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Resultados e Discussão

No documento Cristina Martins de Figueira Gonçalves (páginas 58-63)

1.2. Assistência às aulas

1.2.4. Resultados e Discussão

Uma vez que o processo ensino-aprendizagem, e neste caso a observação realizada às aulas, deve basear-se em três elementos fundamentais: o aluno, a tarefa e o professor, procurámos analisar estes três elementos, através do desempenho da professora estagiária e do professor experiente. O facto de não nos termos restringido apenas a um instrumento de observação, permitiu-nos a recolha de um elevado número de dados que foram essenciais para nos auxiliar na nossa atuação como docentes.

Ao longo das observações realizadas foi possível verificar que a Professora Estagiária procurou melhorar alguns dos pontos que eram apontados como menos bons na sua atuação enquanto docente. Relativamente ao Professor Experiente, fomos adquirindo ao longo das aulas assistidas, conhecimentos e formas de atuar, onde nos foi possível realizar um transfert procurando melhorar a nossa atuação enquanto professoras. Optámos por realizar observações quer no ginásio quer no campo, com o objetivo de analisar matérias de ensino de caráter individual e coletivo, procurando verificar as estratégias utilizadas para a lecionação dessas matérias, bem como analisar os seus comportamentos em espaços diferentes.

Escala de Apreciação de Supervisão de Sessões de Educação Física e Desporto (EASSEFD)

Relativamente a este instrumento verificámos que a média alcançada, pela Professora Estagiária, na globalidade das categorias (Gestão e Organização Inicial, Informação Inicial, Qualidade de Informação, Organização e Gestão da Turma antes da Prática, Organização e Gestão da Turma durante a Prática, Organização e Gestão da Turma no

Final e Avaliação Global), foi de nível 3 que corresponde a um nível de atuação Bom. Já ao Professor Experiente, foi registado um nível 4 correspondendo a uma atuação, em termos globais, de Muito Bom.

Verificámos que onde a Professora Estagiária apresentou maiores dificuldades foi nas dimensões relativas à Organização e Gestão da Turma Antes e Durante a Prática, onde existia alguma falta de controlo da turma não havendo por parte dos alunos o cumprimento das regras de funcionamento. No que diz respeito ao fornecimento de feedbacks verificámos que esta professora praticamente não fornecia feedbacks aos alunos, podendo este ser um fator de atraso no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que o feedback pode servir como um instrumento de orientação para os alunos. Este aspeto será discutido mais à frente.

Em termos globais, através deste instrumento, foi possível verificar que a Professora Estagiária, e uma vez que se encontrava num processo de ensino-aprendizagem, foi melhorando a sua atuação enquanto docente, fruto não só do seu investimento como das observações e dos aconselhamentos realizados pelos orientadores pedagógicos e científico. No que diz respeito ao Professor Experiente, foi facilmente percetível o seu elevado grau de excelência como docente da disciplina de Educação Física, uma vez que em todas as categorias, dentro das dimensões avaliadas, este registou médias de nível elevado.

Gestão do Tempo de Aula (Aranha, 2007)

No que diz respeito ao instrumento utilizado para a Análise da Gestão do Tempo de Aula e como refere Carreiro da Costa (1984) citado por Petrica (2003, p.107) “os professores

mais eficazes são igualmente bons gestores, sabem aproveitar bem o tempo de que dispõem para dar as suas aulas”, corroborando esta afirmação, verificamos que o

Professor Experiente geria sempre muito bem o tempo que disponha para as suas aulas, rentabilizando ao máximo o tempo e os alunos tinham um elevado tempo de prática. Relativamente a este parâmetro, verificámos que a Professora Estagiária tinha alguma dificuldade em gerir o tempo, acabando por não rentabilizar da melhor forma o tempo, existindo alguns tempos “desperdiçados” em instrução e organização da turma, o que levava a um tempo de prática mais reduzido. Nesta categoria de instrução foi possível perceber que o Professor Experiente não despendia muito tempo de aula neste parâmetro,

sendo que uma das justificações poderá ter a ver não só com a experiência mas também pelo facto de já conhecer os alunos e a forma de estar da turma em geral.

Quanto ao “Tempo Disponível para a Prática” (TDP), o valor mais alto registado foi alcançado pelo Professor Experiente e o valor mais baixo foi obtido pela Professora Estagiária. Uma vez que este valor foi alcançado através da subtração do Tempo Útil pela soma dos Tempos de Instrução, de Organização e de Transição, constatamos que o Professor Experiente, pelos menores tempos registados relativamente à instrução, organização e transição, alcançou tempos disponíveis para práticas maiores relativamente à Professora Estagiária.

No que diz respeito aos “Tempos de Empenhamento Motor Específico” (TE) verificámos que o valor mais baixo ocorreu numa aula de Atletismo lecionada pela Professora Estagiária enquanto o valor mais alto aconteceu numa aula de Andebol dada pelo Professor Experiente.

Uma das estratégias para rentabilização dos tempos, pode ser conseguida através do aproveitamento da utilização dos deslocamentos dos alunos como tempo de prática efetiva, isto pode ser efetivado se por exemplo trabalharmos por estações, o tempo de prática aumenta, diminuindo comportamentos fora da tarefa e, consequentemente, os tempos de organização. Este tipo de trabalho favorece tempos de instrução mais direcionados para os grupos, em detrimento da instrução para a turma em geral. Outra estratégia para dinamizar ainda mais os tempos de aula, é através elaboração de grupos previamente estabelecidos pelo professor, evitando desta forma perdas de tempos de organização.

Sistema de Observação do Feedback

Pieron (1984) citado por Petrica (2003, p.120) afirma que o “feedback, para além do

objetivo fundamental de oferecer aos alunos uma imagem, uma informação sobre a sua prestação, tem um papel afetivo importante, ao criar nos alunos a sensação de que o professor está com atenção ao que cada um deles está a fazer, isto é, de que reparou neles”.

Foi possível verificar, nas nossas observações por parte de ambos os professores, que a maioria dos feedbacks fornecidos foram dirigidos diretamente aos alunos, sendo este facto mais preponderante nas matérias de ensino de caráter individual. Relativamente aos

feedbacks quanto à forma, registámos um elevado número de feedbacks auditivos em

detrimento dos feedbacks visual e quinestésico. No entanto foi possível constatar que os

feedbacks quinestésicos foram muito utilizados nas matérias de caráter individual

(atletismo e ginástica de aparelhos) podendo esta situação estar relacionada com o facto de na abordagem a estas matérias os Professores terem um maior contacto/manipulação corporal com os alunos (através das ajudas).

No que diz respeito aos Feedbacks quanto ao Objetivo, apurámos que aquele que foi mais utilizado nas observações que realizamos foi do tipo Prescritivo seguido do Descritivo. No que diz respeito ao Avaliativo verificámos que ambos os Professores utilizaram este tipo de feedback de forma equiparada. Quanto ao Interrogativo,apurámos que este tipo de feedback foi o menos utilizado pelos professores observados. Em suma, pudemos verificar que estes tipos de feedback foram utilizados de forma mais ou menos equivalentes por ambos os professores analisados neste trabalho. Não registámos qualquer tipo de feedback avaliativo negativo.

Este trabalho permitiu-nos verificar alguns aspetos importantes, quer para a nossa atuação enquanto professoras estagiárias quer para a intervenção dos professores observados. Assim a observação deve ser considerada, pelos professores, como uma oportunidade para avaliar a sua prática pedagógica, procurando novas estratégias que possam aperfeiçoar e rentabilizar a sua prestação enquanto docentes, uma vez que este é um método fundamental para a aquisição de competências, não apenas de quem observa mas também de quem é observado.

Este trabalho contribuiu para aperfeiçoarmos as nossas intervenções nas aulas, procurando melhorar a organização dos tempos de aula e criando um bom clima de aula, para que os alunos se encontrem motivados para a realização das aulas. Julgámos que este trabalho serviu também para fornecer informações relevantes à minha colega estagiária, com o intuito de melhorar o seu desempenho na lecionação das suas aulas. Quanto ao Professor Experiente a quem realizámos a observação das aulas, foi extremamente benéfico podermos assistir às suas aulas, pois em cada observação aprendíamos algo de novo, servindo de exemplo para as nossas atuações enquanto professoras estagiárias. No que diz respeito aos instrumentos de observação que utilizámos, consideramos que o facto de termos optado por vários sistemas de observação foi-nos possível obter informações mais alargadas sobre a atuação dos professores observados. Como sugere

Watson-Davies (2009) citado por Reis (2011, p.27) a observação e a reflexão devem centrar-se em dois aspetos: “um, em que se pretende que o professor melhore as suas

competências; outro, que encoraje o professor a inovar através da adoção de uma nova abordagem, metodologia ou atividade.”

Não podemos deixar de fazer referência, que apesar de apenas termos realizado registo de 21 aulas da Professora Estagiária, o facto é que assistimos a todas as aulas desta Professora, de forma informal (não recorremos à utilização de instrumentos de observação), pois como refere Reis (2011, p. 9) “ as aulas observadas nunca se revelam inúteis, proporcionando informações valiosas sobre as competências profissionais do professor e as suas conceções relativamente ao ensino e à aprendizagem”. Esta estratégia

montada por este núcleo de estágio, de assistir a todas as aulas da colega estagiária, tinha como objetivo realizarmos observação e avaliação da aula que assistíamos, procurando fornecer alguns dados e informações que serviriam para efetuar correções a nível da nossa atuação na lecionação das aulas. Esta situação fez com que tivéssemos uma perspetiva sobre todo o seu processo relativamente ao Estágio Pedagógico que nos permitiu verificar a evolução que foi ocorrendo ao longo deste ano letivo.

Uma das limitações deste estudo teve a ver com o facto de não terem sido utilizados meios audiovisuais nas observações realizadas. Ao realizarmos a análise às observações notámos esta limitação, uma vez que existiram aspetos que poderíamos ter analisado com mais pormenor como a avaliação das prestações do professor, das suas aulas e o desempenho dos alunos. No entanto não nos foi sido possível alterar esta situação devido ao pouco tempo que dispúnhamos para terminar esta atividade. Outra das limitações que acabámos por detetar foi o facto de as nossas observações terem estado centradas no professor e no seu comportamento, não existindo praticamente nenhuma referência ao aluno nem às suas tarefas. Teria sido pertinente analisarmos por exemplo os comportamentos dos alunos através de um registo de ocorrências por amostragem temporal

Esta atividade serviu para verificarmos que a observação permite-nos apurar e aprender novas formas de atuar enquanto docentes, potenciando a capacidade de melhorar a nossa intervenção no processo pedagógico. Sugerimos em próximos trabalhos desta natureza a utilização de meios áudio visuais para melhor captar a informação das aulas, assim como a utilização de instrumentos de observação que tenham em conta o comportamento do aluno ao longo das aulas.

No documento Cristina Martins de Figueira Gonçalves (páginas 58-63)