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4.1 – Reflexão sobre as atividades, aspetos positivos e negativos e

CAPÍTULO IV PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADA

IV. 4.1 – Reflexão sobre as atividades, aspetos positivos e negativos e

Tendo em conta as características dos grupos, as atividades desenvolvidas em cada sessão nem sempre foram como planeamos. Sentimos uma maior dificuldade em trabalhar com a turma do 8ºA pelas suas características – uma turma muito grande e algo barulhenta. Para além disso, a carga horária reduzida nem sempre permite a dinamização de atividades mais interativas, há sempre uma grande preocupação em lecionar todos os conteúdos, coartando a possibilidade de experimentar novas metodologias. Contudo, estes alunos, sendo mais novos, acabam por estar mais disponíveis para a exposição que algumas atividades dramáticas implicam, ainda não estão tão dominados pela vergonha da adolescência, aderem mais facilmente às propostas e esse é, sem dúvida, um aspeto positivo a destacar. Em relação às atividades propostas, constatamos que um grupo como este precisa de estar sempre a trabalhar, funcionando melhor com atividades dinâmicas sobre as quais tenham total domínio, apenas orientadas pela professora. A utilização de um powerpoint expositivo na unidade em que trabalhamos as notícias não funcionou tão bem como o que foi utilizado na unidade sobre a alimentação, cujo formato era de “jogo” implicando os alunos nas respostas. Sentimos isso na nossa observação do comportamento dos alunos em sala, pois foi difícil mantê-los atentos aos diapositivos que eram meramente expositivos e apenas explicados pela professora, enquanto que, ao serem solicitados a

“adivinhar” as respostas, dizendo o nome em espanhol dos alimentos que iam sendo mostrados, os alunos mostraram-se mais atentos e menos dispersos.

Em relação às atividades expressivas, os alunos sentiram mais dificuldade na dramatização que exigia uma escrita prévia do diálogo. Ao contrário do que esperavamos, fomos surpreendidos por uma dificuldade acrescida em escrever o diálogo e criar uma notícia com base na que lhes era fornecida, o que se revelou depois nas apresentações à turma. Também numa atividade de improvisação em que se sugeria aos alunos que ouvissem um diálogo num restaurante e depois o tentassem reproduzir retendo apenas os aspetos principais e criando os restantes, os discentes revelaram dificuldade. Foi necessário ouvir várias vezes os diálogos, fazer a exploração dos mesmos e só depois recriá-los. Acreditamos que muitas destas dificuldades sentidas pelos alunos poderiam ser superadas se houvesse a possibilidade de se repetirem as atividades, a experiência e o treino facilitariam o envolvimento e levariam a um desempenho mais positivo. Sentimos isso principalmente em relação à atividade de escrita da notícia para sua posterior dramatização. Requeria uma utilização diferente da língua, não tendo como base o improviso, mas sim a produção escrita, atividade que os alunos estão mais habituados a desenvolver como trabalho de casa nas tarefas finais das unidades, ou em contexto de avaliação. Ateliers de escrita criativa podiam ser uma boa estratégia para resolver esta dificuldade. Gostaríamos ainda de ter tido a possibilidade de retirar os alunos do espaço de sala de aula e utilizar uma sala ampla para realizar estas dramatizações, mas não foi possível fazê-lo. Talvez menos confinados às mesas da sala, aqueles se libertassem e se envolvessem mais nas atividades.

A avaliação destas atividades foi feita de várias formas. Além da observação sistemática da professora da participação dos alunos em sala de aula, a atividade de apresentação da notícia foi alvo de uma reflexão partilhada, os alunos faziam a sua auto-avaliação, mas também avaliavam os outros grupos, através de uma grelha que lhes pedia que analisassem vários pontos. Foi bastante positivo verificar o modo como cada aluno, de uma maneira geral, teve consciência das dificuldades dos colegas, das diferenças ao nível da pronúncia, da expressividade ou da entoação, muitos fazendo até sugestões. Focamo-nos não apenas nos aspetos prosódicos (linguísticos), mas

também nas qualidades da linguagem corporal paralinguística, que estão inerentes à comunicação não-verbal. Consideramos que estas atividades cumpriram o proposto no

MCER a propósito dos processos comunicativos da língua, pois os alunos seguiram as

diferentes etapas de planificação para chegar aos seus objetivos finais.

Com o grupo do 10ºG as respostas às atividades foram bastante diferentes. A turma revelou uma grande evolução desde as primeiras sessões, sendo a última avaliação da interação oral, realizada com a professora estagiária e efetuada na unidade Vamos de compras bastante interessante. Revelou-se uma atividade muito mais elaborada do que no início, o que seria de esperar uma vez que os alunos tinham mais vocabulário, mas também em termos de disponibilidade e participação se notou uma melhoria. Os grupos mostraram-se mais envolvidos, enriquecendo as dramatizações com pormenores cómicos e dinâmicos, notando-se uma vontade de aplicar não só o vocabulário adquirido, mas também expressões coloquiais que tiveram oportunidade de aprender em sala de aula. O facto de a carga horária ser maior permitiu um trabalho mais aprofundado de cada unidade, deixando mais espaço para jogos pedagógicos a que os alunos aderiram com bastante entusiasmo. Foi evidente que o vocabulário adquirido através de jogos ficou bastante bem consolidado, pois foi alvo de utilização posterior nas dramatizações. Teria sido interessante, ao contrário do nosso objetivo inicial, desenvolver um trabalho contínuo de construção de uma peça teatral com esta turma, parece-nos que teriam aderido bem a um desafio desses. Não quisemos fazê-lo também por se encontrarem num nível de iniciação, mas concluimos agora que tal motivo não é válido, pois os alunos adquirem rapidamente muito vocabulário que utilizam em esquemas frásicos, geralmente corretos, o que lhes permitiria improvisar numa situação teatral em que se esquecessem do texto, por exemplo.

Quanto à avaliação da interação oral, gostaríamos de refletir sobre a mesma, pois também para nós ela se revelou mais difícil ao início e fomos ganhando maior fruição à medida que o tempo passava. Não é fácil avaliar um aluno numa escala de desempenho de 1 a 5 em aspetos tão diferentes numa curta interação, mas a escolha destes aspetos teve como objetivo procurar um maior rigor, distinguindo o conteúdo e o léxico da correção morfo-sintática e da pronúncia. Não é tarefa fácil conseguir obter

informações sobre todos estes aspetos, principalmente nas primeiras avaliações que são bastante curtas e parcas em palavras, mas revelou-se uma aprendizagem também para nós, treinar o ouvido e conseguir distinguir as várias competências evidenciadas na comunicação oral, tendo a ajuda da professora orientadora sido bastante importante neste aspeto.

Importa ainda fazer aqui uma breve avaliação do desempenho destas turmas nas atividades dinamizadas pela professora estagiária com a exposição de réplicas do Museu do Prado, já no final do ano letivo. Acreditamos que, por terem tido várias experiências em sala de aula, estes alunos responderam bastante bem às atividades propostas. Notou-se um grande à vontade na realização das tarefas e ficamos orgulhosos de constatar que o seu domínio da língua era adequado, conclusão que efetuamos através das respostas às atividades escritas que foram dinamizadas e pela resposta dos alunos às propostas que lhes foram feitas. Os alunos entregaram os guiões com as respostas que foram posteriormente corrigidas em conjunto. A sua resistência a estas atividades em comparação com as outras turmas foi um pouco menor, o que nos ajuda a reforçar a ideia de que é importante um trabalho contínuo e recorrente quando se trata de atividades expressivas para habituar os alunos à exposição e deixá-los mais disponíveis, incentivando a sua participação, espírito crítico e sentido estético. Isto sustenta o nosso pensamento inicial de que as propostas teatrais incentivam o aluno a pensar de um modo mais global, vendo-se na necessidade de se expor e de lidar com as suas emoções. Para além disso, os alunos tiveram que cooperar e trabalhar em grupo na execução destas atividades, parecendo- nos que houve um incentivo por parte daqueles que tinham mais à vontade junto dos colegas mais envergonhados. Podemos afirmar aqui, com toda a segurança, que as turmas com quem trabalhamos algumas atividades de expressão dramática se revelaram menos reticentes na participação da atividade da exposição, interagindo e colaborando com bastante segurança.

Consideramos que, de um modo geral, aplicamos as várias propostas a que nos propunhamos. No entanto, ficou a faltar uma maior dinamização de atividades relacionadas com os escenarios, que levassem os alunos à utilização da língua de um modo mais espontâneo e menos controlado como acontece nos role-play. Talvez

noutros níveis de aquisição da língua fosse mais apropriado este tipo de trabalho, bem como em faixas etárias mais elevadas, pois a maturidade dos alunos é outra e as suas escolhas na resolução de um escenario seriam mais fundamentadas. Com as turmas com quem trabalhamos, esta pareceu-nos ser a abordagem mais adequada e focamo- nos mais nas simulações para trabalhar a interação oral.