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Reflexão sobre a Prática Letiva

No documento Cristina Martins de Figueira Gonçalves (páginas 63-71)

A Prática Letiva constituiu-se o ponto de partida para a aplicação e o aperfeiçoamento, em termos práticos, os vários conceitos e conhecimentos adquiridos ao longo do nosso percurso académico. Enquanto professora estagiária e pela falta de experiência na lecionação em ambiente escolar, tivemos de ir adequando a nossa intervenção aos diferentes contextos e condicionantes que foram surgindo ao longo do ano letivo. Conseguimos neste momento quantificar algumas das evoluções. Por exemplo, inicialmente nos episódios de instrução demorávamos mais tempo do que aquele que tínhamos planeado, mas com o decorrer das aulas fomos melhorando este aspeto e realizando uma melhor gestão do tempo de aula disponível.

Ao longo das nossas aulas para a lecionação da maioria das matérias de ensino, procurámos recorrer ao método global, onde objetivávamos desenvolver o conhecimento como um todo em detrimento da soma das partes. No entanto, em algumas situações, tivemos de recorrer ao método analítico, para que os alunos fossem capazes de desenvolver habilidades técnicas que pudessem ter transfer nas suas ações de jogo. Para conjugar estes procedimentos tivemos alguma dificuldade, uma vez que não conseguíamos avaliar a progressão de tantos alunos individualmente. Contudo, com o decorrer do tempo, fomos adquirindo competências que nos auxiliaram a resolver este tipo de situações. Por exemplo, o recurso a notas rápidas sobre alguns alunos em cada aula no próprio plano de aula. A nossa capacidade de organização foi melhorando, e fomos sendo capazes de ultrapassar algumas das dificuldades sentidas no início deste processo, o que nos permitiu a realização de múltiplas tarefas com eficácia.

Uma das dificuldades também sentidas neste EP, teve a ver com as instalações que tínhamos disponíveis para trabalhar, visto que só existe um campo polidesportivo na escola e este tem de ser partilhado por duas e às vezes três turmas em simultâneo. Assim sentimos algumas dificuldades na elaboração de exercícios que possibilitassem o empenhamento motor de todos os alunos ao mesmo tempo. A criatividade foi um fator importante para ultrapassar estas dificuldades, conseguindo manter os alunos sempre em empenhamento motor, realizando por exemplo: situações de jogo reduzido, alternando com trabalho de aptidão física.

No início a transmissão de feedbacks aos alunos era reduzida e inespecífica, ou seja sem conteúdo. Com a ajuda dos orientadores, este aspeto foi melhorado e, procurámos ser mais interventivos na aula, em momentos apropriados, tendo em atenção as informações mais importantes a serem transmitidas aquando da realização das tarefas.

Para a planificação anual, baseámo-nos no calendário escolar onde tivemos como referência uma série de aspetos como: o número de aulas e horas disponíveis ao longo do ano letivo (ter em conta feriados, férias, fins de semana, desporto escolar, entre outros), e a distribuição das mesmas pelas matérias de ensino. Através da planificação estruturámos as matérias de ensino a abordar no decorrer do ano letivo, conforme a disponibilidade das instalações desportivas (dependente do mapa de rotação das instalações realizada pelo grupo de EF da escola). Contudo, a nossa planificação anual sofreu várias alterações, essencialmente, no 3º período, devido a atividades realizadas pela escola que não constavam na planificação anual da mesma. Desta forma, fomos obrigados a realizar alguns ajustes ao nosso plano inicial, devido à redução do número de aulas para lecionar as matérias de ensino que tínhamos planeadas. Nestas situações, é fundamental a capacidade de improvisação do professor e a sua capacidade de adaptação para que os alunos não sejam penalizados. Considerámos que o facto de termos de ter cedido horas da nossa prática letiva, para que os alunos se concentrassem para a realização dos exames de inglês e para os testes intermédios das disciplinas de português e de matemática, é demonstrativo da desvalorização dada à disciplina de EF, por alguns dos professores das outras disciplinas. No futuro, ações de sensibilização sobre a importância da EF para os alunos devem ser tidas em consideração pelos professores de EF, numa perspetiva de valorizar o contributo desta área fundamental de ensino.

As Unidades Didáticas foram organizadas conforme os conteúdos das diversas matérias de ensino, onde foram identificados os benefícios que cada uma delas poderia oferecer aos alunos. A organização dos conteúdos, previstos pelo PNEF, foram organizados procurando seguir uma lógica de progressão do menos complexo para o mais complexo. No que diz respeito à elaboração dos planos de aula, não sentimos grandes dificuldades na sua realização, talvez pela experiência acumulada enquanto treinadora de atletismo, onde a programação anual dos treinos é cumprida diariamente. Ao longo das planificações apercebemo-nos que o plano não é um instrumento inflexível e que serve apenas de orientação para cumprirmos os objetivos propostos para cada uma das aulas. A preparação das aulas exigiu, um trabalho moroso e de muita pesquisa, reflexão, simulação, onde

tínhamos de ter em conta inúmeros fatores determinantes para a realização de uma boa aula, tais como os objetivos (gerais e específicos), a estruturação da matéria de ensino, os conteúdos (o seu caráter, a diversidade das potencialidades educativas e de interesse), os métodos e modelos de ensino, as condições de realização e principalmente, os alunos. Todos estes fatores assumiram um papel de grande relevância no momento de elaborarmos os nossos planos de aula. Pois como refere Bento (1987, p. 88) “a aula é não somente a unidade organizativa essencial, mas sobretudo a unidade pedagógica do processo de ensino”.

Ao longo do nosso percurso académico, foi-nos transmitido uma série de conhecimentos que tiveram grande aplicabilidade na nossa prática letiva em situações de ensino- aprendizagem, entre eles destacamos os estilos de ensino. No decorrer do nosso estágio procurámos centrar a nossa atuação em alguns dos estilos de ensino, mas optando muitas vezes pelo ensino da descoberta guiada, procurando apelar à criatividade e ao sentido de responsabilidade dos alunos, onde os alunos perante a dúvida procuravam encontrar a solução/resposta através da “investigação”. Com esta abordagem conseguimos promover aulas onde o que parecia uma desorganização era efetivamente uma aula participativa e desafiante onde os alunos tornaram-se construtores ativos do seu próprio conhecimento. Desta forma verificamos que os alunos mostravam-se bastante interessados e motivados não só para a realização prática da aula, como na procura por soluções para as dificuldades que surgiam, notando-se também uma grande entreajuda. Esta opção promoveu a aquisição de competências por parte dos alunos que poderão transportar para outras situações da sua vida pessoal. No entanto, em algumas matérias de ensino como a ginástica de solo e a natação e em algumas tarefas no decorrer das aulas (condição física) recorremos ao estilo de ensino comando, onde era possível demonstrar, controlar e avaliar a atividade dos alunos na realização das tarefas. Em geral, acabamos por recorrer a diversos estilos de ensino com o objetivo de promover a aprendizagem dos alunos. Quanto à avaliação, esta foi uma tarefa onde sentimos alguma dificuldade em materializar, devido aos vários fatores a analisar. Este é um processo de elevada complexidade, devido aos meios que devemos utilizar para podermos avaliar o mais adequadamente possível, pois contempla além da componente motora e cognitiva também os aspetos comportamentais e de sociabilidade. No entanto a avaliação é “vista muitas vezes como uma mera atribuição de notas, dando aos alunos um “rótulo””

do que a atribuição de notas, uma vez que esta requer não apenas a solicitação de determinados comportamentos, como realizar uma avaliação para ver se estes foram induzidos. A avaliação é um processo extremamente complexo e como tal deve ser avaliado e controlado através de instrumentos que procurem avaliar os objetivos visados. Relativamente à assistência às aulas, esta permitiu-nos identificar e perceber como um professor experiente é capaz de resolver os problemas que surgem no decorrer das aulas, bem como enriquecer o nosso conhecimento, relativamente a estratégias e formas de atuar. No entanto, temos consciência que não devemos reproduzir as formas de trabalhar de algum profissional, uma vez que não existem estratégias únicas para o ensino. Devemos sempre adequar as nossas intervenções aos alunos, sabendo que cada aluno é único, procurando individualizar ao máximo toda a nossa intervenção enquanto docentes. As reuniões semanais com os orientadores, ao longo do ano letivo, foram extremamente importantes, pois foram como um fio condutor que nos orientou nas situações de dúvidas e dificuldades aquando da realização de algumas tarefas, fazendo com que a nossa intervenção pedagógica fosse melhorando gradualmente. Pois como refere Costa (1996) relativamente à formação e professores, o ensino é um processo de pesquisa e de experiência, onde os professores aprendem a ensinar através da reflexão da ação e sobre a ação. Considerámos que a experiência que fomos adquirindo ao longo do tempo, as trocas de ideias e de conhecimentos entre colegas e professores mais experientes são fundamentais para a nossa evolução enquanto profissionais. Em suma, julgámos que cada professor tem de olhar para a sua turma como sendo única e deve procurar encontrar as estratégias para motivar os alunos para as aulas. Para finalizar esta reflexão apresentamos o seguinte quadro de análise SWOT, referente à nossa prática letiva.

FACTORES POSITIVOS FACTORES NEGATIVOS FAC T O R E S I NT E R N OS FAC T O R E S E XT E R NOS

FORÇA

Controlo da turma

Bom relacionamento com os alunos Metodologias de ensino que facilitaram a aprendizagem de vários conteúdos Experiência do treino que facilitou o processo

Bom relacionamento com os professores do grupo de EF da escola

FRAQUEZAS

Gestão do Tempo

Fornecimento de feedbacks Instalações Desportivas

Inexistência de matertial para a lecionação de alguns conteúdos

Abertura tardia dos balneários

OPORTUNIDADES

Criação de espaços exteriores para a prática de AF

Assistência às aulas e aprendizagem com os professores orientadores

Alteração da situação da abertura dos balneários

Elaboração de uma base de dados sobre o historial dos alunos

AMEAÇAS

Comportamentos desviantes por parte de alguns alunos

Desmotivação dos alunos para a prática de AF

SWOT

II. ATIVIDADE DE INTERVENÇÃO NA

COMUNIDADE ESCOLAR

No documento Cristina Martins de Figueira Gonçalves (páginas 63-71)