A e D e novamente o 9º A e estas são as turmas que tenho vindo a observar.

Optei por fazer um registo no caderno nas primeiras observações, observando indiscriminadamente tudo o que via e me parecia importante e pertinente. Foi após algumas aulas neste modelo de observação que comecei a verificar que podia agrupar o que ia observando mediante diferentes áreas e temáticas e, assim, elaborar uma tabela de observação. Como tal, peguei em canetas coloridas e dei diferentes cores agrupando cada tema que me parecia ser semelhante. Acabei por dividir as minhas observações nas seguintes áreas: Metodologias/Estratégias – onde coloco tudo o que diz respeito ao funcionamento da aula, às atividades propostas pela professora e o modo como são geridas; Tempo; Recursos/Materiais e deixei uma coluna para as observações que considere pertinentes fazer, mas que não se enquadrem em nenhum destes parâmetros. De salientar ainda que cada uma destas tabelas tem um espaço para preencher com a identificação do ano, da turma, sala, data e sumário. Foi com esta grelha que dei continuidade ao processo de observação de aulas.

Sentindo alguma necessidade de sustentar a metodologia de observação que escolhi, consultei alguma bibliografia sobre o tema, tendo ainda recolhido alguns dados nas aulas lecionadas na faculdade. Apercebi-me que muitas das sugestões de observação que são feitas baseiam-se na escolha de um foco de observação como, por exemplo, observar apenas a movimentação do professor em sala, a interação em sala de aula ou o tempo dedicado a cada tarefa. Procurei, assim, numa fase posterior, centrar a minha observação em alguns destes pontos experimentando diferentes modalidades. Observei algumas aulas centrando-me na movimentação da professora e dos alunos, fazendo para tal uma planta da sala de aula e desenhando a movimentação observada; outras verificando o tipo de interação que existia em sala de aula registando as diferentes modalidades: interação professora/alunos (no geral), professora/alunos (grupo restrito/pares), professora/aluno, aluno/alunos (geral) e

aluno/professora e, finalmente, procurando deter-me sobre a gestão da sala de aula e em questões como: quem define o que se vai fazer; o plano é flexível (como reagem professores e alunos se assim não for), qual a rotina diária, quais as regras de funcionamento na sala de aula, quem as define e como são comunicadas; como estão organizados os alunos para trabalhar.

Passarei a fazer uma breve reflexão sobre cada um destes métodos de observação adotados realçando o que me pareceu mais positivo e negativo em cada um.

Ao observar apenas um aspeto da aula, o que ganhamos em complexidade e eficácia na descrição do que foi observado, perdemos em todas as outras coisas que não conseguimos observar. Quero com isto dizer que senti algumas dificuldades em centrar a minha observação apenas num aspeto, tal como me propunha. Uma aula é sempre um cadinho de experiência de onde saem situações imprevisíveis e que dificilmente conseguimos deixar de registar. Embora dando ênfase às questões a que me propunha, acabei sempre por necessitar do meu caderno para registar uma série de outras coisas que me pareceram importantes. Para além disso, após alguma observação sistemática, há uma série de rotinas e comportamentos da professora e dos alunos que já nos são familiares o que acaba por nos “libertar” para nos concentramos noutro tipo de questões.

Não posso, contudo, deixar de registar que a minha relação com a disciplina e as aulas lecionadas é de grande entusiasmo, razão pela qual perco grande parte do tempo da aula observada a registar os conteúdos abordados, o modo como foram trabalhados (daí a coluna de metodologias/estratégias estar mais preenchida!), destacando os materiais utilizados, a organização da matéria no quadro e no caderno, a recetividade dos alunos. Estes são aspetos que, a nível pessoal, me despertam maior interesse. Sei, enquanto futura professora, que me devo focar em tudo, incluíndo a interação professor /alunos, mas acredito que, pela minha experiência profissional, essa talvez seja a parte mais trabalhada anteriormente e talvez por isso me foque tanto nas outras questões.

Não me parece ter chegado a nenhuma grelha de registos ideal e tão pouco me parece que contabilizar o número de vezes que o professor circula pela sala ou se dirige a toda a turma sejam informações verdadeiramente úteis para o que pretendo

aprender. Foram discutidas algumas dessas observações em contexto de aulas na